Pra você que não tem preguiça de ler =)

quinta-feira, 6 de março de 2014

Histórias da Mansão

Capítulo 22 - "Vagabunda!"








Ana Paula fica escandalizada, e Juliana tenta minimizar a situação.

- Calma, eu só...
- Você só o quê, minha filha? - caçoa Ana Paula, furiosa. - Você é uma vagabundinha ordinária, uma puta que viu o primeiro homem bom que tinha na frente e se jogou!
- Madre, a senhora está me ofendendo! - reage Juliana, falando alto, pondo as mãos no coração.

Ana Paula dá uma risadinha histérica. Bernardo e Ronaldo se aproximam do local, bem como Wagner. Muitos dos presentes se viram para olhar a confusão.

- Você? Se ofendendo?! - diz ela, cutucando a médica e avançando contra ela lentamente. - Você não tem direito de se ofender, sua vaca! Você é uma ofensa à sociedade! É uma ladra de maridos! Rouba o homem de inocentes como a Jéssica...
- Me respeite, dona Ana! - começa Juliana.
- Respeitar, eu? - ruge Ana Paula, assustando todos os presentes. Bernardo e Ronaldo tentam fazer ela se controlar, mas ela avança e derruba Juliana com um tapa na cara. - Eu não respeito vagabunda!

Os presentes todos exclamam de surpresa. No seu canto, porém, Vítor dá umas risadinhas, sob o olhar apreensivo de Danilo. Wagner avança e segura a mãe, com uma expressão mortificada.

- Já chega, tia Ana! - diz Bernardo, puxando a mulher com uma das mãos.
- Ana Paula, você passou dos limites! - começa Ronaldo, com uma expressão séria.

Antes que mais alguém possa dizer alguma coisa, Juliana apanha a taça de vinho do arquiteto e joga no rosto de Ana Paula, que fica chocada. Todos parecem mortificados e a médica sai dali, esbarrando em Bernardo no percusso, que a segue.

- Você...! - Ana Paula bate no ombro de Ronaldo, assustando-o. - Você converse com seu filho. Ela mulher vai destruí-lo. Marque minhas palavras.

E ela sai do jardim, indo em direção à casa, arrancando o véu encharcado da cabeça e afugentando os convidados. Ronaldo percebe as feições tristes de Wagner e se dirige ao sobrinho.

- Não fique assim. Hoje é seu dia de alegria, querido.
- Não... tudo bem, tio. - diz Wagner, sorrindo amarelo, com uma expressão penalizada. - Acho que podemos encerrar as festividades, não é?

Ronaldo apenas assente, e eles vão em direção aos convidados.


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Na cobertura de Bernardo, o clima estava tenso...

- ... e eu não vou tolerar mais isso de sua família! - diz Juliana, às lágrimas, os cabelos negros caindo pelo rosto.
- Mas eles são minha família, amor... eu... não posso ficar contra eles! - diz Bernardo, exasperado.
- Pode! Pode sim! Por mim! - ela se debruça sobre ele, agarrando sua mão. - Você disse que me amava!
- Sim... - ele começa, abraçando Juliana. - Eu te amo, Juliana... Mas eu não posso fazer isso.

Juliana fica furiosa.

- Eu levei um tapa na cara! Acha isso justo?
- Claro que não! - responde Bernardo rápido, irritado. - Eu vou amanhã mesmo conversar com a minha tia sobre isso...
- Ótimo! Quando acalmar a sua tia me procure! Estou farta por hoje! - diz a cardiologista, afastando os cabelos do rosto e apanhando a bolsa. Bernardo tenta contê-la.
- Aonde você vai?

Juliana se desvencilha dele e vai abrindo a porta da sala.

- Eu vou pra minha casa. E não apareça lá hoje. Estou muito ofendida.

E bate a porta na cara dele. Espumando de raiva, Bernando se afasta.

Amanhece... outro dia na Mansão Oliveira.

Sarah, ainda recuperando-se do choque de ter caído na piscina, por causa de Vítor, estava no jardim, descansando embaixo de uma árvore. Raíssa, prima dela, chega correndo, e para perto da cadeira de rodas, meio ofegante.

- Que foi? - pergunta Sarah, já desconfiada.
- Ih, mau humor! - diz Raíssa, descontraída, respirando fundo. - Minha mãe disse que eu podia sair no carro dela contigo! Vamos passear, parar no calçadão, ver a praia.

Sarah faz uma cara feia, mas Raíssa faz biquinho.

- Sai dessa, você nem tem carteira ainda!
- Mas a mamãe já me deu aulas! - ela sorri, esperançosa.
- É engraçado. Ela é freira pra umas coisas, e doida pra outras! - comenta Sarah.

As duas caem na gargalhada, e Raíssa se anima.

- Então, vamos?

Sarah faz que sim, e a prima a ajuda a locomover-se pelo jardim em direção às garagens.


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Após um breve passeio pela praia sem sustos, Raíssa pega o caminho de casa. Mas, ao sair de um sinal de trânsito, ela se assusta com um ônibus que vem muito próximo dela.

- Aaaaaah, moço, sai pra lá!
- Cuidado, Raíssa! - grita Sarah!

A menina tenta desviar, mas o carro sobe na calçada e colide com uma parada de ônibus, derrubando um dos rapazes que estavam ali de pé.

- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaai! Ajuda o moço! - diz Raíssa, abrindo a porta para ajudar.

Sarah tenta não entrar em pânico. Várias pessoas circundam o local, e Raíssa chega perto do rapaz, que parece estar ileso, e já começa a se levantar.

- Ai, o senhor tá bem, moço?
- Eu tô bem, tô bem, sim... fique tranquila. - diz o rapaz, limpando a camisa. Raíssa olha de relance e vê pelo emblema na camisa que ele trabalha numa das empresas do Grupo Oliveira.
- Eita, você trabalha pro Grupo...
- Eu... já vi você em algum dos eventos de lá... esse ano. - diz ele, erguendo-se melhor e avaliando Raíssa.
- Eu... sou filha de uma dos herdeiros. - diz Raíssa, constrangida.
- Ah... - ele começa, se afastando.

Raíssa escuta Sarah gritando algo de dentro do carro, e vai olhar.

- Olha, tem uns policiais vindo pra cá... eu já liguei pra minha mãe e... ela e tia Paula estão vindo pra cá.
- Ai, meu Deus... - diz Raíssa, levando as mãos à cabeça. - Minha mãe vai me matar. - ela se vira pro atropelado. - Você tá bem mesmo, er... eu não sei seu nome.

Eles riem, e ele entrega um cartãozinho pra ela.

- É Luan. - e sorri. - Meu ônibus chegou, se estiver tudo bem, eu tô indo agora.
- Tá... tudo bem sim. - ela sorri, nervosa. - Obrigada, e me desculpa!

Ambos riem, e Raíssa se vira para encarar os policiais.


- - - - -


Mais tarde, de volta à Mansão Oliveira...

- Uma completa falta de responsabilidade! - vociferou Ana Paula assim que adentraram a mansão. - Eu te deixo dar uma volta no quarteirão, e você sai andando adoidado até a praia! Você não tem carteira, menina!

Sarah se sente mais culpada que Raíssa. Patrícia está ao lado de Ana Paula, observando a cena, e mantém-se com uma expressão severa. Wagner, por sua vez, senta-se ao lado das meninas e procura acalmá-las.

- Eu só queria passear um pouco com a Sarinha... - diz Raíssa, aérea.
- Eu sei que sim, e apoiei muito a ideia! - grita Ana Paula.
- Mãe, não seja tão dura! - diz Wagner, alteando a voz. Todas olham para ele. - Mas... a intenção dela foi boa, e você não pode culpá-la. Afinal, foi você mesma que deu aulas de direção pra Raíssa.

Ana Paula parece confusa, e Patrícia, puxando um barrinha de cereais do bolso, reprime uma risadinha.

- Er... eu sei! Eu ensinei! Mas também dei responsabilidade! E agora, trate de ir pro seu quarto e fique lá! Vou pensar num castigo pra você!
- Tá, mãe... - responde Raíssa, distraída, a cabeça nas nuvens.

À noite, fora, perto da entrada da mansão...

Wagner e Arthur estão discutindo abertamente, mas tentando manter um tom de voz baixo.

- Escuta, seu bostinha! - diz Arthur, furioso. - Você vai falar com seu Ronaldo e mandar ele aumentar o meu salário! Preciso tirar proveito disso de alguma forma, preciso sustentar mamãe!
- Eu vou sempre que dá lá, seu louco! - retruca Wagner, irritado. - Não fale como se eu fosse desnaturado.
- Mas você entrou pra família! E vai me ajudar a entrar também!
- O quê? - indaga Wagner, paralisado. - Eu não posso fazer isso, Arthur! Não é assim tão fácil, você precisa ganhar o afeto deles!
- Mané afeto, idiota! - repudia ele, empurrando Wagner, que revida. - Eu quero é o dinheiro! E você me ajude, senão eu invento e conto pra doutor Paulo que você continua se encontrando com dona Luana na estufa!

Wagner fica passado. Se escandaliza e mete um murro no irmão.

- Quem é o amante dela é você, seu imbecil! Eu nunca dei bola pra ela, e ainda tô de covarde na história porque to encobertando tudo!
- Não bate na minha cara! - rosna Arthur, revidando na mesma moeda, batendo no irmão com uma pá pequena de jardinagem.

Os dois começam a se engalfinhar e caem no chão, fazendo barulho. Leonora e André, que estavam chegando do lado das garagens, veem a cena e correm para apartá-los. Luana também vê a briga e se dirige para a estufa, assistindo tudo de lá. Na confusão, André acaba sendo atingido pela pá de Arthur e cai no chão, tonto.

- Ai, meu deus! Tio André! - grita Leonora!

Wagner a ajuda a levantar o tio, enquanto Arthur sai de fininho e, após ver Luana na estufa, segue até lá.


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- Que barraco foi esse, meu bem? - indaga a patroa, sorrindo lascivamente para o jardineiro.
- O meu irmão, ele tá ficando louco! - diz Arthur descontrolado, enquanto Luana tenta limpá-lo, com as mãos, com certa meiguice.
- Ou será você... que está com invejinha dele, que quer entrar pra família também? - provoca Luana, apertando o queixo do amante.
- Que entrar pra família o quê! Como o coitadinho? O pobre do jardineiro irmão do filho perdido?! Nunca! - diz ele, agarrando a patroa. - Só entraria pra família se fosse pra ser seu marido!

Luana dá uma gargalhada e em seguida, dois tapinhas no rosto dor jardineiro, que não entende muito bem, mas volta pra expressão de ódio.

- Aquele idiota... falou uma coisa que me deixou bolado.
- Falou o quê, meu fofo?
- Falou... que se eu continuasse me encontrando com a senhora, ele contaria tudo pro seu marido.

A loira se espanta, em choque, e leva as mãos à boca. Mas em seguida, rapidamente volta pra expressão de irritação.

- Ele tá blefando, não faria isso.
- Não se engane, dona Luana. - diz Arthur, astuto. - Ele tem aquela cara de sonso, mas ele quer se dar bem sim. E ele tem inveja de mim, sempre teve...
- Hum... porque você é mais bonito... e gostoso, querido. Apenas. - diz Luana, provocativa, puxando Arthur pelo cinto. Os dois riem baixinho e ele se deita sobre a patroa, e se pegam ali mesmo.

Um pouco mais longe, na varanda...

Wagner se despede de Leonora, que está com a cabeça de André no colo. Ele ainda parece estar desacordado.

- Ah, tio... pra quê você tinha que se meter nessa briga... - diz ela, num misto de carinho e irritação. - Mas... só assim pra você ficar tão perto de mim...

Ela olha em volta rapidamente, e depois vai se abaixando de olhos fechados para beijar André, mas leva um susto ao abrir os olhos, à centímetros dele, e o encontrar de olhos bem abertos, encarando-a.

- Aaai, tio! - grita ela.


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Música

E aí pessoal! Como começaram o ano?



Estou arrumando tempo para reativar o blog, e manter tudo em dia. Agora, teremos mais um capítulo de "Histórias da Mansão", mas antes disso, por que não curtimos com mais uma musiquinha?

Fiquem com um clássico, "Cater 2 U", de Destiny's Child! Até mais!






Feliz ano novo! Muito sucesso e realizações para todos.
(continuação, cap 32)





Laís dá uma gargalhada vacilante, mas mantém a pose.

Laís (zombeteira)- Mas é claro que isso é mentira, Paulo! Como eu poderia roubar a minha irmã? E pra quê eu faria isso, Paulo! Eu estava grávida de você! Você sabe disso!

Paulo- Sim... eu sei... - mas ele se mostra confuso.

Telma, porém, não parece desistir tão fácil, e fica revoltada quando Telma e Paulo olham para ela.

Telma- Mas porque a minha tia ia dizer isso, mãe? Por quê?

Laís (indo até ela)- Meu bem... sua tia é desequilibrada. - ela abraça a filha, que olha para o chão. - Você sabe... ela estava grávida quando foi presa, e a filha dela morreu no parto.

Telma- Eu... não sabia muito bem disso.

Laís (acenando com a cabeça)- Pois é... pois é! Ela é desequilibrada, e só porque você é... um pouquinho parecida com ela, ela acha que você foi roubada por mim! Isso é ridículo!

Paulo (rindo com desdém)- Convenhamos... a Telma parece muito com a tia dela.

Laís- Exatamente, parece! Mas isso é genética, querido, é de família, somos todas lindas! - e Telma ri. - Ela também... inclusive.

E Laís olha para os lados com desdém. Paulo levanta e abraça a filha.

Paulo- Não fique assim, filha... nós te amamos, e somos seus pais, com certeza. Vamos ver... o quê faremos em relação à sua tia.

E o prefeito olhou para a primeira-dama, que fez-se de desentendida e, após apertar o ombro da filha, saiu pelo corredor.


(intervalo)


Renata está na casa de Natália, tristonha, enquanto a amiga está acabando de pôr os filhos para dormir.

Natália- Mas você passou o dia na rua? Não foi na obra, não fez nada? Só bateu na irmã?

Renata- E é pouco?

Natália (pensativa)- De fato... eu também queria bater naquela cobrinha! Hihihi

E ela chama Renata para fora do quarto dos filhos, e as amigas vão pra sala. Natália pega um uísque e leva para uma mesinha no terraço.

Natália (servindo dois copos)- A Telma não acreditou em nada, né?

Renata- Claro que não. Foi muita burrice. Mas eu sei que é verdade. E eu precisava acabar com a raça da minha irmã.

Natália (revoltada)- Como você não me chamou! Eu tinha que estar lá assistindo!

As duas riem juntas, mas a expressão de Renata volta logo para a confusão. Natália nota e, após virar o copo de uma vez, fita a amiga.

Natália- Mas, tá pensando em fazer o quê, amiga?

Renata- Não sei amiga... - ela relaxa, desolada, no ombro da outra, e uma lágrima cai de um de seus olhos. - A minha filha praticamente me rejeitou... enfim... - ela limpa o rosto e se ergue. - Eu preciso tirar essa história a limpo. Nunca confiei no meu pai, mas não sei... não sei se ele mentiria ou não numa história dessas...

Natália- Então, quem você acha que pode te ajudar?

Renata (se levantando)- A minha mãe... - ela levanta o rosto, decidida. - Só ela pode me dizer a verdade. E eu sei que ela vai falar.

Natália (batendo palmas)- Vai lá amiga! Força! Eu vou... beber mais uma dose...

E erguendo o copo em saudação, Natália sorri. Renata apanha a bolsa e sai da casa da amiga.


(intervalo)


Telma sai do quarto, decidida, e acaba cruzando com o pai no topo da escada.

Paulo- Oi filha, vai sair?

Telma- Vou... não! Não, vou sim. - ela se atrapalha, ajeitando a bolsinha. Paulo estranha.

Paulo- Vai aonde?

Telma- Vou... vou encontrar... o Angelo! O rapaz, o biólogo, lembra que eu falei sobre ele?

Paulo- Sim, sim, claro, filha. Vai com Deus. Não volta tarde, hein?

Paulo, porém, segura o pulso da filha quando ela se afasta e a menina se volta para o pai, assustada.

Telma- O quê foi, pai? - ela o encara, nervosa.

Paulo (desconfiado)- Você... acreditou naquela história da sua mãe, Telma?

Telma- Ah, pai... parece sem pé nem cabeça... mas a minha tia, bem... - ela faz uma careta - já matou um homem, já foi presa, ela pode ter ficado sequelada. Perdeu um filho... isso mexe com a cabeça as pessoas.

Ela anda até o pai, sorrindo, e o abraça.

Telma (sorrindo)- Eu tô saindo, viu? Estou bem. Estou tranquila.

Ela se afasta, mas logo depois Paulo fecha a cara. Apanha a carteira e o celular, pondo ambos nos bolsos.

Paulo (para si)- Mas eu não estou.

E sai de casa, rumo à casa da sogra.