Capítulo 18 - A Retomada
Otávio ofecereu uma carona (rapidamente aceita) para Laila, quando ela estava saindo para a universidade. ("Aceito, claro! Estou afim de chegar linda e perfumada na universidade", disse a ruiva.)
-Ali, na frente... meu bloco é aquele.
- Certo... - concordou Otávio, fazendo a curva. - Bom dia pra você!
Ela sorriu, agradecida. Saiu do carro e vislumbrou Tiago, que tentava, atrapalhado, abrir a porta do carro. Ela lhe lançou um olhar de secar planta e ele deixou cair vários livros no chão.
Dando uma grande coçada atrás da orelha, Tiago se agaixa, desajeitado. Laila se afasta rapidamente.
Dando uma grande coçada atrás da orelha, Tiago se agaixa, desajeitado. Laila se afasta rapidamente.
Otávio, ao ver a cena, para o carro e sai, para ajudar Tiago.. O rapaz não ve o estagiário.
- Aqui... eu ajudo.
- Quem é você... ah! - ele reconhece Otávio.
Tiago levanta, os braços carregados de livros, a cara confusa.
- Tá fazendo o quê aqui?
- Você tem um tempo? Precisava falar contigo.
Tiago hesita, mas balança a cabeça e resolve seguir Otávio, que indica o próprio carro.
- Escuta, se a Laila mandou você falar mal...
- Cara, eu não quero o mal de ninguém. Não vou falar mal de ninguém.
- Então porque quer falar comigo se não foi a Laila que mandou você? - indaga Tiago.
Otávio faz uma careta, mas vira para o outro.
- Cara, você não sabe a mulher que tá perdendo...
- Eu não tô perdendo a Laila...
- Está sim, e sabe disso. - Otávio replica suavemente. - Você não quer passar pelo seu orgulho e, bem... pelo seu curso... pra admitir isso.
Tiago se rebela.
- Não é só meu curso! - fala, coçando furiosamente a orelha. - É minha paixão!
- Será mesmo? Vale a pena morrer... por exemplo, por Einstein?
- Ahn... Einstein está morto!
- Então... viva o presente!
- Como assim? - pergunta Tiago confuso.
- Fique com a Laila! Ela te ama, cara, ela é doida por você! Olha pra ela! Não é mais aquela fada esotérica!
Tiago sorri.
- Não é mesmo... está linda...
- Então?
Otávio faz uma cara de indagação e sorri pra Tiago.
- Cara, ela mudou... talvez não pra você, mas você gostou disso. É sua hora de mudar por ela.
- Mas... meu mestrado, e minhas teses...
- Suas teses são coisas que podem levar tempo, mas a paixão que a Laila tem por você pode acabar em breve... - Otávio faz cara séria. - Pensa nisso cara... agora eu tenho que ir. Se não se incomoda...
Tiago rapidamente sai do carro, olhando fixamente para Otávio e fica pensativo.
- Eu posso mudar... eu consigo.
- - -
Melina volta para onde estacionou o carro e encontra Caio, que a espera, com a cabeça baixa. A professora faz uma cara de desdém quando o vê, mas mantém o ar hesitante.
- Oi Caio.
O menino se mantém silencioso. Melina para um instante, depois se encaminha para a porta e a abre, mas Caio segura o pulso dela.
- Espera. Me deixa falar.
- Então entra no carro. Estou com pressa e não quero conversar aqui. - Melina se solta e já vai entrando no carro.
- Então entra no carro. Estou com pressa e não quero conversar aqui. - Melina se solta e já vai entrando no carro.
Caio a segue, e logo os dois estão em alta velocidade. Caio parece decidido.
- Olha só... - ele começa. - Eu queria esclarecer tudo...
- Esclarecer?
- Bem... como dizem... botar em pratos limpos.
Melina dá uma risadinha.
- É uma expressão meio velha pra você, não acha?
- Ah, corta essa! - ele se irrita. - Eu quero resolver a situação da gente, Melina!
Melina olha com completo desdém para ele.
- Você agora está falando como "gente grande", né? Quer bancar o machão de verdade agora? - ela se distrai levemente, olhando furiosa para Caio.
- Não é nada disso, eu só quero livrar... Melina, olha pra frente!
- O quê...?
É tarde demais quando Melina se vira, e o pneu do carro acaba por esbarrar no meio fio; Melina tenta puxar o volante mas colide com um ônibus, que joga o carro de volta para o meio fio, fazendo-o capotar.
Após girar no ar duas vezes, o carro se arrasta por uns quinze metros pela calçada e colide com uma árvore, que o faz parar e cair sobre os galhos e folhas secas que ali haviam.
Caio, que protegeu a cabeça com os braços, se desvencilha do airbag do carro, que já esvaziara. Com um corte no supercílio, um no braço esquerdo e outro na barriga, mas ileso. Porém, olha para o banco do motorista e vê Melina, ensanguentada e inconsciente.
- Melina... MELINA!
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Alice aguarda nervosa do lado de fora da delegacia. Junto dela, estão Cleide e Davi, que insistiu em acompanhá-la.
- Não precisava ter vindo, Davi.
- Menina, o rapaz presenceou tudo e só está realizando seu dever de cidadão. - Cleide o defendeu.
Davi apenas sorria, encabulado. Alice parecia irritada e nervosa.
- Que foi minha filha, que afobação é essa?
- Quero ver se esse safado vai mesmo cumprir com o acordo da gente. Já retirei a queixa. Agora quero ver ele cumprir.
- Nunca pensei que Dr. Jordano fosse capaz disso tudo...
- Que "doutor Jordano" o quê?! - ela se revolta. - Isso aí a gente chama de safado!
Pouco depois, sai Jordano da delegacia, visivelmente irritado. Olha de Cleide à Alice, e encara a modelo com vigor.
- Então, satisfeita?
- Não até ter a minha herança de volta. Você sempre foi um homem rico, titio Jordano, não precisava tomar o quê é meu.
- Olha aqui, sua... - ele começa.
- Olha aqui nada! - Alice ergue o rosto, triunfante. - Você prefere a cadeia, titio? Eu tenho fotos e até vídeos até dizer chega! Você está na minha mão! Se você quer se ver livre de mim e do xadrez, é bom me devolver nada e, olhe bem, nem eu nem você gastamos com advogado!
Alice sorri, radiante. Cleide deixa escapar uma risadinha desdenhosa e é acompanhada por Davi. Jordano faz cara feia.
- Muito bem. Apareça no meu escritório na segunda feira que vem...
- É tempo demais, queridinho! Dá tempo pra você fugir! - Alice fica revoltada.
- MUITO BEM! Amanhã, tá bom pra você?
Alice sorri, triunfante.
- Amanhã está perfeito. Au revoir, queridinho!
Ela sai, puxando Cleide e Davi. Jordano fica indignado e anda para o próprio carro.
- Não posso negar, ela fez a lição de casa.
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