Pra você que não tem preguiça de ler =)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Homem ao Chão

Capítulo 27 - Reações





Laís está furiosa e agarra com força o braço da mãe, que faz uma careta.

Laís (bufando)- Você tá envenenando a Telma contra mim, não é?

Olívia (reagindo à altura)- Não tô envenenando ninguém, Laís! Apenas contei pra sua filhinha sobre a tia dela!

Laís arregala os olhos e suas feições vão do medo ao ódio.

Laís- Que foi que você contou?! - ela se descontrola e começa a sacodir a mãe. - Fala, desgraçada! Você contou tudo! Eu te mato se você tiver contado tudo!

Olívia parece hesitante, mas quando Laís a solta, dá uma gargalhada e deixa a filha mais nervosa.

Olívia (desdenhosa)- Claro que não contei, que desespero é esse? A Telma não vai saber de mim sobre isso...

Laís- Quer dizer o quê com isso? Vai saber da vagabunda da Renata? Vocês estão mancomunadas, é?

Olívia (irritada)- Deixe de leseira de novela mexicana, a Renata não sabe que tem uma filha viva. Agora, se já acabou de palhaçada... eu vou andando.

Olívia segue reto na rua, em direção à própria casa. Laís corre furiosa para o carro, onde o chofer a aguarda, e abre a porta para ela.

Laís (possessa)- Droga, DROGA! Isso não pode vir à tona...

Ela olha do chofer, que entrara no banco da frente, e a mãe, distante na rua, atravessando-a.

Laís (de súbito)- Atropela!

Chofer (chocado)- O q-quê?

Laís (gritando)- Atropela, imbecil, acelera!

Ela bate com a bolsa na perna do chofer, que por impulso acelera com toda, cantando pneu. Olívia é pega de surpresa, mas consegue desviar. Ainda assim o carro bate com toda em seu quadril e ela cai no chão, já na calçada. O carro de Laís dispara e logo depois dobra a esquina.


(intervalo)


Olívia se levanta, com dores, mas parece estar ilesa.

Olívia (balançando a cabeça)- Que foi que eu fiz para merecer uma vida dessas?

Longe dali, na mansão dos Viscaia...

Renata está observando uns papéis junto de Thiago, o arquiteto.

Renata- Ficou lindo! Eu mesma não poderia imaginar algo tão lindo!

Thiago (sorrindo)- Estou aqui pra isso, pra te agradar.

Renata sorri, dando uma olhada para o arquiteto, e dá dois tapinhas no ombro dele, notando depois a amiga, Zaíra, parada na porta com olhar de censura.

Zaíra- Amiga, tem uma mocinha no portão que não para de olhar pra cá.

Renata (indiferente, com um papel nas mãos)- Sim, muitas pessoas olham pra essa casa, ainda mais depois que eu comprei.

Zaíra- É que ela... parece tanto contigo!

Renata levanta o olhar, curiosa. Zaíra volta à porta e espia pelo olho-mágico.

Zaíra- Ela tá vindo pra cá!... Ela parece contigo, garota, quando chegasse no pre...

Renata- Psiu! Já entendi!

Não se passam nem dois segundos e batem na porta. Zaíra abre sem cerimônia e se espanta com a semelhança de Telma e Renata.

Telma (nervosa)- Oi... é aqui que mora a Renata?

Zaíra- É sim, menina... - ainda abobalhada, vira-se para a sala de estar. - Dona Renata! Pra você!

Telma fica constrangida, enquanto Zaíra sai com cara de espanto e Renata chega ao hall. Telma está de costas e logo depois se vira.

Renata (um tanto indiferente)- Oi... posso ajudar?


(intervalo)


terça-feira, 18 de setembro de 2012

Música

E aí, galerinha, beleza?



Estou tentando retomar o ritmo de postagens do blog, e agora vou postar uma música que sempre me toca e eu adoro. Com vocês, Cyndi Lauper e sua "True Colors"!







Perfeição!!!


Tenham uma semana, abraço!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Histórias da Mansão

Capítulo 16 - Tratos









Wagner fica impassível. Ana Paula esboça uma reação de cumprimento, mas Wagner vira a cara para ela.

- Tá fazendo o quê aqui? - pergunta, ríspido.
- Achei... que a gente podia conversar um pouco... - responde Ana Paula, esperançosa.

Wagner parecia hesitar. A vontade de saber mais queria deixar a freira entrar na casa, mas a indignação fazia Wagner querer fechar a porta na cara da mãe biológica.

- Vai, entra, mas não se anima! - diz ele, abrindo passagem, e Ana Paula entra rapidamente, parando na sala de estar e encarando Raquel, que lá estava.

- Boa noite. - diz a freira, educada.

Raquel nada diz, mas sua expressão é de puro terror.

- A senhora está bem? - indaga Ana Paula, cautelosa, se dirigindo lentamente para ela. Porém Wagner intervém e a segura pelo braço.

- Sua conversa é comigo. Deixe minha mãe em paz.
- Sua mãe? - pergunta Ana Paula, incrédula. Ela então encara Raquel novamente, que se ergue, silenciosa.

- Vou... deixá-los, Wagner. Vocês precisam conversar sozinhos.
- Ei, não vai saindo assim com o rabinho entra as pernas não, minha filha! - esganiçou-se a religiosa, revoltada. - A senhora tem muito pra falar!
- Você não vai calar a boca? Nossa conversa é particular, deixe minha mãe fora disso! - grita Wagner, já arrependido de ter posto Ana Paula dentro de casa.

Ana Paula se cala, com o rosto vermelho e furioso. Anda até uma poltrona desarrumada e se senta, com cuidado. Wagner e Raquel trocam olhares e a mãe sobe as escadas. Wagner então ruma para o sofá, defronte à mãe biológica, e se senta.

- O quê quer aqui?
- Vim ver se você está bem, meu filho... - começa a freira.
- Já disse pra não me chamar de fílho! - grita Wagner. - Se você quiser tentar me conquistar como seu filhinho é melhor pegar o beco...
- Não fale assim comigo, exijo respeito! - Ana Paula se impõe, erguendo-se. - Nunca te trarei mal, nunca lhe fiz algo de ruim, ou eu estou mentindo?

Wagner se cala, furioso, e encara os pés.

- Não, não abaixe a cabeça. - comenta Ana Paula. - Se você me deixou entrar aqui, é porque tem algo a falar. Então vá em frente. Fale.

Mas Wagner é interrompido pela chegada de Edmundo, que fica surpreso, mas logo volta à sua expressão astuta.


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- Ora, muito bem... - começa ele, irônico, e fecha a porta. Ele anda até o meio da sala, e encara Ana Paula, que logo depois desvia o rosto.

- A senhora de novo.
- Claro. - responde ela, trêmula.
- Acho bom que esteja aqui. - diz Edmundo, sonso.
- Como assim, pai? - indaga Wagner.

Edmundo se vira, irritado.

- Ela é sua mãe, idiota, ela tem todo o direito de vir aqui, não é? - diz ele, olhando para Ana Paula, que se revolta.
- Não fale do meu filho assim! - ela grita, apontando o dedo para Edmundo, que sorri, desdenhoso.

- Que é isso, dona... não acha que vocês devem conversar direito?
- É... é claro! Claro que sim! - responde a freira, esganiçada.

Wagner olha curioso para o pai, mas nada fala.

- Então... acho que poderemos fazer mais desses encontros, não acha?
- Não precisamos dessa polidez toda. - diz Ana Paula com desprezo, espantando Wagner e Edmundo. - Me basta ver meu filho.

Edmundo olha para Wagner no momento em que ele ia retrucar.

- É, Wagner, ela é sua mãe... você deve escutá-la, mas ela lhe deve muita coisa...
- O quê, meu senhor? - indaga Ana Paula.
- Deve sim! - responde Edmundo, sonso. - Você acha que foi fácil criar um filho a mais durante vinte e um anos?
- Eu não acredito nisso... - comenta Ana Paula, irônica. - Você tá me pedindo...
- Que entre em acordo comigo! - responde Edmundo rápido. - É lógico, a senhora me deve muita coisa e tem posses, então...

Ele não tem tempo de completar sua frase. Ana Paula avança sobre ele e lhe dá uma bofetada com toda sua força. Edmundo cambaleia e se apoia na mesa de jantar. Wagner se levanta e vai até a freira.

- Saia daqui! Saia, sua descontrolada, você bateu no meu pai! Saia!
- Seu pai já me fez pior. - diz ela, lentamente. Depois, apanha a bolsa e sai.


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No dia seguinte...

Estão à mesa do café Vítor, Luana, Paulinho e Danilo. Paulinho lê jornal e parece querer se esconder da conversa atrás dele.

- Então filho... como vai o cursinho? - indaga Luana para Vítor.
- Uma bosta. - responde o rebelde na lata, indiferente. Danilo o olha feio.
- O Vítor tá bem, só acordou mau humorado, tia. - comenta Danilo, tentando limpar a barra do primo.
- Ah, você agora quer fazer advocacia, Danilinho? - pergunta Luana, ácida.
- Eu não preciso de advogado, mãe. Apenas o cursinho que é uma bosta. - rebate Vítor, irritado.
- Mas te pagamos o melhor cursinho do país para nada, querido? Fale alguma coisa, Paulinho!

Ela cutuca o marido, que se aborrece.

- Quê?
- Fale alguma coisa, incentive seu filho, Paulo Roberto!
- Falar o quê, Luana? - responde Paulinho, cansado. - O menino não quer saber de estudo, já me cansei de falar e nada...
- Depois vocês reclamam quando eu digo que não me incentivam! - reclama Vítor. Danilo fica embaraçado e olha para o lado oposto.

Paulinho dá uma risada e Luana o olha, irritada.

- Incentivo? Lembra da última vez que você me pediu incentivo? Foi quando você queria montar uma bandinha fuleira e pedindo patrocínio da empresa. Cinco idiotas, e você iria ser o vocalista... por favor, Vítor.
- Não fale assim do menino, Paulinho! - zanga-se Luana, dando um tapa no ombro do marido. - O menino sempre pediu seu apoio e você sempre o renegou!
- Ah, até parece que ele é algum coitadinho! - ironiza Paulinho, batendo palminhas. - Até parece que ele vive numa miséria terrível.

Vítor fica furioso, se levanta da mesa e quase derruba a empregada que passava ali. Danilo corre atrás do primo, mas ainda escuta um Paulinho irritado falar "E pronto, lá se foi a sombra atrás dele!".

- Vítor, droga, espera...! - começa Danilo, correndo atrás dele. - Para, imbecil.
- Viu, tá vendo? - ele fala, furioso. - Viu porque às vezes eu quero matar todo mundo? Minha vida aqui é um inferno!
- Não exagera, cara! - começa Danilo.
- Você agora tá do lado deles, é? - indaga Vítor, irritado. - Não inventa essas coisas ou eu te mato!


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Raíssa, filha mais nova de Ana Paula, e Sarah estão conversando no terraço que dá acesso à academia da mansão, Raíssa tentando animar a prima.

- Mas então, quando vamos para o cinema? Tá passando um filme ótimo com aquele ator famoso, o loirinho que você ado...
- Que cinema, Rá? - indaga Sarah, chateada. - Como eu vou subir aqueles degraus todos do cinema, hein? Alô...
- Deixa de ser chata, cinema hoje em dia tem que ser acessível! Tem locais especiais para cadeirantes... - continua Raíssa.
- Ah, nada a ver! - exclama Sarah, pessimista. - Imagina se eu vou querer aparecer lá parecendo uma coitadinha, atrás do meu "lugarzinho especial"...

Raíssa parece indignada, mas não tem argumentos contra a prima. Pouco depois, Leonora aparece, chegando de carro pela entrada de serviço.

- Oi, minhas lindas! - ela se adianta, sorrindo, e dá um beijinho nas duas. - Que foi, que cara é essa, Raíssa?
- A Sarah teimosa, não quer ir comigo pro cinema...

Ela conta a história dos locais especiais, e Leonora apoia.

- Não acha que seria ridículo aparecer lá e precisar de ajuda pra achar um lugar especial, Leonora?

Leonora analisa a situação e sorri, acariciando os cabelos da "prima".

- Claro que não, Sarinha... muito pelo contrário. Ridículo é pensar que ser cadeirante é ridículo.

Sarah amarra a cara para a nutricionista.

- Qual é, Leonora, deixa de frasezinha de efeito! - ela se irrita, virando o rosto. - Cansei disso de vocês! Não quero ir pra porcaria de cinema não! - ela se irrita, e sai com a cadeira lentamente. Raíssa suspira e troca olhares com Leonora, que balança a cabeça, e tenta parecer natural.

- Ahn... Raíssa, você viu o tio André? - pergunta Leonora, de supetão.
- Quê?! - espanta-se Raíssa, mas logo recupera a pose. - Ah, sim... passou não tem dez minutos para a academia...
- Sempre lá, não é... - ela sorri, distraída. Raíssa repara no sorriso dela e dá uma risadinha. - Que foi, Rá?
- Ahn... nada! - ela disfarça, soltando olhares curiosos para a nutricionista. - Vai lá... eu vou atrás da Sarah. - diz, saindo.


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André está malhando bíceps quando Leonora bate na porta da academia para avisar que está entrando. O bon-vivant sorri e intensifica a malhação.

- Eita, tá animado hoje, hein, tio? - elogia a jovem.

Ele se irrita, e faz pose.

- Que é isso, menina, já disse pra não me chamar de tio!
- Eu gosto de te chamar de tio, tio André... - ela sorri, esquiva. - Tá fazendo a dieta direitinho?
- Tô sim... mas acho que preciso correr mais... tô me sentindo preguiçoso, meio cansado... - ele larga os pesos e vai para a esteira. Já começa trotando.

Leonora o admira, sem se contar.

- Que é isso, o senhor tá ótimo, tio...
- Para com isso, menina... senão vou achar que você tá tentando me cantar! - ele dá uma risada, e apanha o controle do som, ligando-o em seguida.

Leonora fica nervosa e vermelha na hora. André, astuto, dá umas olhadas na jovem no espelho e passa a correr e cantar na esteira.

- Entra na onda! Troca de roupa e vem malhar um pouco também! - grita ele, incentivando. - Você é linda, Leonora... - ele se permite a ousadia. - E ficaria ótima se malhasse um pouco... ô se ficaria!

Leonora emudece, mas não consegue conter um sorriso. André volta a cantar e fingir que não a vê e seu constrangimento.

- Vou pensar no seu caso, tio... - diz ela, fazendo charme.
- Nada disso! - exclama o playboy. - Anda, vai se trocar e corre de volta pra cá! Assim a gente se ajuda, hein?

Leonora o encara, desafiadora.

- Tá certo... volto logo! - diz ela, sorrindo. E ela vai saindo.

André sorri, passa a mão pelo cabelo e pisca para o reflexo, mas faz uma careta logo em seguida.

Leonora, logo após sair da academia, houve um barulho fora do ritmo da música da academia e se vira, assustada.

- Tio André? TIO ANDRÉ?!

A menina corre e vê André caído, inconsciente, uma mão ao peito.

- Socorro! Socorro! - grita Leonora em disparada.


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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

(continuação, cap 26)





Olívia tenta acalmar o marido.

Romero- Diga logo que você foi ver a Renata! Diga! Anda! O quê disse à ela?

Olívia (aterrorizada)- Calma, Romero! Não disse nada, nada!

Romero (puxando-a pelo braço para casa)- Tem certeza, imbecil? Não soltou nenhum pio?

Olívia (após fechar a porta, dolorida)- NÃO! Não falei nada, já disse! Me solta, Romero, tá me machucando...

Romero joga Olívia contra a televisão. Ela grita e derruba o aparelho, que cai no chão e se destroça, gerando fumaça e faíscas. Olívia leva uma mão à testa, sofreu um corte e sangra profusamente.

Olívia (após um gemido de dor)- Não...falei nada, seu animal...

Romero- É mesmo? E o quê vai fazer? Vai me denunciar, é? É aquela bobeira de Lei Maria da Penha?

Olívia- Eu podia, se quisesse...

Romero apenas olha, ameaçador e com feições duvidosas para a esposa.

Olívia- Mas não o farei.

Romero ergue uma mão trêmula e ameaçadora para Olívia, mas solta um urro e, possesso, corre para o andar de cima.

Na manhã seguinte...

Telma está no posto médico com o doutor Silveira, quando a porta é subitamente aberta por Olívia, que tropeça e cai, segurando um pano ensanguentado na testa, perto dos cabelos.

Telma- Vó!... Que é isso?

Silveira- Dona Olívia? O quê foi isso?

Olívia- Me ajudem... me ajudem por favor... não consegui estancar sozinha.

Telma e o Dr. Silveira se entreolham e se adiantam para erguer a senhora e dar os pontos.


(intervalo)

Após medicar a avó, Telma vai até a praça central com ela e, uma vez sozinhas no coreto, Telma se vira para a avó, que está assustada.

Telma- Então, me diz, vó... foi... o vô que fez isso na senhora?

Olívia se vira para a neta, as feições machucadas, o cabelo desgrenhado e o rosto lívido.

Olívia- Não há como negar, não é?

Telma (revoltada)- Eu sempre soube! Meu avô sempre me demonstrou ser um crápula, e isso é verdade? Ele te bateu? Ele te bate?!

Olívia- É! Bateu, bateu, mas calma...

Telma- "Mas" nada! Isso é agressão! O vovô é um bruto, ele tinha que ser preso!

Olívia (rápido)- Não! Não! Não vamos fazer nada com ele! Isso eu resolvo depois!

Telma (revoltada)- Mas, vó...!

Olívia- NÃO! Não discuta comigo! Eu... eu resolvo tudo! E tenho algo para lhe falar, que é mais importante do que isso no momento!

Telma fica furiosa, muda, e nada fala. Morde os lábios, encarando o olhar pesado e certeiro de Olívia, curiosa.

Telma- Não posso deixar que fique tudo desse jeito. Não vou deixar.

Olívia- Não vai fazer nada, já disse. Agora, venha, escute... tem algo muito importante que você precisa saber.

Telma (irritada)- E o quê é? Diz logo, vó.

Olívia, porém, olha em volta primeiro. Telma estranha e olha também.

Olívia- Você... sabe que tem uma tia, chamada Renata, não sabe?

Telma- O quê minha tia tem a ver com isso tudo? Ela bate em você também, é isso?

Olívia- Sua tia voltou para a cidade, foi solta.


(intervalo)


Telma parece indiferente, mas se vira, com curiosidade.

Olívia- Eu fui vê-la ontem, e...

Telma (irônica)- E o vovô te bateu por isso, não é?

Olívia não responde, mas anda irritada pelo coreto.

Olívia- Não fica curiosa, minha filha? Em conhecê-la?

Telma (hesitante)- Eu... confesso... eu sempre quis saber o porquê de tanto ódio. Assim... - ela nota o olhar da avó. - Eu sempre ouvi a mamãe e o pai falando de "Renata aqui, Renata lá", e a minha mãe xingando ela... de vadia, muita coisa... ela foi alguma ex do papai, não foi, vó?

Telma parece realmente curiosa. Olívia faz cara de pena, mas mantém sua postura.

Olívia- Não... antes fosse... no devido tempo você descobre... - ela se enche de coragem e continua a falar. - Você conhece a casa dos Viscaia? A mansão velha...

Telma- Sei, mas... ela mora lá? Ela não é ex-presidiária?

Olívia explica rapidamente a história para Telma, sem perceber que as duas estão sendo vigiadas por uma figura de óculos escuros, de longe.

Telma- Entendi... e isso é verdade?

Olívia- É, Telminha. É sim. Você confia na vovó, não é? Então pode confiar na... tia Renata.

Telma- Você acha que eu devo vê-la, vó?

Olívia- Não sei se "deve", minha filha, mas... - ela tenta escolher as palavras certas. - Sua tia... precisa de calor humano, de gente da família por perto, entende? Seu avô nunca perdoou ela, você sabe...

Olívia esconde os machucados virando-se de costas para Telma, que sorri, levemente.

Telma (após um tempo)- Posso... lhe fazer esse favor, sim.

Olívia se vira, radiante,  e chora de emoção. Telma estranha, mas dá um sorrisinho tímido e abraça a avó.

Olívia- Não é pra mim... é pra ela, e pra si mesma. Agora vá.

Telma não diz mas nada, apenas sai andando rapidamente e vira-se para acenar para avó. Olívia acena, sorrindo, e não percebe uma pessoa que se aproxima, assustando-a.

Olívia (de supetão)- Nossa! Que susto...! Laís?!

Laís- Susto, é?


(fim do capítulo 26)