Capítulo 21 - Uma Nova Esperança
No domingo seguinte, toda a família, os primos e velhos amigos foram convidados por Ana Paula e Ronaldo para a casa dos Oliveira para comemorar a nova conquista de Wagner. A freira estava radiante e abraçou o filho, quando ele desceu para a área da festa, ao lado da piscina.
- Ah, meu filho, eu estou tão feliz... - ela sorri, para um Wagner sem palavras. - Eu faria uma festa dessas todo fim de semana pra você!
Wagner sorri, nervoso.
- Relaxa... mãe, eu nem conheço todo esse pessoal, você sabe que eu sou tímido.
- Ah, filho... - ela sorri, acariciando o rosto dele. - Apenas sorria e acene, se ficar com vergonha. Mas você sabe, todos eles gostam de mim e automaticamente, todos gostam de você.
- Será mesmo? - diz Wagner para si mesmo, enquanto Ana Paula vai acertar tudo com a organizadora do bufê.
Ele sai andando a esmo, cumprimentando alguns dos já presentes, e parando à uma certa distância da piscina, olhando para a entrada, de onde via Luana, que mandava beijinhos.
- Aqui, querido, olha pra cá... - e sorria. - Vem cá depois...
Wagner riu, mas virou-se e andou para conversar com Ronaldo.
Ana Paula, recepcionando as pessoas para a festa, encontra Bernardo chegando com Juliana, ela ligeiramente desconexa, mas com olhares lânguidos à todos os lados. Ana Paula murmura um "oi" para o sobrinho, que passa para um lado e encara o pai, que igualmente vira o rosto.
Ana Paula anda em direção ao portão e no caminho, encontra Daniel, espiando a festa por detrás de uma árvore. Ele se assusta ao ver a freira e ela fica irritada.
- Você, aqui? - ela se irrita. - O quê você quer, Daniel?
- Eu... queria conversar contigo, Ana Paula... - ele tenta sorrir. - Ali, pode ser? - aponta para a estufa.
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- Então, diga... o quê tem de tão importante pra me falar? - pergunta a religiosa, impaciente.
- Ah... nada demais. - ele fica nervoso. - Eu queria saber... como você tá? Está bem? Está feliz?
- Eu... que pergunta mais sem cabimento, Daniel. - ela se espanta, ficando nervosa e vermelha. - Eu tô bem, muito feliz, não pode ver a festa que eu estou dando? Há quanto tempo eu não dava uma festa dessas aqui em casa...
Daniel sorri, finalmente um sorriso sincero.
- Que tá rindo? - ela estranha.
- Nada, não estou rindo. Estou sorrindo. - e continua. - Estava com saudade desse seu jeito marrento. -
- Como foi? - ela ergue uma sobrancelha.
- Eu tenho saudades de você, Ana Paula. Muitas. - ele baixa os olhos, triste. - Eu sinto muita sua falta.
Daniel apanha as mãos dela, que tenta se soltar, mas não consegue.
- Eu queria te perguntar se está realmente feliz... porque até agora, que achou seu filho... nunca pareceu feliz.
- Pois está enganado. - ela diz, revoltada, tentando se soltar. - Eu... eu, eu sempre estive feliz. Só nunca saí gritando aos quatro cantos do mundo.
- Mas era exatamente assim que você fazia, antigamente. - continua Daniel, galante. - Quando ainda éramos casados...
Ela solta a mão dele, histérica.
- Isso é passado!
Chegando atrasado, Vítor passa pela entrada da estufa e para ao ver a cena.
- Você estragou toda chance de felicidade que poderíamos ter, Daniel!
- Eu estou disposto a reparar isso! - ele diz, desesperado. - Eu ainda te...
- Não! - ela tapa a boca dele, que cambaleia - Não complete! Eu te odeio!
E vira um tapa no rosto dele, que fica chocado. Vítor cai na risada, sobressaltando os outros dois e chamando a atenção dos presentes.
- Hahaha, tomou o que você merece, seu drogado idiota!
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Daniel, humilhado, vira-se lentamente para Vítor, que começa a caminhar. Ana Paula sai pela outra saída e Daniel começa a perseguir Vítor à passos largos. Danilo pressente o pior, e grita "Vítor!".
O vilão vê, se vira e se assusta ao ver Daniel correndo atrás dele.
- Sai, seu doido! - e corre, fugindo dele.
Daniel corre atrás do menino, e muitos dos presentes riem da cena. Ana Paula se recolhe à um canto e chora. Ronaldo manda os seguranças pararem Daniel, mas o ex de Ana Paula alcança Vítor e o empurra contra um grande jarro de plantas, que se despedaça e corta o menino no braço.
- Meu bebezinho! - diz Luana, correndo pra ajudá-lo. Danilo vai atrás dela, enquanto os seguranças levam Daniel para fora da mansão.
- Sai, sai, estou bem! - diz Vítor, impaciente, estancando o pequeno corte com a outra mão, e indicando com a cabeça, manda Danilo segui-lo. Luana se irrita e procura Arthur com o olhar, indo em direção à ele, depois.
Ronaldo estranha os olhares dos dois e decide segui-los.
- Fecha a porta. - diz Vítor, assim que os dois entram em seu quarto. - Tranca, imbecil!
- Tá, certo, que foi? Tá tudo ok?
- Tá sim, apanha aquela caixinha pra mim, por favor. - diz Vítor apontando para uma caixa numa prateleira. Tira de lá gaze e esparadrapo, e faz nele mesmo um curativo enquanto conversa.
- Desculpa pelo meu pai, Vítor... - começa Danilo.
- Esquece, nós dois sabemos que seu pai não bate bem da cabeça, você mesmo o chamou de idiota um dia desses... - responde Vítor, irônico.
Danilo fecha a cara, mas não responde.
- Enfim, tá na hora de deixar de brincadeira e continuar a minha vingança... - Vítor começa.
- Pelo amor de Deus, você continua com isso?
- Eu nunca vou parar, querido. - Vítor sorri, um olhar sinistro. - E olha o quê eu consegui...
Ele se abaixa e tira uma arma debaixo da cama. Danilo se espanta, mas os dois se sobressaltam quando ouvem várias batidas na porta. Vítor se assusta e deixa a arma cair. Ele derruba a caixinha de primeiros-socorros junto e manda Danilo abrir a porta.
- Pelo visto assustei vocês. - diz Ronaldo, um certo tom irônico e olhar direcionado para Vítor.
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- Claro, estava concentrado fazendo um curativo. - responde Vítor veemente.
- Não era melhor pedir ajuda? - pergunta Ronaldo, fazendo menção de entrar no quarto.
- Não quero você dentro do meu quarto! - grita Vítor, escandalosamente.
Danilo se assusta e vira-se para Ronaldo, que sorri, parado. Segundos depois, Bernardo aparece atrás do pai.
- Tá tudo certo aqui? - pergunta ele sobressaltado.
- Tá sim, sai daqui! - ele apanha um jarro com água e atira contra a porta. Bernardo puxa o pai e a maçaneta e o vaso se espatifa contra a madeira.
- Imbecis. - diz Vítor com absoluto desprezo.
Ronaldo e Bernardo saem de perto dali.
- Precisam internar esse menino. - comenta Bernardo com um sorriso no rosto.
- É, pois é... - diz Ronaldo, pensativo.
Danilo, no quarto, começa a juntar os cacos de vidro do jarrinho, enquanto Vítor guarda meticulosamente a arma embaixo do seu colchão.
- Não faz isso de novo! - grita Danilo. - Você quase acertou minha cabeça.
- Você se abaixou, não é tão burro. - diz Vítor, distraído, finalizando o curativo e apanhando as coisas.
Danilo suspira, e anda até o primo, sentando ao lado dele.
- Você precisa parar com isso. Esse negócio de vingança não vai dar em nada. Você nem motivos tem pra isso!
- E você acha que humilhação pública não é motivo suficiente?! - vociferou Vítor, possesso. - Você acha que caçoarem de você, durante todo o resto de sua vida escolar, não é demais? - ele se ergue enquanto fala. - Você acha que eu fui feliz até agora, em minha vida? Não!
Danilo se assusta e recua. Vítor lança-lhe um ohar sombrio.
- Nosso tio sempre se fez de bonzinho e pai-dos-pobres, mas eu conheço o caráter dele. Você acha o quê, que ele não tem ganância nem soberba? Ele vai é cair, eu vou fazer ele sofrer, vou tirar tudo e todos que fazem ele feliz até ele ficar sozinho nessa merda dessa casa!
- Tá! Tá! Tá bom! - Danilo ergue-se, batendo palmas. - Tá certo, gênio, agora acho melhor a gente descer, senão vão ficar irritados conosco.
- Tá, certo... vamos... mas tomara que seu pai não esteja lá embaixo, senão o primeiro da fila é ele. - diz Vítor, ameaçador, enquanto abre a porta.
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- Ah, que festa entediante, que pessoal maluco... - começa Luana, irritada, empurrando o jardineiro para dentro da casa dos empregados. - Só você mesmo pra me tirar desse stress, meu querido.
- Querido é? - Arthur faz jogo. - Você acha que eu não vi você toda interessada pro lado do meu irmão bastardo?
- Ah seu bobo, aquilo é passado. - ela sorri, alisando-o. - Aquilo é só um franguinho, eu gosto mesmo é de macho forte feito você...
Ela o empurra na cama e desabotoa as alças do vestido, ficando só de lingerie. Arthur sorri, safado, enquanto tira a camisa.
- A senhora é muito gostosa mesmo, dona Luana... - começa ele.
- Senhora tá no céu, meu gostoso. Vem cá! - ela pula em cima dele, aos risos.
Pouco depois, ainda meio tonta e extasiada, Luana volta para a festa, ajeitando a maquiagem e andando meio cambaleante. Ronaldo está fazendo um discurso motivacional para Wagner, que ruboriza e é apoiado por Bernardo, que parece sinceramente gostar do primo.
Juliana, fora da atenção de Bernardo, começa a circular um pouco mais longe da festa, pelos jardins. Após o discurso de Ronaldo, Bernardo a vê e vai atrás dela. A médica vira para um lado e vê Ana Paula, meio escondida por uma samambaia, chorando copiosamente, e parecendo sem saber o que fazer.
Juliana observa atentamente a freira, com certo sorriso sádico e um olhar penetrante. Ana Paula não percebe a presença da médica até ouvir o chamado de Bernardo, "Juliana?", e ergue a cabeça.
- Madre, não a vi aí. - começa Juliana falsamente.
Ana Paula se ergue, irritadíssima.
- "Madre", é? - ironiza ela. - Já virou boazinha, sua rapariga?
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