Pra você que não tem preguiça de ler =)

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Histórias da Mansão

Capítulo 14 - Dinheiro Fácil








Edmundo fica ligeiramente tenso, mas pensa duas vezes e resolve usar o quê o filho falou.

- Ricaça? Que ricaça? Explique isso direito! E baixe o tom!

Wagner se irrita, mas respira fundo e faz o pai se sentar, sentando em frente à ele.

- Você sabe... a mulher que me ajudou... a freira, a ricaça que mora na casa dos Oliveira...
- Da mansão? - Edmundo arregala levemente os olhos.

Raquel, porém, se levanta ao ver a cobiça no tom de voz do marido.

- Conte logo tudo, Edmundo! Conte pra ele que você a estuprou, seu nojento!
- Estuprador, como assim?! - Wagner se revolta, e Edmundo tenta amenizar a situação!
- Não foi estupro! - ele olha para Raquel, furioso. - A menina tava bêbada, foi... foi num carnaval! Eu e sua mãe tinhamos brigado e eu dei uma pulada de cerca! Quem não faz isso?!
- Edmundo... - começa Raquel, mas um olhar do marido faz ela se calar.

Wagner está paralisado. Cai na mesinha de centro, vacilante, e Edmundo se aproveita.

- Eu fiquei sabendo que ela era moça de família... nos conhecemos por acaso! Ela tava de folia! - ele começa a se defender e Wagner cai na do pai. - Depois, descobri onde ela morava  e soube que ela tava buchuda!
- Assim, do nada? - Wagner ironiza, e acrescente: - E eu conheço a dona Ana... ela nunca iria farrar em carnaval nenhum!
- Você conheceu ela velha e freira, eu que peguei ela novinha e louca! - grita Edmundo, furioso.

Raquel está por trás do marido, os olhos fechados, tentando não revelar a verdade.

- Sua mãe... tinha perdido um menino depois do parto do teu irmão... e ficou seca. - ele olha feio pra a esposa que nada pode fazer. - Levei Raquel comigo pra casa deles, e ela atirou o menino no meu colo pra eu criar... atirou você pra pobreza, meu filho!

Wagner está mudo. Se levanta, tentando não acreditar em nenhuma palavra que ele diz.

- Não é verdade, mulher? - Edmundo pergunta do nada, para Raquel, se se sobressalta.
- É... sim... é verdade, Waguinho... você foi dado pra nós pela ricaça.

Wagner chora, completamente sem chão. Raquel tenta avançar, mas o menino a retém e sai, subindo pro quarto. Raquel o olha, até sentir que Edmundo a puxou pelos cabelos.

- NUNCA MAIS... tente se meter na conversa! Você tá me entendendo?
- Me... sol...solta! - Raquel se desvencilha dele, que puxa um tufo de cabelo da mulher, que choraminga.
- Não seja idiota, não percebeu que a gente pode arrancar um bom dinheiro dessa ricaça por esse moleque inútil?

Raquel fica horrorizada.

- Você vai vender o meu filho, Edmundo? - ela pergunta, chorosa.
- Que teu filho o quê! O filho é da riquinha metida a santa! E pode apostar, ela já veio aqui uma vez... virá aqui outra! E virá com dinheiro! E você não se meta!

Ele empurra a mulher no sofá, que cai aos prantos. 


- - - - -


Dia seguinte...

Luana está na área da piscina tomando sol e nota que Arthur está trabalhando no jardim, longe da casa. Anda sorrateiramente até lá e dá um sustinho no jardineiro, que pula.

- Ui, que é isso, benzinho? - ela dá uma risadinha.
- O quê a senhora quer aqui? Quer acabar toda cortada outra vez?
- Ai, bonitinho, relaxa, meu marido tá no trabalho... - ela se abana com chapéu e tenta seduzir o rapaz. - Ei, escuta... a casa toda tá sabendo que o teu irmãozinho é filho da santinha Paula... não é?

Arthur fica tenso, mas acaba confirmando tudo.

- Eu sabia... faro de mulher, meu filho... - ela dá uma risada.
- E o quê a senhora tá pensando, dona Luana?
- Tô pensando que agora ele é muito mais interessante do quê você, querido... - ela dá uma risadinha e vai saindo, deixando Arthur furioso.

Ao chegar na porta da casa, vê Vítor chegando do cursinho.

- Ô, bebê da mamãe, lindo... cadê seu pai, chegou?
- Sei lá... quem tem que segurar ele é você.

Luana abre a boca lentamente, e Vítor, crispando os lábios, vai saindo.

- Vem cá, cê tá insinuando alguma coisa, filho?
- Claro que não, mamãe! - responde Vítor, sorrindo. - Foi só uma maneira rebuscada de dizer que o marido é seu!

Luana faz cara de tacho, e acompanha o filho, que sobe as escadas. De um lado, sai Ana Paula, acompanhada logo em seguida de Ronaldo, que sai pelos fundos.

- Cunha! Venha cá... - ela vai até Ana Paula, que está cabisbaixa. - Venha, vamos pro sol...
- Que sol o quê... quero mais me enterrar numa sombra.
- Nada disso... sabemos bem que o Wagnerzinho bonitinho é seu filho, é um menino bonito... compreensível e inteligente, e não vai tardar a notar que os pais dele estão enganando-o, não é?
- Isso você diz. - replica a freira, desinteressada, olhando pro lado oposto.
- Ora, não sejamos pessimistas! - começa Luana. - Eu sei...
- Olha... não leva à mal... - ela começa, se levantando. - Mas eu vou pro convento... cunha. Tô precisando é de uma boa oração.

E sem mais, sai em direção às garagens.


- - - - -


Longe dali, na cobertura de Bernardo...

O arquiteto está com uns amigos na piscina. Sorriem, mas Bernardo está distante e aéreo. Na hora do almoço, todos se vão, e Bernardo vai deixá-los. Passa pouco tempo e tocam a campainha.

- Humpf... quem será agora? Alguém esqueceu a carteira?

Ele abre a porta e dá de cara com Juliana, segurando uma panela e com uma cara travessa.

- Almoça comigo? - ela sorri, faceira.
- Que é isso, Juliana?
- Cadê as meninas? A minha macarronada seduz qualquer um! - ela vai entrando, procurando as filhas do arquiteto.
- Juliana, para com isso... as meninas tão com a mãe delas...
- Hum... tá de sunguinha... que é isso? Que lindo... - ela pousa a panela na mesa de jantar e faz uma cara de felicidade. - Já te disse que te adoro de sunga? Você fica... - e ela vai se aproximando. - um tesão...

- Juliana... peraí... - diz ele de olhos fechados, tentando escapar dos beijos da médica, que o aperta contra ela. - Eu não posso fazer isso...
- E cadê a mãe delas? Não está aqui, não é? - indaga Juliana, fazendo joguinho.
- Está... não sei onde...
- Ah... ela saiu de casa? Estamos sozinhos.... - ela o seduz, beijando todo o rosto dele. - Então tá na hora de você se entregar logo, não é? Ou vai deixar pra depois do almoço?

Bernardo tenta se soltar, mas é em vão. Juliana se debruça sobre o encosto do sofá e o agarra, e os dois caem no maior amasso em plena sala.

- Ah... que quando eu te vi naquela piscina foi amor à primeira vista...
- Amor... é? - ele diz, entre os beijos.
- É, seu lindo... - ela o beija, sorrindo depois. - Amor... carinho... tesão... huuum... - ela o aperta e os dois caem no sofá.

Bernardo e Juliana continuam o amasso até que a porta se abre rapidamente.

- Bernardo, tá em casa? Eu queria falar contigo...

É Jéssica, que congela após notar o marido com Juliana em cima do sofá. A médica faz cara de culpa e espanto. Bernardo solta Juliana e se levanta.

- Ah... é claro... você... - e Jéssica se vira pro marido. - E você ainda dá uma de doido e diz que não tem mulher na jogada!
- Peraí, Jéssica, vamo conversar... - começa o arquiteto.
- Eu venho aqui pra conversar, pra gente repensar tudo mas você já meteu essa messalina dentro da nossa casa!
- Messalina não, hein? - Juliana se ergue, possessa.
- Não, não! Não se dê o trabalho! - Jéssica sai, chorando, quando Bernardo tenta avançar. - Sai! Não fala comigo! Fale com meu advogado quando ele vier te contactar!

Ela sai, batendo a porta e ouve-se um soluço. Bernardo fica parado, de olhos fechados. Se vira para Juliana, que vai saindo.

- Espera aí...
- Não... é melhor eu pegar o de serviço, pra não topar com sua mulher... - ela deixa a panela na mesa. - Come... pensa em mim... depois me procura.

Ela bate a porta e deixa Bernardo pensativo.


- - - - -


Na casa de Raquel e Edmundo...

Wagner desce para o almoço, pensativo e cabisbaixo. Raquel o serve e ele come em silêncio. Eles escutam Edmundo chegar em casa, passar direto e subir pro quarto.

- Ele me disse... que queria conversar sério com  você... hoje. - Raquel começa, trêmula.
- Isso tudo é verdade, mãe? - indaga Wagner, confuso. - Me diz a verdade.

Raquel parece hesitante, mas balança  cabeça sorrindo.

- É... é verdade sim, filho... a sua mãe é a... a freira, a dona Ana Paula... e o seu pai a engravidou sim.

Wagner chora, abalado.

- Porque eu não podia ter uma família normal, como todo mundo? Porque tendo tantas casas pra varrer eu fui ser faxineiro justo na casa dessa louca, destemperada?
- Não fale assim dela, Wagner, ela pode sim querer o seu bem!
- Não quero saber! - responde ele, irritado. - Não se ofenda, mãe, mas ela me jogou na pobreza! Ela tinha dinheiro pra me criar dez vezes, e porque fez isso?
- Vai saber, meu filho! - Raquel se apressa a responder. - Acredite no seu pai, é só isso que... lhe peço.

Ela retira o prato de Wagner, quando ele termina e o rapaz se levanta.

- Agora vá falar... com seu pai... vá. - ela diz.

Sem mais um pio, Wagner vai subindo as escadas. Raquel olha pra louça, cabisbaixa e triste. "Não queria mentir.", pensa ela.

Wagner abre a porta e dá de cara com Edmundo, olhando pela janela, o rosto fechado.

- Ah, é você...

Wagner dá de ombros e entra, sentando na cama. Edmundo se vira, encostado no peitoril da janela, e encara o filho.

- Precisamos conversar sobre como vai ser agora... que você já sabe de tudo.
- O quê você quer dizer? - pergunta Wagner.
- A dona Ana... a sua mãe... a freira... - Edmundo começa, pressuroso. - Ela vai vir mais cedo ou mais tarde te procurar. Sua mãe... ou melhor, sua madrasta... - ele crispa os lábios. - me disse que ela veio aqui, há uns dias...
- Como assim?
- Ela deveria estar sondando terreno, meu filho! Ela queria se aproximar de você! Ela quer, na verdade! - acrescenta, sorrindo amarelo.
- E eu com isso? - questiona Wagner, irritado.
- Ora... seria bom que a recebesse bem, meu filho! - diz Edmundo com um sorriso cínico no rosto.


- - - - -


À noite, Ronaldo conversa com André na área da piscina. Ambos tomam uma cervejinha e o clima é descontraído.

- ... e a ruivnha... a Clarisse, mano...?
- Ah, - responde André, sacana. - Aquilo é um pitéu!
- Você a trouxe pra cá em hora imprópria... - começa Ronaldo.
- A hora sempre é própria, meu irmão! - André responde com uma piscadela. - Você que deve estar afim!

Ele sorri, e se vira, curioso.

- À propósito, que mal eu pergunte, Ronaldo... mas você tá afim faz um bom tempo, não é?
- Que pergunta impertinente é essa, André? - responde Ronaldo, seco.
- Que é isso, mano, que grosseria!

Ronaldo parece irritado.

- Respeite o espírito da minha mulher, André Oliveira!
- Deixa de ser grilado, Ronaldo, que é isso! - André sorri. - Take it easy... haha!

Ronaldo se vira, olhando de lado. André se endireita na cadeira e fita o irmão.

- A questão não é sobre o espírito da Mayara, mano... a questão é sobre o seu espírito, mano... suas vontades... vai dizer que tu não sente vontade!?
- Isso é coisa que se diga, André? Claro que sinto, sou homem! - Ronaldo responde, irritado.
- Haha, tô falando! - André sorri, dando soquinhos na mesa.

Ele se levanta e Ronaldo estranha. André tira a carteira, procura por um instante e joga um cartãozinho na mesinha de madeira bruta.

- Que é isso?
- Um número mágico, ótimo... um serviço de acompanhantes de primeira... meio carinhas... mas não é coisa das que se encontram nas esquinas, é coisa boa... - responde André, astuto. - Vou puxar meu carro! Falou! Aproveita aí... vou dizer pra Clarisse que você mandou um abraço! - fala com um sorrisinho.

Ronaldo fica parado, tentado. Não olha o cartãozinho por uns instante, até que não resiste e liga.

Pouco depois, Luana vem chegando de carro quando nota uma estonteante loira saltando de um táxi com um vestido justíssimo. Curiosa, ela deixa o carro para o porteiro estacionar e segue a mulher, que caminha pelo jardim sorrateiramente até o estar ao lado da piscina, onde Ronaldo, com uma latinha de cerveja na mão, a aguarda.

- Saquei tudo... safado! - diz Luana, antes de se esgueirar para fora do arbusto e surpreender os dois.

- Ahá! Peguei você no pulo, né cunhadinho?!



- - - - -
- - - - -

Um comentário:

  1. Que homem sem caráter esse Edmundo querendo vender o filho, será que ele vai ser capaz de colocar o filho pra extorquir dinheiro da própria mãe, e saber que existem pessoas com esse nível e caráter, é triste, espero que Raquel barre ele e prove que é diferente, mesmo sendo tão difícil pra ela essa situação. Quanta safadeza de Bernardo e Luana, cada um que consiga trair mais, Bernardo foi pego no pulo... rsrsrs. Foi tão real que vi a porta abrir!

    ResponderExcluir