Pra você que não tem preguiça de ler =)

sábado, 24 de março de 2012

(continuação, cap 17)





Passam-se três meses... e o luto chega.



Segue-se um enterro, uma garoa fina cai sobre os presentes. Vários homens engravatados, alguns parentes italianos e várias pessoas ligadas à Donato cercavam seu caixão. Dos dois lados do mesmo, duas mulheres. Uma, discreta e chorando lágrimas sinceras, era Renata. Alvo de flashes e comentários dos fofoqueiros, estava em contraposição à outra, Leonor, num luto falso e extravagante, uma pena preta saindo se seu já grande chapéu, um leque preto combinando e um choro alto e falso para chamar a atenção.

Angelo estava amparado pelos avós italianos, que estavam ao lado de Renata. O padre continuava em sua fala, enquanto Renata percebia que era fitada pela rival loira, que parecia irritada e disposta a avançar no pescoço da outra a qualquer instante.

Após falar com o advogado do ex-marido, Renata foi chamada para a leitura do testamento de Donato. Juntaram-se a ela na mansão Leonor, Angelo, os pais do milionário e alguns acionistas das empresas e franquias de Donato.

Advogado (lendo)- "... quero por fim anunciar que, por minha vontade, estão vendidas todas as minhas ações nas empresas que controlei, pois não quero deixá-las à ninguém, até mesmo para minha esposa, Renata, pois quero que ela siga com seus próprios planos. O resto, Leonor, Angelo e os puxa-sacos, que se danem."

Leonor- Como é a história? - os acionistas também chiam, e Renata se levanta, batendo na mesa.

Renata- Por favor, vamos escutar. Discutimos a parte prática depois... continue por favor.

Advogado (como se não tivesse havido interrupções)- "... deixo à meu querido filho, Angelo Scholatzo, 20 % de minha fortuna, com a condição de lher ser paga mensalmente até que ele possua 35 anos, para ele aprender a dar valor ao dinheiro que eu tinha.

Leonor (erguendo-se)- QUE ABSURDO!

Todos (irritado)- Silêncio!

Angelo nada diz, olha fixo para o advogado. Leonor continua perpelxa.

Advogado- "Para minha odiada ex-esposa, Leonor Carvalho de Albuquerque, deixo a incrível quantia de 0,1% de minha fortuna, pois acho que é o suficiente pelo tanto de humilhações que sofri."

Leonor não consegue soltar uma palavra após isso. Olha, furiosa, para o papel que o advogado lê, como se fosse um rato morto e nojento. Renata não consegue esconder um sorrisinho.

Advogado- "... e finalmente, para minha atual esposa, Renata Vasconcelos Scholatzo, deixo o resto de meus bens, que compreendem os outros 79,99% de minha fortuna, minhas propriedades, automóveis e tudo mais. Ainda lhe dou o direito de expulsar minha ex-esposa da sua atual casa, já que meu combinado com ela era pra ela dar no pé assim que eu partisse. Sem mais delongas."

Leonor (exaltada)- O senhor só pode estar de brincadeira, Dr. Chagas...! Ele não escreveria isso nunca!

Advogado- Está tudo aqui. Ele me pediu pessoalmente para que fosse redigido tudo que me dissesse, ao pé-da-letra.

Leonor fica possessa. Olha de Angelo, que esta igualmente perplexo, dos outros presentes para Renata, que se levantara, e mantivera seu olhar.


(intervalo)


Após muitos debates, discussões e gritos histéricos, incluindo ameaças de processo, Renata finalmente se despedia de todos os presentes na leitura do já famigerado testamento. Leonor estava na sala ao lado do hall, com a cabeça apoiada nas mãos, completamente sem chão. Angelo estava no bar, calma porém igualmente preocupado.

Renata (falando)- ... não se preocupe, pode me procurar quando quiser. Até logo.

E fecha a porta. Encaminha-se para a sala de estar e fita Leonor cabisbaixa. Angelo volta-se para a morena, que está tensa.

Renata- Agora... é a hora de nós conversarmos.

Leonor levanta-se, rapidamente, fixando Renata de uma maneira histérica.

Leonor- Acho que já falamos o suficiente, não é, sua desgraçada?!

Renata (dura)- Não me xingue na minha casa! - Leonor se espanta. Angelo, igualmente. Os dois silenciam. - Nunca quis levantar o tom com você, em respeito ao meu marido. Mas agora, não há nada entre nós duas e eu preciso me defender de você.

Leonor- Mas, pelo visto, quem está na pior aqui sou eu, piranha! E é você que precisa de proteção?

Renata- Claro que sim. Eu já percebi a pessoa ruim que você é.

Ela mantém a calma enquanto se dirige até Angelo, que a encara.

Renata- Eu estou saindo dessa casa. Vou seguir o desejo do seu pai e montar algo para mim. Mas acho que deveria ir sozinha. Vou manter essa casa para você, até você poder se manter com seu trabalho, era o desejo do Donato.

Angelo- Ahn... ob-obrigado, Renata... mas a minha mãe.

Renata (interrompendo)- A sua mãe... vai sair daqui. Isso eu faço questão. - e se vira para Leonor- Nem que eu lhe banque um casebre para você dormir eu tiro você dessa casa. 

Angelo- Não posso deixar que faça isso com ela, Renata!

Renata- Então junte-se a ela. Ou vai preferir a vidinha de luxo que seu pai lhe deu?

Leonor- Não responda, querido. Fique aqui. Deixe mamãe sozinha, mamãe quer ficar sozinha. Mamãe tem muitas ideias para pensar.

Os três se entreolham, Angelo perplexo. Renata parece conformada. Sorri de leve e faz que vai se retirar.

Renata- Acho melhor assim. Estou indo descansar. E você... - ela olha para Leonor, que parece acabada. - você vai embora amanhã mesmo. Lhe ajudarei com as bagagens. É só isso.


(intervalo)


Longe dali, em Praia Verde...

Olívia avista o marido, coversando com colegas num boteco perto do píer da cidade. Caminha rápido, como se quisesse ir embora logo, e faz os outros pescadores se calarem com sua presença. Romero finalmente se vira e faz cara feia.

Romero- Que foi, mulher? Quer o quê aqui?

Olívia- Sua... filha passou lá em casa te procurando. Quer te pedir um favor.

Romero- E desde quando eu devo  favor àquela desnaturada?

Olívia (sem paciência)- Ela é apenas sua filha, Romero. Quer tratar de assuntos da Telma.

Romero se distancia do bar, levando Olívia consigo pelo braço. A mulher faz uma careta de dor e ele a solta, pouco depois.

Romero- Quantas vezes? Quantas vezes eu lhe disse pra não falar de Laís ou Telma Pradaxes na minha frente? Hein, Olívia, me responde?

Olívia- Você adora renegar sua família! Elas tem o seu sangue! E eu apenas estava dando um recado.

Romero- Você só serve pra isso, servir de pombo-correio. Nem pra cozinhar serve mais! Sai daqui! Quero tomar minha cachaça em paz com meus amigos!

Ele a empurra, e ela sai andando, farta. Não aguentava mais o marido. Cruza com algumas colegas, mas não fala com ninguém até chegar em casa, onde cai chorando, na mesinha de centro.

Olívia- Eu sou a causadora disso tudo! Eu, que fui burra e covarde!

Ela continua chorando até que ouve batidinhas na porta. Apressa-se a limpar-se, se arruma e se adianta, tendo uma grande surpresa.

Natália- Tá lembrada de mim, Dona Olívia?

Olívia (radiante)- Querida! Entre, entre! Você salvou meu dia!

E ela puxa uma Natália espantada e sorridente para dentro de casa.


(fim do capítulo 17)

Nenhum comentário:

Postar um comentário