Pra você que não tem preguiça de ler =)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

(continuação, cap 14)





Renata (estranhando)- Como assim, Donato?
Donato (cético)- Acho que fui bastante claro.

Renata- Sim, eu entendi a pergunta. Mas, o quê eu tenho a ver com "o quê você nunca teve coragem de fazer"?
Donato- Dependendo de sua resposta, eu lhe digo.

Renata parece pensar muito naquilo tudo. Donato aguarda, pacientemente. Depois de muito tempo, Renata suspira e começa a falar.
Renata- Eu acho que nem coseguiria lhe falar, Donato. A vida me tirou tudo. Tirou minha dignidade, minha honra, minha família, meu amor... e principalmente a minha filha. Eu tinha planos... se tinha. Queria estudar medicina... queria salvar aquele posto médico de Praia Verde... queria, queria casar com o Tarcísio...

Donato- Seu antigo namorado?
Renata- Sim... nem sei o quê aconteceu com ele. Na última vez que o vi, eu estava dentro de um camburão saindo da cidade... a cara dele me disse tudo. Ele deve me desprezar.

Donato- Mas ele amava você?
Renata- Ele disse que sim, algumas vezes. Mas... depois de tudo isso, nem sei mais se ele lembra de mim...

Donato (cortando-a)- Você quer se casar comigo?
Renata (espantada; levantando-se)- COMO É?

(intervalo)
Donato- Tive que perguntar logo, antes que eu desistisse disso.

Renata (rindo)- O senhor só pode estar delirando!
Donato- Não me chama de senhor, eu me sinto um velho...

Renata- Como assim, você quer que eu me case com você? É algum tipo de assédio, Donato?

"Como assim, assédio?"

Leonor entra, segurando seu inseparável leque vermelho e fazendo uma cara ameaçadora.

Leonor- Explica isso pra mim, Donato. Você quer casar com a faxineira?

Donato (erguendo-se, com uma careta)- Saia! Agora! Essa é uma conversa entre nós dois!

Leonor- Nãããão, meu amor! Acontece que eu fiquei mais de vinte anos casada com você! E é isso que você vai fazer? Se divorciou de mim pra casar com a faxineira!? Você é um completo canalha! - e ela bate em Donato com o leque. Ele recua e quase cai.

Renata intercede e fica entre Leonor e Donato, segurando o pulso da loira.

Leonor- Como se atreve?

Renata (ousada)- Saia você! Saia! Eu estou conversando com o meu futuro marido!

Donato fica pasmo! Leonor, ainda mais. E Renata, espantada com a própria resposta, empurra Leonor para fora da cozinha.

(intervalo)

Em Praia Verde, um carro preto e grande, com três crianças barulhentas, para em frente à uma casa velha, próxima à praça central. Dele saltam uma mulher e um homem, os dois desajeitados. A mulher abre a porta de trás e os três filhos correm feito loucos.

Natália- Parem, parem! Ah, esse meus filhos loucos! Parem aí!

Juvêncio- Vai pegá-los, mulher! Tenho que ir abrindo a casa, o caminhão da mudança já tá chegando.

Ela faz cara feia e, tirando os tamancos, corre atrás dos filhos. Isaque, João e Diná pararam em frente à um mercadinho e pularam em cima da geladeira de picolés, e cada um tirou o seu favorito.

Natália (já tirando a carteira da bolsa)- Ai, meu Deus... oi, moço... quando custa os três juntos... moço?

Ele se vira e Natália se espanta. A morena dá um gritinho e abraça Tarcísio, que não esconde a surpresa. Pouco depois, os dois se soltam. Um senhor gordo, com cabelos e barbas espessos e quase grisalhos se aproxima e olha feio para Tarcísio.

Nicanor- E agora fica de papo com mulherzinha? Volta pro caixa!

Ele se afasta e intimida as crianças. Natália olha espantada pro velho amigo.

Natália- É, já vi que você deve ter muita novidade pra contar.


(fim do capítulo 14)

Homem ao Chão

Capítulo 14 - Enfrentando as Feras





Olívia não baixaa bola, e se mantém frente a frente com a filha.
Olívia (calmamente)- O "isso" que você está falando é a sua irmã Renata, Laís.

Laís (rapidamente)- Não me lembre dessa vagabunda!

Telma (reagindo)- Não xingue ela assim, mamãe! Ela pode estar abnegada!
Laís- Não discuta! Você não conheceu a infeliz da sua tia e é melhor que não a conheça. Não quero que ela te mate também. Agora, saia daqui. Quero conversar com a sua avózinha.

Telma parece relutante. Olha para Olívia, que num olhar a convence a ir embora. Após verificar que Telma está bem longe, Laís se vira, furiosa, para Olívia, que continua à peitá-la.

Laís- Nunca mais... ouse... em citar a vagabunda da minha irmã.

Olívia (mais alto; apontando o dedo para Laís)- Nunca mais chame a minha filha de vagabunda. Nunca!

Laís (rindo)- Ora, ora, ora! Parece que mamãe quer se revoltar depois de velha, não é?

Olívia- Não sou aquela anta que vocês enrolaram, Laís.

A filha, porém, aproxima seu rosto do de Olívia, que recua um pouco.

Laís- Não perca sua pose, queridinha. Mantenha-se assim. Agora não ouse falar mais nada sobre a sua adorada filha, ou você vai se ver comigo. E, eu juro... eu acabo com a sua raça, mamãe. Não acaba com a minha vida!

Após soltar um grunhido de raiva, Laís se afasta, majestosa, enquanto Olívia fica respirando fundo.
(intervalo)

Longe dali, na mansão de Donato...

Renata está limpando a cozinha. Pouco depois, Donato aparece no aposento e vai beber água, silencioso. Ao pousar o copo na pia, faz barulho e assusta Renata, que derruba um pote cheio de açafrão, espatifando-o.
Donato (rápido)- Desculpe!

Renata (abaixando-se)- Não, seu donato... eu que ando me assustando com tudo. Vou limpar isso...

Donato- Eu te ajudo...

Ele se agaixa junto à ela, mas as dores do seu quadril apertam e ele geme, quase caindo.

Renata- Seu Donato, espere!

Donato cai, mas Renata o levanta e o põe numa cadeira. Ele fecha os olhos, com uma expressão de agonia. Renata, com pena dele, se senta ao lado e segura sua mão.

Renata- O senhor está bem?

Donato- Não me chame de senhor... você é, acredite ou não, uma das poucas pessoas que confio. Meu nome é Donato, e quero que chame assim.

Renata- Claro... tá bom... Donato. O senhor está bem? Quer algum remédio?

Donato (após muito pensar)- Não... remédio não... (ele abre os olhos) Eu estive pensando numa loucura... algo que nunca teria coragem de fazer... e quero que me responda uma coisa, Renata.

Renata (dando de ombros)- Pode falar.

Donato (incisivo)- Qual o seu atual sonho? Seu desejo? Sua motivação de vida, Renata?

(intervalo)


domingo, 25 de dezembro de 2011

Feliz Natal, né?




Para todos que já leram, pensaram em ler (o mais comum) e que comentaram (ou pensaram em comentar) meu blog. Até mais!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Histórias da Mansão

Capítulo 3 - O Jantar











No Hospital Meija, Patrícia agora chegava, chorosa, à cama da filha. Sarah está muito triste e abatida. Alguns arranhões no rosto, mas bem, apesar do triste destino.

- Ô, minha filha... como você foi parar na frente de um carro?
- Eu não vi... eu queria muito voltar pra casa, mãe!
- Mas precisava correr tanto, menina? - diz Osvaldo. Patrícia o cala com o olhar.
- É porque... eu tava muito feliz.
- E porque? - pergunta Osvaldo, sem paciência.
- Porque eu passei em todas, e queria comemorar. - responde Sarah, chorosa. - E agora, eu estou prostrada, pra sempre.

Patrícia se debruça e abraça a filha.
- Ô, minha filha, não pense assim. Vai ficar tudo bem...
- Tudo bem? Sair correndo por uma coisa tão besta? - ironiza Osvaldo.
- Cale a boca e venha dar apoio para sua filha, Osvaldo. - Patrícia é fria. Osvaldo finge não ter escutado e sai do quarto.

Longe dali, na mansão dos Oliveira...
Luana passa pela sala e o hall, abanando-se com calor.

- Ah, quero pegar aquele jardineiro... vamos... o quê é isso?!
Ela se depara com Bianca, que jaz gélida no pé da escada. Luana olha para o topo e ainda vislumbra Danilo, que parece desesperado. O garoto corre e ela grita:

- SOCORROOOOOO! Ajudem aqui!
- Que gritaria é essa, mulher?

Paulo chega pelo corredor, e também se espanta com a garota morta. Luana corre e abraça o marido.
- Ah, meu Deus... quem pode ter feito isso? - pergunta Paulo.
- Danilo. - responde Luana em voz baixa, após hesitar. - Eu o vi no topo da escada, e ele correu.
Raíssa chega, com a prima, Isabela, e ficam chocadas.

- Minha irmã! Ela tá morta? - desespera-se Raíssa, caindo ao lado do corpo de Bianca.
Todos da mansão, moradores ou funcionários, chegam para olhá-la. Enquanto Paulo vai ligar para Patrícia e Ana Paula, Vítor os observa, de uma varanda. Pelo vidro, consegue ver todas as pessoas e mistura ódio e desespero em seu rosto.

- Droga, não era pra ser essa intrometida! E você ainda disse, Danilo... - ele acrescenta, quando volta para o quarto e vê o primo, desolado. - Que a minha mamãe vadia viu você no alto da escada. Agora... ela é a próxima!

Danilo se choca, completamente.


- Ela... é sua mãe, Vítor! - diz ele, com lágrimas nos olhos! E sem falar que essa intrometida que você matou era a minha IRMÃ! - Danilo tenta avançar em Vítor, e os dois se atracam. Caem no chão, mas Vítor, por cima, vira um tapa forte em Danilo e o outro silencia.
- Sua irmã, não é? - diz Vítor, irônico - Sua irmã, que você morria de inveja, pela falta de atenção que você teve! Pela inteligência rara dela! Não é? Eu tô mais é te fazendo um favor ao matá-la, seu fracote!

Danilo nada fala, apenas chora.

No hall, agora, junta-se à vigília Ana Paula. Desesperada, aos prantos, caída ao lado da filha e com um rosário nas mãos, a freira chora e nada se fala por um momento. Após certo tempo, a polícia chega, mas nada pode ser feito. Vítor e Danilo se juntaram aos parentes, Vítor com uma cara de choro pouco convincente.

Por haver uma bala, os policiais levam o corpo de Bianca para o IML, e Ana Paula e André vão juntos. Vítor puxa Danilo escada acima, mas Luana segura a mão do sobrinho antes que eles subam.

- Agora você vai me dizer... - diz ela friamente - O quê diabos estava fazendo no topo da escada.


- - - - -


Na cobertura de Bernardo, ouve-se a campainha tocar.

- Amor, as meninas me chamaram, vou vê-las. Se importa de abrir a porta? - pergunta Jéssica, apressada.
- Claro que não... ela chegou na hora, mesmo. - comenta Bernardo. - Já vai...

Ele abre a porta e encontra Juliana, sorrindo. Veste um vestido azul-marinho que valoriza suas curvas. Bernardo não se contém e dá uma "conferida" na médica. Os dois sorriem.

- Oi. Você chegou cedo, eu ainda estou acabando o molho...
- Ora, você cozinha? Que interessante. - comenta Juliana, com um sorriso. - Então... posso entrar?
- Claro... claro, entre, a minha esposa já está vindo...
- Já cheguei, amor! - diz Jéssica, entrando, com um sorriso. Os dois dão um rápido beijo e Juliana dá um sorriso afetado.
- Ok, mostra a casa pra Juliana, eu já trago o jantar. - diz Bernardo, solícito. Ele se afasta e as mulheres caminham juntas.
 - Então, como é ter um marido que cozinha? - pergunta Juliana.
- É ótimo... eu não duvido, ele cozinha melhor do que eu...
- Hum... e a casa de você é... linda! - diz Juliana, olhando ao redor.

Jéssica indica a varanda e as duas vão.

- E você, não é casada?
- Não, ainda não tive essa sorte... - responde Juliana com um sorrisinho tímido. - Mas... é um grande sonho, e eu ainda realizo...
- Ah, é ótimo, casar na igreja, com tudo que tem direito. - diz Jéssica, sorrindo. - Boa sorte pra você.
- Opa, cheguei! - diz Bernardo, abraçando a esposa. - Vamos? Tá pronto.
- Vamos, claro. Vem, Juliana.

Pouco depois, jantar consumido, luz baixa e vinhos abertos. Os três dão algumas risadas e depois de um tempo, Jéssica se levanta.

- Bem, amor, você fez a comida, eu lavo a louça... fiquem aí conversando, eu volto já. - diz Jéssica, retirando os pratos. Juliana se levanta, igualmente, segurando a taça na mão.


- Nada como uma boa taça de vinho tinto. - ela sorri.
- Faz bem, pra saúde, não é?
- Claro... uma boa taça... todo santo dia. - ela dá uma piscadela para Bernardo. - Se incomoda se formos pra varanda, gostaria de tomar um arzinho...
- Que é isso, vamos...


Pouco depois, os dois conversam animados. Juliana, rindo um pouco, aponta a constelação do Cruzeiro do Sul e seu ombro encosta no de Bernardo. Ela se espanta.


- Opa! - e, no impulso, sua taça derrama vinho na camisa de Bernardo. Eles sorriem.
- Tá tudo bem... - diz ele.
- O quê foi que houve? - pergunta uma voz atrás deles. Jéssica se aproxima, com outra taça de vinho.


- Nada, só...
- Eu acho melhor eu ir embora, não é? - diz Juliana, com um sorriso enviesado. Ela beija as faces de Jéssica, que murmurra um "tchá", e vai embora. Bernardo a acompanha e fecha a porta, pensando na médica.




- - - - -


Passam algumas semanas...




Wagner corria para a sala do gerente do Hamptons, o novo hotel da cidade. Ao chagar lá, levou o maior esporro do patrão.

- As Van der Zyl são hóspedes Vip! Vip, sabe o quê é? Pode soletrar pra mim?
- V-I-P, senhor... - diz Wagner, humilhado.
- Ótimo, pelo menos ensino infantil você tem. Nunca vi... ascensorista se metendo na conversa de duas hóspedes Vip, ainda mais sendo o pai delas o maior acionista do nosso hotel!
- Eu sinto muito, senhor... eu não sabia. - diz ele.
- Agora é tarde pra lamentações! Saia, saia daqui! Você está despedido!


Sem perder tempo e olhar na cara do gerente, Wagner sai, correndo. Passa rapidamente no departamento pessoal e pega suas coisas. Ao sair, pisa em falso nos degraus de mármore do hotel e cai, trombando com uma lata de lixo. Algumas pessoas na entrada, inclusive os seguranças do Hamptons, riem da cena, e Wagner, humilhado, sai catando sua roupa, que pulara fora de sua sacolinha.


Após conseguir pegar todas, sai andando rápido pela rua do hotel, procurando chegar logo à esquina. Ao chegar lá, mira um banco de pedra e se senta nele, chorando. Desespera-se.


- Caraca... será que eu não consigo parar em um só emprego... por que será? Meu Deus... porque será? Eu não sou nenhum burro... eu estudei... eu tenho meus sonhos... - ele para, enxuga os olhos e tenta respirar fundo. - Porque, meu Deus,  porque será que eu não consigo dar certo?


Então ele escuta alguém falar, atrás dele.


- Vai ver você ainda não encontrou o caminho certo, meu filho.


Wagner se vira, assustado. Dá de cara com uma freia, branca, quase loira, cabelos cacheados. Ana Paula.


- Me desculpe, eu não quis assustar você...
- Assustou, viu, moça!
- Eu não pude deixar de notar... estava passando de carro, na frente do novo Hamptons... e não pude deixar de olhar aquela cena, filho. Foi uma humilhação terrível. Você perdeu o emprego não foi? - pergunta Ana Paula, solícita.
- Foi, sim...
- Bem... posso oferecer um emprego pra você? É simples, mas...
- Ah, moça, por favor, é pegadinha, por acaso? - começa Wagner, se levantando. Ele sai pra longe de Ana Paula, que fica imóvel. Porém, ao atravessar a rua sem olhá-la, Wagner acaba sendo atropelado por um carro.


- Puta merda! Cuidado, garoto! - grita Ana Paula, correndo para socorrê-lo.




- - - - -




Leonora acabara de chegar do hospital. Logo foi abordada por André, que chegara do cooper. Ele parou e os dois sorriram.


- Oi, tio André! Você não para, não é?
- Não, minha linda... - ele dá um sorriso. - Tenho que estar no páreo com esses playboys de hoje em dia, não é?
- Ai, ai, você não toma jeito mesmo, tio André... - sorri Leonora.
- Para de me chamar de tio, nem seu tio eu sou, garota.
- Eu sei... mas é a força do hábito. - ela se justifica.


Os dois sorriem, e se entreolham por um tempo.


- À propósito... - continua ele. - Eu queria te pedir outro favor.
- Claro, pode pedir o quê quiser. - diz ela.
- Eu... queria que você me fizesse outra dieta... sabe, depois daquela temporada que eu passei na Argentina eu voltei com um lombo grande...
- Ah, meu Deus! - Leonora se acaba nas risadas, e André também ri. De tanto rir os dois acabam se abraçando, e só depois notam que se abraçaram. Sorriem, e Leonora tenta desviar o olhar.


- Bem, eu... eu vou indo. - começa Leonora, se desvencilhando.
- Espera! Não esquece da minha dieta, dona nutricionista!
- Hahaha, ótimo, senhor Oliveira, em alguns dias eu lhe entrego sua dieta. - brinca Leonora, com um sorriso enorme no rosto. A garota lhe dá um rápido beijo na face e sai, quase correndo, em direção à mansão. André, com um largo sorriso, faz que vai recomeçar a correr.


- Espera! - grita alguém da estufa. Ele se vira. É Patrícia.
- Oi, irmãzinha... que foi que houve?
- Não houve ainda... - diz ela, com um sorriso irônico. - Mas eu prefiro que não exista nada.
- Como assim, Patrícia? - pergunta ele, cínico.
- Não dê uma de otário. Eu vejo os olhares de vocês dois. Você é um tio e tem idade de ser pai dela, André. Eu criei Leonora como uma filha pra mim e, conhecendo suas sem vergonhices, eu quero que você se mantenha bem longe dela, está me ouvindo? Ah... e aposto que Ana Paula também não gostaria nada.
- Ela não teria que gostar de nada, Patrícia. - reage André, calmo.
- Enfim, o aviso está dado. - diz Patrícia, ameaçadora. - Não quero ver vocês dois juntos.


E, fazendo uma cara feia, se afasta.


- - - - -




- Pronto, já está tudo bem! - diz Ana Paula, sorrindo. O emergencista sorri e se afasta. - Obrigada! - ela grita para ele.
- Obrigado pela ajuda... irmã. - agradece Wagner, tímido.
- Que é isso, meu filho, é o dever de todos nós. - ela sorri, gentil. - Agora, aprendeu que não deve achar que tudo é pegadinha, não foi?


Wagner dá um sorriso amarelo.


- Está doendo muito ainda? - pergunta ela.
- Não, senhora. - respondeu Wagner. - Estou melhor. Obrigado pela ajuda, obrigado mesmo. Ah... posso ir? - pergunta ele ao emergencista, que retornara.
- Claro, claro, rapaz... preciso que sua mãe assine esses papéis aqui...
- Minha mãe? - ele estranha.
- Sim, essa senhora. - Ele aponta para Ana Paula, que, distraída com um garotinho machucado, nao ouvira o começo da conversa.
- Que tem eu? - pergunta ela.
- Não é a mãe do rapaz? - espanta-se o emergencista.
- Não, senhor, sou uma freia, pode ver? - diz Ana Paula, sorrindo com alguma ironia.


O emergencista parece confuso, e Wagner parece querer rir.


- Ah... me desculpe. É que vocês dois se parecem muito!


Ana Paula reparou. Embora mais moreno, Wagner tinha os mesmos cabelos cacheados, os olhos parecidos, algumas feições. Mas o rapaz pulou da maca e Ana Paula voltou à realidade.


- Então, obrigado, senhora. Vou indo...
- Espere. Não posso deixá-lo assim. - diz ela, intrigada.


Wagner para e inclina a cabeça pra ela, confuso.


- O quê foi, senhora? - pergunta ele.
- Acho que vou lhe dar casa... e trabalho!




- - - - -


 



Música

 E aí de novo, galera?
Hoje, seguindo recomendações do meu amigo André irei postar uma grande balada da Rainha do Pop, Madonna, chamada "The Power of Good-Bye".




Aproveitem! Até mais tarde!

Mudança de Planos

E aí, gente, beleza?


Seguinte... eu tinha planejado escrever "Velha Guarda", não foi? Bem... acontece que minha inspiração para a minissérie... murchou.
Vou continuar com as outras duas novelas, Homem ao Chão e Histórias da Mansão. Tentarei escrever mais curtas (estão fluindo muitos em virtudes de algumas... situações diárias =D), e vou tentar manter o blog durante essas férias.



Até mais!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Histórias da Mansão

Capítulo 2 - No Hospital









A festa rolava, animada. Os amigos de Bianca fizeram "ela é uma boa companheira!" e a jogaram na piscina. Pouco depois, um dos seguranças chamou Ana Paula.

- É seu Daniel, está no portão e quer entrar.
- Ele aqui? - Ana Paula estranha. - O quê ele quer?
- Ele não disse, senhora...
- Hunf!... - fez ela. - Tá, eu vou lá agora...

Pouco depois, Ana Paula se vê diante do ex-marido. Daniel tenta sorrir para a ex-mulher.
- Oi.
- Oi, Daniel. O quê quer?
- Vim... ver a Bianca... e dar esse presente pra ele. - ele indica o embrulho na mão. - Ela está aí?
- Foi se secar, jogaram ela na piscina. - ela falou, sem olhá-lo.
- É... parecem animados! - ele sorri, tentando puxar conversa. Ana Paula fica se balançando na planta dos pés, e vai entrando.
- Eu... posso entrar?
Ana Paula parece pensar duas vezes. Mas assente e sai, sem olhar. Daniel entra sem graça, e vai andando devagar pelo jardim.

"Daniel?"
Ele se vira. Ronaldo está andando até o ex-cunhado, com uma feição séria.

- Oi...
- Podemos conversar?
- Ahn... melhor não. Quero ver apenas a minha filha.
- Você vai continuar a ser ríspido assim, Daniel?
- Não, Ronaldo. Acho que já conversei com essa família tudo o quê eu tinha para conversar.
Ronaldo se ofende, mas fica calado, encarando Daniel.

- E... meu filho, onde está?
- Deve estar com Vítor... os dois são muito amigos, você sabe.
- É... e Vítor é uma ótima influência, não? - diz Daniel, irônico.
- Não é meu filho, não posso fazer nada. - diz Ronaldo.

Os dois se encaram. Parecem dispostos a conversar mais. Daniel se afasta,
- Vou atrás do meu filho. Licença.


- - - - -
Dentro da enorme casa, Danilo estava entediado, ouvindo música com seus fones de ouvido. Estava esperando Vítor tomar banho, pois esse disse que tinha uma surpresa que precisava mostrar. Um tempo depois, cansou-se da espera e se levantou, batendo na porta.

- Que merda! Para de demora!
- Já vai, leso! Baixa o facho.
- Você fez muito alarde, agora me fala o quê é.
- Já tô saindo, quer que eu saia nu?

Danilo, dando uma risadinha, repõe os fones e anda até uma poltrona. Depois, Vítor sai, de shorts, ainda se enxugando.
- Pronto! Pode falar agora.
- Calma, margarida... - ele dá uma risadinha. - Não é bem falar... tá mais pra mostrar. Antes eu queria conversar um pouco pra você não se assustar.
- Assustar? - ele pensa o pior. - Você não voltou com aqueles planos mirabolantes?
- Não é plano mirabolante, imbecil. - diz Vítor com desdém. - É a minha vingança! Respeite!
- Vingança, Vítor? - Danilo balança a cabeça. - Não sei... você vai acabar mal!
- Tá rogando praga, é? - Vítor dá risadinhas.
- Não! Não é isso, é que... - ele para de falar quando escutam batidinhas na porta. Então sem cerimônia Daniel entra, ignorando Vítor totalmente.

- Filho, tá tudo bem? - pergunta Daniel, estranhando a expressão dele.
- Tá! Claro.
- Boa tarde, titio. - solta Vítor, irônico, com um sorriso afetado.

Daniel apenas lança um sorriso igual.

- Eu... vim buscar você, vamos, quero achar a sua irmã e nós vamos sair.
- Sair? A gente? - Danilo estranha.
- Sim, filho... - Daniel se desaponta. - Você... você mesmo marcou a hora.
- Ahn... é, eu marquei.
- Então, vamos? Ou vai preferir ficar aqui com essa ralé...
- É comigo que tá falando, titio? - Vítor se mete, apontando para si mesmo.

Daniel se vira sem paciência para o sobrinho.

- Bom, se a carapuça serve...
- Escuta aqui, ô idiota...
- Não xinga o meu pai, Vítor. - Duílio se mete.
- Eu xingo quem me chama de ralé!
- Que gritaria é essa? - diz uma voz da porta do quarto.

Bianca acabara de chegar. Estava de robe e com uma escova nas mãos. Daniel se irrita e sem mais palavras, solta o presente no colo de Bianca e sai.

- Pai... pai!
- Pronto, ele já foi... - diz Vítor, impaciente. - Agora você pode ir saindo também.

Ele vai empurrando a prima para fora do quarto, e bate a porta com força depois. Bianca fica do lado de fora, abrindo o presente. É um perfume. Ela borrifa um pouco e cheira. "Obrigado, papai.", ela murmurrou para si mesma, quando a conversa de dentro do quarto.

- Mas... você tem certeza do que tá pensando, Vítor? Você vai usar isso mesmo?
- Claro que sim! E eu já sei até quem será a primeira vítima!
- Não! Não pense nessas merdas!
- Ah, cala boca, até parece que se Bernardo morrer vai fazer alguma falta...

Bianca se choca ao ouvir isso! Deixa a caixa do presente cair no chão e sai correndo espantada, para o quarto.


- - - - -


Um telefone começa a tocar. Vinda da cozinha, Patrícia, carregando uma bonbonière cheia de chocolates, se adiantou ao telefone.

- Ai ai, não tem ninguém para atender isso... alô?
- Alô... aqui é do hospital Meija... aí é da Mansão Oliveira?
- Hospital Meija... sim, aqui é da mansão Oliveira...
- Aqui é o Dr. Meija, estou ligando para falar da menina Sarah...
- AI MEU DEUS! - Patrícia, histérica, derruba a bombonière que se destroça em vários cacos de vidro. Bianca, descendo do quarto, se adianta para ajudá-la.
- Que foi, tia?
- Que foi, doutor Meija? - grita Patrícia no telefone. -  O quê aconteceu com a minha filha?
- A sua filha sofreu um acidente, ela foi atropelada quando saia da escola e a trouxeram pra cá.
- Ai, mamãe... - Patrícia revira os olhos e desmaia. Bianca tenta segurar a tia e o telefone ao mesmo tempo, e cai junto dela.
- Ai... mãe... MAMÃE! Vem cá!
Ana Paula, passando pela porta, corre até lá. Aflita, puxa um rosário de dentro do hábito e puxa o telefone da mão de Bianca.

- Alô, quem é?
- Ah... é a sua voz, dona Ana Paula... - Dr. Meija a reconhece. - A Sarah, sua sobrinha, acho... foi atropelada e sofreu umas escoriações no quadril e nas pernas, felizmente não quebrou nada, mas precisou de uma bolsa de sangue. Ela não para de chamar pela mãe, será que...
- Claro! Claro!... até mais! - Ana Paula se desespera, mas mantém a calma. - Bianca, tente acordar a sua tia. Vou atrás do Osvaldo... a Sarinha sofreu um acidente, mas acho que não foi coisa grave.
- Tá, mãe... coitada da Sarah... - Bianca fica penalizada. - Vai lá atrás do tio, eu vou pegar uma água com açúcar...


Longe dali, na cobertura de Bernardo...


- Adorei a festa da sua prima, querido, os amigos dela são muito animados. - Diz Jéssica, sentando-se na varanda.
- É, é uma galera ótima! - Bernardo sorri. - Quando a gente saia junto eu me divertia muito com eles. Oi, filha! - ele acrescente, ao ver que Carol, a filha mais velha, chegou à varanda.
- Oi, papi! Tudo bom-bom? - diz ela. - Eu quero ir pa piscina, leva eu, vai!
- Ah, tá... levo, levo... vá botar seu biquíni, certo...

Ele se levanta e Jéssica levanta junto.

- Vamos comigo?
- Não... estou cansada, fiquei ajudando desde ontem a arrumar a festa... vou tomar um banho e deitar... vai lá, você que é o nadador da turma.

Ela sorri, e beija o marido. Pouco depois, chega Carol pronta para dar um mergulho.

- Vamos, filha... - diz Bernardo, pondo a garota sobre os ombros.

Pouco depois, chegam à grande piscina do prédio. Bernardo pôs Carol no deck.

- Ó, só aqui perto, na piscina rasa... papai vai tirar a roupa, espera.

Bernardo distrai-se tirando a roupa e, já de sunga, olha em volta. Carol correu até o outro extremo da piscina.

- Filha... filha, espera! Carol, para aí!

A menina se vira, mas escorrega no mármore molhado e cai na piscina funda. Bernardo corre até lá, mas uma mulher que está mais perto pula na água primeiro. Em poucos segundos, tira Carol da água, assustada e chorando.

- Ob-Obrigado, moça! - diz Bernardo, sem fôlego. Ele pega Carol nos braços e a envolve. A menina chora, silenciosa. A estranha agora sorri.
- De nada... é Juliana... meu nome. - Ela sorri, cativante. - Mais atenção, não é?
- Eu estava... tirando a roupa. - ele se justifica. - Tá vendo, um segundo só.
- É... eu não sei como te agredecer.
- Não precisa. - sorri Juliana com meiguice.
- Eu insisto, mesmo... sim, sou Bernardo, Bernardo Oliveira...
- O arquiteto? - ela pergunta, ligeiramente astuta.
- Sim, sou eu... - ele sorri.
- Bem, devo admitir que fez um ótimo trabalho aqui... no nosso prédio. - ela sorri. - Muito bom!
- Ah... obrigado. Já sei... venha para jantar conosco hoje... Juliana.
- Jantar, assim?
- Claro, pela minha filha... você a salvou. Por favor, não ouse recusar.
- Está bem... eu aceito. - ela sorri, simpática.
- Certo, então esteja lá as oito... vamos subir, sim? - ele diz a Carol, que nada diz. - Até mais tarde!
- Até logo... querido. - diz ela baixinho.


- - - - -


Já no hospital Meija, Ana Paula e André estão esperando Patrícia e Osvaldo na sala de espera. De repente Patrícia entra fazendo estardalhaço, e o marido atrás, com uma expressão rabugenta.

- CADÊ A MINHA FILHA, ANA PAULA!?
- Cala essa boca, mulher... - diz Osvaldo, irritado.
- Acalme-se, irmã! - diz Ana Paula, com seu rosário na mão. - Ela está no centro cirúrgico, o Dr. Meija disse que ela sai em meia hora. Agora senta aí relaxa!
- Ai, meu Deus, eu tô nervosa demais pra isso!

Ela mete a mão na bolsa e tirou um enorme saco de jujubas. Osvaldo se revolta.

- Ah, meu saco! Lá vai você de novo comer doces! Você não pode ficar comendo essas besteiras quando você tem que se preocupar com a desmiolada da sua filha?
- É assim, Osvaldo? - revolta-se Patrícia. - Desmiolada! Não fala assim dela! É sua filha, infeliz!
- Sim, sou infeliz! Porque eu tô casada com um trambolho como você, seu grosso!
- Calem a boca, vocês dois! - grita Ana Paula, atraindo olhares de todos. - Vocês deveriam parar de brigar e rezar comigo pela filha de vocês!

Os dois se calam, assustados. Patrícia se levanta e vai até Ana Paula. Mas, um tempo depois...

- Já fazem trinta e sete minutos que ele disse que viria! Já passou mais de meia hora, Ana Paula, cadê o Dr. Meija!?
- Pela última vez, CALE A BOCA!
- Calem vocês dois! - Ana Paula se ergue novamente. Mas nesse instante o Doutor Meija entra na sala de esperas, parecendo um tanto aflito com tanta gritaria.

Patrícia se levanta quase atropelando a irmã, indo em direção ao doutor, que se assusta.

- Calma, senhora, eu vou falar...
- NÃO ME MARTIRIZE, DOUTOR! A minha filha, como está?
- Eu preciso que você se acalme antes disso, dona... Patrícia, não é?
- Sim, sim... a minha filha, me diga sobre a minha filha!
- Patrícia, vá tomar um calmante agora! - Osvaldo se adianta, segurando a esposa.
- É isso... - diz André. - Nós vamos ver a Sarinha, você deve ficar melhor.
- Tá, tá, tá, tá! Eu vou tomar um calmante...

Patrícia sai com Osvaldo, enquanto André e Ana Paula se viram para o Dr. Meija.

- Então, Meija. Pode ir falando, eu sou dura na queda. A minha sobrinha está muito ferida? - perguntou Ana Paula, incisiva.
- Não, senhora, o preocupante não é a gravidade dos ferimentos. Ela sofreu várias escoriações e cortes graves, mas não chegou nem a quebrar um braço, por exemplo.
- Mas, e esses cortes... o quê aconteceu de fato, Meija?
- Bem... a Sarah lesionou muito gravemente a base da medula... e ela está paraplégica no momento.
Ana Paula solta uma exclamação de terror e leva as mãos à boca. Ela faz que vai desmaiar e André a segura, logo atrás.

- Ela já acordou, nós a sedamos para a cirurgia mas ela está bem. - continua Meija, tristonho. - Ela está chamando por uma tal de Bianca, é a irmã dela?
- É quase. - responde André com um sorriso no rosto. Ana Paula, já de volta a si, se endireita.
- Vou ligar para a Bianca...
- Não, ligo eu. Vá ver a Sarah, ela quer ver você.

André aperta a mão da irmã e a incentiva com um "Vai", que Ana Paula obedece.


- - - - -


- Alô, oi tio... tudo bem. - diz Bianca, atendendo o celular. - Como é? Paraplégica... ai, meu Deus... - ela leva às mãos a cabeça, e sentou-se num sofá de seu quarto. - Sim... eu vou ver o quê posso fazer. Acho que vou aí daqui a pouco, vou só tomar um banho. Certo... certo... chocolate pra tia Patrícia, claro... - ela revira ligeiramente os olhos. - Certo, eu passo em algum lugar no caminho e compro. Tá bom... beijo, até mais.

Ela repousa o celular na mesinha, pensativa.

- Coitada... meu Deus... o quê será dela agora.

Ela escuta de repente uma movimentação no corredor. Corre até a porta e espia pela brecha. Danilo e Vítor estavam discutindo. Não conseguiu ouví-los.

- Esses dois estão tramando alguma coisa... e o Bernardo... ai, meu Deus... ele disse "Bernardo, morto"!, isso só pode ser uma brincadeira de mal gosto, e eu vou descobrir! - ela disse. Revoltou-se, pegou uma toalha e entrou no banheiro.

Já no quarto ao lado, Vítor e Danilo ainda discutiam.

- Já falei, vai dar em merda!
- Não vai dar, quer dizer... - ele dá uma risadinha debochada. - Se fosse você com esse seu pessimismo, sua mão ia tremer tanto que nem ia conseguir abrir a porta da casa dele, HAHA!
- Deixa de merda! Como você pode pensar nisso!
- Ah, deixa de ser o bonzinho... odeio isso! Odeio esse falso moralismo!
- Não vai discutir moralismo agora, né? - ironiza Danilo.
- Não, querido, já discuti demais com você. Vou... trocar de roupa, é isso... e vou sair... aquele babacão já viveu tempo demais... e ele dentro de um caixão faria meu tio desabar de tristeza... hahaha!

Ele continua a risada banheiro adentro, após apanhar uma muda de roupa na cômoda. Danilo, desesperado, deita-se na cama com a mão na cabeça e não sabe o quê fazer.

Pouco depois, Vítor e Danilo saem do quarto, Danilo assustado.

- Anda, quero que você vá até o carro comigo, ou melhor... você vem comigo, você vai dirigir...
- Aonde você vai com ele, Danilo?

Os dois se sobressaltam e dão um salto para trás. Bianca estava esperando no corredor pelos dois. Vítor vai andando até o topo da escada discretamente, enquanto Danilo estanca na porta.

- Não vai, Vítor. Eu estou perguntando, onde você quer ir com o meu irmão?

Vítor não responde, e desliza a mão para o bolso do casaco.

- Que é isso, no seu bolso? Mostre!
- Você quer saber, Bianquinha? - Vítor a instiga,
- Quero, mostre logo!

Vítor puxa um revólver do bolso e aponta direto pro coração da prima. Danilo solta uma exclamação. Bianca apenas arregala os olhos, mas mantém o tom frio e controlado.

- Passa isso pra cá. Anda, deixa de brincadeira.
- Você acha que é brincadeira, Bianquinha? É? Vem pegar...  ou melhor! - quando ela avança. - Não vem não! Senão eu descarrego isso na sua cara!
- Ah, cala a boca! - Bianca tenta avançar. Agarra o punho de Vítor, mas ele dá um pisão de pé nela. Bianca gira o corpo e o empurra, indo parar no topo da escada.
- Eu não vou deixar você passar! - diz ela corajosamente.
- Ah é? Então cai! - responde Vítor, mirando o pé de Bianca e soltando um tiro.

Bianca grita de dor e se move para trás, mas Vítor solta um "BUUU!" e ela escorrega para o degrau de baixo. Ela tropeça e cai, rolando degrau por degrau. Danilo e Vítor se adiantam a tempo de ver Bianca rolar o último degrau. O sangue sai pela boca dela, os olhos estão vidrados. Bianca está morta.

- Não... não era pra ser ela! Não... 

Vítor sai correndo, largando a arma e deixando um Danilo vidrado e horrorizado no topo da escada.



(fim do capítulo 2)


(continuação, cap 13)




Nesse mesmo dia, longe dali, em Praia Verde...
Várias pessoas fazem fila em frente à uma grande tenda armada numa esquina da praça central da cidade. Um grande cartaz anuncia "O dia do Cidadão", e setas direcionam os moradores aos serviços de cartório, dentista e cabelereiro. Num grupo compacto, mais para o centro da praça, estão alguns jornalistas da capital, a repórter do jornal local Praia Verde News, Suzana Toledo, e alguns políticos da cidade, entre eles o prefeito, Paulo Pradaxes. Ele está dando uma entrevista à Suzana, que parece interessada.

Suzana (terminando)- Ótimo, ótimo, senhor prefeito... a sua entrevista vai sair amanhã mesmo no Praia Verde News... primeira página, hehe.
Paulo- Obrigado! Obrigado! E eu peço que deem destaque ao dia do Cidadão como manchete, será possível, dona Suzana?

Suzana- Claro, querido... - ela dá uma piscadela para Paulo, que não nota. - Então (ela bate palmas)- Agora precisamos de uma foto... aqui, a Igreja como plano de fundo... o senhor está elegantérrimo, prefeito, ótimo... - diz ela, ajeitando o terno de Paulo discretamente. - Será que...
Laís (atrás dela)- Será que eu posso entrar na foto, queridinha? - Laís sorri, afetadamente. - Afinal de contas, não há companhia melhor para o prefeito do que a primeira-dama, não acha?

Suzana- Claro, dona Laís... - ela lança um olhar gélido. - Aqui, então...
Ela muda Paulo de posição, dando destaque à ele perante Laís, que se irrita. Mas a primeira-dama insiste e agarra o braço do marido com força.

Suzana- Pronto... - diz, com desdém. - Digam Xis!
(intervalo)


Após a foto, Laís mantém Suzana longe de Paulo e sai andando em direção às tendas.
Laís- Desgraçada dessa jornalista... dando uma de doida pra cima do meu marido... ela que não invente ou eu mando cortar a licença do jornaleco dela... Oi filha queridinha!

Ela acena para Telma, que está ajudando na tenda do dentista. Telma dá um docinho para uma garotinha e sorri para ela, para depois se levantar e ir até a mãe, que acenava compulsivamete. Laís deu um abraço forte em Telma, que se incomodou.
Telma- Oi, mãe... espera, preciso voltar pra ajudar...

Laís- Não queridinha! Você tem que ficar com sua mamãe e seu papai!
Fazendo cara de desdém, Telma soltou a mãe.

Laís- Filha, por favor, não faça show...
Telma- Ah, mãe, que saco, o meu pai está doido pra me trancar dentro da prefeitura, mas eu quero ajudar! Quero um trabalho que eu goste de fazer.
Laís (se irritando)- Ah, pare com isso, Telma! Agora, deixe esse avental branco aí e venha com a mamãe, seu pai vai fazer um discurso. Vamos! - ela fala alto, após Telma fazer cara feia.

Telma, com raiva, deixa o avental na mesinha e sai com Laís.


(intervalo)


Depois do aclamado discurso, Telma se dirige ao coreto da praça, onde sua avó, Olívia, conversava com algumas colegas. A avó ficou radiante e se levantou para abraçá-la.
Telma- Não, vó, não precisa se preocupar! eu só vim te dar um beijo!

Olívia- Não, não, eu queria caminhar um pouco com você, querida. Pode ser? - Olívia sorri.
Telma (animada)- Claro, vó! Vamos.

Já mais distante, perto do calçadão da cidade, as duas falando animadas. Olívia recostou-se a um poste algum tempo depois, olhando o mar.
Telma- Bonito à essa hora, né?

Olívia (distraída)- É... - ela suspirou. - Eu..., eu queria te fazer uma pergunta, minha filha...
Telma (segurando em um segundo poste, serelepe)- Claro, vó!

Olívia- Você... você sabe de sua... tia... Renata, não é?
Telma (ligeiramente desconcertada)- Sim... você vive me falando dela. A mamãe me recminina quando falo da tia Renata... coitada dela.

Olívia não consegue segurar algumas lágrimas.
Telma- Tá tudo bem, vovó?

Olívia- Claro, claro... é que - ela respira fundo. - A sua tia Renata está saindo hoje da prisão... eu... eu queria saber o quê pensa disso, filha.
"Isso o quê?", disse uma voz atrás dela. Laís se aproxima, imponente, com uma cara de raiva, mas disfarça perante a filha. Telma se chateia e Olívia olha com medo para a filha.

Laís- Anda, querida mamãe, isso o quê?
(fim do capítulo 13)