(continuação, cap 24)
Renata e Tiago continuam se olhando, até que...
Zaíra (se erguendo, enérgica)- Bom, bora lá! Hora da janta! Espero que o senhor goste, seu Sarmento!
Renata sorri e se levanta, tímida. Tiago vai se levantando e vão juntos à sala de jantar.
Longe dali...
Leonor vai ao encontro de Angelo na pracinha, e os dois vão tomar um sorvete na sorveteria da esquina.
Leonor- Bom, filho, me conte... como está sua vidinha aqui?
Angelo (animado)- Até agora, nada à reclamar... arrumei um emprego, tô fazendo uns amigos no trabalho...
Leonor- Ô... que trabalho, hein? Fui dar uma olhada naquela desgraçeira... pelo amor de Deus...
Angelo- Eu conheci a primeira-dama! Tem mais essa!
Leonor (excitada)- Como assim?! A primeira-dama? Meu queriiiiiiiiido (ela se abana com um de seus leques), isso é bom demais pra ser verdade! Como ela é?
Angelo (franco)- Rude, mal-educada, autoritária... sou mais a filha dela.
Leonor (estreitando os olhos)- E já andou arrastando umas asinhas por aí, querido?
Angelo (corando)- Não! Não é isso! Ela é bonita, sim, mas...
Leonor- Mas nada, Angelo! Você tem uma mira perfeita, querido! Podendo mirar em qualquer biscate nessa cidade, você mira logo na filha da primeira-dama! Muito bem!
Angelo sorri sem graça, e Leonor dá uns tapinhas nas costas do filho.
Leonor- Ótimo, assegure o seu lugar ao lado dela... e eu... eu descobri uma coisa maravilhosa.
Angelo- O quê, mãe?
Leonor (sombria)- Descobri... onde a faxineira viúva do seu pai está morando!
(intervalo)
Angelo (balançando a cabeça)- Ah, mãe! Eu falando de coisa boa... você vai começar essa história de novo?
Leonor- Eu nunca encerrei queridinho! - e dá uma gargalhada. - Agora sim a coisa vai ficar boa... Amanhã mesmo eu vou passar lá pra dar um alô pra essa piranha.
Angelo- Mãe, deixa essa história de lado, a gente já está se ajustando...
Leonor (com raiva)- Ajustando? Ajustando aqui, nessa cidadezinha podre, pacata e parada no tempo? Nada disso, a gente tá aqui justamente pra eu poder me vingar dessa ordinária! Tomou meu marido e todo o meu dinheiro!
Angelo- Manera, mãe...
Leonor- Nada disso, vou me vingar dessa mulher nem que seja a última coisa que eu faça. E paga essa conta, que eu tô LISA! - ela se espanta com o quê disse, esconde a boca com o leque e sai correndo, deixando Angelo sozinho.
Angelo (para si)- É dose...
Na casa de Romero...
Romero e Olívia estão acabando de jantar. Olívia limpa-se com um guardanapo e vai se erguendo. De repente tocam a campainha insistentemente.
Romero (comendo, sem olhá-la)- Se for a vadiazinha sem família, manda ela pra fora daqui.
Olívia vai abrir, irritada. Ela mal abre e é empurrada com toda força por Laís, que adentra a casa feito um furacão.
Olívia- Minha filha, o quê houve?
Laís (ignorando-a)- Tenho coisas a tratar com os dois! - ela fala alto, e Romero vai para a sala de estar. - Primeiro, com a mamãezinha... - ela joga a bolsa com força no centro de mesa, produzinho um estrondo, e fixa o olhar furioso na mãe. - Você fez alguma menção da verdadeira mãe da Telma para ela?!
Olívia mantém a calma, mas percebe o olhar furioso de Laís e Romero nela.
(intervalo)
Olívia- Não contei nada. Não vou fazer isso.
Romero (rindo)- Quem me garante que você não tá mentindo?
Laís, porém, vê verdade nos olhos da mãe.
Laís (sorrindo, irônica)- É claro, papai... - ela dá uma risada. - ela nunca contaria algo pra Telminha... ela tem medo da reação... da NOSSA reação.
Laís se vira para o pai, com ar de riso, mas logo acaba com a alegria.
Olívia- Não precisam mais de mim, eu vou subindo.
Ela vai andando, mas, no escuro, para no meio da escada para escutar.
Laís- Soube de seu barraco na frente da associação, papai...
Romero- A vadia da sua irmã levou um arquiteto e tudo pra dar uma olhada do terreno. Eu tive vontade de puxá-la pelos cabelos, mas tinha o motorista, parecia um brucutu.
Laís dá uma risada e chega perto do pequeno bar da casa. Apanha um uísque e duas pedras de gelo, despeja num como e sai bebendo, em volta do pai.
Laís- Os pescadores não querem esse hotel de jeito nenhum, não é?
Romero- Tem alguns traíras que dizem que nem ligam, mas e daí? Posso fazer a cabeça dos que interessam, por nós, esse hotel não sai do papel!
Laís- Ótimo! Firmemos um pacto... eu preciso da ajuda de duas outras pessoas para... firmar uma mobilização! Contra o hotel dessa vagabunda!
Romero (impressionado)- É mesmo? E quem?
Laís (desprezo)- Eu formulei um plano agorinha... e para que tudo saia direito, preciso daquela vaca da Suzana Borges, e de um biólogo marinho... que conheci um dia desses. Garanta a sua parte... (e ela vira o uísque de um gole)- Que eu garanto a minha. Juntos, essa vadia não tem pra onde correr!
(fim do capítulo 24)
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