Pra você que não tem preguiça de ler =)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Histórias da Mansão

Capítulo 5 - Maus Atos










Mais um dia de trabalho para Jéssica. Bernardo, após finalizar alguns desenhos, vai até a sala e encontra a esposa pronta para sair.

- Não vai trabalhar hoje? - pergunta ela.
- Hoje não... as meninas não tem aula e eu resolvi tirar um dia pra ficar com as duas.
- Que bom. - Jéssica sorri, após beijar o marido. - Bem, como eu tenho pacientes me esperando, não posso ter esse luxo. Tchau, querido, a Zilá já está com as meninas, no quarto.
Jéssica sorri e sai. Bernardo vai até o sala dos brinquedos das filhas, e encontra as meninas com Zilá. Alice parece pálida e Zilá está com a menina no colo.

- Que foi, Zilá?
- Acho que ela está com febre, seu Bernardo... - diz a babá, após verificar a temperatura da mais nova com a mão. - E a Carol não para de me pedir pra ir pra piscina.
- Vamos, papai! Diz que eu posso, diz! - exclama a pequena, após correr para os pés do pai.

Bernardo sorri e toma a filha nos braços.

- Vamos sim... - ele responde. Vira-se pra Zilá - Fique cuidando dela um tempinho, Zilá. Vou levar a Carol lá pra baixo senão ela não vai deixar a gente em paz.

Zilá esboça um sorrisinho, e toma Alice nos braços, levando-a para o quarto. Após Bernardo se trocar, Carol resolve não descer mais, e Bernardo resolve ir pra piscina assim mesmo. Por coincidência, está na área de lazer ninguém menos do que Juliana, acompanhada de uma mulher que Bernardo sabia ser prima dela, chamada Verônica. Esta logo apontou para Bernanrdo quando ele apareceu, e o arquiteto pulou na piscina um pouco distante das duas.
- Esse, não foi? O gostosão que você falou? - pergunta Verônica, astuta.
- Tira o olho, queridinha. Eu vi primeiro... e eu tenho certeza que tá na rede. - rebate Juliana, com um poderoso sussurro.

A médica acena para Bernardo, das espreguiçadeiras, e o arquiteto sai da água em direção à elas.

 - Hum... vai esquentar... - diz Verônica, com um sorrisinho, ao perceber Bernardo chegando.
- Oi, vocês! - diz ele, simpático. Ele não deixa de notar o belo físico de Juliana, que sorri, insinuante.
- Olá, querido. - responde a médica. - Essa é a minha prima que estive falando pra você, a Verônica. - a dita cuja sorri, levantando-se e Bernardo aperta a mão dela. - Ela está indo fazer uma corridinha agora na pista de cooper, não é, amiguinha? - Juliana sorri para a prima.
- Claro que sim! Manter, né? - ela sorri, dando uma voltinha rápida.

Verônica vai embora, rapidamente, e Bernardo fica ligeiramente sem graça. Após um instante, senta-se na espreguiçadeira vizinha à de Juliana, que se vira para ele.

- E aí, como está seu dia? - pergunta Bernardo, tentando descontrair o clima.
- Melhorando a cada segundo. - responde Juliana, incisiva.
- Nossa, isso é bom. - ele comenta.
- E isso aqui é melhor... - ela avança de repente e tasca o maior beijão no arquiteto. Bernardo corresponde, mas uns instantes depois recua e empurra levemente a médica para longe. Juliana faz uma pose insinuante, mas Bernardo nada diz, e vai embora.

- Já caiu. - diz ela.


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Uma semana depois, Luana volta para a mansão Oliveira, discutindo calorosamente com Paulo.

- Você não podia ter feito isso comigo! Que coisa mais baixa!
- Cala a boca, Paulinho! - grita a esposa, revoltada.
- Como você pode pular em cima do médico? Perguntando ainda por cima se tinha ficado marca na boca?
- Eu estava sendo sincera, querido! - diz ela, olhando feio para o marido.
- Não quero saber! -grita Paulo em resposta. - Você não tinha esse direito!

Luana, porém, levanta os braços e grita "PSIU!", fazendo o marido se calar, com um susto.

- Tá bom, hum? Já vou. - ela diz isso e sobe as escadas em direção ao quarto.
- Que foi isso, mano? - ele vira-se e vê André entrando, vindo da piscina, com uma latinha de cerveja na mão.
- Você ouviu essa gritaria? - pergunta Paulo, histérico.
- Claro, duvido que a casa toda não tenha ouvido. - responde André, com uma risadinha.
- Eu ouvi a minha mulher dizendo claramente que o "médico é gostosinho", quando a gente foi no hospital do Meija mais cedo, pra ela tirar os pontos.
- Ela tá atirada, hein? - desdenha André.
- Cala a boca, gorducho! - responde Paulinho, com raiva.

Os dois se encaram por um instante.

- Vigia, mano, vigia... essa tua esposa jajá vai plantar um par de chifres na tua testa...
- Do quê você tá falando, André? - pergunta Paulo, furioso. - Tá insinuando alguma coisa?
- Que é isso, mano! Claro que não... ora essa, eu sou seu irmão... - responde André, sincero. - Quero te ajudar... nada de traição na família... de ovelha-negra basta eu...

Paulo dá uma risadinha. André toma um gole de cerveja e sorri.

- Vai esfriar essa cabeça, Ronaldo tá na piscina com uns amigos do Grupo, vão fazer um churrasco.
- E você? - pergunta Paulo.
- Eu... - responde André. - Eu vou praticar a arte de ser a ovelha-negra da família.

Os dois sorriem e se retiram do hall.


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Passando pelos corredores, Vítor e Danilo estão entediados e à procura do que fazer. Ao virar à esquerda no corredor, os dois dão de cara com Luana.

- Mãe! - se assusta Vítor.
- Filho! - ironiza Luana com um sorrisinho. - Tá surpreso em me ver, é? Achou que eu ia morrer com uma garrafada?
- Claro que não! - apressa-se em dizer. Danilo dá uma risadinha e Vítor olha feio para o primo.

- É... o delinquente que me agrediu vai pagar caro... - ela setencia, friamente. - Eu juro que vou descobrir quem foi.
- E já tem alguma ideia? - pergunta Vítor, ansioso.

Danilo gela entre os dois. Vítor parece muito seguro de si mesmo.

- Ainda não... se bem que... - ela faz uma cara desdém. - aquele faxineiro novo, bonitinho ele... não me engana muito... tem uma cara de marginal, o coitado... mas, se foi ele... eu descubro rápido.
- Fique à vontade, mãe querida. - o filho ironiza. Luana não se abala e sorrindo para os dois, vai para seu quarto. Vítor e Danilo continuam seu caminho para o quarto do primeiro, e já com a porta evidamente trancada para evitar mais bisbilhoteiros, Vítor se deita na cama, entediado. Danilo está jogando video-game e parece igual ao primo.

- Cansei dessa casa chata! Parece um mausoléu.
- Você nunca falou isso. - diz Danilo, distraído. - Sempre se gabou de morar na mansão Oliveira...
- Agora não me faz diferença, cansei desse povo chato me enchendo o saco. - responde Vítor, sério. - Quero sair desse quarto...
- Porque não vamos pra piscina? Tá fazendo um sol legal...
- E aquele bolo de coroas fazendo churrasquinho de playboy? - repudia Vítor, com desdém. - Não senhor... só iria lá pra expulsar aqueles velhos da piscina... - ele sorri nesse instante.
- Ih... que cara é essa? - pergunta Danilo, temeroso.
- Tive uma ideiazinha muito boa... vamos acabar com o churras dos velhos! - disse ele, se erguendo. - Vamo mostrar quem é que manda nessa casa!
- Deixa de sonho, Vítor. - diz Danilo.
- Nada disso, com um pouco de metal japonês do meu sonzinho eu boto aquele idiotas pra fora! - diz ele, apanhando o microsytem. - Anda... vai botar um calção, a gente vai descer pra piscina.

Danilo, balançando a cabeça, larga o videogame e vai para o seu quarto.


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- O quê foi, querido? Tá tão distraído...
- Ah... nada, tô prestando atenção na rua. - responde Bernardo.

Mas não era verdade. Havia mais de uma semana em que o arquiteto só pensava em Juliana. O beijo, sim, aquele beijo não saía de sua cabeça. De um lado, Bernardo pensava que aquilo tudo estava errado. Amava sua mulher, sim, mesmo que a relação dos dois não fosse como nos primeiros anos, mesmo tendo a rotina e as filhas. Mas, por outro lado... a médica despertava o desejo de Bernardo. Pensava não só no beijo dela, mas também no corpo, no rosto, na beleza.

Bernardo admirava a esposa, mas apenas a via como esposa, e só. Admirava Jéssica como mãe, mas embora tivessem um ótimo relacionamento, não a desejava como mulher. E era isso que Juliana estava lhe proporcionando: desejo.

- Ah, estive no elevador com a Juliana e a prima dela, quando desci. - comenta Jéssica.
- Ah... foi?
- Foi sim. - confirma ela. - Estava com a prima, a tal Verônica, gostei muito dela. Muito inteligente.
- Ahn... pois é...

Ela repara o olhar esquivo do marido.

- A gente tá atrasado, não acha? - falou Jéssica, verificando o relógio.
- Ah... é a casa do meu pai, Jéssica, é só um churrasco dos sócios. Não preciso chegar estritamente na hora num churrasco na casa do meu pai.

Jéssica registra a falta de tato e amarra ligeiramente as feições.

- Você não parece que tá afim de ir.
- Eu tô, sim, Jéssica, que ideia...
- Não acho. - discorda a esposa em tom educado. - Você passou o caminho todo emburrado, parece que está indo obrigado. Aliás, querido, como psicóloga tenho te avaliado essa semana... - ela franze ligeiramente a testa. - eu tô te achando meio estranho, aéreo... distante. Tá ocorrendo alguma coisa no trabalho, é isso?
- Não!... Nada não.. é só... são uns projetos delicados... clientes estrangeiros, sabe como é...

Jéssica sorri, mas permanece em alerta. "Tem algo acontecendo sim.", ela pensa. "E eu vou descobrir."


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Após pegar duas extensões na despensa sem ser visto, Vítor fez Danilo dar a volta na piscina com ele, escondido, para a lateral da piscina, onde haviam uns arbustos. Plugou o som na tomada, mas não o ligou. De repente aparece de supetão para os amigos de Ronaldo e Paulo, que se assustam.

- Opa, quem é esse aí? - diz um dos homens, para Paulo.
- É só o meu filho... maluco... - responde o outro, sem graça.

Vítor, porém, fraz um floreio teatral e um gesto para Danilo, que a contragosto aumenta o volume do som ao máximo. O ar se enche com o rock pesado e Vítor dança freneticamente.
- Que porcaria é essa? - grita um dos sócios.
- É esse meu sobrinho irritante... - responde Ronaldo, carrancudo.

Ele faz menção de avançar contra o sobrinho, mas Vítor corre e dá um grande salto sobre a piscina.
A água se espalha e molha a maioria dos homens ali presentes. Rapidamente Vítor sai da piscina, à tempo de ver a maioria dos ali presente se afastar da área molhada. Danilo fica olhando e resolve ir até ele, quando Ronaldo tem a mesma ideia.

- Que é que você pensa que está fazendo?
- Aproveitando o sol, titio. - responde Vítor, cínico. Ele se afasta, ligeiro, até a sombra onde está o som; Danilo, por sua vez, ainda estava sendo repreendido por Ronaldo.

Irritado, Vítor volta a se esconder atrás dos arbustos e olha para o som. Abaixa o volume, mas mantém as mãos no aparelho, pensativo. Danilo vai até a divisa entre os arbustos e vê Vítor pronto para empurrar o som na piscina.

"Ele vai eletrocutá-lo!" pensa o primo.

Danilo pensa rápido, corta-se num galho dos arbustos e grita por Ronaldo, que acabara de subir pela borda da piscina.

O rádio cai na água, mas não produz efeito nenhum por Ronaldo estar fora da piscina. Danilo pergunta pelos primeiros-socorros, mostrando o corte que acabara de fazer.

- Traíra... - solta Vítor, olhando o primo com raiva, após se erguer.

Porém, por trás do menino, Paulo acabara de tirar a camisa para pular na piscina.

- Saco... simbora!

Ao ouvir a voz do pai, Vítor se desespera e corre.

- Pai, NÃO!


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(fim do capítulo 5)

Música

Hoje é dia de música, bebê!




E hoje, irei postar uma música que estou viciado (é, mais uma). Se chama "Born To Die", uma canção excelente da nova revelação americana, Lana Del Rey.
Tenham um bom dia!




Espero que gostem!

(continuação, cap 15)





Donato- Você pegou rápido, hein?
Renata- Por favor, Donato. Não subestime minha inteligência.

Donato dá uma risadinha.
Donato- É muita crueldade, não é?

Renata- Pra essa perua da sua ex-mulher, é sim.
Donato- Você não gosta dela, é? - ele levanta as sobrancelhas.

Renata (hesitante)- Não fede nem cheira pra mim. Até tentar se virar pro meu lado, e sei que ela vai fazer isso no futuro, caso aconteça.

Donato (esperançoso)- Caso...? Você quer se casar comigo ou não, Renata? Me ajude nisso. É meu último desejo, meu último pedido. Não vá negar nada à um moribundo...

Renata sorri amarelo. Donato dá uma olhada incisiva para a morena, que recua.

Renata- Você não quer se aproveitar de mim, não é?

Donato- Por favor, Renata. Eu nem sei mais o quê é isso. Vamos, balance a cabeça.

Renata parece novamente hesitante. Após alguns segundos, ela faz que sim e sorri.

(intervalo)

Tarcísio chega em casa, já tarde. Nicanor, seu sogro, está roncando no sofá da sala e não nota a presença do genro. Ele anda pelos cômodos da casa e chega até a cozinha, onde Olga está, de bobs, fazendo sua habitual faxina noturna. Tarcísio fica indiferente à presença da esposa, e vai beber água. Olga só se volta para o marido quando ele pousa o copo vazio na pia.

Olga- Com quem você estava?

Tarcísio- À essa altura, as fofoqueiras já devem ter falado, não é?

Olga (irritada)- Deixe de brincadeira pro meu lado, Tarcísio. O quê você estava conversando com aquela Natália?

Tarcísio- Ah, é! Esqueci de falar que ela voltou do Espírito San...

Olga (irritada)- Não me interessa! Não quero você voltando lá pras tantas da noite, tá me ouvindo?

Tarcísio- Dane-se, Olga. Vou dormir.

Olga- E vai lavar essa porcaria de copo!

Tarcísio (já saindo)- Pra quê? Quando eu sair você vai lavar mesmo...

Olga dá um urro, furiosa. Agarra o copo e põe-se à limpá-lo.

Olga- Se fazendo de espertinho... me aguarde!

(intervalo)

Leonor está à varanda, relatando toda a cena da cozinha para Angelo, que ouve tudo atento.

Leonor- Era tudo que me faltava! Se o Donato casa com essa vagabunda eu fico sem nada!

Angelo- Calma, mãe! Ela pode estar apenas... sei lá, protegendo o papai.

Leonor- Não brinque... não invente! Essa daí de besta só tem a cara, Angelo, não se engane! E não defenda seu pai! Sabe como ele é contra sua profissão, meu lindo! Sabe que ele não te olha bem faz tempo! E ainda por cima, ele inventa de se casar com uma faxineira!

Angelo- Ela sempre me tratou bem, mamãe, me parece ser uma boa pessoa.

Leonor (irritada)- Não brinque, não me contradiga!

Angelo balança a cabeça, mas depois olha por trás da mãe, que se vira.

Donato vem chegando com Renata. A morena parece acuada, mas Donato está caminhando decidido e Leonor se levanta, encarando-o.

Leonor- O que foi agora, Donato? Qual será seu próximo planinho delirante?

Donato- Não é planinho, querida ex-esposa. - Leonor amarra a cara. - Eu vim anunciar oficialmente agora que em uma semana, eu e Renata vamos nos casar.
Angelo se levanta, espantado. Leonor está possessa e fica sem palavras, apenas respirando fundo. Renata está estática, mas mantém seu olhar para Leonor, que a encara com fúria.
Donato- Angelo, meu filho, quero que amanhã você e sua mãe saiam com a Renata e comprem roupas novas, e tudo que ela necessitar. Está bem?

Angelo assente, trêmulo e sem palavras.
Leonor- E porque eu tenho que ir junto?

Donato- Eu preciso de uma opinião feminina, não é? Diga à Renata as suas lojas favoritas, essas coisas... vamos, Renata, vou te mostrar seu novo quarto...
Renata ainda se demora olhando para Leonor, que aponta no meio do rosto da rival.

Leonor- Ainda vou acabar com você.
(fim do capítulo 15)

Homem ao Chão

Capítulo 15 - Desabafos





Natália voltou para casa e deu seu endereço à Tarcísio, que a procurou no fim do expediente do mercadinho. Após se encontrarem, foram para a praça central, que estava um tanto movimentada pelo jovens.

Tarcísio- Você viu, não é, como está minha vida.
Natália (infeliz)- Hum... tô vendo que não parece nada legal. E olha que eu tenho três filhos em casa!

Tarcísio (sorrindo)- É... tá tudo dando errado. Pra mim.
Natália passa apenas a escutá-lo, atenta.

Tarcísio- Meu sogro, seu Nicanor, é grosso feito um touro, tudo que acontece ele desconta em mim. A Olga, bem... a Olga nem liga, ela apenas sai pra gastar o dinheiro do pai no clube recreativo. Meus filhos... Tarcizinho e Camila, bem... não estão nem aí pra história do Brasil; ele é uma peste, e seu Nicanor diz que "homem tem que ser assim, briguento". A Camila, coitada... é a maior vítima do meu filho. Vive com medo, tímida, sem vida... é a única que me entende, embora seja da laia da mãe... perua igual.
Natália- É, vamos concordar, a Olga sempre foi uma peruinha!

Os dois dão gargalhadas e chamam a atenção de algumas beatas, que reprovam tanta euforia. Natália nota e dá um muxoxo de impaciência.
Natália- Ah, isso daqui não mudou nada.

(intervalo)
Renata está confusa. Anda até seu quartinho na mansão de Donato e fica pensativa quanto ao que acabou de falar.

Renata- Será... que isso não é armação? Será que esse homem quer fazer alguma pegadinha? Alguma coisa ruim...
Donato (entrando, por trás dela)- Nada disso, Renata.

Reanta (virando-se, assustada)- O quê é, isso, seu Donato! Você tá achando que eu sou besta?
Donato (irritado)- Por favor! Pare de ficar na defensiva! - ele percebe que se exaltou e nota que Renata ficou ofendida. - Desculpe. Por favor.

Ele fica nervoso e senta na cama de Renata, chorando. A morena se compadece com a cena e se senta ao lado dele, segurando sua mão.
Renata (após respirar fundo)- Quer desabafar, seu Donato? Quer dizer... Donato.
Donato- Eu quero me vingar da Leonor, e queria que ela ficasse na miséria quando eu morresse.

Renata se assusta. Depois, pensa e, somando dois mais dois, se levanta de súbito.
Renata- Você quer se casar e... deixar tudo pra mim?!

(intervalo)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

(Em Breve) Furiko, a Gueixa Espiã

E aí, pessoal? Beleza?



Aqui vai a sinopse da nova e divertida minissérie de ação: Furiko, a Gueixa Espiã!
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Furiko é uma jovem que mora com o avô em Okinawa, Japão, em 1944. Após a morte dele, por algumas dívidas, Furiko decide ir atrás do Tatuado, o suposto mandante. Para se manter em Tóquio, Furiko se consagra como a melhor gueixa de uma famosa casa, frequentada por oficiais do exército, entre eles Kino, um agente secreto com quem Furiko se envolve.

Após um bombardeio, Furiko é obrigada a fugir com Kino e descobre que o Tatuado está por trás de tudo. Ao saber que Kino o investigo, o Tautuado põe uma gueixa rival de Furiko, a cruel Yanai.
Ao redor do mundo, junto de Kino, ela segue atrás do Tatuado e descobre coisas terríveis sobre ele e sobre a Segunda Guerra Mundial, que então ocorre. Na Espanha, os dois conhecem o toureiro Carlo Munhoz, que após um ataque passa à segui-los, e a disputar o amor de Furiko com Kino.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Histórias da Mansão

Capítulo 4 - A Garrafada









Ana Paula correu até Wagner, que caíra no chão. O carro que o atropelara tinha saído correndo e Ana Paula fazia gestos indecorosos para o motorista.

- Filho da puta! Vai pro inferno! Ai, ai! - ela se agaixou ao lado de Wagner. - Cê tá bem, querido?
- Afasta, dona! Dá espaço! - diz o moreno, com lágrimas nos olhos.

Havia um corte na sua testa, superficial. O ombro estava muito vermelho e um enorme inchaço se formava no braço esquerdo. Wagner rilhava de dor e não escondia isso mais. Ana Paula o imobilizou quando ele tentou se levantar e puxou de dentro da bolsinha de contas seu celular.

- Freiras tem celular? - perguntou Wagner, abobalhado.
- Claro que sim, somos pessoas. - respondeu a loira, cética, discando quase distraída para o SAMU.

Uma hora depois, Wagner já estava tendo o braço engessado. Ana Paula, ao lado, segurava o rosário com força e rezava silenciosamente. Minutos depois, ela estava sentada num banquinho e o gesso estava pronto.

- Graças a Deus, está tudo bem. - disse Ana Paula, sorrindo.
- É... - concordou Wagner, sem graça.
- Pronto... - disse o emergencista. - Preciso que você assine isso aqui, é de praxe, só para a sua liberação...

Wagner fez uma careta.

- Ih... eu sou canhoto, e mal sinto a mão com a anestesia que me deu!
- Ah... - fez o emergencista. - Então... acho que sua mãe pode assinar, não é?
- Mãe, o quê...?

O médico indicou Ana Paula, que se distraíra ao olhar para uma garotinha com a testa enfaixada.

- Que mãe, moço? Não tá vendo que sou uma freira?
- Me perdoe! - corrigiu-se ele. - É que a senhora e o rapaz aqui se parecem bastante...

O quê era verdade, só agora Ana Paula reparara. A religiosa olhou Wagner de cima a baixo discretamente e repara os olhos parecidos, o tipo de cabelo, a mesma expressão serena. Ela então suspira e é sincera com o médico.

- Eu tive filhos, sim... mas faz tempo, foi antes de entrar para o convento. E o senhor Wagner aqui não é meu filho, embora eu tenha perdido dois, um ao nascer e outra... bem... à pouco.

Ela fica sem graça por ter falado demais e se senta, de lado. Wagner nota e disfarça.

- Acho que posso carimbar com o polegar direito, não é?
- Ah... sim, é! - responde o emergencista, satisfeito. - Aqui... tenho tinta.

Mas Wagner e Ana Paula se entreolham, por um instante, até que ele se vira e deixa a loira pensativa.


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Na mansão Oliveira, Luana e Paulo estão no terraço sentados, ela lendo uma revista e ele trabalhando no computador. Arthur, o jardineiro, passa ao longe e ela manda um discreto beijinho.

- Ah, eu tenho que pegar esse...
- Pegar o quê, amor? - pergunta Paulo.
- Ah... esse par de sapatos, meu querido! - diz ela mostrando o anúncio de uma loja na revista. - Olhe só... que coisa... mais linda... ah, olá querida!

Ela se levanta e abraça Ana Paula, que havia chegado. Um pouco afastado, está Wagner, tímido.

- Oi, vocês... eu preciso apresentar uma pessoa. - ela faz um gesto para Wagner se aproximar. - Esse é o Wagner... ele sofreu um pequeno acidente por minha causa e eu vou abrigá-lo na casa dos funcionários. Ele vai trabalhar de faxineiro quando melhorar.
- Oi, boa tarde! - disse Paulo, educado. Luana limitou-se a dar uma bela olhada.
- Se importam de mostrar o caminho pra ele? Marquei com a Patrícia de realizar um trabalho numa creche e tô atrasada... até mais! Tchau, Wagner, eu volto mais tarde...
Ele murmurrou um "tchá" e virou-se, sem jeito, para os outros dois. Paulo levou Wagner para a casa dos empregados e foi para a empresa. Luana passou pelo bar, ao pé da escada, olhando do marido para a casa dos empregados, e fez pose segurando no corrimão.

Ela não viu o filho, Vítor, que estava escondido atrás do bar com uma garrafa de whisky aberta e os fones no ouvido. Luana suspirou e o filho ficou atento.
- Ah... como eu quero pegar esse daí todinho... tenho dois!

"Que vagabunda!" pensou Vítor. "E ainda é minha mãe, essa vadia! Acabou com meu momento de paz!"

Ele se levantou e agarrou uma garrafa de gim, sem que ela percebesse.

- Quero todos! - falou Luana sozinha. - Vou subir e...
 - Puta desgraçada, cala a boca! - falou Vítor, forçando uma voz aguda.

E espatifou a garrafa na cabeça da mãe, que gritou.


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Vítor correu, abaixado, até o corredor escuro, oposto à porta da entrada, de onde Paulo entrou, após ouvir o grito da mulher.

- Meu Deus! Outro crime! Socorro! - ele grita. Vítor acha melhor esperar um pouco mais, e aparece uma das arrumadeiras. - Aqui! Traga esse pano, precisamos estancar o sangramento! Vou avisar os outros, e chamar uma ambulância! Cadê meu filho?!
- Não o vi, s-senhor! - disse a arrumadeira, nervosa.
- Tô aqui, pai! Que foi? - disse Vítor, entrando e fingindo. Logo após, vê a mãe e finge desespero. - Que droga é esta?! A minha mãe? Ela caiu?
- Parece que sim, senhor! - disse a arrumadeira.
- Mas e esse vidro? Isso... é uma garrafa, sua idiota! - gritou Paulo, desesperado. - Isso é crime! Vou ligar para a ambulância!

Em instantes, a ambulância chega. Ronaldo, André, Leonora e Bernardo chegam à mansão, e assistem a cena. Paulo se debate e chora, e Vítor finge dor ao fazer cena para acompanhar a mãe na ambulância.

Wagner se aproxima para olhar Luana sendo levada, e está para perguntar para a arrumadeira o quê aconteceu com a patroa quando uma mão forte puxa o rapaz e leva para dentro da estufa. Para seu espanto, Wagner se vê frente a frente com Arthur, o rosto furioso e contorcido de raiva.

- Que... diabos vocês está fazendo aqui?! Veio acabar com o meu emprego? Veio espalhar seu azar pra cima desta casa?
- Que cê tá falando, cara? - queixa-se Wagner. - Eu vim parar aqui por acaso, nem sabia que a dona Ana Paula morava aqui!
- Que conversinha fiada é essa de "dona Ana Paula"?
- Está tudo bem por aqui?

Ronaldo chegara, após ouvir os gritos de Arthur, que se calara no ato.

- Está, patrão. Esse é meu irmão, por coincidência.
- Ah... o rapaz que a Ana Paula trouxe... Prazer, rapaz. Mas porque os gritos?
- Er... - começa Wagner.
- Nada demais, seu Ronaldo. - responde Arthur, sério. - Garanto que podemos resolver sozinhos.

E, após acenar para Ronaldo, Arthur sai, com Wagner nos seus calcanhares.


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Depois de mundo dramatizar, após meia hora de fingimento, Vítor sobe para o quarto e bate a porta, rindo, quase sem fôlego. Mas se assusta com a presença de Danilo, que está estarrecido e a espera do primo.

- Nossa, seu idiota! Me assustou! - reclama.
- Você que me assustou, seu doido! - fala Danilo, com uma expressão sombria. - Como você teve coragem de dar uma garrafada na sua mãe, seu louco?
- Eu te falei que ela era a próxima, não? - diz Vítor, extremamente lógico. - Pô, a vagaba tava lá, suspirando pelo faxineiro novo e acabou com meu momento de serenidade, ouvindo minha musiquinha e tomando meu Red... Ah, eu tinha que fazer alguma coisa!

Danilo fica sem reação, chocado.

- Você é louco... - diz ele depois, abismado.
 - Ah, vai amarelar agora, medroso? - pergunta Vítor, ameaçador.
- Nada disso! Você está agindo feito louco, só falei isso! - Danilo se defende.
- Vamo parar, tá certo?! - Vítor se irrita, e parece ainda mais ameaçador. Danilo se cala. Hesita, mas vai embora.

- Esse cara tá me cheirando à amarelão... - resmunga Vítor, indo para o banheiro.

Longe dali, no hospital Meija...

Paulo está aflitíssimo. Sem notícias de sua bela e amada mulher, ele anda de um lado ao outro da sala de esperas, e esbarra duas vezes em uma senhora gordinha de meia idade que estava prostrada no extremo de seu percusso. Apenas meia hora depois o doutor Meija aparece no corredor. Paulo o vê e se precipita para o homem, que se assusta.

- Acaba com a minha aflição, Meija! - diz ele, um tanto tresloucado. - O quê foi que houve com a minha mulher?

Meija respira fundo e afasta Paulo de si.

- Claro que está bem, Paulo. A dona Luana sofreu apenas algumas escoriações, apenas um corte no couro cabeludo foi um pouco mais difícil de fechar, havia alguns cacos de vidro. Ela levou pontos ali, no pescoço e no lábio inferior.
- No l-lábio!? - esganiçou-se Paulo.
- Sim, no lábio. - repetiu Meija com um tanto de desdém. - Com licença...


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Já a noite, Wagner se retirou para a casa dos empregados. Tomara banho, tinha botado as roupas e estava assistindo televisão quando Arthur chegou. Ainda estava com as roupas de trabalho, suado e sujo de terra. Parecia que havia golpeado a terra com fúria e essa fúria ainda estampava seu rosto.

O jardinheiro limpou a terra das roupas e tirou a camisa, jogando-a aos pés de Wagner.

- Ei, que é isso? - reclamou o mais novo.
- Cale a boca! Você não tem vez aqui! - vociferou Arthur, zangado. - Eu não entrei aqui por caridade, tive que ralar muito por isso.
- Eu não pedi por isso, Arthur! - gritou Wagner em resposta. - Mas eu preciso desse empregou tanto quanto você! Não é você que fala que a gente precisa sustentar a mãe e o pai?

Arthur ergue Wagner pelos ombros, e o mais novo geme de dor.

- Ai! Tá me machucando, idiota!
- É pra você aprender! Comigo não se brinca! Mantenha-se longe do meu trabalho! Saia daqui! Quero você longe de mim!

Ele empurrou Wagner no sofá, que gemeu de dor novamente e ficou com os olhos marejados.

- Ah... e outra coisa... - ele deu um sorriso irônico agora. - Não chegue perto de dona Luana. Ela é minha!

Wagner parece espantado, mas mantém-se no nível do irmão.

- Eu bem que a achei com cara de vagabunda.
 - Vagabunda, é? - Arthur se ira. - Não fala assim da mulher que eu amo!
E ele corre e soca o rosto de Wagner, que cai no chão, com dores e se debatendo. Pouco depois, Arthur passa a mão na cabeça e vai para o banheiro.



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Os Planos do começo do ano

- Finalizarei as duas novelas, Histórias da Mansão e Homem ao Chão.
- (Não tenho ainda as sucessoras...)
- Decidi cancelar "Velha Guarda". Perdi TOTALMENTE a inspiração.
- Voltarei com os planos de escrever "Furiko, a gueixa espiã". Pois é...