Capítulo 17 - Amor Indireto
Leonora se desespera e pega o pulso de André, que reage. Aliviada, ela tira o casaco e põe embaixo da cabeça do bon vivant, que continua inconsciente e com um galo crescendo na cabeça, que ele bateu no chão.
- Ah, nossa, ele exagerou dessa vez... - ela levanta e corre até um ventilador, que havia numa das paredes da academia e o liga, apontando-o para o chão.
Houve-se um ruído perto da porta e Leonora se vira. É Patrícia, que leva as mãos à boca.
- Meu Deus! O quê foi que ele fez? - pergunta, chocada.
- Desmaiou, acho que sentiu alguma pontada no peito. - diz Leonora preocupada, examinando o corpo do "tio". - Ah, madrinha, é melhor chamar uma ambulância, não sabemos o quê foi, mas pode ter sido algo grave!
- Certo, certo, espere um pouco... e desligue essa música horrível! - acrescentou, após tirar o celular do bolso, irritada. Leonora a obedece e, preocupada, apanha a mão de André, que continua inconsciente.
- Ah, seu bobo... - começa ela, com os olhos marejados. - Que besteira que você fez? Essa vaidade... - diz ela, acariciando os cabelos de André, que continua desmaiado.
Após algum tempo, Patrícia chega com os paramédicos, e junto dela, vem Sarah e Raíssa.
- Coitadinho dele! - diz Sarah, penalizada.
- Coitadinho nada! - zomba Raíssa, risonha. - Quem manda querer ser garotinho?
- Cala a boca, menina! Seu tio pode ter tido um ataque do coração! - ralha Patrícia, aborrecida. - Vamos, saiam da frente! Leonora, você...
- Eu vou com ele pro hospital. - diz ela, apanhando o casaco e a bolsa. - Por favor, madrinha, avise aos tios, eles precisam saber.
Patrícia assente e tira Raíssa e Sarah do caminha. Raíssa ainda dá uma piscadela para um dos paramédicos, o mais novo.
- Vamos... vamos pro terraço, vamos jogar buraco... - começa Raíssa, interessada em seguir o paramédico.
- É... pode ser. - responde Sarah indiferente.
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A noite começava a cair quando André começava a se acalmar, no Hospital Meija. O doutor Meija estava tranquilizando o paciente, enquanto Leonora estava do lado de fora, fazendo uma ligação.
- ... sim, tia Ana, ele sai hoje mesmo, o Dr. Meija só pediu pra ele ficar em repouso mais algumas horas. - ela aguarda a resposta da feira. - Sim, vim de carro. Fique tranquila! - ela sorri. - Está bem, até logo!
Ela se vira e dá de cara com Meija, que acabara de sair do quarto. Ele sorri ao ver as feições apreensivas da nutricionista.
- Fique tranquila, Leonora. Ele mesmo disse que vaso ruim não quebra!
Leonora dá uma risadinha.
- Mas, diga doutor... foi mesmo um...
- Princípio de infarto, sim. - diz Meija, franzindo a testa e balançando a cabeça. - Ai ai, parece que André Oliveira não vai crescer nunca!
- Pois é... - ela sorri. - E como devo proceder?
- Por ora, mantenha-o descansando, peça para que ele não fale muito, e que se mantenha calmo. Nada de refeições pesadas hoje, seria bom algo leve, uma sopa fininha, algo assim...
- Rá, pode deixar! - ela sorri. - Isso eu providencio pessoalmente!
Dr. Meija sorri, curioso, e Leonora percebe.
- Alguma coisa, doutor? - ela pergunta, preocupada.
- É o modo como se preocupa com ele. - ele a olha curioso. - Como se fosse a esposa... ou a filha, melhor dizendo. - ele se censura. - Bem... vou indo, tem meu telefone, não é? Ligue qualquer coisa! Boa noite! - e sai, acenando.
Leonora, preocupada, olha assombrada para Meija, que desaparece após virar a direita no fim do corredor. Entra no quarto e vê André de olhos fechados, dormindo, provavelmente.
"Como gosto dele!" pensa a menina, aproximando-se vagarosamente. Chega perto, olha com carinho para ele. Acaricia sua mão, seu braço, e depois move a mão para o rosto do "tio", acariciando-o carinhosamente.
Ouve-se um barulho do lado de fora e Leonora vira-se pra porta, assustada. Depois, olha para André, que está com os olhos abertos, um leve sorriso nos lábios. Ela se assusta e com uma exclamação, para de tocar o "tio".
- Que foi? Tava tão bom... - diz André, manhoso.
- Estava... verificando sua temperatura. - ela inventa, pouco convincente.
- Hum... tudo bem. Parece estar esquentando. - responde André piscando de leve.
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Alguns dias se passam...
Ronaldo estava numa pequena capela rezando, ajoelhado. Pouco depois, termina a oração e vai se levantando, ao mesmo tempo em que entra uma pessoa no recinto. É Ana Paula, que está com as feições tristonhas.
- Oi. - diz ela.
- Oi, maninha... - ele se adianta e dá um abraço carinhoso na freira, que parece desoladíssima. - Como tá levando a vida?
- Tá ruim, né? - ela se irrita, mas depois se vira, preocupada. - Tá assim, visível?
- Claro. Até a madre superiora percebeu. Ela falou ontem com Patrícia, depois da missa... e estamos todos muito preocupados com você, mana.
Ana Paula parece impassível. Senta-se num dos bancos da capela e parece querer chorar desesperadamente.
- Por que não fala, Ana Paula? Por que não quer conversar? - indaga Ronaldo, preocupado. - Fale comigo, o quê está sentindo?
- É tudo, irmão! - ela exclama, e desata a chorar desesperadamente. - Eu não consigo mais suportar isso tudo! Eu não consigo ficar fria com uma situação dessas! Eu acho meu filho depois de anos, descubro que ele está vivo, e quando tento me aproximar dele, ele me renega! Me rejeita, me chama de mentirosa!
- Mas como ele pode pensar assim? - questiona-se Ronaldo.
- O infeliz... o maldito do pai dele o fez pensar assim! Edmundo... descobri o nome dele... - ela faz cara de terror. - Como é possível? É muita desgraça pra uma pessoa só!
Ronaldo se emociona, mas contém o choro. Abraça Ana Paula e ela apoia a cabeça no ombro do irmão.
- Ô, querida... fica assim não. Vamos pra casa, você precisa descansar. Certamente contou tudo para a madre superiora, não?
Ana Paula faz que sim.
- Então... vou levá-la hoje mesmo. - Ronaldo tenta sorrir e faz carinho nela. - Vamos encontrar uma solução pra isso.
- E tem? - ela dá uma risada irônica e descontrolada. - Aquele homem horroroso envenenou meu filho a ponto dele ter repulsa de mim!
Ronaldo se levanta, e faz que Ana Paula o imite. Ele limpa suas lágrimas e a encara.
- Tem uma coisa, que você sempre ouviu de nossos pais, e sempre, sabiamente, repetiu pra mim... dizia que por mais que tudo pareça que nada terá solução, continue sempre andando. Sempre tentaremos arrumar alguma solução. E tenho certeza que você é uma mulher forte, maninha.
- É, né? - ela sorri, nervosa.
- Claro que é! Nem a mais rica das meninas teria cabeça pra criar uma filha aos quinze! - diz Ronaldo, incentivando-a. - Levante a sua cabeça, e vá atrás do seu filho.
E ele a abraça, não se contendo, e põe-se a chorar também. Depois, se separam, e Ronaldo a leva para fora.
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Longe dali, Daniel está levando Danilo para a mansão Oliveira. Os dois parecem novamente visivelmente irritados.
- Que saco, pai! A menina tava bem na minha cola e você afugentou ela!
- reclama o filho, irritado. - Você não deixa eu pegar ninguém, parece até a mamãe.
- Você queria "pegar" uma vagabundazinha ordinária! E olha o lugar em que você se meteu... aquele bar ali só tem vagabundo, isso com certeza é obra do Vítor.
- Ele nem estava lá pra você falar mal dele! - protesta Danilo.
Daniel dá uma risadinha desdenhosa.
- Não sei como você não fez advocacia. Vive defendendo esse moleque teimoso.
- É meu primo e nomos muito amigos. - diz Danilo depressa. - Temos o gosto parecido, nada mais.
- De toda forma, quero você longe dele, está ouvindo? E reze para que eu não o encontre hoje, ou eu meto um tapa na cara daquele idiota.
Danilo o ignora. Logo eles chegam na mansão, e ao entrar, felizmente não encontram Vítor.
- Tchau, pai... - diz Danilo, levando a mochila e saindo rápido.
- Er... ei! Tchau! Me espera... - Daniel tenta chamá-lo, mas depois vê que Danilo já está muito longe, e desiste de dar um último abraço no filho.
Ele bate a porta do carro, revoltado.
- Tá, vai lá atrás do seu priminho, seu chato! - diz Daniel para si mesmo, irritado.
Ele tira o celular do bolso, verifica a hora e olha para a mansão, pensativo.
- Será... que o Paulinho tá aí? Vou marcar uma saída com ele...
Mal ele dá três passos para a entrada da mansão e o portão se abre. É Ronaldo, seguido pelo carro de Ana Paula. A freira logo repara que o carro do ex-marido está perto da entrada principal, e larga o próprio veículo de qualquer jeito perto da garagem, deixando Ronaldo intrigado.
- Ei, mana, o quê foi? - exclama o milionário ao ver Ana Paula sair apressada.
- Preciso ver se Daniel está aqui! Não interrompa! - responde ela com rispidez.
Ronaldo balança a cabeça, penalizado.
- Espero que ela não faça confusão.
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Vítor e Danilo passeiam pelo jardim, discutindo baixo entre si.
- De novo esses planos de vingança, Vítor?
- Já disse que não vou parar, leso, quantas vezes você precisa ouvir isso? - reclama o playboy, revoltado. - Porra, você sabe que meu maior objetivo é acabar com o meu tio idiota. Não repita isso ou eu bato em você.
- Vai bater em quem?
Eles se viram e veem Sarah, que vem vindo sozinha, e para de costas para a piscina.
- Vai bater em quem, Vítor? - pergunta ela, com desdém.
- Ah, vai se catar, pirralha. - diz Vítor, se virando.
Danilo teme o pior ao ver Sarah se aproximar na cadeira de rodas.
- Tavam falando de que, primo? - Caçoou Sarah. - De mais alguma bandinha de vocês?
- Sim! - diz Vítor irritado. - Uma bandinha nova, se chama "Vai Tomar no seu... "
- Vítor, PARA! - grita Danilo - Não grita com ela!
- Que foi, Danilo? Vai virar advogado agora mesmo, é? - tripudiou o outro, dando uma risada. - Ah, até parece que você é protetor dos fracos e oprimidos... - e o olhar dele cruza com o de Sarah, no maior desprezo. - E aleijados. - ele acrescenta, com repúdio.
Sarah se ira, os olhos cheios de lágrimas, mas revoltada.
- Eu prefiro ser aleijada... - ela se estremece toda ao repetir a ofensa. - do que ser um imprestável.
E Sarah se acaba em lágrimas. Vítor fica impassível, e observa a menina dar-lhe as costas e ir se retirando rapidamente da área da piscina, mas ao vê-la pelas costas, Vítor lança-lhe um olhar horroroso e segue-a rápido.
Danilo fica alarmado, mas não age suficientemente rápido para evitar o pior. Vítor vira a cadeira de Sarah e a joga com cadeira e tudo na piscina. A menina grita antes de cair na água, e Vítor se retira rapidamente dali, evitando ser visto, e arrasta Danilo consigo.
- Se você se manifestar eu te esgano! Agora corre! - sibilou o bad boy entre os dentes, correndo.
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Que cara sem escrúpulos esse Vitor, pra ele não existe limites...Esse Danilo é um fracasso! Está precisando de um basta tanta maldade!
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