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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Histórias da Mansão

Capítulo 18 - Conversa de Mãe











Sarah se desespera, e bate os braços, em vão. Danilo dá uma última olhada em Sarah, mas Vítor o puxa pelo braço e os dois desaparecem pela escada secundária. O barulho da água chama a atenção de Raíssa, que está passando pela saída, perto da academia, se vira e vê a prima se afogando, ao longe. Ela grita por Osvaldo, que está na varanda do andar de cima, fumando, e pula na piscina, para salvar Sarah.

- O quê... o quê é isso!? - ele grita, largando o cigarro e percebendo o acontecido. - Não... não... SARAH!

Osvaldo corre para dentro do quarto, para sair. Raíssa consegue puxar a prima para a escada, e a arrasta para cima, deitando-a no deck de madeira.

- Sarinha... Sarinha! Responde! Tá me escutando? - a menina bate no rosto da prima, que tosse, com o rosto vidrado. Ela olha para cima e vislumbra Vítor e Danilo, que observam a cena do alto, por entre as frestas da persiana do quarto de Vítor. O menino pisca, com sadismo, e entra.

Raíssa agora faz Sarah expelir a água. Osvaldo abre a porta da saída lateral e sai por lá.

- Filha! Filha! Você caiu? É isso?!
- Ca... caí... caí... - ela fala, assustada.

Osvaldo urra, irritado.

- E você cai na piscina, mas você tem ciência que nem sabe nada e tá paralítica! - grita Osvaldo.
- Como assim, tio? - Raíssa fica chocada. - Ela cai na piscina e você fica atacando ela?!
- Ela sabe que não pode passear por aqui! - Osvaldo se ira. - Ela caiu na piscina de burra que foi!

Raíssa se choca, arregalando os olhos. E Sarah cai no choro.

Longe dali, no andar superior da mansão, Vítor dá risadas enquanto Danilo fica com uma expressão completamente assustada no rosto.

- Você podia ter matado ela, Vítor! - sibilou o medroso, acuado numa cadeira.
- Ah, cala a boca! - grita o outro, mas depois se refreia e baixa o tom. - A Sarah já tá morta naquela cadeira de rodas, eu só dei um empurrãozinho.

Danilo arregala os olhos, espantado, e leva as mãos à boca.

- Como você é capaz de dizer isso?
- Do mesmo jeito que te digo pra calar a boca, ou o próximo é você! - murmura o branco, uma expressão séria e ameaçadora surgindo repentinamente no rosto.

Danilo fecha os olhos e assente rápido. Vítor sorri, discretamente.


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Depois de todo o susto, a família Oliveira janta em conjunto. Ronaldo, na ponta, não para de lançar olhares apreensivos à Ana Paula, que parece muito infeliz.

- Mana... você falou com o Bernardo? - pergunta o patriarca.
- Falei... ele vai fazer uma viagem... uma colega. - ela responde, desgostosa.
- Colega, é... - Luana comenta, maliciosa.

Ronaldo lança um olhar condescendente para a cunhada, mas nada fala.

- Cadê meu bebezinho que não desceu pra jantar ainda? - indaga Luana, antes de tomar um gole de suco.
- "Bebezinho" é ótimo, não é? - comenta André com um sorrisinho, arrancando risadinhas de todos, exceto Ana Paula.
- Ora, o bebezinho é apenas mal compreendido. - queixa-se Luana, irritada. - Vocês todos deveriam tratá-lo melhor... ah... olha, chegou alguém... por que não anunciaram...?

Todos olham em direção ao corredor quando Daniel aparece, parecendo muito embaraçado, e ainda esperando algum sinal de vida de Danilo. Ronaldo se empertiga na cadeira e sorri para o recém-chegado. Ana Paula revira os olhos e encara o próprio prato, espetando uma batata com força.

- Ahn... Não sabia que estavam todos jantando... - ele começa, chateado.
- Agora que entrou, jante conosco queridinho. - diz Luana, piscando para o ex-cunhado.
- Não, ele só veio buscar o Danilo, não foi? - pergunta Ana Paula sem olhá-lo.
- Mas você está convidado à jantar conosco, Daniel. - fala Patrícia, sorrindo com gentileza.
- Não... melhor não. Sei que incomodo aqui dentro.

Ana Paula faz cara de "é mesmo?", ainda sem olhá-lo.

- Bem, vou de uma vez atrás do meu fi... - a frase de Daniel é interrompida quando Danilo e Vítor descem fazendo estardalhaço a escada, e o estudante fica petrificado ao se deparar com o pai dentro da mansão.

- Ih, e esse drogado pode entrar aqui dentro agora? - provoca Vítor, passando por Daniel e esbarrando nele com o ombro, propositalmente.
- Drogado não! - Daniel agarra Vítor pelo cotovelo e o empurra contra o portal. A cabeça do menino bate com força e ele dá um ganido de dor.
- Ei, Daniel! - grita Paulinho, se erguendo. - Meu filho!
- Agora você o defende, esse marginalzinho... - ele empurra o braço de Vítor e a mão do garoto bate na quina do aparador de vidro, e ele se fere. - Vamos, Danilo! Venha! Já faz tempo que eu tô te esperando.
- E aquela saída que tinhamos combinado, esqueça! - grita Paulo, ofendido.

Ele arrasta o filho pra fora, acenando de qualquer maneira por cima da cabeça, enquanto Luana fica gritando ofensas, já de pé, e corre para o "bebezinho" dela.


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Após o jantar, Ana Paula vai dar uma volta no jardim. Alheia à mais uma discussão de Vítor, Paulo e Luana, ela se dirige à estufa, onde Ronaldo a encontra, depois, olhando para o céu.

- Ana Paula... mana... quer conversar?

Ela se vira, completamente distraída.

- Ahnn... o quê? Ah, é você, Ronaldo...
- Tá pensando em quem? No Daniel...? - começa ele.
- Que brincadeira é essa, eu pensando no Dani...
- Ou tá pensando no seu filho, Wagner?

Ana Paula se vira, incisiva, para Ronaldo, mas desata a chorar e o irmão a ampara.

- Ô, maninha... não fica assim! Vai dar tudo certo...
- Como, Ronaldo? Como se ele não me dá bola? - ela chora, revoltada. - Ele não atende quando ligo, eu não posso chegar lá! Aquele homem horroroso... - ela se retrai toda e faz uma cara de terror. - Ele envenenou o Wagner, eu tenho certeza!

Ronaldo se senta num dos bancos e faz Ana Paula se sentar defronte à ele.

- Olha... - ele começa, e ela presta atenção. - Você sempre foi uma mulher forte... você teve gêmeos aos quinze! E você criou Bianca, Danilo e Raíssa por cima dos nossos pais, que estavam muito desgostosos com a situação. Você fez um ótimo trabalho e não tem culpa de nada que está acontecendo agora, tá entendido?
- Tá, sim... - responde ela, enxugando as lágrimas.
- Agora... você não pode desistir... por que não faz uma denúncia contra o tal homem? Aliás... - ele pensa melhor, se irando. - Eu devia me juntar com nossos irmãos e dar uma surra nele.
- Um bando de coroas batendo em outro! - ela dá uma risadinha desdenhosa, encarando o irmão chocado. - Isso não daria em nada, só em vocês, presos.

Ela sacode a cabeça.

- Mas você não pode abaixar a cabeça assim, está me ouvindo?
- E o quê farei? - ela pergunta desesperada.
- Vá atrás do seu filho! Não deixe isso barato!

Ana Paula para de chorar. Encara Ronaldo, que se assusta.

- Tem razão. - e se ergue.

Ronaldo parece assustado.

- O quê está fazendo?
- Vou atrás do meu filho, ora. - ela parece estranhá-lo. - Não foi você mesmo que mandou?

Ela sai, quase correndo, em direção às garagens, e Ronaldo tenta seguí-la.

- Espere, não mandei ir agora! - ele diz, mas é em vão: Ana Paula já entrara no seu carro e, dando a partida, quase atropela o irmão antes de sair.

- Ah, mas que saco! - ele resmunga, ofegante. - Ela é oito ou oitenta!


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Após se despedir das filhas, na casa de Priscila, Bernardo vira e encara Jéssica, que tenta não olhar a cena.

- Cuida bem delas, certo?
- Como se eu não cuidasse. - ela replica, azeda.

Bernardo fica irritado.

- Eu não insinuei nada, Jéssica! Nossa, você agora vem com quatro pedras na mão pro meu lado!
- Até parece que eu não tenho motivo. Anda, vai embora...
- Você tá me expulsando? - indaga Bernardo, indignado.
- Estou sim. - ela responde, encarando lívida o arquiteto.

Bernardo não consegue reprimir uma risadinha. Mas antes que ele comece a falar, um carro para em frente à casa de Priscila e todos se viram para olhar. Dele salta Juliana, que avança pelo jardim, após passar pelo portão, decidida.

- Oi tia Ju! - diz Carol, acenando pra recém-chegada.
- Oi, queridinha... - ela faz um carinho na bochecha da pequena, um sorriso falso no rosto logo desfeito ao virar para encarar Jéssica e Bernardo. - Oi, querido, você tava demorando aí eu vim...
- Aonde não lhe chamaram, só pra constar... - começa Jéssica, irritada.

Juliana, porém, parece querer evitar uma briga na frente das filhas de Bernardo e sorri, irônica, para Jéssica, que fica possessa e respirando fundo.

- Estamos indo. - diz Bernardo, estendendo a mão para Priscila, que estava assistindo a tudo calada, e saindo. Juliana dá uma aceno de cabeça para as irmãs e sai, indo para o seu carro, e os dois partem. Carol e Alice entram, risonhas, e Priscila encara Jéssica.

- Ainda não tô acreditando nessa de vocês se divorciando.
- Pois acredite. - Jéssica ergue a cabeça, decidida. - Ele achou uma melhor, não foi? Então que se vire. Deixo ele sem nossas filhas. Minhas filhas, a partir de agora. - ela acrescenta, com um sorrisinho.
- Você ainda gosta dele, Jéssica, eu sei disso! - Priscila exclama, com um sorriso amarelo.
- Não gosto... agora eu o desprezo. - ela faz uma cara de nojo ao dizer isso.

Priscila se assusta com o tom da irmã, mas não prolonga o assunto e resolve se retirar. Jéssica suspira um pouco, olha para a rua e depois entra.


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O fim de semana se passa...

Após desistir de sair correndo atrás de Wagner na sexta-feira anterior, Ana Paula liga para Bernardo e os dois se encontram na mansão.

- Mas você está decidida a encontrá-lo?
- Com certeza. - responde Ana Paula com firmeza. - Eu só não fui na sexta na casa deles porque seria a segunda vez que adentraria lá à noite, ia pegar mal, cara...

Bernardo sorri com a frase da tia, e dá umas palmadinhas, levantando da poltrona.

- Bom, tia... tô indo, tenho uma reunião agora. Qualquer coisa me liga, ok?
- Tudo certo, meu filho, Deus te abençoe.

Ele beija a tia e sai, apressado. Ana Paula fita o sobrinho sair, e fica pensativa.

- Já é a hora dele me ouvir.

Ela se levanta e sai, e Ronaldo, que a espiava do topo da escada, sorri, acenando com a cabeça.

- Tomara que dê tudo certo!

Minutos depois, Ana Paula freia o carro embaixo da frondosa árvore que sombreia a casa de Edmundo e Raquel.

- É... é a hora. Ele vai me ouvir agora.

Ela sai do carro e dá poucos passos quando escuta uma ruído e se vira. Wagner vem chegando à casa, com uma sacola de compras à mão.

- A senhora...?
- Sim. Eu... e acho que devemos ter mais uma conversa.

Wagner não parece aborrecido. Olha, porém, para dentro da casa, e hesita por um instante, sob o olhar indagador da freira.

- E então? - pergunta ela, impaciente.
- Ahn... - ele fica desconcertado. - Vamos... entre. Vou lhe dar uma última chance para falar comigo.


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