(continuação, cap 33)
Paulo parecia inquieto, e Olívia esquiva-se do seu olhar.
Paulo- Então... me diga, dona Olívia. A Telma é minha filha, ou não é?
Olívia- É claro, que sim... Paulo. Claro que é.
Paulo- A senhora não está mentindo pra mim, não é?
Olívia (sacudindo a cabeça)- Por favor, Paulo... o quê eu, essa pobre velha, ganha com mentiras? Ela... - nessa hora Paulo fita a sogra ferozmente - ela é sua filha sim. Até onde eu sei.
Paulo (furioso)- Como assim, até onde você sabe?
Olívia (satisfeita)- Se ela é filha sua, só a minha filha pode dizer... ou então... - ela pensa, astutamente - o pai dela.
Paulo silencia depois daquela afirmativa, e Olívia aproveita a deixa para se erguer, assustando o genro.
Olívia- Se você não se incomoda, meu querido... eu... preciso descansar.
Paulo (se erguendo)- Claro. Boa noite, dona Olívia. Até outro dia.
Olívia (astuta, de supetão)- Boa sorte!
Paulo se vira para a sogra, tentando decifrar aquela nota enigmática, mas Olívia fecha a porta na cara dele e ele franze o rosto.
(intervalo)
No dia seguinte...
Thiago passa em seu carro na casa dos Viscaia, e acena para Zaíra, que está supervisionando dois pintores que estão revitalizando a mansão, que já está quase finalizada.
Thiago- Bom dia, Zaíra.
Zaíra (sorrindo, acenando pra ele)- Bom dia, doutor! Como você tá?
Thiago- Ótimo, obrigado. Onde está sua patroa?
Zaira (tristonha)- Está... lá dentro, meio tristinha... por que o senhor não vai lá dentro, animá-la?
Thiago (timidamente)- Eu... posso?
Zaíra- Com certeza! - e ela pisca pra ele.
Thiago abre um sorriso, e adentra a mansão, procurando a morena pela ampla sala. Olha pela porta que leva à varanda, e a vê, enrolada numa longa estola vermelha, sentada na beira da piscina, com os pés descalços e a cabeça pendendo para um dos lados. A piscina já está menos suja, e um piscineiro a limpa.
Thiago (lentamente)- Oi...?
Renata não parece ter escutado e ainda aparenta estar triste e desamparada. Thiago se adianta e toca o ombro da morena, que se sobressalta levemente e vira para olhar o arquiteto.
Thiago (apressado)- Desculpe! Por favor!
Renata- Eu não sabia que você vinha, Thiago...
Thiago (sorrindo)- Nós...hum, tínhamos marcado uma visita, não se lembra?
Renata (lembrando-se)- É... foi. - ela toca a cabeça e fecha os olhos. - É... vamos.
Thiago- Assim, agora?
Renata olha para a própria roupa e depois sorri. Dá um passo e, agarrando o braço do arquiteto, que sorri, sai junto dele.
(intervalo)
Pouco depois, Renata, com seu vestido simples e sua estola vermelha ao vento, chega amparada por Thiago, que sai apontando os detalhes da obra, que já anda avançada.
Thiago- Viu que, usando a superestrutura em pré-moldados, a obra tá indo muito rápida?
Renata (distraída)- Vi, sim... o desenho é lindo. É... moderno, bonito...
Ela caminha pela areia, para a parte do terreno afastada da obra, onde parte do puxadinho do prédio da Associação de pescadores ainda resiste e fica cabisbaixa. Thiago não se contém, e vai até lá.
Thiago- Eu não ia perguntar, mas a Zaíra disse que você tava meio triste... e eu me preocupo com você.
Renata (virando-se)- Eu sei... ao menos acho que eu sei. Mas eu não sei...
Thiago (cortando)- Eu sei... que você não quer contar nada do seu passado e tudo mais. Mas, eu sinceramente, não me importo.
Renata- Thiago, eu...
Thiago (interrompendo, segurando a mão dela)- Eu não me importo, nem como profissional, nem como amigo... e... - ele segura o queixo dela, que o encara, espantada - e nem como homem...
Renata fitou bem aqueles olhos com um pequeno sorriso, e ficou muito alegre e animada quando Thiago sorriu e a beijou.
(fim do capítulo 33)
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