Pra você que não tem preguiça de ler =)

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Histórias da Mansão

Capítulo 17 - Amor Indireto










Leonora se desespera e pega o pulso de André, que reage. Aliviada, ela tira o casaco e põe embaixo da cabeça do bon vivant, que continua inconsciente e com um galo crescendo na cabeça, que ele bateu no chão.

- Ah, nossa, ele exagerou dessa vez... - ela levanta e corre até um ventilador, que havia numa das paredes da academia e o liga, apontando-o para o chão.

Houve-se um ruído perto da porta e Leonora se vira. É Patrícia, que leva as mãos à boca.

- Meu Deus! O quê foi que ele fez? - pergunta, chocada.
- Desmaiou, acho que sentiu alguma pontada no peito. - diz Leonora preocupada, examinando o corpo do "tio". - Ah, madrinha, é melhor chamar uma ambulância, não sabemos o quê foi, mas pode ter sido algo grave!
- Certo, certo, espere um pouco... e desligue essa música horrível! - acrescentou, após tirar o celular do bolso, irritada. Leonora a obedece e, preocupada, apanha a mão de André, que continua inconsciente.

- Ah, seu bobo... - começa ela, com os olhos marejados. - Que besteira que você fez? Essa vaidade... - diz ela, acariciando os cabelos de André, que continua desmaiado.

Após algum tempo, Patrícia chega com os paramédicos, e junto dela, vem Sarah e Raíssa.

- Coitadinho dele! - diz Sarah, penalizada.
- Coitadinho nada! - zomba Raíssa, risonha. - Quem manda querer ser garotinho?
- Cala a boca, menina! Seu tio pode ter tido um ataque do coração! - ralha Patrícia, aborrecida. - Vamos, saiam da frente! Leonora, você...
- Eu vou com ele pro hospital. - diz ela, apanhando o casaco e a bolsa. - Por favor, madrinha, avise aos tios, eles precisam saber.

Patrícia assente e tira Raíssa e Sarah do caminha. Raíssa ainda dá uma piscadela para um dos paramédicos, o mais novo.

- Vamos... vamos pro terraço, vamos jogar buraco... - começa Raíssa, interessada em seguir o paramédico.
- É... pode ser. - responde Sarah indiferente.


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A noite começava a cair quando André começava a se acalmar, no Hospital Meija. O doutor Meija estava tranquilizando o paciente, enquanto Leonora estava do lado de fora, fazendo uma ligação.

- ... sim, tia Ana, ele sai hoje mesmo, o Dr. Meija só pediu pra ele ficar em repouso mais algumas horas. - ela aguarda a resposta da feira. - Sim, vim de carro. Fique tranquila! - ela sorri. - Está bem, até logo!

Ela se vira e dá de cara com Meija, que acabara de sair do quarto. Ele sorri ao ver as feições apreensivas da nutricionista.

- Fique tranquila, Leonora. Ele mesmo disse que vaso ruim não quebra!

Leonora dá uma risadinha.

- Mas, diga doutor... foi mesmo um...
- Princípio de infarto, sim. - diz Meija, franzindo a testa e balançando a cabeça. - Ai ai, parece que André Oliveira não vai crescer nunca!
- Pois é... - ela sorri. - E como devo proceder?
- Por ora, mantenha-o descansando, peça para que ele não fale muito, e que se mantenha calmo. Nada de refeições pesadas hoje, seria bom algo leve, uma sopa fininha, algo assim...
- Rá, pode deixar! - ela sorri. - Isso eu providencio pessoalmente!

Dr. Meija sorri, curioso, e Leonora percebe.

- Alguma coisa, doutor? - ela pergunta, preocupada.
- É o modo como se preocupa com ele. - ele a olha curioso. - Como se fosse a esposa... ou a filha, melhor dizendo. - ele se censura. - Bem... vou indo, tem meu telefone, não é? Ligue qualquer coisa! Boa noite! - e sai, acenando.

Leonora, preocupada, olha assombrada para Meija, que desaparece após virar a direita no fim do corredor. Entra no quarto e vê André de olhos fechados, dormindo, provavelmente.

"Como gosto dele!" pensa a menina, aproximando-se vagarosamente. Chega perto, olha com carinho para ele. Acaricia sua mão, seu braço, e depois move a mão para o rosto do "tio", acariciando-o carinhosamente.

Ouve-se um barulho do lado de fora e Leonora vira-se pra porta, assustada. Depois, olha para  André, que está com os olhos abertos, um leve sorriso nos lábios. Ela se assusta e com uma exclamação, para de tocar o "tio".

- Que foi? Tava tão bom... - diz André, manhoso.
- Estava... verificando sua temperatura. - ela inventa, pouco convincente.
- Hum... tudo bem. Parece estar esquentando. - responde André piscando de leve.


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Alguns dias se passam...

Ronaldo estava numa pequena capela rezando, ajoelhado. Pouco depois, termina a oração e vai se levantando, ao mesmo tempo em que entra uma pessoa no recinto. É Ana Paula, que está com as feições tristonhas.

- Oi. - diz ela.
- Oi, maninha... - ele se adianta e dá um abraço carinhoso na freira, que parece desoladíssima. - Como tá levando a vida?
- Tá ruim, né? - ela se irrita, mas depois se vira, preocupada. - Tá assim, visível?
- Claro. Até a madre superiora percebeu. Ela falou ontem com Patrícia, depois da missa... e estamos todos muito preocupados com você, mana.

Ana Paula parece impassível. Senta-se num dos bancos da capela e parece querer chorar desesperadamente.

- Por que não fala, Ana Paula? Por que não quer conversar? - indaga Ronaldo, preocupado. - Fale comigo, o quê está sentindo?
- É tudo, irmão! - ela exclama, e desata a chorar desesperadamente. - Eu não consigo mais suportar isso tudo! Eu não consigo ficar fria com uma situação dessas! Eu acho meu filho depois de anos, descubro que ele está vivo, e quando tento me aproximar dele, ele me renega! Me rejeita, me chama de mentirosa!
- Mas como ele pode pensar assim? - questiona-se Ronaldo.
- O infeliz... o maldito do pai dele o fez pensar assim! Edmundo... descobri o nome dele... - ela faz cara de terror. - Como é possível? É muita desgraça pra uma pessoa só!

Ronaldo se emociona, mas contém o choro. Abraça Ana Paula e ela apoia a cabeça no ombro do irmão.

- Ô, querida... fica assim não. Vamos pra casa, você precisa descansar. Certamente contou tudo para a madre superiora, não?

Ana Paula faz que sim.

- Então... vou levá-la hoje mesmo. - Ronaldo tenta sorrir e faz carinho nela. - Vamos encontrar uma solução pra isso.
- E tem? - ela dá uma risada irônica e descontrolada. - Aquele homem horroroso envenenou meu filho a ponto dele ter repulsa de mim!

Ronaldo se levanta, e faz que Ana Paula o imite. Ele limpa suas lágrimas e a encara.

- Tem uma coisa, que você sempre ouviu de nossos pais, e sempre, sabiamente, repetiu pra mim... dizia que por mais que tudo pareça que nada terá solução, continue sempre andando. Sempre tentaremos arrumar alguma solução. E tenho certeza que você é uma mulher forte, maninha.
- É, né? - ela sorri, nervosa.
- Claro que é! Nem a mais rica das meninas teria cabeça pra criar uma filha aos quinze! - diz Ronaldo, incentivando-a. - Levante a sua cabeça, e vá atrás do seu filho.

E ele a abraça, não se contendo, e põe-se a chorar também. Depois, se separam, e Ronaldo a leva para fora.


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Longe dali, Daniel está levando Danilo para a mansão Oliveira. Os dois parecem novamente visivelmente irritados.

- Que saco, pai! A menina tava bem na minha cola e você afugentou ela!
 - reclama o filho, irritado. - Você não deixa eu pegar ninguém, parece até a mamãe.
- Você queria "pegar" uma vagabundazinha ordinária! E olha o lugar em que você se meteu... aquele bar ali só tem vagabundo, isso com certeza é obra do Vítor.
- Ele nem estava lá pra você falar mal dele! - protesta Danilo.

Daniel dá uma risadinha desdenhosa.

- Não sei como você não fez advocacia. Vive defendendo esse moleque teimoso.
- É meu primo e nomos muito amigos. - diz Danilo depressa. - Temos o gosto parecido, nada mais.
- De toda forma, quero você longe dele, está ouvindo? E reze para que eu não o encontre hoje, ou eu meto um tapa na cara daquele idiota.

Danilo o ignora. Logo eles chegam na mansão, e ao entrar, felizmente não encontram Vítor.

- Tchau, pai... - diz Danilo, levando a mochila e saindo rápido.
- Er... ei! Tchau! Me espera... - Daniel tenta chamá-lo, mas depois vê que Danilo já está muito longe, e desiste de dar um último abraço no filho.

Ele bate a porta do carro, revoltado.

- Tá, vai lá atrás do seu priminho, seu chato! - diz Daniel para si mesmo, irritado.

Ele tira o celular do bolso, verifica a hora e olha para a mansão, pensativo.

- Será... que o Paulinho tá aí? Vou marcar uma saída com ele...

Mal ele dá três passos para a entrada da mansão e o portão se abre. É Ronaldo, seguido pelo carro de Ana Paula. A freira logo repara que o carro do ex-marido está perto da entrada principal, e larga o próprio veículo de qualquer jeito perto da garagem, deixando Ronaldo intrigado.

- Ei, mana, o quê foi? - exclama o milionário ao ver Ana Paula sair apressada.
- Preciso ver se Daniel está aqui! Não interrompa! - responde ela com rispidez.

Ronaldo balança a cabeça, penalizado.

- Espero que ela não faça confusão.


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Vítor e Danilo passeiam pelo jardim, discutindo baixo entre si.

- De novo esses planos de vingança, Vítor?
- Já disse que não vou parar, leso, quantas vezes você precisa ouvir isso? - reclama o playboy, revoltado. - Porra, você sabe que meu maior objetivo é acabar com o meu tio idiota. Não repita isso ou eu bato em você.
- Vai bater em quem?

Eles se viram e veem Sarah, que vem vindo sozinha, e para de costas para a piscina.
- Vai bater em quem, Vítor? - pergunta ela, com desdém.
- Ah, vai se catar, pirralha. - diz Vítor, se virando.

Danilo teme o pior ao ver Sarah se aproximar na cadeira de rodas.

- Tavam falando de que, primo? - Caçoou Sarah. - De mais alguma bandinha de vocês?
- Sim! - diz Vítor irritado. - Uma bandinha nova, se chama "Vai Tomar no seu... "
- Vítor, PARA! - grita Danilo - Não grita com ela!
- Que foi, Danilo? Vai virar advogado agora mesmo, é? - tripudiou o outro, dando uma risada. - Ah, até parece que você é protetor dos fracos e oprimidos... - e o olhar dele cruza com o de Sarah, no maior desprezo. - E aleijados. - ele acrescenta, com repúdio.

Sarah se ira, os olhos cheios de lágrimas, mas revoltada.

- Eu prefiro ser aleijada... - ela se estremece toda ao repetir a ofensa. - do que ser um imprestável.

E Sarah se acaba em lágrimas. Vítor fica impassível, e observa a menina dar-lhe as costas e ir se retirando rapidamente da área da piscina, mas ao vê-la pelas costas, Vítor lança-lhe um olhar horroroso e segue-a rápido.

Danilo fica alarmado, mas não age suficientemente rápido para evitar o pior. Vítor vira a cadeira de Sarah e a joga com cadeira e tudo na piscina. A menina grita antes de cair na água, e Vítor se retira rapidamente dali, evitando ser visto, e arrasta Danilo consigo.

- Se você se manifestar eu te esgano! Agora corre! - sibilou o bad boy entre os dentes, correndo.


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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

ESPECIAL JB: Dr. No

007 Contra o Satânico Dr. No
"Dr. No" - 1962







No primeiro filme da série, James Bond, galante agente do Serviço Secreto Britânico, conhecido por sua inteligência e seu charme irresistível, é designado para uma investigação sobre o desaparecimento do comandante Strangways, contato do MI6 na Jamaica. Lá descobre que tal fato está ligado à uma enorme organização terrorista, a SPECTRE - Agência Especial de Contra-Informação, Terrorismo, Vingança e Extorsão - e tem como chefe local, o misterioso Dr. No.



(a famosa sequencia de abertura dos filmes da série)


"Dr. No" não seria o primeiro filme da série. A escolha perfeita, pelo dinamismo do livro, seria "Thunderball", mas batalhas jurídicas impediram de levar o livro para o cinema naquela época. Para alguns fãs, foi até bom: o orçamento disponível era irrisório (cerca de um milhão de dólares, pouco até para a época), e comprometeria a qualidade da fita. Felizmente, com "Dr. No", Harry Saltzman e Albert "Cubby" Broccolli fizeram um milagre, e o filme foi um sucesso mundial.


A primeira premissa era encontrar o protagonista da série. Curiosamente, um dos mais cotados para o papel era Sir Roger Moore, que não pode aceitar o papel de imediato por questões contratuais com uma série de TV. Então surgiu o nome de Sean Connery, à época um desconhecido. Conta-se que Connery conseguiu o papel após discutir com o produtor com um pé em cima da escrivaninha. Terrence Young, o diretor do primeiro filme, ensinou-o junto de Cubby os trejeitos de Bonde, suas maneiras e a pronúncia requintada britânica.


No elenco, destaques para o inesquecível Bernard Lee como M, o chefe do MI6, sempre ralhando com as levianidades de Bond, e Lois Maxwell, como a eterna apaixonada por Bond, a secretária Moneypenny. Maxwell estrelaria catorze filmes de Bond no papel. Destaque também para John Kitzmiller como Quarell, e a inesquecível Honey Ryder da estonteante Ursula Andress, que conseguiu unir com perfeição a ingenuidade e sensualidade da personagem. Sua entrada em cena, na sequencia em que Honey sai do mar, é tida como uma das mais sexy do cinema, se não a maior.



(Ursula Andress... ai, ai)


Aplausos também para Eunice Gayson, como Sylvia Trench, Zena Marshall como Miss Taro, Anthony Dawson como professor Dent e, é claro, à esplêndida composição de Joseph Wiseman para o Dr. No, o vilão do filme. A única ressalva vai para sua entrada tardia no roteiro, mas até a "passividade" do ator em cena é digna de nota, idealizando Dr. No como alguém imperturbável.


Merecem destaques os cenários, desenhados por Ken Adam, principalmente por causa do orçamento ser tão pequeno e para o estilo inovador. Aplausos também para a icônica trilha sonora, criada por Monty Newman e John Barry, usada desta vez na cena de abertura do filme, com os créditos, outra marca da franquia, criada por Maurice Binder.


"Dr. No" foi com certeza um início primoroso, da mais duradoura franquia cinematográfica. resta saber se, cinquenta anos depois, poderá "Skyfall" repetir o sucesso.


Notas:

ROTEIRO: 8,5
ELENCO: 9
LOCAÇÕES: 8,5
TRILHA SONORA:9,5
"BOND" EM SI: 10
BONDGIRLS: 9
VILÕES: 8,5
DIREÇÃO: 
EDIÇÃO / RITMO: 9


TOTAL: 90,0


Abertura:





E vem aí... "From Russia With Love"!

Música

Boa noite, everybody!




No clima de James Bond, vamos então ouvir a próxima música tema da série. Desta vez gravada pela cantora britânica Adele, sucesso dos últimos tempos, cantando "Skyfall"! Arrepiante, muito bom!






Até mais!

EM BREVE: Especial James Bond

"Oi povo"!




Como estão? Passando bem seus dias?

Seguinte, como muitos devem saber, sou fã de filmes, e tenho grande interesse pela mais longa e bem sucedida franquia de filmes de ação já feita, os filmes de 007! O famoso agente britânico, conhecido por seu charme irresistível e sua licença para matar estará em mais um filme (o vigésimo terceiro!!!) que vai estrear no fim desse mês, chamado "Skyfall".

Como homenagem, estou planejando mais um Especial, desta vez dando notas à vários quesitos para os filmes da série. Desde o pioneiro "Dr. No", passando pelo aclamado "The Spy Who Loved Me" ao eletrizante "Quantum of Solace", pretendo dar notas e fazer minhas críticas à esses filmes já marcados na história do cinema.

Começando com "Dr. No", todos os 22 filmes já lançados, e "Skyfall" depois do lançamento, serão avaliados em vários quesitos, entre eles o roteiro, Bondgirls, a trilha sonora, entre outros, que podem somar até 100 pontos. Vamos ver qual será o "melhor" filme de Bond, sim?


Hehehe, histeria à parte, nos vemos em breve! Até mais!
(continuação, cap 27)





Telma- Ahn... - ela está tímida, mas segue em frente. - Você é a Renata, não é?

Renata (reparando melhor nela)- Sim... sou eu.

Telma- Eu... vim aqui lhe visitar porque queria muito te conhecer... eu sou sua... sobrinha! Telma!

A garota abre um sorriso radiante e sincero, tímida. Renata se identifica com ela, curiosamente, e sorri levemente. Renata indica o hall e as duas entram.

Renata- Filha da... Laís?

Telma- Sou... sim. - ela sorri amarelo. - Parece que minha mãe não gosta muito de você.

Renata (irônica)- Ah, é mesmo? E ela disse algo?

Telma (tímida)- Diz basicamente... que a senhora não presta.

Renata para e olha condescendente para a sobrinha.

Renata- E você, o que é que acha?

Telma (após hesitar)- Eu precisava... conhecê-la de verdade.

Renata fica emocionada e, com os olhos marejados, sorri e aperta a mão da sobrinha.

Renata- Que bom que você é sensata, querida. Obrigada pela consideração.

Telma- De nada... tia!

As duas sorriem e vão ao encontro de Zaíra, que está na varanda, servindo um lanche. A negra olha para a jovem e se espanta.

Zaíra- Menina, é sua parente?!

Renata- Zaíra, é minha sobrinha, filha da... Laís...

Zaíra- É? Mas parece contigo...

Renata e Telma se olham e sorrindo, se sentam à mesa.


(intervalo)


Após uma longa conversa e algumas risadas, Telma resolve ir com Renata no terreno da Associação, e lá encontram o arquiteto, Tiago. Ele sorri ao ver a milionária, que retribui o gesto.

Tiago- Opa, boa tarde... veio bem acompanhada hoje. Quem é, sua filha?

Telma (rindo)- Porque todos acham isso?

Renata (rindo)- Não... é minha sobrinha! Telma, esse é o arquiteto, Tiago... ele quem projetou o meu hotel... como estamos, querido?

Tiago- Muito bem! Acabamos de construir o abrigo provisório... podemos começar a construir quando a senhora quiser! Precisamos apenas do tempo para o transporte de maquinário e materiais, mas é o mínimo. A senhora tem tudo a seu favor.

Renata / Telma (juntas) - Nem tudo...

Elas se olham e sorriem.

Telma- Tem a minha mãe... a primeira-dama, e meu avô, líder dos pescadores. Eles ainda tentam impedir o hotel da minha tia...

Renata- Não será problema, querida...

Tiago- Pode ter tanta certeza, sra. Vasconcelos? Seria prejuízo comprar material e afins para a obra ficar parada.

Renata- Claro que sim, Tiago, mas... - ela olha para Telma e a abraça. - Eu ganhei uma boa aliada na luta.

Telma sorri para a tia, sem graça. Se solta e após um adeusinho, vai saindo do canteiro, onde Renata e Tiago continuam discutindo alguns detalhes. Ao dobrar após os tapumes, quase tromba com Leonor, que parecia estar vigiando, escondida, embora seu enorme leque vermelho denunciasse sua posição.


(intervalo)


Leonor- Ai! Cuidado onde anda, garota! Ei... é você!

Telma- Ah... boa tarde, dona Leonor, como vai?

Leonor- Lembra de mim, não é? Vou bem, queridinha... no possível... e sua família, seus pais...?

Telma (cansada)- Muito bem. Enfim... tem algo mais a dizer?

Leonor (apressada)- Sim, sim, espere... - ela faz Telma parar - Porque não sai um dia desses com o Angelo, ele vive falando de você... e está tão cansadinho do trabalho, coitado... ele trabalha demais, e quer muito fazer amiz...

No momento, o carro de Laís para próximo da construção, e a primeira-dama salta dele impassível, Leonor esconde-se atrás do seu leque e Telma revira os olhos.

Laís (para a filha; seca)- Entre no carro, por favor, discutimos depois. Seu pai tem assuntos para lhe tratar. Não discuta.

Telma, indiferente, acena para Leonor e vai para o carro.

Laís (para Leonor)- Boa tarde. - E vai, mas vira-se quando a reconhece. - Espera aí... já vi uma foto sua numa coluna social...

Ela dá dois tapinhas no para brisa do veículo e o chofer sai. Laís sorri e faz um gesto para Leonor caminhar com ela. As duas seguem para um canto da rua onde pode-se ver Renata e Tiago juntos discutindo perto de uns desenhos numa barraca.

Laís- Você... é a ex-mulher de Donato Scholatzo, não é mesmo? Vi sua foto no enterro dele, quando fui procurar o paradeiro da vagabundinha ali...

Leonor (olhando-a, interessada)- Olha, mais uma que a odeia. Que lindo!

Laís- Exato. Bom saber que está aqui. Precisamos nos aliar.

Leonor- Eu acho ótimo, queridinha. - e abana-se com o leque. - Quero o que tenho de direito de volta, a herança daquele corno! E ela vai me pagar!

Laís- E eu apenas quero que ela se exploda, querida. Não se preocupe, teremos nossos objetivos concluídos!

E, sorrindo, apertam as mãos.


(fim do capítulo 27)