Capítulo 20 - A Volta
Passa-se um mês...
Um caminhão abarrotado de móveis, seguido por um vistoso carro prateado, adentrou a cidade, passando pela praça central. Chamou a atenção de Suzana Borges, que tropeçou num gelo baiano e foi atingida de leve pelo carrão, que freia.
Suzana- Au! Seu idiota! Quem pensa que é?
O motorista sai do carro, muito embaraçado.
Suzana- Quem é seu patrão idiota? Sai daí, seu sisudão!
Renata (de dentro)- Sisuda, se fosse...
A morena sai do carro, encarando Suzana, que se cala.
Suzana- Ora, é uma mulher... por acaso... - ela repara no carro, caro, e nas roupas da outra. - foi você que comprou aquele terrenão à beira-mar?
Renata- Por acaso foi... quero fazer um hotel cinco estrelas.
Suzana (arregalando os olhos)- Hotel cinco estrelas! Que maravilha!
Renata- Pois é... agora, nos dá licença? Estamos com um pouco de pressa.
Suzana (ajeitando-se; indo para a calçada)- Claro, claro...
Renata entra no carro, após acenar com a cabeça para a jornalista, e o cortejo sai com velocidade. Suzana acena levemente com os olhos cheios de malícia.
Suzana- Hotel, hein? - ela sorri. - Acho que o prefeito precisa saber disso imediatamente...
Pouco depois, Suzana está debruçada sobre a escrivaninha de Paulo Pradaxes, que escuta tudo acuado e espantado.
Paulo- Hotel... Isso vai dar uma tremenda dor de cabeça!
Suzana (insistente)- Mas e o progresso, querido? A cidade está, perdoe-me, às moscas novamente! Não se instalam mais nenhuma lojinha sequer nessa praia!
Paulo- Os pescadores e a associação não vão gostar!
Laís (entrando)- Quem não está gostando sou eu...
Os outros dois se viram, sobressaltados. Laís vira um rosto furioso para eles.
(intervalo)
Suzana (adiantando-se)- Queridinha! Como vai?
Laís (ignorando-a)- O quê essa... (ela olha de relance a jornalista)- mocinha estava lhe contando, Paulo?
Paulo- Acabei de ficar sabendo que uma investidora está querendo instalar num hotel cinco estrelas no terreno da associação.
Laís (arregalando os olhos)- Como assim?! E não prestou nenhuma informação à Prefeitura?
Suzana- A investidora não me contou nada...
Laís (cortando-a)- Isso vou saber eu. Vamos, Paulo... deveremos descobrir onde ela está morando. ANDA, Paulo, levante-se! E você... - ela aponta para Suzana - não tem muito trabalho no seu jornaleco?
Suzana- Lógico! Pode ter certeza que não me encontrará aqui, querida.
Os três, então, saem.
Longe dali...
Olívia está pondo a mesa do almoço no momento em que Romero entra em casa, possesso, e segurando uma garrafa de pinga.
Olívia- Já bebendo, Romero, tão cedo...
Romero (ignorando-a)- Argh, hoje chegou o caminhão da mudança desse riquinho metido a besta... quero só ver as fuça desse imbecil... deve ser todo cheio de frescura...
Olívia (segurando a bebida)- Largue isso! Sente-se. Já vou por o almoço!
Romero- E agora me dá ordens?
Olívia- Claro que não, estou apenas pondo o almoço!
Romero- Então engula o seu almoço! Estou farto de você!
Olívia fica passada, mas mantém a pose.
Olívia (tirando o avental)- Ótimo... faça você a porcaria do almoço!
Ela larga o avental na mesa e sai andando rápida da cozinha. Mas Romero se revolta e a segura pelo braço.
(intervalo)
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