Pra você que não tem preguiça de ler =)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

8 ou 80 (Últimos Capítulos)

Capítulo 18 - A Retomada





Otávio ofecereu uma carona (rapidamente aceita) para Laila, quando ela estava saindo para a universidade. ("Aceito, claro! Estou afim de chegar linda e perfumada na universidade", disse a ruiva.)
-Ali, na frente... meu bloco é aquele.
- Certo... - concordou Otávio, fazendo a curva. - Bom dia pra você!
Ela sorriu, agradecida. Saiu do carro e vislumbrou Tiago, que tentava, atrapalhado, abrir a porta do carro. Ela lhe lançou um olhar de secar planta e ele deixou cair vários livros no chão.

Dando uma grande coçada atrás da orelha, Tiago se agaixa, desajeitado. Laila se afasta rapidamente.

Otávio, ao ver a cena, para o carro e sai, para ajudar Tiago.. O rapaz não ve o estagiário.
- Aqui... eu ajudo.
- Quem é você... ah! - ele reconhece Otávio.

Tiago levanta, os braços carregados de livros, a cara confusa.
- Tá fazendo o quê aqui?
- Você tem um tempo? Precisava falar contigo.
Tiago hesita, mas balança a cabeça e resolve seguir Otávio, que indica o próprio carro.

- Escuta, se a Laila mandou você falar mal...
- Cara, eu não quero o mal de ninguém. Não vou falar mal de ninguém.
- Então porque quer falar comigo se não foi a Laila que mandou você? - indaga Tiago.
Otávio faz uma careta, mas vira para o outro.

- Cara, você não sabe a mulher que tá perdendo...
- Eu não tô perdendo a Laila...
- Está sim, e sabe disso. - Otávio replica suavemente. - Você não quer passar pelo seu orgulho e, bem... pelo seu curso... pra admitir isso.
Tiago se rebela.

- Não é só meu curso! - fala, coçando furiosamente a orelha. - É minha paixão!
- Será mesmo? Vale a pena morrer... por exemplo, por Einstein?
- Ahn... Einstein está morto!
- Então... viva o presente!
- Como assim? - pergunta Tiago confuso.
- Fique com a Laila! Ela te ama, cara, ela é doida por você! Olha pra ela! Não é mais aquela fada esotérica!

Tiago sorri.

- Não é mesmo... está linda...
- Então?

Otávio faz uma cara de indagação e sorri pra Tiago.

- Cara, ela mudou... talvez não pra você, mas você gostou disso. É sua hora de mudar por ela.
- Mas... meu mestrado, e minhas teses...
- Suas teses são coisas que podem levar tempo, mas a paixão que a Laila tem por você pode acabar em breve... - Otávio faz cara séria. - Pensa nisso cara... agora eu tenho que ir. Se não se incomoda...

Tiago rapidamente sai do carro, olhando fixamente para Otávio e fica pensativo.

- Eu posso mudar... eu consigo.


- - -


Melina volta para onde estacionou o carro e encontra Caio, que a espera, com a cabeça baixa. A professora faz uma cara de desdém quando o vê, mas mantém o ar hesitante.
- Oi Caio.

O menino se mantém silencioso. Melina para um instante, depois se encaminha para a porta e a abre, mas Caio segura o pulso dela.

- Espera. Me deixa falar.
- Então entra no carro. Estou com pressa e não quero conversar aqui. - Melina se solta e já vai entrando no carro.

Caio a segue, e logo os dois estão em alta velocidade. Caio parece decidido.

- Olha só... - ele começa. - Eu queria esclarecer tudo...
- Esclarecer?
- Bem... como dizem... botar em pratos limpos.

Melina dá uma risadinha.

- É uma expressão meio velha pra você, não acha?
- Ah, corta essa! - ele se irrita. - Eu quero resolver a situação da gente, Melina!

Melina olha com completo desdém para ele.

- Você agora está falando como "gente grande", né? Quer bancar o machão de verdade agora? - ela se distrai levemente, olhando furiosa para Caio.

- Não é nada disso, eu só quero livrar... Melina, olha pra frente!

- O quê...?

É tarde demais quando Melina se vira, e o pneu do carro acaba por esbarrar no meio fio; Melina tenta puxar o volante mas colide com um ônibus, que joga o carro de volta para o meio fio, fazendo-o capotar.

Após girar no ar duas vezes, o carro se arrasta por uns quinze metros pela calçada e colide com uma árvore, que o faz parar e cair sobre os galhos e folhas secas que ali haviam.

Caio, que protegeu a cabeça com os braços, se desvencilha do airbag do carro, que já esvaziara. Com um corte no supercílio, um no braço esquerdo e outro na barriga, mas ileso. Porém, olha para o banco do motorista e vê Melina, ensanguentada e inconsciente.

- Melina... MELINA!


- - -


Alice aguarda nervosa do lado de fora da delegacia. Junto dela, estão Cleide e Davi, que insistiu em acompanhá-la.

- Não precisava ter vindo, Davi.
- Menina, o rapaz presenceou tudo e só está realizando seu dever de cidadão. - Cleide o defendeu.

Davi apenas sorria, encabulado. Alice parecia irritada e nervosa.

- Que foi minha filha, que afobação é essa?
- Quero ver se esse safado vai mesmo cumprir com o acordo da gente. Já retirei a queixa. Agora quero ver ele cumprir.

- Nunca pensei que Dr. Jordano fosse capaz disso tudo...
- Que "doutor Jordano" o quê?! - ela se revolta. - Isso aí a gente chama de safado!

Pouco depois, sai Jordano da delegacia, visivelmente irritado. Olha de Cleide à Alice, e encara a modelo com vigor.

- Então, satisfeita?
- Não até ter a minha herança de volta. Você sempre foi um homem rico, titio Jordano, não precisava tomar o quê é meu.
- Olha aqui, sua... - ele começa.
- Olha aqui nada! - Alice ergue o rosto, triunfante. - Você prefere a cadeia, titio? Eu tenho fotos e até vídeos até dizer chega! Você está na minha mão! Se você quer se ver livre de mim e do xadrez, é bom me devolver nada e, olhe bem, nem eu nem você gastamos com advogado!

Alice sorri, radiante. Cleide deixa escapar uma risadinha desdenhosa e é acompanhada por Davi. Jordano faz cara feia.

- Muito bem. Apareça no meu escritório na segunda feira que vem...
- É tempo demais, queridinho! Dá tempo pra você fugir! - Alice fica revoltada.
- MUITO BEM! Amanhã, tá bom pra você?

Alice sorri, triunfante.

- Amanhã está perfeito. Au revoir, queridinho!

Ela sai, puxando Cleide e Davi. Jordano fica indignado e anda para o próprio carro.

- Não posso negar, ela fez a lição de casa.


- - -
- - -
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário