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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Histórias da Mansão

Capítulo 5 - Maus Atos










Mais um dia de trabalho para Jéssica. Bernardo, após finalizar alguns desenhos, vai até a sala e encontra a esposa pronta para sair.

- Não vai trabalhar hoje? - pergunta ela.
- Hoje não... as meninas não tem aula e eu resolvi tirar um dia pra ficar com as duas.
- Que bom. - Jéssica sorri, após beijar o marido. - Bem, como eu tenho pacientes me esperando, não posso ter esse luxo. Tchau, querido, a Zilá já está com as meninas, no quarto.
Jéssica sorri e sai. Bernardo vai até o sala dos brinquedos das filhas, e encontra as meninas com Zilá. Alice parece pálida e Zilá está com a menina no colo.

- Que foi, Zilá?
- Acho que ela está com febre, seu Bernardo... - diz a babá, após verificar a temperatura da mais nova com a mão. - E a Carol não para de me pedir pra ir pra piscina.
- Vamos, papai! Diz que eu posso, diz! - exclama a pequena, após correr para os pés do pai.

Bernardo sorri e toma a filha nos braços.

- Vamos sim... - ele responde. Vira-se pra Zilá - Fique cuidando dela um tempinho, Zilá. Vou levar a Carol lá pra baixo senão ela não vai deixar a gente em paz.

Zilá esboça um sorrisinho, e toma Alice nos braços, levando-a para o quarto. Após Bernardo se trocar, Carol resolve não descer mais, e Bernardo resolve ir pra piscina assim mesmo. Por coincidência, está na área de lazer ninguém menos do que Juliana, acompanhada de uma mulher que Bernardo sabia ser prima dela, chamada Verônica. Esta logo apontou para Bernanrdo quando ele apareceu, e o arquiteto pulou na piscina um pouco distante das duas.
- Esse, não foi? O gostosão que você falou? - pergunta Verônica, astuta.
- Tira o olho, queridinha. Eu vi primeiro... e eu tenho certeza que tá na rede. - rebate Juliana, com um poderoso sussurro.

A médica acena para Bernardo, das espreguiçadeiras, e o arquiteto sai da água em direção à elas.

 - Hum... vai esquentar... - diz Verônica, com um sorrisinho, ao perceber Bernardo chegando.
- Oi, vocês! - diz ele, simpático. Ele não deixa de notar o belo físico de Juliana, que sorri, insinuante.
- Olá, querido. - responde a médica. - Essa é a minha prima que estive falando pra você, a Verônica. - a dita cuja sorri, levantando-se e Bernardo aperta a mão dela. - Ela está indo fazer uma corridinha agora na pista de cooper, não é, amiguinha? - Juliana sorri para a prima.
- Claro que sim! Manter, né? - ela sorri, dando uma voltinha rápida.

Verônica vai embora, rapidamente, e Bernardo fica ligeiramente sem graça. Após um instante, senta-se na espreguiçadeira vizinha à de Juliana, que se vira para ele.

- E aí, como está seu dia? - pergunta Bernardo, tentando descontrair o clima.
- Melhorando a cada segundo. - responde Juliana, incisiva.
- Nossa, isso é bom. - ele comenta.
- E isso aqui é melhor... - ela avança de repente e tasca o maior beijão no arquiteto. Bernardo corresponde, mas uns instantes depois recua e empurra levemente a médica para longe. Juliana faz uma pose insinuante, mas Bernardo nada diz, e vai embora.

- Já caiu. - diz ela.


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Uma semana depois, Luana volta para a mansão Oliveira, discutindo calorosamente com Paulo.

- Você não podia ter feito isso comigo! Que coisa mais baixa!
- Cala a boca, Paulinho! - grita a esposa, revoltada.
- Como você pode pular em cima do médico? Perguntando ainda por cima se tinha ficado marca na boca?
- Eu estava sendo sincera, querido! - diz ela, olhando feio para o marido.
- Não quero saber! -grita Paulo em resposta. - Você não tinha esse direito!

Luana, porém, levanta os braços e grita "PSIU!", fazendo o marido se calar, com um susto.

- Tá bom, hum? Já vou. - ela diz isso e sobe as escadas em direção ao quarto.
- Que foi isso, mano? - ele vira-se e vê André entrando, vindo da piscina, com uma latinha de cerveja na mão.
- Você ouviu essa gritaria? - pergunta Paulo, histérico.
- Claro, duvido que a casa toda não tenha ouvido. - responde André, com uma risadinha.
- Eu ouvi a minha mulher dizendo claramente que o "médico é gostosinho", quando a gente foi no hospital do Meija mais cedo, pra ela tirar os pontos.
- Ela tá atirada, hein? - desdenha André.
- Cala a boca, gorducho! - responde Paulinho, com raiva.

Os dois se encaram por um instante.

- Vigia, mano, vigia... essa tua esposa jajá vai plantar um par de chifres na tua testa...
- Do quê você tá falando, André? - pergunta Paulo, furioso. - Tá insinuando alguma coisa?
- Que é isso, mano! Claro que não... ora essa, eu sou seu irmão... - responde André, sincero. - Quero te ajudar... nada de traição na família... de ovelha-negra basta eu...

Paulo dá uma risadinha. André toma um gole de cerveja e sorri.

- Vai esfriar essa cabeça, Ronaldo tá na piscina com uns amigos do Grupo, vão fazer um churrasco.
- E você? - pergunta Paulo.
- Eu... - responde André. - Eu vou praticar a arte de ser a ovelha-negra da família.

Os dois sorriem e se retiram do hall.


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Passando pelos corredores, Vítor e Danilo estão entediados e à procura do que fazer. Ao virar à esquerda no corredor, os dois dão de cara com Luana.

- Mãe! - se assusta Vítor.
- Filho! - ironiza Luana com um sorrisinho. - Tá surpreso em me ver, é? Achou que eu ia morrer com uma garrafada?
- Claro que não! - apressa-se em dizer. Danilo dá uma risadinha e Vítor olha feio para o primo.

- É... o delinquente que me agrediu vai pagar caro... - ela setencia, friamente. - Eu juro que vou descobrir quem foi.
- E já tem alguma ideia? - pergunta Vítor, ansioso.

Danilo gela entre os dois. Vítor parece muito seguro de si mesmo.

- Ainda não... se bem que... - ela faz uma cara desdém. - aquele faxineiro novo, bonitinho ele... não me engana muito... tem uma cara de marginal, o coitado... mas, se foi ele... eu descubro rápido.
- Fique à vontade, mãe querida. - o filho ironiza. Luana não se abala e sorrindo para os dois, vai para seu quarto. Vítor e Danilo continuam seu caminho para o quarto do primeiro, e já com a porta evidamente trancada para evitar mais bisbilhoteiros, Vítor se deita na cama, entediado. Danilo está jogando video-game e parece igual ao primo.

- Cansei dessa casa chata! Parece um mausoléu.
- Você nunca falou isso. - diz Danilo, distraído. - Sempre se gabou de morar na mansão Oliveira...
- Agora não me faz diferença, cansei desse povo chato me enchendo o saco. - responde Vítor, sério. - Quero sair desse quarto...
- Porque não vamos pra piscina? Tá fazendo um sol legal...
- E aquele bolo de coroas fazendo churrasquinho de playboy? - repudia Vítor, com desdém. - Não senhor... só iria lá pra expulsar aqueles velhos da piscina... - ele sorri nesse instante.
- Ih... que cara é essa? - pergunta Danilo, temeroso.
- Tive uma ideiazinha muito boa... vamos acabar com o churras dos velhos! - disse ele, se erguendo. - Vamo mostrar quem é que manda nessa casa!
- Deixa de sonho, Vítor. - diz Danilo.
- Nada disso, com um pouco de metal japonês do meu sonzinho eu boto aquele idiotas pra fora! - diz ele, apanhando o microsytem. - Anda... vai botar um calção, a gente vai descer pra piscina.

Danilo, balançando a cabeça, larga o videogame e vai para o seu quarto.


- - - - -


- O quê foi, querido? Tá tão distraído...
- Ah... nada, tô prestando atenção na rua. - responde Bernardo.

Mas não era verdade. Havia mais de uma semana em que o arquiteto só pensava em Juliana. O beijo, sim, aquele beijo não saía de sua cabeça. De um lado, Bernardo pensava que aquilo tudo estava errado. Amava sua mulher, sim, mesmo que a relação dos dois não fosse como nos primeiros anos, mesmo tendo a rotina e as filhas. Mas, por outro lado... a médica despertava o desejo de Bernardo. Pensava não só no beijo dela, mas também no corpo, no rosto, na beleza.

Bernardo admirava a esposa, mas apenas a via como esposa, e só. Admirava Jéssica como mãe, mas embora tivessem um ótimo relacionamento, não a desejava como mulher. E era isso que Juliana estava lhe proporcionando: desejo.

- Ah, estive no elevador com a Juliana e a prima dela, quando desci. - comenta Jéssica.
- Ah... foi?
- Foi sim. - confirma ela. - Estava com a prima, a tal Verônica, gostei muito dela. Muito inteligente.
- Ahn... pois é...

Ela repara o olhar esquivo do marido.

- A gente tá atrasado, não acha? - falou Jéssica, verificando o relógio.
- Ah... é a casa do meu pai, Jéssica, é só um churrasco dos sócios. Não preciso chegar estritamente na hora num churrasco na casa do meu pai.

Jéssica registra a falta de tato e amarra ligeiramente as feições.

- Você não parece que tá afim de ir.
- Eu tô, sim, Jéssica, que ideia...
- Não acho. - discorda a esposa em tom educado. - Você passou o caminho todo emburrado, parece que está indo obrigado. Aliás, querido, como psicóloga tenho te avaliado essa semana... - ela franze ligeiramente a testa. - eu tô te achando meio estranho, aéreo... distante. Tá ocorrendo alguma coisa no trabalho, é isso?
- Não!... Nada não.. é só... são uns projetos delicados... clientes estrangeiros, sabe como é...

Jéssica sorri, mas permanece em alerta. "Tem algo acontecendo sim.", ela pensa. "E eu vou descobrir."


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Após pegar duas extensões na despensa sem ser visto, Vítor fez Danilo dar a volta na piscina com ele, escondido, para a lateral da piscina, onde haviam uns arbustos. Plugou o som na tomada, mas não o ligou. De repente aparece de supetão para os amigos de Ronaldo e Paulo, que se assustam.

- Opa, quem é esse aí? - diz um dos homens, para Paulo.
- É só o meu filho... maluco... - responde o outro, sem graça.

Vítor, porém, fraz um floreio teatral e um gesto para Danilo, que a contragosto aumenta o volume do som ao máximo. O ar se enche com o rock pesado e Vítor dança freneticamente.
- Que porcaria é essa? - grita um dos sócios.
- É esse meu sobrinho irritante... - responde Ronaldo, carrancudo.

Ele faz menção de avançar contra o sobrinho, mas Vítor corre e dá um grande salto sobre a piscina.
A água se espalha e molha a maioria dos homens ali presentes. Rapidamente Vítor sai da piscina, à tempo de ver a maioria dos ali presente se afastar da área molhada. Danilo fica olhando e resolve ir até ele, quando Ronaldo tem a mesma ideia.

- Que é que você pensa que está fazendo?
- Aproveitando o sol, titio. - responde Vítor, cínico. Ele se afasta, ligeiro, até a sombra onde está o som; Danilo, por sua vez, ainda estava sendo repreendido por Ronaldo.

Irritado, Vítor volta a se esconder atrás dos arbustos e olha para o som. Abaixa o volume, mas mantém as mãos no aparelho, pensativo. Danilo vai até a divisa entre os arbustos e vê Vítor pronto para empurrar o som na piscina.

"Ele vai eletrocutá-lo!" pensa o primo.

Danilo pensa rápido, corta-se num galho dos arbustos e grita por Ronaldo, que acabara de subir pela borda da piscina.

O rádio cai na água, mas não produz efeito nenhum por Ronaldo estar fora da piscina. Danilo pergunta pelos primeiros-socorros, mostrando o corte que acabara de fazer.

- Traíra... - solta Vítor, olhando o primo com raiva, após se erguer.

Porém, por trás do menino, Paulo acabara de tirar a camisa para pular na piscina.

- Saco... simbora!

Ao ouvir a voz do pai, Vítor se desespera e corre.

- Pai, NÃO!


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(fim do capítulo 5)

Um comentário:

  1. Esse Vitor me surpreende a cada capitulo, as maldades que ele faz se supera a cada dia, mas a pessoa que é capaz de matar a própria mãe, não da pre se esperar algo bom. Danilo é um morto nada faz pra impedir as maldade desse primo. Espero que alguém de umas porradas para barrar esse Vitor.

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