Pra você que não tem preguiça de ler =)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Música

E aí, pessoal!


Seguinte, vou postar um clipe que conseguiu me emocionar. É o novíssimo "The One That Got Away", da Katy Perry (e sua versão setentona).
Até mais!

8 ou 80 (Último Capítulo)

Capítulo 20 - Saindo dos Extremos





Após ter doado sangue para Melina, Caio foi para o exterior do hospital. Logo chamou a atenção dos repórteres, que o bombardearam de perguntas. O menino se irrita e grita um "Calem a boca!", que espanta todos os presentes. Márcia e Laila correm até lá a tempo de ver todos se calarem.
- Por favor, escutem bem o quê eu vou dizer. Tenho noção do que vocês estão falando. Vão chamar a Melina de pedófila, exploradora e o escambal... CALEM A BOCA! Eu estou falando! - ele acrescente, quando tentam falar.
- Esse é dos meus. - sussura Laila para a mãe. Caio retoma a fala.
- O explorador da história sempre fui eu. Quem seduziu a Melina fui eu. Eu criei uma situação embaraçosa pra ela, e a chantageei. Fui eu. - repete ele para a cara incrédula de uma repórter. - Fui eu, moça. Ela não teve culpa de nada. Eu que sempre gostei dela, e fiz tudo por ela.
- Ela é sua professora, vários anos mais velha que você! - diz a repórter.
- Se eu dissesse que fiz tudo por amor, você acreditaria? - responde Caio, sorrindo, irônico, e a repórter fecha a cara. - Não sei o quê é amor, não sei se senti amor por ela, mas sei que eu quem meti a minha professora nisso tudo. Com licença...

Caio vai se afastando; uns repórteres tentam avançar e são contidos por dois seguranças. Laila e Márcia seguem Caio até a sala de espera.
Laila vai buscar um copo d'água, enquanto Márcia vai até Caio, que se senta e mantém a mesma posição de lamento anterior. A advogada se senta ao lado do menino e repousa uma mão no ombro dele.
- Foi muito corajoso pelo que fez, filho.
- O-Obrigado. - soluça ele.
- Laila, me dá isso... - ela arranca o copo com água das mãos da filha e dá pra Caio, que agradece. Laila fica indignada e vai encher outro copo para ela.

- Foi tudo verdade.
- Como? - pergunta Márcia, abobalhada.
- Não menti. Tudo que falei foi verdade.
- Eu, eu acredito em você, Caio. - diz Márcia, com um sorriso trêmulo. - Eu sou advogada, eu sei quando escuto algo verdadeiro.

Caio dá uma risadinha. Pouco depois, o médico chega e diz que Melina já está no quarto, acordada.
- Quer vê-la? - pergunta Márcia.
- Não... - ele responde, infeliz. - Pra mim é melhor esquecê-la.
E, ao saber que está liberado, Caio vai embora. Impressionadas, mãe e filha vão até o quarto de Melina e contam todo o ocorrido. A professora, fraca, ainda tme forças para lançar um olhar incisivo e duvidoso para as duas.

- As vezes me dá vontade de ser da idade dele. - ela diz, por fim. - Mas nunca daria certo.
- É? - pergunta Laila, de metida.

Melina dá um breve sorriso e um ganido baixo de dor.
- Agora, relaxe, irmãzinha. Quero você bonita, pro meu casamento. A gente resolve tudo. - Márcia sorri, e levanta o lençol de Melina.


- - -
Alice arma um encontro entre Alexandre e Ricardo, num barzinho bem movimentado. Ela aguarda, numa mesa reservada, e observa o estudante aguardando apreensivo à sua chegada. Davi, bebendo uma cerveja, sorri vendo Alice olhar a toda hora para Alexandre,  sentado junto ao balcão, no andar térreo do bar.

- Ah-ah, vai ser bem legal! - ela sorri, com uma caipirinha na mão. - Tanto o Alex quanto o Ricardo tão pensando que eu chamei eles separadamente para conversar aqui. Aí, o Ricardo vai chegar e... bum! Tudo certo já!

Davi fica só rindo.

- E você tem certeza que esses seus amigos vão ficar juntos?
- Certeza? Só Deus, amor... - ela se adianta e beija o rapaz. - Mas se até a gente ficou junto, porque eu e você não temos nada a ver... - ele ri. - Se até a gente ficou junto, esses dois se acertam! Olha... ele chegou!

Ela aponta freneticamente para a entrada do bar. Ricardo, ainda com a barba mal-feita e com leves olheiras, vasculha todo o bar a procura de Alice. Alexandre, olhando para a TV do lado oposto, não o vê. Sem localizar a amiga, ele puxa o celular para verificar a hora e anda até o balcão. Olha rapidamente para o cardápio de drinks e se senta.

- Hum... me vê um mojito, por favor.

O barman se afasta, mas a figura ao lado de Ricardo se vira para ele.

- Não acredito.

Alexandre olha para Ricardo, com olhos de descaso. Ouve-se uma nítida exclamação do alto, e algumas pessoas incluindo os dois olham. Alice tapa agora a boca se repreendendo por ter se manifestado, e Davi toma o copo de caipirinha da mão dela. Alexandre balança a cabeça duas vezes, já pegando o casaco pendurado no encosto do banco. Ele se adianta para ir embora, mesmo com Ricardo dizendo "Espera!". O cozinheiro olha impaciente para Alice, que balança a cabeça várias vezes, e corre atrás de Alexandre.

O rapaz anda, pela calçadinha da orla. Ricardo, correndo, logo o alcança. Segura hesitante o braço dele, que se vira, o rosto cheio de lágrimas.

- Por favor, me deixa falar.

Os dois parece bastante nervosos.

- Eu fui um completo idiota e admito isso.
 - Certo. - rebate Alexandre, cético.
- Por favor, me deixa falar. - Ricardo parece péssimo. - Você conseguiu mexer muito comigo.

Alexandre se senta num banquinho de pedra da praia, e Ricardo senta junto.

- Eu te seduzi sim. Eu te via apenas como um corpo, sim.
- Finalmente você admite... - começa Alexandre, desgostoso.
- Mas você mexeu comigo! Ninguém, NUNCA, me fez o quê você fez.
- O quê, lhe dar um fora?

Ricardo silencia por um minuto, e também sucumbe às lágrimas.

- Você nunca tinha levado um fora? - Alexandre parece incrédulo.
- Eu sempre tive dinheiro. Meu dinheiro nunca me deu um fora. - Ricardo dá um sorriso amarelo, e Alexandre parece menos nervoso.

- Eu... eu me machuquei tanto quando você me deu um fora... isso não era da minha natureza, Alê... nunca tinha acontecido pra mim. E depois...
- Depois o quê?
- Eu não tava percebendo que, mesmo não sendo tão íntimo... eu tava tão dependente de você.
- De mim? - Alexandre parece duvidoso.
- Sim... - Ricardo olha nos olhos do outro. - Eu demorei pra perceber isso. Quando caiu a ficha eu tava caindo de bêbado, passei vexame na frente dos meus pais... eu parei de dar aulas... eu não consigo me concentrar em nada, não pensar em você...

Alexandre fica calado, espantado com tanta sinceridade e a ferocidade que Ricardo diz tudo. Os dois choram, novamente.

- Cara... eu te amo. Não sei mais viver sem você. Vamo voltar?

Alexandre chora, não consegue conter a emoção. Ele faz que sim com a cabeça, e avança sobre Ricardo. Se segue um abraço longo, afetuoso, e Alexandre dá um beijo na bochecha de Ricardo.

Passam uns minutos, e eles se separam. Alexandre de repente se levanta, com cara de riso.

- Agora para de chorar! - ele ri. - Tem um mojito te esperando lá no bar... e eu quero dar um cascudo na desmiolada da Alice.
- Sempre ela, né? - diz Ricardo, sorrindo. Os dois dão as mãos e caminham de volta.


- - -


Passam três meses.



Melina está se arrumando em sua casa, junto de Laila. As duas estão se maquiando em frente ao espelho. Melina cutuca o nariz da sobrinha de repente e as duas riem.

- Tá linda, tia.
- Quero ver sua mãe. Nunca pensei que ela gostaria de se arrumar sozinha pra se casar.

Após a maquiagem, as duas se vestem. Na sala, Laila calça os sapatos enquanto Melina chega, carregando as bolsas das duas.

- E... Laila... o seu namorado?

Laila levanta os olhos num gesto de desdém.

- Ele... disse que ia prum congresso. O Tiago tinha dado um sumida, pra conclusão do curso dele, eu até entendi, mas outro maldito congresso?
 - Lailinha, querdia... - Melina se senta ao lado da sobrinha, e dá as mãos à ela. - Você tem certeza que ele não vai? Tá tudo bem com...
- Tá! Tá sim... - ela se levanta. - Eu... vou no banheiro rapidinho.

Mal Laila se enfurna no banheiro Melina retira o celular de dentro da bolsa. Começa a passar um SMS, sorrindo.

- Tá... dando.. tudo... certo. Enviar... - ela suspira. - Vamo ver se tá tudo certo mesmo.

Uma batida na porta assusta Melina. Desconfiada, a professora abre a porta e dá de cara com Caio.

- Ahn... - faz a professora.

Uma descarga atrás dela e o barulho de uma porta se abrindo anuncia que Laila entrou na sala. A ruiva anda até a tia e fica em silêncio.

- Tudo bem... - diz Caio. - Eu não deveria ter vindo mesmo.
- Não... acho que vocês precisam conversar - diz Laila desajeitada. - Eu vou... pra varanda.

Quando Laila se ausenta, Melina anda até o sofá e se senta. Caio mantém-se imóvel.

- Eu soube que você perdeu o emprego.
- Eu não me imaginava empregada quando a nossa história veio à tona.
- Mas você tá bem?

Melina se espanta com o tom da pergunta, e sorri.

- Tô bem, sim. - responde, levemente.
- Certo, era tudo que eu queria saber. - ele vai se adiantando pra sair, sem olhá-la.
- Ei.

Melina se levanta, e Caio se vira devagar, a mão ainda na maçaneta.

- Obrigada. - ela fala, sem ar.
- De nada. - Caio responde, com um leve sorriso. - Os dois se adiantam e trocam um forte e rápido abraço. Caio a solta e vai embora, no momento em que Laila entra. Melina se vira e vÊ a cara sapeca da sobrinha, que sorri.

- Foi só um abraço! Por mais gostoso que ele seja não passou disso!

Laila dá uma risada junto da tia.

- Agora vamos, senão a sua mãe me mata!


- - -


Ricardo está conversando com a mãe, no apartamento. Os dois estão na varanda, lanchando. Ambos riem um tanto. Ricardo faz umas mímicas e diverte Fiona, que rola de rir. Momentos depois a porta se abre, e Wallace entra em casa, fazendo mãe e filho silenciar. Wallace deixa a pasta na mesa, como lhe é comum e anda até a varanda silenciosamente.

- Oi. - diz, tenso.
 - Ahn... eu vou... tomar água. Já volto. - diz Fiona erguendo-se rapidamente, embora houvesse uma jarra com água na mesinha. Wallace se senta na cadeira que a esposa ocupava e se vira para o filho.

- Oi, Ricardo.
- Oi, pai.

Os dois se encaram e o silêncio pendura.

- Como vai o... Alexandre?
- Vai bem... tá estudando.

Mais uma pausa. Ricardo agora fita o pai e Wallace o imita. Momentos depois os dois abrem a boca no mesmo tempo.
- Me perdoa, pai?
- Me perdoa, filho?
- Hã?!

Eles caem na risada.
- Tá pedindo perdão porque, Ricardo?
- Por aquele vexame que eu dei, por vários desaforos... - começa Ricardo a enumerar. Wallace sorri.
- Isso não é nada, Ricardo. Minha vez...

Ricardo fica sério, o olhar brilhando.
- Me perdoa, filho, por nunca ter te aceitado?

Ele cai no choro, juntamente com Ricardo, que mantém a cara dura.
- Me perdoa por nunca ter concordado contigo... por nunca ter te apoiado nas suas decisões, por nunca ter apreciado seu trabalho... por nunca ter sido um pai. Me perdoa?

Ricardo parece hesitante por um instante. Pega a jarra, aponta para a boca e começa a beber dali mesmo. Após molhar-se, sorri para Wallace.
- Perdoo, cara. Toca aqui.

Wallace sorri, e eles apertam as mãos, se levantando. Depois, se abraçam, sorrindo.
- Você faz o jantar hoje, tá certo? Faz alguma coisa que acha que eu goste.
- Pode deixar! - Ricardo se adianta. - Pode sair detrás da cortina, mamãe...

Fiona faz uma cara de indgnação para o filho, e depois se vira para Wallace.
- Tô orgulhosa de você.
- É... eu também.
- Vamos?


- - -
Após a troca de "sim", Otávio e Márcia se divertiam na pequena festa, apenas para família e amigos. Laila dançava com um primo enquanto Melina estava dando em cima do barman da festa.

- Ah, é mesmo? Acho que já te vi lá! - disse a professora.
- Foi? Quando aparecer de novo, já pode falar?
- Falar eu estou falando agora, meu querido. - disse ela piscando. - Se eu passar naquela academia de novo a gente fará outra coisa...
O barman focou os olhos no decote de Melina quando a morena se virou para Laila, que parara de dançar e agora se sentava, entediada.

- Já volto, querido... opa!
O celular dela emite um alerta de mensagem. Ela para no meio do caminho e faz uma ligação.

- Alô... oi, querido... sei... chegou? Ótimo, me espera aí...
Melina sai. Minutos depois, ela se senta ao lado de Laila.

- Ah, pensei que não ia se sentar mais comigo.
- É, querida, o barman é bem interessante... mas é outra coisa...
- O quê?...
Laila se vira e olha para onde Melina aponta. Seu queixo cai ao ver Tiago ali, parado, arrumado e (o melhor, para ela) sem nenhum livro de Física por perto. Laila se levanta, e Melina a imita.

- Agora que está entregue, eu vou voltar ao barman... com licença...
Laila anda até o namorado, que tentava sorrir (a orelha coçava à beça).

- Amor... cê tá lindo! Eu... eu...
- Eu também não sei porque estou aqui. Acho que até sei.
- Sabe, é? - diz Laila, sorrindo.
- Sei... - ele abraça Laila. - É por você... meu amor.

Laila não diz nada. Tasca o maior beijão em Tiago. Os dois continuam abraçados e vão para a pista de dança quando começa a tocar uma salsa bem animada.
- Agora você vai ter que dançar, meu querido!
- Dançar? Eu? Nãão...!
- Vai sim, deixa de enrolação, vamos!

Eles vão, e Tiago pisca para Melina, que está sorrindo, junto de Márcia.
- É, tô vendo que eu até curto um velho romancezinho...
- Tá, cupido, volta pro seu barman! - diz Márcia, que cai na risada junto a Otávio, que chega. E, em meio as danças, Melina desaparece com o barman e mãe e filha sentam juntas, enquanto Tiago e Otávio conversam.
- E aí, filha, tá feliz?
- Ô! Só até capaz de falar de novo em... meus carmas!
FIM


- - -
- - -

Tempo

E aí, galera, beleza?



Quem leu (?) o blog por um tempo percebeu o tempo que eu fiquei sem atualizar as postagens. Não, eu não desisti.
O tempo tá me consumindo todo. Além de ter me machucado fisicamente nas últimas semanas, coisa que me deixou bem pra baixo, preciso acabar vários trabalhos de fim de período na faculdade, e por isso, os intervalos entre as postagens estão e ficarão grandes por um tempo.


O Especial Harry Potter vai esperar um pouco, vou postar as críticas dos últimos filmes juntamente. Tentarei hoje ainda escrever o último capítulo de "8 ou 80". Já a estreia de "Velha Guarda", bem como as postagens de "Histórias da Mansão" e "Homem ao Chão", vão esperar a autorização do tempo para continuar.
Até mais!


 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Histórias da Mansão

Capítulo 1 - Lembranças










Luzes psicodélicas brilhavam a cada canto. Pessoas sorriam e dançavam aos grupos. Amigas cochichavam umas com as outras e apontavam pros garotos que se interessavam. A atmosfera é juvenil e alegre.

Num extremo, os organizadores da festa, a família Oliveira. A mais nova deles era uma graça. A sua dança chamava atenção e as meninas a invejavam. Pouco depois, Daniel se aproxima e tapa os olhos da loira. Ela sorri.
- Daniel?
- Acertou! - ele sorri e dá um leve beijo na menina. O olhar dos dois é radiante. - Demorei muito?
- Demorou sim! Achei que você não vinha mais... - Ana Paula faz beicinho, mas sorri.
- Agora já estou aqui... ahn... me deixe falar com seus irmãos...
Daniel larga ligeiramente a namoradinha para falar com o irmão dela, Ronaldo.

- E aí, rapaz? - se adiantou Ronaldo, com um sorriso, e estendeu a mão ao cunhado. - Chegou tarde!
- Foi... peguei um trânsito pesado... - diz Daniel.
-  Que pena... junte-se à nós! Pegue uma bebida... vamos! - ele sorri, indicando os irmãos, Paulo e André, que também estavam lá.

Daniel cumprimentou os outros, pegou um copo e foi para junto de Ana Paula. A menina, porém, sentara. Mantinha uma mão junto da cabeça e fechara os olhos.
- Que foi, meu amor? - Daniel se preocupa.
- Não sei... deve ser minha enxaqueca... - ela faz uma cara emburrada. - Ai... acho melhor ir para casa...
- Ô, amor... hoje eu não vim de carro... - Daniel faz cara feia. - Meu pai não quis me emprestar...
- Tudo bem... eu vim com o chofer... - ela tenta sorrir. - Espera...
Ela vai até Ronaldo, que conversa animado, e explica a situação.

- Que pena que tenha que ir... cuidado ao sair, aqui é bem esquisito... o chofer tá esperando na rua da igreja, lá tem menos carros. Agora não posso ir com você, Aninha... tenho que falar com uns anunciantes à mando de papai...
- Tudo bem, Ronaldo... - ela dá um pequeno sorriso. Daniel tenta acompanhá-la.
- Não precisa... fique, aproveite! - ela o beija. - Você demorou tanto pra chegar... agora fica aí, o Ronaldo te acha um cara legal!
Ela anda, um pouco tonta, pela festa, e sai, respirando fundo.

- Pronto, saí... agora é só achar o chofer.
- - - - -


Ana Paula avança pela rua deserta. O barulho da festa ainda a acompanha. Ela cantarola baixinho e sorri para si mesma. Vez ou outra massageia a cabeça, com cara de dor. Estica a cabeça olhando adiante, através dos vários carros estacionados pelo lugar.
Um quarteirão depois, sai um homem das sombras. Fascinado com a beleza da jovem, o homem a segue, lançando-a olhares sinistros.

Ana Paula custa a notá-lo. Ainda cantarola, ao avistar a igreja pouco adiante, ela apressa o passo. O homem nota e passa a correr. Ana Paula escuta os passos atrás dela e resolve olhar em volta. Ela percebe o misterioso homem à olhá-la insistentemente e, com medo, resolve correr.

Mas aí já é tarde; ele a alcança e a puxa para um beco apertado ali perto.
- Não, moço! O quê você quer? - ela pergunta, quase histérica.
- Quero tudo, passa, dinheiro, jóias... bolsa, anda!
- Mas... eu não tenho nada! Nem com jóias eu vim, moço!... - ela começa a ficar enjoada com o cheiro do homem. O misterioso começa a apertá-la contra a parede e Ana Paula começa a se debater.

- Não, moço, para!
- Nada disso... você tem que me dar alguma coisa... não vou sair de mãos abanando...

- Não... não...  NÃO!
- Mãe?!


- - - - -


Ana Paula acordara. Já se passaram 21 anos daquela cena e ela nunca se esquecera. Uma bela moça andava pelo quarto até a então freira. Era Bianca, filha dela.

- Tudo bem, mãe? Tava sonhando?
- Sonhando não, filha... pesadelo terrível... e real. - responde a loira. - Toda vez, perto do seu aniversário, eu sonho com isso... aliás... - ela olha para o relógio e sorri. - Já é seu aniversário, minha querida! Parabéns!

Ana Paula se levanta e abraça Bianca. As duas sorriem. Ana Paula começa agilmente a se arrumar.

- Vamos... preciso ajudar a arrumar a sua festa.
- Não, mãe! Tem gente que pode fazer isso... vamos à igreja, como sempre fazemos... - diz Bianca, sorrindo.

Ana Paula sorri alegremente para Bianca e faz um carinho na menina.

- Ah, minha filha... você é o orgulho da minha vida.

Mais tarde, as duas regressam à Mansão Oliveira, onde os amigos e familiares de Bianca já a esperam para a festa.
Ronaldo dá os parabéns à sobrinha, que, radiante, vai para junto dos amigos. Uma banda toca e eles se divertem. Ana Paula fica um tanto distante e Ronaldo vai até ela.

- Algum problema, minha irmã?
- Não, Ronaldo... o de sempre... nesse dia.

"o de sempre" era a lembrança... a lembrança de Augusto, o filho perdido... que morreu ao nascer.

- Mana... se ele não está entre nós... é porque Deus quis assim. Não é? E você tem uma filha abençoada com beleza, inteligência... e que só nos traz felicidade. Agora... anime-se! - diz Ronaldo, sorrindo.


- - - - -


Enquanto isso, após atender uma ligação do irmão Wagner, Arthur, jardineiro da Mansão Oliveira. Wagner estava sentado junto ao portão da mansão, e levantou-se, cabisbaixo, para falar com o irmão.
- Que é agora? - pergunta Arthur, sem emoção.
- Eu preciso te avisar... eu perdi o emprego! - ele parece muito decepcionado. - Peguei um ônibus lotado... e acabei chegando atrasado!
Arthur dá quase um tapa no rosto. Parece muito irritado.

- E você veio pedir arrego aqui?
- Só pra dizer que eu já tinha enviado um currículo para aquele hotel novo... eles estão precisando de recepcionistas e eu acho que consigo uma vaga!
- Não quero saber! - diz Arthur alto, cortando o irmão. - Não tô nem aí pra sua incompetência! Quero apenas que você me ajuda a sustentar a mãe e o pai, que dependem da gente!  Agora sai, tenho que trabalhar! Não me aparece aqui de novo.
Ele vai em direção às estufas, deixando Wagner desolado. Na estufa se encontra Luana, que vislumbra de longe alguns colegas bonitos de Bianca. Ao ver Arthur chegando, ela abre um amplo sorriso.

- Ah... se eu te pego, jardineiro...
- - - - -

Longe dali, num importante colégio, Sarah e sua amiga Daniele estão conversando ansiosas. Aguardavam o boletim e suas notas.
- Ai, deus, e o meu que não sai? - ponderou Daniele, cansada.
- Eu estou louca para ir para casa, tem a festa da minha prima lá! Adoro ela, ela me ensina tanta matemática! - diz Sarah, se referindo à Bianca.
Pouco depois, a porta ao lado delas se abre e a coordenadora aparece, sorridente.

- Sarinha... venha pegar seu boletim!
- Vai lá, amiga! Boa sorte! - diz Daniele, cruzando os dedos.
- Ui... lá vou eu! - diz Sarah, ansiosa.
Dois minutos depois, Sarah irrompe da coordenação com um enorme sorriso no rosto.

- Passei! Passei em todas!
- Ai, que bom, amiga!
- E tirei 10 em matemática! Graças a Bianca!
- Ai, ai... - faz Daniele, após abraçar a amiga. - Espero que o meu não saia uma completa desgraça...

Sarah ri e olha a hora.
- Hum... ainda bem que eu moro perto do colégio... de bicicleta eu chego lá rapidinho. Tchau, amiga, boa sorte!
- Tchauzinho! Boa festa, queridinha!
Sarah está animada. Corre, tira a corrente que prende a bicicleta, e sai, acenando para um outro colega. Pedala rapidamente, eufórica... e não percebe o sinal verde na rua ao lado do colégio.

- Cuidado, menina!
Ela não freia a tempo; um carro tenta parar mas colide em cheio com a bicicleta de Sarah. A menina grita, e é arremessada ao canteiro ao lado do semáforo, repleto de espinhos... ela grita de dor enquanto os motoristas param para ajudá-la.

(fim do primeiro capítulo)
(continuação, cap 12)




Donato parece muito irritado. Olha incisivo para a ex-mulher.
Donato- Aperte a mão da Renata, Leonor...

Leonor dá um sorriso falso e aperta rapidamente a mão da nova faxineira, que nada diz.
Leonor- Prazer... vamos?

Ela puxa Renata para a entrada de serviço da casa. Donato manca até um pequeno coreto e se senta. Contempla os amplos jardins e a vista e parece pensativo. Pouco depois, chega seu filho, Angelo, que acabara de chegar. Sorri e abraça o pai.
Angelo- Passei na cozinha agora pouco e vi mamãe bem irritada com uma mulher...

Donato- É... é a nova empregada da nossa casa. Renata... uma história triste...
E Angelo se senta para ouvir o pai.

Angelo (após Donato contar-lhe sobre Renata)- Nossa... essa mulher parece ter sofrido um bocado.
Donato fica calado, ainda muito pensativo. Massageia o lado direito do quadril e faz cara de dor.
Angelo- Tudo bem, pai?

Donato- Sim... no possível. Só uma coisa...
Angelo- O quê pai?

Donato se vira, sério, para o filho.
Donato- Me deu uma vontade, do nada, de mudar a vida dessa mulher.

(intervalo)
Leonor abre com repugnância a porta de um dos quartos de empregada da mansão de Donato. Renata repara e dá um sorriso afetado.

Renata- Dá licença, madame...
Leonor- Espera aí...

Ela agarra o cotovelo de Renata e a morena se vira, espantada.
Renata- Que foi, madame?

Leonor- Me explica melhor, queridinha... eu não engoli essa história de faxineira que o Donato falou... como você vai parar aqui do nada?
Renata- Eu sugiro que você pergunte ao seu Donato os motivos dele.

Leonor aperta mais o braço dela.
Leonor- Olha como você fala comigo, sua zinha... desembucha, pode falar! Você é alguma amante do meu marido, não é mesmo? É um brinquedinho que ele botou aqui pra me humilhar ainda mais! Diz! Anda!

Renata se irrita. Se solta das garras de Leonor e dá um tapa na cara dela. A loira fica em choque e põe a mão no rosto impecável.
(intervalo)

Renata- Não sou nenhuma vagabunda! Não sou o quê você pensa, sua despeitada! Porque você acha que ele quer te humilhar comigo?
Leonor (encarando firmemente a rival)- Você é muito petulante, menina! Me bate e ainda quer se meter em minha vida pessoal!
Renata cansou de papo; apanha a sacola, que largara após ser puxada por Leonor, e sai andando com passos largos. Leonor se revolta e vai atrás da morena, gritando.

Leonor- Volta aqui, safada! Volta aqui, eu tô falando com você!
Renata passa pelos cômodos ricamente decorados da mansão e chega ao hall, onde Angelo e Donato estão entrando. Ela quase tromba com o milhonário, que se espanta ao ver Leonor vir atrás da morena.

Donato- Que droga é esta? Que vocês duas estão gritando tanto por aqui?
Leonor (triunfante)- Confessa, Donato! Essa desclassificada é sua amante, não é? Você quer me humilhar ainda mais?

Donato- Pra que eu vou querer te humilhar mais? Eu já te deixei pobre! Eu não ganharia nada com isso! Eu estou morrendo, minha querida, e quando eu morrer você vai ver o quê realmente é miséria.
Leonor parece querer se atirar contra Donato. Renata parece não entender nada.

Donato- Renata, você fica... por favor. Angelo, leva a sua mãe lá pra cima.
Leonor parece que terá um ataque. Angelo apanha a mãe e sobe as escada ligeiro. Donato apanha a mão de Renata e a leva para o coreto no jardim.

Donato- Se senta, Renata... por favor... acho que eu preciso te dar algumas explicações.
(fim do capítulo 12)

Homem ao Chão

Capítulo 12 - Sorte





Sentada dentro do carro de Donato, Renata fez uma cara incrédula.
Renata- Isso não é pegadinha, moço? Dá um tempo, tá...

Donato (alto)- Não!... Por favor...

Ele impulsivamente apanha a mão de Renata, que tentara sair do carro. Ela se espanta.

Donato- Aceita minha proposta de emprego. Eu ouvi tua história, ouvi tudo que você passou... e eu nunca me senti assim antes.

Renata- Assim como?

Donato- Solidário.

Ela olha com olhos espantados para o milhonário.

Donato- Renata, não é? (ela assente, ele continua) - Aceita minha proposta, por favor.

Renata (sincera)- Bem... não posso negar que sua proposta me interessou. Mas... eu não tenho jeito para organizar a casa, isso de ser governanta. Não... me bote como faxineira mesmo.

Donato (desapontado)- Faxineira? Hum... - ele sorri - se você insiste...

Renata finalmente sorri. Naquele rosto derrubado um sorriso rejuveneceu-a vários anos, e sua antiga beleza foi então vista por Donato, que sorriu, igualmente.

Donato- Então, vamos.
(intervalo)

Rica mansão... sol de rachar. Uma bonita mulher, loira, alta, com um grande chapéu e óculos redondos escuros se abana à beira da piscina. Apanha um enorme leque vermelho e começa a se abanar. Observa o portão, ao longe, ser aberto, e um carro prateado vem se aproximando lentamente.

Leonor faz uma leve cara de desagrado ao vislumbrar o ex-marido, Donato, quando esse sai do carro. Ele manca pesadamente até a outra porta traseira do veículo e faz Leonor se sobressaltar quando Renata sai do carro, espantada com o luxo da casa.

Leonor (para si)- Quem é essa... zinha?

A perua fica em pé, e anda lentamente até o fim da piscina, onde fica a entrada social da casa. Donato alcança a ex-esposa, com um visível desagrado no rosto.

Donato- Ah... ainda está aqui?

Leonor (sarcástica)- Até você sumir, querido.

Donato- Ah... é, tinha me esquecido.

Os dois olham para os opostos, com repugnância. Donato chama Renata com um gesto.

Donato- Como você infelizmente ainda é a dona da casa (Leonor se enfurece), eu devo lhe apresentar os novos empregados...

Leonor (estranhando)- Empregada... como...?

Donato- Essa é a Renata, será uma nova faxineira... e eu quero que você mostre a casa para ela, ok?

Renata, por educação, estende a mão à Leonor, com um sorriso amistoso no rosto. A madame, porém, hesita uns instantes.

(intervalo) 

Música

E aí, gente, beleza?


Queria postar uma música que só a pouco eu "descobri" e não consigo parar de ouvir. Muito boa, letra incisiva, e os vocais da rainha Madonna muito bons. Vamos ouvir a venenosa "Devil Woudn't Recognize You".
Cantem juntos!





Até mais! Mas percebam... ser venenoso nem é o melhor caminho, apesar de ser útil às vezes.

(Em Breve) Velha Guarda - Sinopse

E aí, everybody? Beleza?


Aqui a sinopse de "Velha Guarda". A minissérie será curtinha, 10 capítulos. Serão quatro personagens principais, e cada um deles terá dois capítulos de destaque.
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Quatro velhos amigos... alguns nem tão amigos. Todos já sofreram, já foram alegres, e hoje lhes resta um dominó num coreto de uma praça.
Damião é o mais velho e mais lúcido de todos. Casou-se com dona Eulália, uma mulher que morreu após dar à luz ao seu único filho, Tiago. Porém o rapaz morreu num acidente de carro, algo que ele sempre lhe deixa triste. Damião, porém, sempre foi apaixonado por Lurdinha, uma idosa muito romântica e viva, viúva recentemente e que ainda ama o marido. Lurdinha e Damião tiveram um pequeno namoro quando jovens, e nunca esqueceram de tal fato.

Há também Júlia, chamada de Julinha, e o irmão, Jonas. Julinha vive com a filha, a super ocupada Raquel, o marido dela, Tadeu, e o neto, Tiago. Jonas mora com o "primo-irmão", Teobaldo. Ambos foram filhos de ricos, mas a inconsequência de Jonas os levou a perder tudo e morar de favor. Ambos estão brigados à tempos.
De outro lado, existe também vários problemas, que esses quatro amigos discutem entre suas várias partidinhas de dominó. Um deles é a família de Lurdinha; sua filha negligente, Graziela, e a neta Tamyres, que vão morar com ela quando Graziela se separa do marido. Porém, a "vovó" sofre com a distância da filha e os maus tratos da neta, que a detesta "por ser velha".

Também temos a situação de Júlia, que, apesar de ser a mais nova dos idosos, suspeita de estar com o mal de Alzheimer, criando situações embaraçosas que levam a família dela à intolerância. E há também o grande segredo de Jonas, que até de sua irmã ele esconde, e que faz permanecer no ar as perguntas: como um homem cheio de vigor, um tanto "safado" e destemido parece, de repente, ficar tão quieto?
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