Capítulo 14 - Enfrentando as Feras
Olívia não baixaa bola, e se mantém frente a frente com a filha.
Olívia (calmamente)- O "isso" que você está falando é a sua irmã Renata, Laís.
Laís (rapidamente)- Não me lembre dessa vagabunda!
Telma (reagindo)- Não xingue ela assim, mamãe! Ela pode estar abnegada!
Laís- Não discuta! Você não conheceu a infeliz da sua tia e é melhor que não a conheça. Não quero que ela te mate também. Agora, saia daqui. Quero conversar com a sua avózinha.
Telma parece relutante. Olha para Olívia, que num olhar a convence a ir embora. Após verificar que Telma está bem longe, Laís se vira, furiosa, para Olívia, que continua à peitá-la.
Laís- Nunca mais... ouse... em citar a vagabunda da minha irmã.
Olívia (mais alto; apontando o dedo para Laís)- Nunca mais chame a minha filha de vagabunda. Nunca!
Laís (rindo)- Ora, ora, ora! Parece que mamãe quer se revoltar depois de velha, não é?
Olívia- Não sou aquela anta que vocês enrolaram, Laís.
A filha, porém, aproxima seu rosto do de Olívia, que recua um pouco.
Laís- Não perca sua pose, queridinha. Mantenha-se assim. Agora não ouse falar mais nada sobre a sua adorada filha, ou você vai se ver comigo. E, eu juro... eu acabo com a sua raça, mamãe. Não acaba com a minha vida!
Após soltar um grunhido de raiva, Laís se afasta, majestosa, enquanto Olívia fica respirando fundo.
(intervalo)
Longe dali, na mansão de Donato...
Renata está limpando a cozinha. Pouco depois, Donato aparece no aposento e vai beber água, silencioso. Ao pousar o copo na pia, faz barulho e assusta Renata, que derruba um pote cheio de açafrão, espatifando-o.
Donato (rápido)- Desculpe!
Renata (abaixando-se)- Não, seu donato... eu que ando me assustando com tudo. Vou limpar isso...
Donato- Eu te ajudo...
Ele se agaixa junto à ela, mas as dores do seu quadril apertam e ele geme, quase caindo.
Renata- Seu Donato, espere!
Donato cai, mas Renata o levanta e o põe numa cadeira. Ele fecha os olhos, com uma expressão de agonia. Renata, com pena dele, se senta ao lado e segura sua mão.
Renata- O senhor está bem?
Donato- Não me chame de senhor... você é, acredite ou não, uma das poucas pessoas que confio. Meu nome é Donato, e quero que chame assim.
Renata- Claro... tá bom... Donato. O senhor está bem? Quer algum remédio?
Donato (após muito pensar)- Não... remédio não... (ele abre os olhos) Eu estive pensando numa loucura... algo que nunca teria coragem de fazer... e quero que me responda uma coisa, Renata.
Renata (dando de ombros)- Pode falar.
Donato (incisivo)- Qual o seu atual sonho? Seu desejo? Sua motivação de vida, Renata?
(intervalo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário