Capítulo 31 - Cai o Desespero
Renata se ergue, sacudindo a cabeça.
Renata (desesperada)- O senhor tá avariando. Só tá falando bosta!
Romero (tranquilo)- Eu nunca estive tão bem em toda minha vida.
Renata- Ela não pode ser minha filha! A minha filha era Vitória! A minha filha morreu!
E ela cai aos prantos, agarrando o encosto da cadeira. Romero cruza os braços, vitorioso.
Romero- Mas a Telma é sua filha. Cabou-se. Coloque logo isso na sua cabeça.
Renata (furiosa)- Como ela pode ser minha filha se ela é filha da Laís?
Romero- Não acha estranho a Telma ter a mesma idade que a sua filha? Não acha estranho a Laís ter engravidado na mesma época que você?
Renata- Sim, mas...
Romero (impaciente)- "Mas" nada, imbecil, a Laís te passou a perna! Ela roubou a sua filha da maternidade quando nasceu e pagou para dizerem que ela tinha morrido!
Renata fica sem ar. Encara o pai, arfante, estranhando o jeito tranquilo e cínico disso.
Renata- Você fez parte disso tudo.
Romero (cínico)- Claro que sim. Você acha que sua irmã ia conseguir bolar tudo e levar tudo na surdina sem a nossa ajuda?
Renata (estranhando)- Nossa? Como assim, nossa ajuda?
Romero- Bem, além da sua ajuda natural... - ele ri. - você acha que sua mãe não sabia o tempo todo?
Renata não consegue acreditar. Ela apanha a bolsa e, arrastando-se, sai da saleta, onde Romero dá uma gargalhada.
(intervalo)
Após meia hora de gritos, coisas arremessadas pela janela e mais meia hora catando os pertences espalhados pela rua, Tarcísio e Natália descansam sorridentes na praça central sob o luar.
Tarcísio (sorrindo)- Nossa, não aguentava mais aquela vida.
Natália- E já sabe o quê vai fazer? Você pode ficar lá no sofá de casa, mas seria bom você trabalhar.
Tarcísio- Claro, Nati, eu vou trabalhar, eu posso arrumar alguma coisa na Associação. E muito obrigado por ceder o sofá.
Natália- Que é isso, o Juvêncio é teu amigo também, ele nem ligou.
Tarcísio ri e vira-se para a rua. Estranha ver Renata correndo, desnorteada, no caminho de volta para a Mansão Viscaia.
Tarcísio- Ó... olha, Natália...
Natália- É a minha amigona... AMIGAAAAAAAAAA! Aqui eu!
Natália sobe no banquinho de alvenaria e começa a pular e acenar, animada.
Natália (mais para si do que para Tarcísio)- O pessoal deve achar que eu sou louca, né? - para Renata. - Vem cá amiguinha, vamos debater! Que cara é essa?
Renata, após hesitar um pouco, vai até os dois, estranhando um pouco a presença de Tarcísio.
Renata (limpando as lágrimas)- Oi.
Natália (espantada)- Nossa, quem morreu? Eu aqui toda animada...
Renata- Ninguém morreu, muito pelo contrário...
Tarcísio (timidamente)- E... e porque está chorando?
Renata o olha por longos dez segundos, avaliando se ele merecia sua atenção. Natália aguarda a resposta, ansiosa e com um sorriso de orelha a orelha.
Renata- Descobri que minha filha está viva.
Natália (quase que imediatamente)- UOU! - e ergue os punhos, vitoriosa.
(intervalo)
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