Pra você que não tem preguiça de ler =)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

(continuação, cap 25)





Renata (assustada)- Leonor?

Zaíra (olhando torto)- É essa daí?

Leonor (indiferente, já entrando)- Posso entrar, querida, conhecer sua... casinha.

Ela se impressiona com a casa que, mesmo velha, impressiona por sua opulência, e vira para Renata.

Leonor (dando as flores)- Toma, querida, de coração... - ela dá um sorrisinho. - Ah, serviçal, me serve um chá de erva doce, por gentileza...

Ela agita a mãozinha para Zaíra, que se rebela.

Zaíra (com raiva)- Serviçal, não, meu amor, sou a governanta!

Renata (entregando as flores)- Leve, Zaíra, por favor... e traga o chá da madame.

Zaíra (saindo)- Levo sim... pro lixo. - e manda Aline se retirar com um gesto.

Renata, ainda cautelosa, se senta e indica o lugar em frente para Leonor, que se senta, pouco amistosa.

Renata- O quê você quer, Leonor? Não ficou bem instalada no Rio?

Leonor- Depende do quê você chama de boa instalação, querida. Apesar de que, pra você, depois de uma cela de cadeia qualquer canto é uma boa acomodação!

Renata (alteando a voz)- Não vamos começar as provocações, minha querida! Apenas sejamos claras!

Leonor- Eu vim em paz, querida... - ela dá um sorrisinho afetado. - Paz, até onde nós duas deixarmos.


Renata- A minha paz acabou aqui! - ela se levanta, irritada. - Se você não tem mais o quê falar, peço que se retire.


Leonor- Calma aí, querida... - ela se levanta, e fica bem próxima. - Eu lhe farei outras visitinhas... e se não quer que minha paz acabe, me trate bem durante elas. Tudo bem?


Renata parece imóvel. Leonor agita seu leque em despedida, sorri e vai saindo, pela porta da frente.




(intervalo)



Olívia sai de casa e vai até o mercadinho, cautelosa. Não repara em Tarcísio, que é igualmente indiferente à ela. Ao sair, ela topa com Natália, que abre o maior sorriso.


Natália- Dona Olíviaaaaa! Minha querida, como vai a senhora?


Olívia- Vou bem... é...


Natália- Tá fazendo o quê aqui?


Olívia- Só comprando um pastelzinho...


Olga desce nesse instante, e escuta escondida a conversa das duas.


Natália- Hum... está desocupada? Vem comigo para a casa da Renata!


Olívia- A... A Renata? Que tem ela...?


Natália- É sua filha, dona Olívia, não é? Vamos vê-la! Vamos!


E sem dizer mais nada, Natália agarra o braço de Olívia e leva a senhora consigo. Tarcísio observa as duas até virarem a esquina, e aí Olga sai de trás de uma prateleira e vai encará-lo, raivosa.


Olga (irônica)- Que é, não vai correr atrás delas?


Tarcísio- Que foi, Olga?


Olga- Pra casa do seu amorzinho... seu pitéu... a assassinazinha...


Tarcísio- Já chega, Olga! Me deixa em paz, deixa eu trabalhar. Vá fazer algo de útil!


Olga parece ultrajada. Olha furiosa para qualquer canto da pracinha, e seus olhos brilham de fúria.


Olga- Ah... que beleza... vou ali, já volto.


Tarcísio- Vai fazer o quê?


Olga (virando-se)- Fazer algo de útil... contra sua amadinha.




(intervalo)




Olga cruza a praça energicamente em direção ao coreto, onde estão Romero e seus asseclas, Marco e Otávio, junto de outros colegas pescadores, e todos eles se viram para ver Olga chegando irritada, no coreto.


Romero- Ei, ei, ei, ei! Que marra é essa, garota?


Olga- Não sou eu a marrenta aqui...


Romero- Então, que cara é essa, Olga? Tá parecendo que viu o demônio...


Olga- O demônio é sua filha assassina! Que vai receber a visita da mamãezinha dela!


Romero fica imóvel, e os amigos notam a cólera subir pelo seu rosto enfurecido.


Olga- Acha que é mentira? Acabei de vê-la saindo pra mansão dos Viscaia com a desclassificada da Natália...


Romero (gritando)- ESSA MULHER! Tá brincando com fogo! Esperem aqui, rapazes, enquanto eu tomo conta da vadia.


Ele sai, esbarrando em Olga, que o olha, com raiva, e sai em direção à casa de Renata.


Lá, após Natália e Olívia tocarem a campainha, a porta é aberta por uma Renata irritadiça.


Renata (irritada)- De novo, Leonor, vai pra... - e para, chocada.


Natália abre o maior sorrisão, como sempre, mas Renata fixa os olhos na mulher logo atrás, que está séria e com olhos marejados.


Natália- Eu vou... entrar e tomar um suquinho...!


Ela sai de fininho, deixando mãe e filha paralisadas na porta da casa.


Olívia- Oi, filha.


Renata- Oi, mãe.


As duas ficam paradas no portal, se encarando, imóveis. Lágrimas rolam de ambos os rostos.


Zaíra- Entrem logo, a outra tá aqui destruindo a tua despensa, Renata!


Mãe e filha sorriem, então Renata sobre-braça Olívia e a puxa para dentro de casa.




(fim do capítulo 25) 

terça-feira, 24 de julho de 2012

Homem ao Chão

Capítulo 25 - Começam os Planos





Outro dia. Laís acorda cedo, e vai direto para a sede do projeto Tamar. Ao sair, é vista pela filha, que estranha o comportamento da mãe e a direção que ela toma.

Laís chega ao malcuidado local onde os biólogos tratam das tartarugas e é reconhecida por dois deles. De longe, escondida atrás do carro da mãe, Telma vê tudo.

Biólogo- Mas... dona primeira dama... como podemos ajudá-la?

Laís (direta)- Ainda trabalha aqui um rapazinho, chamado Angelo?

Biólogo- Sim, sim, ele acabou de chegar, está ali no outro tanque... queira me acompanhar, por favor...

Laís dá um sorrisinho e o acompanha. Telma tenta olhar tudo do lado de fora, mas saem de seu campo de visão e ela se chateia.

Telma- O quê será que você tá tramando, mamãe?

Lá dentro, Laís encontra Angelo e enérgica, estende a mão para o biólogo.

Laís- Ótimo, nos encontramos de novo! Tenho um assunto importante para tratarmos, mocinho.

Angelo (nervoso)- C-Claro, dona Laís... só um minuto, já estou...

Laís- Rápido seria bom, querido. Tempo é dinheiro, e quanto mais rápido possamos conversar, mais lucrativo será para nós dois.

Angelo- Muito bem... - ele acaba de alimentar a tartaruga, limpa as mãos e indica o caminho do pequeno escritório para Laís, que entra com ar de desprezo e mostrando imponência. Angelo se senta e indica a cadeira em frente para Laís, que senta, ligeira, logo virando-se para Angelo.

Angelo- Então, dona Laís, em que posso ser útil?

Laís (astuta)- A... nossa praia, em geral, é local de desova das tartarugas marinhas, não é? Assim como o rio Verde, que é reduto para peixe-bois...

Angelo- Sim, sim, dona Laís, o projeto toma conta e monitoriza as duas áreas...

Laís (cortando)- Então precisamos trabalhar juntos para impedir uma catástrofe natural.

Angelo- Catástrofe? O quê seria?

Laís (direta)- Preciso impedir que se construa um grande hotel na beira-mar da Praia Verde.


(intervalo)


Angelo ainda pisca algumas vezes.

Laís (reta)- Você com certeza pode me ajudar, não é, Angelo?

Angelo- Claro, se for necessário, dona Laís... é preciso que se faça um estudo...

Laís- Estudo? Estudo para quê? Não está em área de desova?

Angelo- Pode estar. Por favor, dona Laís, não vamos nos apressar. Um hotel pode ser uma coisa boa, mas se estiver em área de preservação, impediremos.

Laís parece estar possessa, mas esboça um sorriso, e se levanta lentamente.

Laís- Bom... tem carta branca para realizar seu estudo. Qualquer gasto que tiver ponha na conta da prefeitura que será tudo pago. Me avise quando estiver realizado esse estudo, não podemos permitir que nosso patrimônio... (ela olha em volta) seja destruído...

Angelo- Pois é...

Laís (saindo, pondo óculos escuros)- Então, tenha um bom dia, Angelo... e aja.

Angelo (acenando, vagamente)- Até mais...

Na velha mansão Viscaia...

Zaíra está supervisionando o trabalho da nova empregada, Aline.

Zaíra- Ali, no cantinho, bonitinha... tá indo bem!

Aline- Obrigada, dona Zaíra...

Renata vai descendo as escadas, quando tocam a campainha. Zaíra logo se vira para o hall.

Renata- Não, deixa comigo. Mande a Aline limpar o meu quarto... vou abrir...

Ela se adianta, apreensiva.

Renata (sorrindo)- Quem será agora, hein, Zaíra?

E o tom de riso se apaga no instante em que se revela que Leonor está do outro lado, segurando um leque dourado e um buquê de flores secas.


(intervalo)

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Música

E aí, povo bom!




Tudo beleza? Hoje vamos conhecer mais um pouco de mim mesmo! E um dos meus lados é que eu adoro cantar! E eis aqui uma música que eu adoro cantar à plenos pulmões. É "Russian Roulette", da barbadiana Rihanna e sua fase "sequelada". Podem dizer que é música triste e eu me animo com as triste, mas me sinto tão feliz hoje que deu vontade de cantá-la.







Aproveitem o resto da semana! Abraços!

Histórias da Mansão

Capítulo 14 - Dinheiro Fácil








Edmundo fica ligeiramente tenso, mas pensa duas vezes e resolve usar o quê o filho falou.

- Ricaça? Que ricaça? Explique isso direito! E baixe o tom!

Wagner se irrita, mas respira fundo e faz o pai se sentar, sentando em frente à ele.

- Você sabe... a mulher que me ajudou... a freira, a ricaça que mora na casa dos Oliveira...
- Da mansão? - Edmundo arregala levemente os olhos.

Raquel, porém, se levanta ao ver a cobiça no tom de voz do marido.

- Conte logo tudo, Edmundo! Conte pra ele que você a estuprou, seu nojento!
- Estuprador, como assim?! - Wagner se revolta, e Edmundo tenta amenizar a situação!
- Não foi estupro! - ele olha para Raquel, furioso. - A menina tava bêbada, foi... foi num carnaval! Eu e sua mãe tinhamos brigado e eu dei uma pulada de cerca! Quem não faz isso?!
- Edmundo... - começa Raquel, mas um olhar do marido faz ela se calar.

Wagner está paralisado. Cai na mesinha de centro, vacilante, e Edmundo se aproveita.

- Eu fiquei sabendo que ela era moça de família... nos conhecemos por acaso! Ela tava de folia! - ele começa a se defender e Wagner cai na do pai. - Depois, descobri onde ela morava  e soube que ela tava buchuda!
- Assim, do nada? - Wagner ironiza, e acrescente: - E eu conheço a dona Ana... ela nunca iria farrar em carnaval nenhum!
- Você conheceu ela velha e freira, eu que peguei ela novinha e louca! - grita Edmundo, furioso.

Raquel está por trás do marido, os olhos fechados, tentando não revelar a verdade.

- Sua mãe... tinha perdido um menino depois do parto do teu irmão... e ficou seca. - ele olha feio pra a esposa que nada pode fazer. - Levei Raquel comigo pra casa deles, e ela atirou o menino no meu colo pra eu criar... atirou você pra pobreza, meu filho!

Wagner está mudo. Se levanta, tentando não acreditar em nenhuma palavra que ele diz.

- Não é verdade, mulher? - Edmundo pergunta do nada, para Raquel, se se sobressalta.
- É... sim... é verdade, Waguinho... você foi dado pra nós pela ricaça.

Wagner chora, completamente sem chão. Raquel tenta avançar, mas o menino a retém e sai, subindo pro quarto. Raquel o olha, até sentir que Edmundo a puxou pelos cabelos.

- NUNCA MAIS... tente se meter na conversa! Você tá me entendendo?
- Me... sol...solta! - Raquel se desvencilha dele, que puxa um tufo de cabelo da mulher, que choraminga.
- Não seja idiota, não percebeu que a gente pode arrancar um bom dinheiro dessa ricaça por esse moleque inútil?

Raquel fica horrorizada.

- Você vai vender o meu filho, Edmundo? - ela pergunta, chorosa.
- Que teu filho o quê! O filho é da riquinha metida a santa! E pode apostar, ela já veio aqui uma vez... virá aqui outra! E virá com dinheiro! E você não se meta!

Ele empurra a mulher no sofá, que cai aos prantos. 


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Dia seguinte...

Luana está na área da piscina tomando sol e nota que Arthur está trabalhando no jardim, longe da casa. Anda sorrateiramente até lá e dá um sustinho no jardineiro, que pula.

- Ui, que é isso, benzinho? - ela dá uma risadinha.
- O quê a senhora quer aqui? Quer acabar toda cortada outra vez?
- Ai, bonitinho, relaxa, meu marido tá no trabalho... - ela se abana com chapéu e tenta seduzir o rapaz. - Ei, escuta... a casa toda tá sabendo que o teu irmãozinho é filho da santinha Paula... não é?

Arthur fica tenso, mas acaba confirmando tudo.

- Eu sabia... faro de mulher, meu filho... - ela dá uma risada.
- E o quê a senhora tá pensando, dona Luana?
- Tô pensando que agora ele é muito mais interessante do quê você, querido... - ela dá uma risadinha e vai saindo, deixando Arthur furioso.

Ao chegar na porta da casa, vê Vítor chegando do cursinho.

- Ô, bebê da mamãe, lindo... cadê seu pai, chegou?
- Sei lá... quem tem que segurar ele é você.

Luana abre a boca lentamente, e Vítor, crispando os lábios, vai saindo.

- Vem cá, cê tá insinuando alguma coisa, filho?
- Claro que não, mamãe! - responde Vítor, sorrindo. - Foi só uma maneira rebuscada de dizer que o marido é seu!

Luana faz cara de tacho, e acompanha o filho, que sobe as escadas. De um lado, sai Ana Paula, acompanhada logo em seguida de Ronaldo, que sai pelos fundos.

- Cunha! Venha cá... - ela vai até Ana Paula, que está cabisbaixa. - Venha, vamos pro sol...
- Que sol o quê... quero mais me enterrar numa sombra.
- Nada disso... sabemos bem que o Wagnerzinho bonitinho é seu filho, é um menino bonito... compreensível e inteligente, e não vai tardar a notar que os pais dele estão enganando-o, não é?
- Isso você diz. - replica a freira, desinteressada, olhando pro lado oposto.
- Ora, não sejamos pessimistas! - começa Luana. - Eu sei...
- Olha... não leva à mal... - ela começa, se levantando. - Mas eu vou pro convento... cunha. Tô precisando é de uma boa oração.

E sem mais, sai em direção às garagens.


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Longe dali, na cobertura de Bernardo...

O arquiteto está com uns amigos na piscina. Sorriem, mas Bernardo está distante e aéreo. Na hora do almoço, todos se vão, e Bernardo vai deixá-los. Passa pouco tempo e tocam a campainha.

- Humpf... quem será agora? Alguém esqueceu a carteira?

Ele abre a porta e dá de cara com Juliana, segurando uma panela e com uma cara travessa.

- Almoça comigo? - ela sorri, faceira.
- Que é isso, Juliana?
- Cadê as meninas? A minha macarronada seduz qualquer um! - ela vai entrando, procurando as filhas do arquiteto.
- Juliana, para com isso... as meninas tão com a mãe delas...
- Hum... tá de sunguinha... que é isso? Que lindo... - ela pousa a panela na mesa de jantar e faz uma cara de felicidade. - Já te disse que te adoro de sunga? Você fica... - e ela vai se aproximando. - um tesão...

- Juliana... peraí... - diz ele de olhos fechados, tentando escapar dos beijos da médica, que o aperta contra ela. - Eu não posso fazer isso...
- E cadê a mãe delas? Não está aqui, não é? - indaga Juliana, fazendo joguinho.
- Está... não sei onde...
- Ah... ela saiu de casa? Estamos sozinhos.... - ela o seduz, beijando todo o rosto dele. - Então tá na hora de você se entregar logo, não é? Ou vai deixar pra depois do almoço?

Bernardo tenta se soltar, mas é em vão. Juliana se debruça sobre o encosto do sofá e o agarra, e os dois caem no maior amasso em plena sala.

- Ah... que quando eu te vi naquela piscina foi amor à primeira vista...
- Amor... é? - ele diz, entre os beijos.
- É, seu lindo... - ela o beija, sorrindo depois. - Amor... carinho... tesão... huuum... - ela o aperta e os dois caem no sofá.

Bernardo e Juliana continuam o amasso até que a porta se abre rapidamente.

- Bernardo, tá em casa? Eu queria falar contigo...

É Jéssica, que congela após notar o marido com Juliana em cima do sofá. A médica faz cara de culpa e espanto. Bernardo solta Juliana e se levanta.

- Ah... é claro... você... - e Jéssica se vira pro marido. - E você ainda dá uma de doido e diz que não tem mulher na jogada!
- Peraí, Jéssica, vamo conversar... - começa o arquiteto.
- Eu venho aqui pra conversar, pra gente repensar tudo mas você já meteu essa messalina dentro da nossa casa!
- Messalina não, hein? - Juliana se ergue, possessa.
- Não, não! Não se dê o trabalho! - Jéssica sai, chorando, quando Bernardo tenta avançar. - Sai! Não fala comigo! Fale com meu advogado quando ele vier te contactar!

Ela sai, batendo a porta e ouve-se um soluço. Bernardo fica parado, de olhos fechados. Se vira para Juliana, que vai saindo.

- Espera aí...
- Não... é melhor eu pegar o de serviço, pra não topar com sua mulher... - ela deixa a panela na mesa. - Come... pensa em mim... depois me procura.

Ela bate a porta e deixa Bernardo pensativo.


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Na casa de Raquel e Edmundo...

Wagner desce para o almoço, pensativo e cabisbaixo. Raquel o serve e ele come em silêncio. Eles escutam Edmundo chegar em casa, passar direto e subir pro quarto.

- Ele me disse... que queria conversar sério com  você... hoje. - Raquel começa, trêmula.
- Isso tudo é verdade, mãe? - indaga Wagner, confuso. - Me diz a verdade.

Raquel parece hesitante, mas balança  cabeça sorrindo.

- É... é verdade sim, filho... a sua mãe é a... a freira, a dona Ana Paula... e o seu pai a engravidou sim.

Wagner chora, abalado.

- Porque eu não podia ter uma família normal, como todo mundo? Porque tendo tantas casas pra varrer eu fui ser faxineiro justo na casa dessa louca, destemperada?
- Não fale assim dela, Wagner, ela pode sim querer o seu bem!
- Não quero saber! - responde ele, irritado. - Não se ofenda, mãe, mas ela me jogou na pobreza! Ela tinha dinheiro pra me criar dez vezes, e porque fez isso?
- Vai saber, meu filho! - Raquel se apressa a responder. - Acredite no seu pai, é só isso que... lhe peço.

Ela retira o prato de Wagner, quando ele termina e o rapaz se levanta.

- Agora vá falar... com seu pai... vá. - ela diz.

Sem mais um pio, Wagner vai subindo as escadas. Raquel olha pra louça, cabisbaixa e triste. "Não queria mentir.", pensa ela.

Wagner abre a porta e dá de cara com Edmundo, olhando pela janela, o rosto fechado.

- Ah, é você...

Wagner dá de ombros e entra, sentando na cama. Edmundo se vira, encostado no peitoril da janela, e encara o filho.

- Precisamos conversar sobre como vai ser agora... que você já sabe de tudo.
- O quê você quer dizer? - pergunta Wagner.
- A dona Ana... a sua mãe... a freira... - Edmundo começa, pressuroso. - Ela vai vir mais cedo ou mais tarde te procurar. Sua mãe... ou melhor, sua madrasta... - ele crispa os lábios. - me disse que ela veio aqui, há uns dias...
- Como assim?
- Ela deveria estar sondando terreno, meu filho! Ela queria se aproximar de você! Ela quer, na verdade! - acrescenta, sorrindo amarelo.
- E eu com isso? - questiona Wagner, irritado.
- Ora... seria bom que a recebesse bem, meu filho! - diz Edmundo com um sorriso cínico no rosto.


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À noite, Ronaldo conversa com André na área da piscina. Ambos tomam uma cervejinha e o clima é descontraído.

- ... e a ruivnha... a Clarisse, mano...?
- Ah, - responde André, sacana. - Aquilo é um pitéu!
- Você a trouxe pra cá em hora imprópria... - começa Ronaldo.
- A hora sempre é própria, meu irmão! - André responde com uma piscadela. - Você que deve estar afim!

Ele sorri, e se vira, curioso.

- À propósito, que mal eu pergunte, Ronaldo... mas você tá afim faz um bom tempo, não é?
- Que pergunta impertinente é essa, André? - responde Ronaldo, seco.
- Que é isso, mano, que grosseria!

Ronaldo parece irritado.

- Respeite o espírito da minha mulher, André Oliveira!
- Deixa de ser grilado, Ronaldo, que é isso! - André sorri. - Take it easy... haha!

Ronaldo se vira, olhando de lado. André se endireita na cadeira e fita o irmão.

- A questão não é sobre o espírito da Mayara, mano... a questão é sobre o seu espírito, mano... suas vontades... vai dizer que tu não sente vontade!?
- Isso é coisa que se diga, André? Claro que sinto, sou homem! - Ronaldo responde, irritado.
- Haha, tô falando! - André sorri, dando soquinhos na mesa.

Ele se levanta e Ronaldo estranha. André tira a carteira, procura por um instante e joga um cartãozinho na mesinha de madeira bruta.

- Que é isso?
- Um número mágico, ótimo... um serviço de acompanhantes de primeira... meio carinhas... mas não é coisa das que se encontram nas esquinas, é coisa boa... - responde André, astuto. - Vou puxar meu carro! Falou! Aproveita aí... vou dizer pra Clarisse que você mandou um abraço! - fala com um sorrisinho.

Ronaldo fica parado, tentado. Não olha o cartãozinho por uns instante, até que não resiste e liga.

Pouco depois, Luana vem chegando de carro quando nota uma estonteante loira saltando de um táxi com um vestido justíssimo. Curiosa, ela deixa o carro para o porteiro estacionar e segue a mulher, que caminha pelo jardim sorrateiramente até o estar ao lado da piscina, onde Ronaldo, com uma latinha de cerveja na mão, a aguarda.

- Saquei tudo... safado! - diz Luana, antes de se esgueirar para fora do arbusto e surpreender os dois.

- Ahá! Peguei você no pulo, né cunhadinho?!



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segunda-feira, 9 de julho de 2012

(continuação, cap 24)





Renata e Tiago continuam se olhando, até que...

Zaíra (se erguendo, enérgica)- Bom, bora lá! Hora da janta! Espero que o senhor goste, seu Sarmento!

Renata sorri e se levanta, tímida. Tiago vai se levantando e vão juntos à sala de jantar.

Longe dali...

Leonor vai ao encontro de Angelo na pracinha, e os dois vão tomar um sorvete na sorveteria da esquina.

Leonor- Bom, filho, me conte... como está sua vidinha aqui?

Angelo (animado)- Até agora, nada à reclamar... arrumei um emprego, tô fazendo uns amigos no trabalho...

Leonor- Ô... que trabalho, hein? Fui dar uma olhada naquela desgraçeira... pelo amor de Deus...

Angelo- Eu conheci a primeira-dama! Tem mais essa!

Leonor (excitada)- Como assim?! A primeira-dama? Meu queriiiiiiiiido (ela se abana com um de seus leques), isso é bom demais pra ser verdade! Como ela é?

Angelo (franco)- Rude, mal-educada, autoritária... sou mais a filha dela.

Leonor (estreitando os olhos)- E já andou arrastando umas asinhas por aí, querido?

Angelo (corando)- Não! Não é isso! Ela é bonita, sim, mas...

Leonor- Mas nada, Angelo! Você tem uma mira perfeita, querido! Podendo mirar em qualquer biscate nessa cidade, você mira logo na filha da primeira-dama! Muito bem!

Angelo sorri sem graça, e Leonor dá uns tapinhas nas costas do filho.

Leonor- Ótimo, assegure o seu lugar ao lado dela... e eu... eu descobri uma coisa maravilhosa.

Angelo- O quê, mãe?

Leonor (sombria)- Descobri... onde a faxineira viúva do seu pai está morando!


(intervalo)


Angelo (balançando a cabeça)- Ah, mãe! Eu falando de coisa boa... você vai começar essa história de novo?

Leonor- Eu nunca encerrei queridinho! - e dá uma gargalhada. - Agora sim a coisa vai ficar boa... Amanhã mesmo eu vou passar lá pra dar um alô pra essa piranha.

Angelo- Mãe, deixa essa história de lado, a gente já está se ajustando...

Leonor (com raiva)- Ajustando? Ajustando aqui, nessa cidadezinha podre, pacata e parada no tempo? Nada disso, a gente tá aqui justamente pra eu poder me vingar dessa ordinária! Tomou meu marido e todo o meu dinheiro!

Angelo- Manera, mãe...

Leonor- Nada disso, vou me vingar dessa mulher nem que seja a última coisa que eu faça. E paga essa conta, que eu tô LISA! - ela se espanta com o quê disse, esconde a boca com o leque e sai correndo, deixando Angelo sozinho.

Angelo (para si)- É dose...

Na casa de Romero...

Romero e Olívia estão acabando de jantar. Olívia limpa-se com um guardanapo e vai se erguendo. De repente tocam a campainha insistentemente.

Romero (comendo, sem olhá-la)- Se for a vadiazinha sem família, manda ela pra fora daqui.

Olívia vai abrir, irritada. Ela mal abre e é empurrada com toda força por Laís, que adentra a casa feito um furacão.

Olívia- Minha filha, o quê houve?

Laís (ignorando-a)- Tenho coisas a tratar com os dois! - ela fala alto, e Romero vai para a sala de estar. - Primeiro, com a mamãezinha... - ela joga a bolsa com força no centro de mesa, produzinho um estrondo, e fixa o olhar furioso na mãe. - Você fez alguma menção da verdadeira mãe da Telma para ela?!

Olívia mantém a calma, mas percebe o olhar furioso de Laís e Romero nela.


(intervalo)


Olívia- Não contei nada. Não vou fazer isso.

Romero (rindo)- Quem me garante que você não tá mentindo?

Laís, porém, vê verdade nos olhos da mãe.

Laís (sorrindo, irônica)- É claro, papai... - ela dá uma risada. - ela nunca contaria algo pra Telminha... ela tem medo da reação... da NOSSA reação.

Laís se vira para o pai, com ar de riso, mas logo acaba com a alegria.

Olívia- Não precisam mais de mim, eu vou subindo.

Ela vai andando, mas, no escuro, para no meio da escada para escutar.

Laís- Soube de seu barraco na frente da associação, papai...

Romero- A vadia da sua irmã levou um arquiteto e tudo pra dar uma olhada do terreno. Eu tive vontade de puxá-la pelos cabelos, mas tinha o motorista, parecia um brucutu.

Laís dá uma risada e chega perto do pequeno bar da casa. Apanha um uísque e duas pedras de gelo, despeja num como e sai bebendo, em volta do pai.

Laís- Os pescadores não querem esse hotel de jeito nenhum, não é?

Romero- Tem alguns traíras que dizem que nem ligam, mas e daí? Posso fazer a cabeça dos que interessam, por nós, esse hotel não sai do papel!

Laís- Ótimo! Firmemos um pacto... eu preciso da ajuda de duas outras pessoas para... firmar uma mobilização! Contra o hotel dessa vagabunda!

Romero (impressionado)- É mesmo? E quem?

Laís (desprezo)- Eu formulei um plano agorinha... e para que tudo saia direito, preciso daquela vaca da Suzana Borges, e de um biólogo marinho... que conheci um dia desses. Garanta a sua parte... (e ela vira o uísque de um gole)- Que eu garanto a minha. Juntos, essa vadia não tem pra onde correr!


(fim do capítulo 24)


Homem ao Chão

Capítulo 24 - Momento Crítico





Telma parece estranhar a revolta da mãe, e Laís cai em si.

Laís- Eu... eu quis dizer, querida...

Telma- Quis tripudiar, mas caiu em si, não foi?

Laís (paranóica)- Isso tem dedo da sua avó, não tem?

Telma (rindo)- Claro que não, foi só um comentário...

Laís (explodindo)- Um comentário de muito mal gosto, sua ingrata!

Telma recua, com medo da mãe.

Laís (furiosa)- Acha mesmo que eu mal te pari? Eu te pari, troquei suas fraldas, lhe dei banho, comida, casa, educação... nunca lhe faltou nada! Você teve uma infância muito melhor do que a minha e fica atirando calúnia contra mim... é assim agora, Telma!

Telma- Peraí, mãe, também não é pra tanto!

Laís- Claro que não, você mal sabe o quê eu passei! Agora anda, vamos pra casa! E você vai largar de uma vez do seu "trabalho comunitário" (ela faz o gesto das aspas) e vai de uma vez pra prefeitura!

Telma (voltando-se, furiosa)- A discussão não chegou nesse ponto!

Laís- A discussão acabou! Agora ANDA!

E Laís toca a empurrar a filha, que anda, com medo.

Laís- E tem mais... - ela segura Telma, que se debate e olha a mãe. - eu não gostei da cara desse sujeito... ele pode ter olho azul, pele boa, ser meio loirinho... mas tem cara de pé-rapado!

Telma (se soltando)- A gente não tem nada! Ele apenas é educado comigo, somos colegas!

Laís (irônica)- Colegas, sei... haha! Esse daí... tá na cara dele que ele quer brincar de médico com você! Largue dele, eu já disse!

E com esse último urro, Laís entra pelo portão de casa. Telma a segue.


(intervalo)


Anoitece, e Renata se reúne na mansão Viscaia com Tiago Sarmento. Zaíra passa um café e os três se acomodam na sala de visitas, já mais arrumada.

Zaíra (entregando a xícara)- Tome, doutor... ainda bem que o senhor pegou a casa já mais limpinha, não tinhamos arranjado empregados ainda...

Tiago (provando)- Hum... está ótimo. Obrigado.

Ele toma outro gole e pousa a xícara na mesinha, olhando em seguida de uns papéis em seu colo para Renata, sentada defronte à ele.

Tiago- Tenho certeza que conseguiremos um ótimo resultado com o seu desejo, sra. Vasconcelos, contudo... (Renata ergue uma sobrancelha), o seu pai e os amigos serão uma barreira difícil de remover do seu caminho.

Renata (dando de ombros)- Você viu até pouco. Meu pai já foi muito mais rabugento do que isso. E é capaz de soltar todo seu veneno pra tentar me impedir.

Tiago- Ele é contra o progresso?

Renata (sorrindo, sem graça)- Não, sr. Sarmento, ele é contra mim mesmo?

Tiago (sem graça)- Hum... acho que seria demais... perguntar o porquê, não é?

Zaíra olha para Renata, que avalia o arquiteto por longos dez segundos.

Renata (séria)- Por enquanto... sim. Mas podemos dizer, por cima, que meu pai sempre me julgou mal.

Tiago- Mas a senhora dava motivos para isso?

Renata (direta)- Eu nunca me submeti à aba dele, só isso.

Tiago (sacudindo a cabeça)- Perdoe-me. Fui muito indiscreto.

Renata- Não, não... isso atrai qualquer atenção (e sorri). - O senhor é um homem bom, sr. Sarmento.

Tiago- Tiago, pros amigos.

Os dois sorriem, e Zaíra ergue as sobrancelhas.


(intervalo)

domingo, 8 de julho de 2012

Música

E aí, pessoal, beleza?



Tudo de bom, né? Vamos lá à mais uma música que pretendo postar... desta vez, uma mais novinha, e bem agradável ao ouvido. Chama-se "National Anthem", da americana Lana Del Rey. Acompanha a música um clipe muito bom, baseado no presidente JFK... é...


Curtam!







Até mais!

sábado, 7 de julho de 2012

Histórias da Mansão

Capítulo 13 - Desprezo










Wagner tenta achar graça. Se solta do aperto da freira com um impulso. Tenta argumentar, mas vê verdade e desespero no rosto da mulher.

- A senhora... não tá de brincadeira? Que é isso?
- Eu... não devia ter dito isso! - ela se desespera e volta o rosto.

Wagner fica sem ar, mas logo sua raiva vem à tona.

- A senhora sabe que eu contei ser adotado! A senhora tá zombando de mim, é isso?!
- Eu nunca zombaria de ninguém por isso, filho... - começa ela.
- Não me chama de filho! - grita ele, afastando-se de Ana Paula, com repulsa.

Ana Paula leva as mãos à boca, aflita e desesperada, o rosto cheio de lágrimas.

- De onde você tirou essa história? De que é minha mãe!?
- Eu... é uma longa história...

Wagner parece tresloucado.

- Isso tá muito mal contado...
- Eu... eu posso explicar... - ela tenta argumentar, trêmula.
- Não! - ele se esquiva, se afastando. - Me solta! Isso só pode ser mentira! Sai... me deixe passar!
- Por favor, meu filho, não faz isso comigo! - ela tenta impedí-lo de sair, alterada.
- Não me chama de filho, eu não sou seu filho! Cai na real! - ele se irrita, tentando achar a outra saída da estufa.

Ana Paula se desata à chorar.

- Não me trata assim, meu filho...
- NÃO ME CHAMA DE FILHO! - ele é violento e empurra a freira pro lado. - Sendo cheia da grana, porque você teria me largado num orfanato?! A senhora sabe que eu não tenho onde cair morto, que eu vim de baixo! E porque você teria me largado, seu filho? Não é uma coisa muito... cristã, não é?
- Não fala isso! Não fala do que você não sabe!
- NÃO! - ele diz, apanhando a pá e a vassoura, irritado. - Eu sei de tudo sobre mim! Não pense que pode me dizer que é minha mãe...
- MAS EU SOU...! - começa ela.

Wagner porém, ergue o braço para ela se calar, e se retira, rapidamente, para a área de serviço. Ana Paula, desesperada, joga-se numa das cadeiras e desata a chorar.


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Sai o sol, e um sábado morno e cheio de nuvens paira sobre a mansão Oliveira. Bernardo chega e, de cara fechada, procura Ana Paula. Acha a tia dormindo sobre a mesa de ferro da estuda, no mesmo ponto que parou no dia anterior.

- Tia... tia Ana... que é isso?

Ela nada responde. Pouco depois, porém, houve-se um ruído e Arthur, junto de Wagner, saem pela passagem de serviço, discutindo abertamente.

- ... e porque você vai sair do nada?
- Já disse, fui maltratado aqui! - responde Wagner, seco.
- Maltratado, você?! - Arthur dá uma risada. - Até parece que isso aqui é um hospício!
- E não é?! Tem cada doido aqui! - responde o faxineiro.
- Espera aí, garoto! - Bernardo se revolta. - Que mané hospício?!

Wagner engole em seco, e Arthur arregala os olhos.

- Ele não quis dizer nada...
- Claro que não... - Bernardo retruca, irônico.
- Não é isso, seu Bernardo... - começa Wagner, nervoso. - Aqui tem certas pessoas que estão me tratando mal, e eu acho que não devo ficar aqui!

Bernardo olha dele para Ana Paula, e fica calado. Wagner aproveita para sair, rápido, e Arthur o acompanha. Bernardo anda até Ana Paula, que começa a se erguer, assutada.

- Você contou para o Wagner, não foi?

Ana Paula reconhece Bernardo e, tristonha, desata a chorar, erguendo-se e indo até o sobrinho, que a abraça, amparando-a.

- Contei! Foi a maior burrice que já fiz na minha vida, meu filho! - ela soluça, chorando. - Ele não podia ter falado aquilo tudo comigo!
- Você não teve paciência, tia! Eu lhe pedi tanto para ter calma...
- Coloque-se no meu lugar, Bernardo! - ela reage, irritada. - Como uma mãe que ficou vinte e um anos achando que o filho estava morto reagiria? Você conseguiria me refrear? Ninguém conseguiria!

Ela se senta, desesperada. Atraído pelas vozes alteradas, Ronaldo aparece na porta da estufa.

- Estou interrompendo algo?

Ana Paula e Bernardo se entreolham. Pouco depois, a freira levanta e vai até o irmão.

- Acho que já é hora de contar à todos...


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Pouco depois, família reunida na sala de jantar, Bernardo e Ana Paula contam tudo aos parentes, que ficam espantadíssimos.

- E você reconheceu o canalha? - pergunta Patrícia.
- Claro, Patrícia... se ela disse que foi lá... - resmunga Oswaldo...
- O importante agora... - fala Ronaldo alteando a voz. - É a compreensão de vocês todos. Somos uma família unida, sempre fomos... precisamos da cooperação de todos com essa caso do Wagner... pessoalmente, acho o menino muito cativante, educado, responsável e esforçado.
- É... ele é gente boa. - diz André, com um sorriso.
- Ele é ótimo. - diz Luana, animada. Paulinho revira os olhos, irritado.
- Enfim... vamos procurá-lo, daqui à um tempo... - começa Bernardo.
- Claro que vamos... - diz Ana Paula de maneira rude, e todos se espantam. - Eu vou conseguir ter o meu filho ao meu lado. Nada vai me impedir.

Todos se entreolham e começam a se levantar para sair. Vítor e Danilo se levantam e vão rapidamente para o quarto do primeiro, com Vítor bastante irritado.

- Que legal, descobrir que temos um primo depois de tanto tempo! - começa Danilo, entusiasmado.
- Pois pra mim poderia permanecer morto. - retruca Vítor, sem olhá-lo, dirigindo-se para o video-game. - Só o quê me faltava, esse clima de babação pra cima desse subalterno...
- Que é isso, Vítor, o carinha é bem gente boa mesmo...
- É só mais um! - replica o outro, irritado. - E se bobear, entra na minha listinha também!

Danilo parece se desesperar e chega bem perto de Vítor.

- Pelo amor de Deus! Desiste dessa bobagem!
- Sai pra lá! - Vítor o repele. - Eu tenho palavra! Eu fui humilhado pelo meu tio, e não vou deixar isso barato! Vou cortar toda felicidade dele!

Danilo se espanta, horrorizado.

- Você vai dar pra trás, é isso?
- Não! - solta Danilo, rapidamente, e Vítor dá uma gargalhada.

O branquelo pega o controle do video-game e dá para o primo.

- Anda, meu segundo player eterno... vamo jogar.


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Mais tarde, naquele dia, Jéssica encontra com Priscilla na casa da irmã, junto das filhas, para um almoço. As meninas ficam num canto brincando e Priscilla aproveita para puxar assunto com a irmã, que está aflita.

- Mas, já? - Priscilla pergunta, chocada.
- É... tá na minha hora de sair de lá, mesmo.
- Não sei, mana... acho que você foi precipitada demais... - diz, levantando e levando os pratos sujos.
- Não. - diz Jéssica com simplicidade. - Eu apenas quis evitar qualquer constrangimento no futuro, Pri.
- Nossa, Jéssica, você é tão moderna! - Priscilla se assusta, balançando a cabeça. - Até parece que você não gosta dele!

Jéssica olha para o lado oposto.

- Gosto, Priscilla... - ela suspira, infeliz. - Ele é um cara muito bom... é um marido muito bom... mas eu o sinto tão distante... tão... frio, quase gelado. E essa rotina nossa... parecemos casados à um século!

Priscilla dá uma risadinha.

- Isso é verdade... vocês estão certinhos demais!
- E desde quando nós fomos desordeiros? - indaga Jéssica, com um sorriso.
- Sei lá... mas vocês eram mais animados, Jéssica! - Priscilla tenta se explicar.

Jéssica se vira, levemente irritada.

- Tá dizendo que eu sou uma pessoa entediante?
- Não, não foi isso que eu disse! - Priscilla se defende. - Ora... vocês apenas...
- Tivemos filhos, ascendemos economicamente... - começa a refletir Jéssica. - Será isso o bastante?

Priscilla olha a irmã, penalizada.

- Olha... - começa Priscilla, determinada. - Vocês estão passando apenas por uma má fase. E outra, você disse que ele tá afim de alguma mulher...
- Eu sei que sim...
- De todo jeito... - corta Priscilla. - Você o ama, não é?! Você mesmo disse, ele é bom marido, bom pai, um cara legal! Porque você jogaria um homem desses de bandeja pra qualquer uma?
- É... - diz Jéssica, refletindo um pouco.


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Longe dali...

Wagner chega em casa. Parece irritado. Larga as coisas no quartinho e vai para a cozinha. A mãe, Raquel, está na sala, costurando, e fica indiferente ao filho irritado. Wagner junta-se à mãe, zangado, e liga a TV, distraído.

Pouco depois, a porta da frente abre-se com um estrondo e entra Edmundo, pai de Wagner. Raquel se sobressalta levemente e fura-se com a agulha.

- Olha o jeito, pai... - diz a mulher.
- Que é que esse menino está fazendo aqui, mulher? - pergunta Edmundo, de supetão, apontando pra Wagner enquanto vai até a geladeira, pegar cerveja. - Não tinha que estar trabalhando não, no casarão que o Arthur trabalha?

Wagner se vira para encarar o pai.

- Eu saí de lá.

Edmundo dá uma gargalhada maldosa.

- Saiu? Saiu, foi, bebezinho da mamãe? E vai fazer o quê agora, seu imprestável? Vai pedir troco no sinal? Vai virar flanelinha?
- Não adianta me insultar, pai, não vai conseguir me tirar do sério... porque estou muito intrigado com um rolo aí...

Edmundo faz cara de espanto.

- Oh... olha, ele... intrigado com um rolo aí... parece até gente grande... - ele faz cara de nojo e cospe no chão. - Ah, moleque, vá tomar banho! Desde quando você tem motivos pra "ficar intrigado com um rolo", hein?

Wagner se ergue e peita o pai.

- Desde quando uma doida de uma freira olha na minha cara e diz que eu sou filho dela!

Edmundo encara assustado o filho. No sofá, Raquel se ergue, amedrontada, e fura outro dedo.

- Anda, pai, me diz se isso é verdade? Você me achou num orfanato mesmo ou essa ricaça me deu pra vocês criarem?


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