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terça-feira, 26 de junho de 2012

Histórias da Mansão

Capítulo 12 - Perdão e Revelação







Vítor parece embaraçado e Danilo, atrás de Samanta, tenta fazer sinal pra ele se acalmar.

- Ahn... é demais isso! - ele finge desespero e se senta, fazendo cara de desolação.

Samanta parece preocupada. Senta-se no cadeirão ao lado do jovem e acaricia as costas dele.

- Ele precisava destruir o meu carro? - Vítor tenta parecer compreensível.
- Ora, meu amor, você não sabia que ele ia sofrer um acidente, não é? Quem poderia saber?
- É... é, realmente... - ele olha na direção oposta, sem poder conter seu ódio.

Danilo começa a se afastar, balançando a cabeça.

- E... a minha mãe, Vítor?
- Ficou lá. - ele responde entre os dentes.
- C-Certo... - responde o outro, pensando na reação de Vítor. Ele sai, e deixa o casalzinho à sós.

No hospital Meija...

Ana Paula reza, distraída, entre as duas camas de Paulinho e Luana, na emergência. Os dois olham em direções opostas, mas volta e meia olham para o outro.

- Aninha, querida, pergunte à esse senhor o quê ele tem a dizer sobre tudo isso. - diz Luana, olhando o teto.
- Ahn... o quê? - começa Ana Paula
- Ah, Ana Paula! Diga pra madame ao lado que eu não quero saber dessa conversa! - responde Paulinho, irritadiço.

Ana Paula parece afim de cair na risada.

- Vocês não estão fazendo isso mesmo...
- Cunhada, diga pro seu irmão que eu estou... estou completamente arrependida de tudo e quero pedir perdão!
- Hein!? - responde a freira.
- Ana Paula! Não diga mais nada!

Os dois se olham, ignorando a freira, que está entre eles.

- Eu te amo, meu amor! Nunca deixei de te amar! - começa Luana.
- Oh, meu amor, eu te amo e te perdoo! - Paulinho exclama, tentando estender a mão à esposa. - E me perdoe por ter te agredido, meu amor, eu te amo!
- Tá perdoado, amor... quem não briga de repente? - ela solta um sorriso amarelo, e consegue segurar a mão do marido.


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Ana Paula se levanta, irritada.

- Aff... parece que vocês estão bem demais... eu vou lá fora fazer uma ligação...

Do outro lado da linha...

- ...já estão bem? Que bom... - Responde Bernardo, em casa, olhando uns esboços de uma mansão no tapete da sala. - Então eu dou uma passada na mansão amanhã. Vá pra casa, tia. Ah, e sobre aquele assunto... melhor ficar tranquila...

Ele escuta a tia do outro lado da linha e faz cara de tédio.

- Você sabe que ele não deve fazer ideia disso tudo! Me espere amanhã que conversamos melhor, pode ser? Tchau, tia...

Ele desliga o celular, solta um "ai, ai" e volta suas atenções para os esboços. Pouco depois, a noite começa a cair e Zilá aparece à sala.

- Vai precisar de mim, seu Bernardo?
- Não, não... as meninas estão na casa da coleguinha delas... e minha mulher ainda viajando... - ele balança a cabela, distraído. - Pode ir, Zilá, é seu fim de semana de folga.
- Certo, seu Bernardo! - ela sorri. - Boa noite pro senhor.
- É, eu vou precisar... - ele responde. Pouco depois, ele está absorto em seus desenhos quando a porta da sala se abre. Ele se assusta e levanta de imediato.

É Jéssica, que entra, puxando sua mala. Bernardo parece mais aliviado, mas ainda assim, indiferente.

- Oi. - diz ele.
- Oi, Bernardo... - responde Jéssica, cansada.

Ela põe a mala ao lado do sofá, e passa pelo marido, que pensa que vai ganhar um beijo, mas Jéssica passa pelo marido, dá dois tapinhas no seu ombro e indica a poltrona.

- Que é isso, Jéssica? Você aparece em casa, dizendo que tem um congresso pra ir, depois chega do nada parecendo um iceberg... que tá acontecendo?
- É isso que eu deveria perguntar pra você, querido. - ela se senta, em frente à ele. - Mas eu não vou nem me dar ao trabalho. Não é preciso.

Bernardo tenta disfarçar seu nervosismo e sorri.

- Do que você está falando, Jéssica?
- Você tinha andando meio distante, aéreo... pouco atencioso e vivia culpando o trânsito, o escritório, os pedreiros, os mestres de obra, o trabalho, tudo. - ela começa. - Mas eu não preciso de um diploma em psicologia nem de horas em sessões com pacientes pra perceber isso, meu amor.
- Seja direta. - ele pede.
- Você está tendo um caso. Ou se não, está afim de outra mulher. - ela responde, na lata.


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Bernardo fica chocado com a reação calma dela.

- Como assim?
- Não me engane, não minha, não seja ridículo. - ela respira fundo e se levanta, indo em direção à escada. - Eu não sei o quê foi que eu fiz ou deixei de fazer para isso, querido... mas eu vou sair daqui sem fazer barraco porque eu sou boa demais pra isso.

Bernardo se ergue, sem palavras, e Jéssica vai subindo a escada.

- Espera! - grita ele. - O que você quer dizer com isso tudo? Como ficamos?

Ela olha ele de baixo pra cima, com um olhar triste.

- Como sempre fomos, amigos. Eu espero. Ah... e você hoje, fica no andar de baixo. Até eu sair, amanhã de manhã.

Bernardo fica perplexo. Pensa na esposa, e depois em Juliana. Fecha os olhos, agoniado e chuta a pilha de esboços.

- Droga! - ele diz para si mesmo.

Na mansão...

Vítor continua nervoso, e Samanta resolve ir embora.

- Já? - ele estranha.
- Mas já é noite. - Samanta responde, sorrindo. - Amanhã eu passo aqui para tentar te animar, queridinho. Não gosto de vê-lo com essa cara.
- Tá bom... - ele responde, um tanto indiferente, mas Samanta parece não notar. - Tchau.

Ela ia argumentar, se não fosse a chegada de Ana Paula.

- Ah, boa noite. - diz Samanta, saindo.
- Boa noite, filha... - diz a freira, entrando quase que distraída em casa. Sem olhar para Vítor e bem pensativa, Samanta vai saindo, mas ao passar pelas folhas de uma frondosa árvore, já bem perto do portão, ela quase tromba com Wagner, que está varrendo o caminho.

- Desculpe! - ele diz, sorrindo.
- Tudo bem. - ela sorri. - Tô atrapalhando?
- É claro que não, passe, passe... - ele indica o caminho para ela. - Ah, me perdoe por perguntar... - ela se vira. - O quê houve com o sr. Vítor? Ele chegou muito mal humorado...
- É, nem me diga. Estava lá, enfrentando o leão... - ela sacode a cabeça. - O pai dele bateu o carro do Vítor... ele tá furioso.
- É, deve ser chato mesmo...

Ele sorri, e ela corresponde. Pouco depois, ela dá uma risadinha e se vira, para ir embora. Entra no carro e parte, sempre acompanhada pelo olhar de Wagner, que pouco depois dá um peteleco na face esquerda.

- Para, maluco... para de sonhar...


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Ronaldo se reúne com Patrícia e Oswaldo no jantar. Ambos estão comentando o incidente com o casal Luana e Paulinho.

- Mas é realmente muita loucura dos dois! - reclama Patrícia. - Já disse antes que não acredito na sanidade mental do meu irmão e da minha cunhada!
- Patrícia, não exagere. - diz Osvaldo, chateado. - Foi uma briga de marido e mulher.
- Uma briga de marido e mulher bem catastrófica, não é? - ironiza a esposa.
- Se querem minha opinião... eu acho que não devemos interferir muito... - começa Ronaldo. - O casamento deles nunca foi muito comum, mas sempre estiveram unidos. Eles brigam muito, mas sempre acabam juntos.
- Só resta esperar que eles dois paguem o conserto da estufa, não é? - começa Osvaldo, irritado.
- Até parece que você se interessa por flores, querido. - Patrícia sorri, enquanto as empregadas retiram os pratos.

Nessa hora chega Sarah, tristonha.

- Filhinha! - grita Patrícia, se erguendo e correndo para beijar a garota. - Não vi, você já tinha jantado?
- Já. - responde ela sem emoção.- Mãe, será que você podia...
- Ah, filha... agora é a hora da sobremesa! - ela sorri, excitada. - Pode trazer o pudim com calda de chocolate liiiiiiiiiindo que eu comprei na Confeitaria Magnólia mais cedo...
- Ah, meu Deus... - reclama Osvaldo.- Já sei que a conta foi um assalto.

Ronaldo se ergue no momento em que Patrícia ia retrucar.

- Por favor! Vamos manter a paz nessa casa! - ele se senta. - Precisamos de harmonia, eu estou pressentindo que o clima aqui vai pesar muito nos próximos tempos.

- Profundo, hein? - diz uma voz que vai chegando da sala de estar. É André, acompanhado de uma ruiva. - Oi sobrinha querida! - acrescenta ele, beijando Sarah, que fica imóvel. - Essa é a Clarice, vocês se lembram, né?

Ninguém solta um pio e André, sorrindo, puxa a colega e sai, dizendo "você vai adorar a piscina".

- Em todo caso... - Ronaldo continua, de olhos fechados. - Acho que vocês deveriam maneirar nas discussões, pelo menos, à mesa.
- Ah, lá vem você posar de grande mediador, Ronaldo! - Osvaldo desdenha. - Não é porque você é o dono da casa e o maior acionista que...
- Deixe de ser ridículo, Osvaldo! - Patrícia reage, irritada, a boca cheia de chocolate. - Não, sai, cala a boca! -  ela pega o prato de pudim e uma colher e sai, deixando todos.

Sarah e Ronaldo balançam a cabeça negativamente. Osvaldo se senta, aliviado.

- Ótimo, agora sim você pode comer sua sobremesa em paz, tá certo?

E se retira.


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Ana Paula está vagando pela casa, desce, vai até a estufa e encontra Wagner, limpando os cacos de vidro. Os dois se assustam e param por um instante.

- Tá tudo bem, dona Ana?
- Não! Tá, tá sim!
- Tá nervosa... quer uma água? - ele pergunta, preocupado.

Ana Paula porém, começa a sacudir as mãos e o rosto, tentando sorrir.

- Não, nada... só quero... continua, isso aí.

Wagner estranha um pouco a religiosa, mas continua a varrer os cacos. A freira se recosta à uma coluna de ferro da estufa olhando com ansiedade para Wagner.

O jovem começa a ficar incomodado. A freira se senta, e continua observando o faxineiro recolhendo o vidro quebrado e ele para, por um instante.

- Que falar algu...
- Você tava aqui com ela, não era?

Wagner se assusta com o tom, mas fica firme.

- Estava sim.
- Não acredito que você caiu no conto da carochinha...

Ela se levanta e começa a andar em círculos, nervosa.

- Eu conheço muito bem o caráter da minha cunhada, menino, ela não vale o sapato que ela calça. Eu não queria que você se apaixonasse por ela!
- Mas eu não...
- Não o quê? - pergunta Ana Paula, histérica. - Não o quê? É só uma peguete, é isso? É só uma trepa, um casinho, é isso?
- Dona Ana! Que é isso, o quê você pensa de mim?
- Você não pode fazer isso, menino! - ela fica irritada, nervosa e ansiosa. - Eu não permito isso não!
- Você, por que?
- Eu não deixo, você vai perder sua vida se seguir nessa, meu filho! - ela começa a se descontrolar e agarra seu rosário.
- Como, seu filho? - ele se confundo, ficando irritado. - A senhora não é nada minha!
- Nada disso, não fala do que você não sabe! - responde ela, atirando as palavras.
- Como assim, eu não sei! Você é uma freira!
- Não menino! - ela o segura pelos braços. - Eu te quero bem, eu sou sua mãe! Eu que te pari!

Wagner se choca, e arregala os olhos. Ana Paula chora, lágrimas brotando pelos olhos.


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Um comentário:

  1. Finalmente Ana Paula se encontra com o filho espero que venha coisas boas!

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