(continuação, cap 18)
Zaíra olha espantada para Renata, enquanto a outra fica esperando, ansiosa.
Zaíra- Quer que eu vá com você?
Renata (pesarosa)- É... pra ser sincera... não tem muita gente em que eu confie hoje em dia. Não sei... (ela gesticula, insegura), quero dizer... ficamos algum tempo juntas, nos correspondemos... e eu estou aqui. E quero que você vá comigo sim.
Zaíra parece hesitante.
Renata- Você parece que não quer... o quê está achando de mim? Tá achando que estou esnobando?
Zaíra (contrariada)- Não, nunca, amiga! Que é isso! Não, não pense assim. Mas é que... eu fico pensativa.
Renata- Sobre o quê?
Zaíra (após um segundo)- Você... não quer dar uma de doida e sair se vingando de quem te fez mal, não é?
Renata (após suspirar; se levantando)- Ai, ai... Zaíra. A única pessoa que me fez mal... eu matei, com um tiro, já tem dezoito anos. E... meu pai... - Zaíra a olha de cima à baixo. - Bem, nada vou fazer contra ele. Apenas, vou tentar contato com minha mãe... mesmo ela tendo me abandonado como todas as outras pessoas.
Zaíra tem lágrimas nos olhos, mas Renata sacode a cabeça.
Renata- Deixa de choro. Nada disso. Vamos, se levanta, vou te ajudar a fazer uma mala.
Zaíra- Já? E a minha casinha?
Renata- Você não disse que mora com sua irmã? Então... eu vou esnobar um pouco agora, e você vai ter uma casinha que eu vou te dar. Aceita, por favor.
Zaíra dá uma gargalhada e vai andando.
Zaíra- De você, amiga, pode deixar que eu aceito!
(intervalo)
Na casa do prefeito...
Laís está no telefone, enquanto Paulo lê o jornal, com um olhar tenso.
Laís (no telefone)- ... e diga ao assessor que ele que arranje um jeito de me botar na capa do jornal... sei lá! Ele que dê seus pulos! A Suzana Borges é uma vagabunda mesmo, eu darei um jeito nela... (Paulo a observa)... muito bem, querida, boa noite!
Ela desliga e se ergue, parecendo muitíssimo irritada.
Paulo- Que jeito você vai dar na Suzana Borges, querida?
Laís- Tenho meus meios, amor. Deixe comigo, ela dará a você e a mim o devido destaque com as obras de carida...
Paulo- Nossa, amor, será que nós só conversamos acerca da Prefeitura?
Laís- Claro que não, amor... nós, nós nos falamos bem! Falamos de tudo! Da nossa filha...
Paulo- Não, Laís... e muito menos a Telma fala com a gente. Quando quiser conversar decentemente, me procura, Ok?
Laís tenta argumentar, mas o marido ergue uma mão para silenciá-la. Paulo sobe a escada, ao mesmo tempo que Telma entra pela porta da frente, parecendo revoltada.
Laís (pomposa)- Filha querida, venha cá! - ela agarra a filha e abraça. - Como meu anjinho vai?
Telma- Revoltada, mãe! Tô com uma suspeita terrível! E quero ver se você me ajuda nisso!
Laís- O quê foi agora, amorzinho?
Telma- Acabei de voltar da casa da vovó, mãe. Ela me parece abaladíssima, ainda mais perto do vô. Ele parece furioso. Quero que me responda uma coisa.
Laís- Diga lá.
Telma- Você acha que o vovó seria capaz de bater na vó?
(intervalo)
Laís tenta contornar a situação.
Laís- Queridinha... seu avô pode ser incrivelmente rude, aquele velho... (ela mantém um olhar cheio de desdém), mas ele não é disso. Ora essa, você achar que seu avó bate na mulher? Isso dá cadeia, queridinha! E você acha que eu não o denunciaria se fosse verdade?
Telma fica em silêncio. Laís parece triunfante.
Laís- Agora... deixe de aborrecimentos. Vá logo tomar seu banho, você ficou o dia inteiro naquele posto médico...
Telma (subindo, irônica)- É, alguém tem que ficar lá, não é?
Laís, porém, não encontra tempo para retrucar, mas se limita a fazer cara feia. Ela corre para a sala de estar, procurando a chave do carro.
Laís- O quê aquele velho brucutu tá fazendo?
Acha a chave e vai para a porta.
Pouco depois, houve-se batidas na porta da casa de Olívia. A dona de casa vai, vacilante, à porta. Abre e dá de cara com a filha.
Olívia- Você... o quê você quer?
Laís (direta)- A Telma acha que você anda apanhando mas, é claro, que eu desmenti.
Olívia fecha os olhos, no desespero.
Laís- Agora... se ele voltou a bater em você, mamãe... quero saber o porquê. Anda, me diz o motivo, e eu digo se ele tá com razão ou não?
(fim do capítulo 18)
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