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terça-feira, 30 de agosto de 2011

8 ou 80 (Últimos Capítulos)

Capítulo 15 - Conversa Franca





Logo cedo, no primeiro fim de semana possível, Laila bateu na porta de sua tia Melina. Cansada e desconfiada, Melina abriu uma brecha e apenas espiou fora.

- Oi, Laila.
- Oi, tia... posso entrar? Estou completamente desarmada. - disse Laila, sem graça.

Melina revirou levemente os olhos e deu espaço para a sobrinha. Laila entrou, acomodou-se silenciosamente no sofá, perto da varanda, e virou-se, de cabeça baixa, para a tia.
- Queria te pedir desculpas, primeiro de tudo.

Melina apenas sacode a cabeça, um sorriso apático.
- Deixa disso.
- É porque... eu tinha uma completa imagem sua, tia. E, agora, eu vejo que é diferente. E logo você, que me deu vários conselhos, que me aconselhava com meu namorado...
- E você acatou um, mudou seu jeito de ser.

Laila faz uma pausa, respira fundo.
- Sim... mas não quero falar de mim agora. Sou grata a você por ter me dado um toque, mas eu vim aqui e quero ouvir verdades. Por favor.
 - Tudo bem. Já passou da hora d'eu esclarecer tudo. - Melina deu de ombros, cruzando as pernas.
Laila respirou fundo, e olhou a tia nos olhos.

- É verdade que aquele garoto, o moreno... Caio, é seu aluno?
- Já foi.
- Mas ele ainda estuda, não é?
- Sim... - Melina começou a ficar apreensiva.
- Ele é menor de idade, não é? - perguntou Laila, incisiva.
Melina desabou em choro. Escorregou da poltrona de camurça, e caiu no chão, chorando.

- É! É menor de idade sim! E eu transei com ele várias vezes!

Laila se levanta, chocada. Caminha pela sala, vai até a cozinha, bebe água. Apanha outro copo, enche e vai até a tia, que continua no chão. Melina apanha o copo e o vira de uma vez.

- E eu jurei que ia denunciá-la, se fosse verdade, tia.

Melina vira dois olhos arregalados para Laila, e silencia.

- Mas eu nunca seria capaz de fazer isso. Muito menos com você. Eu ainda gosto de você, titia. Não desisti de você.

Laila ajuda a tia a se erguer, e Melina se senta, após limpar as lágrimas.

- Laila... acho melhor você ir embora, por favor...
- Não tão rápido. - diz ela, firme. - Primeiro, você vai me dizer onde esse garoto mora.

Melina se espanta.

- Mas eu não sei! Nunca quis saber. Sempre quis que isso acabasse logo.
- Então dê eu jeito de me encontrar com ele.
- E o quê você vai fazer, Laila? - pergunta Melina, condescendente.
Laila se vira, sem graça.

- Conversar francamente, o quê mais eu posso fazer?


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Otávio está ajudando Márcia a tirar a mesa, e ela conversa sobre os desentendimentos de Laila e Melina.

- Mas... está tudo bem entre vocês?
- Está, claro. - Márcia dá um sorrisinho. - Eu não quero me meter na vida da minha irmã, mas a Laila, você conhece... é revoltada por natureza e não sabe disso.

Otávio dá um sorriso, e abraça Márcia por trás. A advogada sorri e se vira para ele, beijando-o.

- Mas, me conta, amor... você tá bem? - Otávio aperta ela, que sorri.
- Eu tô bem, sim. Quero que essa história da Melina e da Laila se resolva logo.
- Você não acha que ela é mais apegada a tia do que a você, as vezes?
- Acho que já foi... porque a Melina é um tanto mais nova que eu...

E Márcia parece se chatear com isso.

- Ô, amor, te magoei? Desculpa...
- Não, não magoou. Eu sempre percebi isso e nunca quis me importar.

Otávio dá um sorriso e levanta o rosto de Márcia com uma mão.

- Posso tentar te animar?
- Me animar? Como?

Ele sorri.

- É uma surpresa. Topa?
- Topo... - ela dá um grande sorriso e ele tapa os olhos dela.
- Vem... - diz ele, e a carrega de olhos fechados até o sofá, onde faz ela se sentar.
Márcia aguarda de olhos fechados, apreensiva, até que sente Otávio se ajoelhando na sua frente.

- Pronto, pode olhar.

Márcia abre os olhos e não acredita. Otávio lhe estende uma caixinha aberta, com um anel simples porém elegante dentro.

- Otávio... isso é...
- Amor, quer se casar comigo? - diz ele, ligeiramente trêmulo.

Márcia sorri diante do rapaz, alegre diante de tanta meiguice. Ela dá um suspiro, e, após pegar o anel da caixinha e pôr no dedo, diz "Sim!" e os dois se beijam, logo quando escutam a porta se abir. Era Laila.

Os dois não conseguem conter a emoção e sorriem, sem palavras, para Laila. A ruiva olha a caixinha e o anel na mão da mãe. Hesita por um instante, mas sorri.

- Parece uma ótima ideia.


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Ricardo e Alexandre estão no flat, assistindo um filme, e Ricardo não para de comentar sobre as armações de Alice. De repente, a modelo liga e Ricardo fica de papo com ela no telefone, irritando Alexandre.

- Pois é, quero ver se ele vai cumprir o combinado! Até mais!

Ele desliga, e sorri para Alexandre, que está emburrado. Deita-se do lado dele Alexandre e faz um carinho no rosto dele, que se vira levemente.

- Que foi, agora, hein?
- Ah, você não para de falar nessa tal Alice, não sossega mais, não me dá mais atenção...

Ricardo dá uma risada.

- Tá com ciúme da Alice, é? Sai dessa que com ela não teria possibilidade.
- Não é isso... você quase não passa tempo comigo. Eu saio correndo da faculdade pra te ver, mal consigo quando você tá na escola de culinária...
- A gente não se vê durante a sua aula?
- Sim, mas...
- Nada de "mas", Alê... eu sou ocupado, e você também... e a gente sempre se encontra pra ficar juntinho aqui no flat... (ele vai abraçando Alexandre)... e isso é o quê importa, não é?

Alexandre se choca, e se desvencilha de Ricardo, jogando-o na cama. O outro se irrita, e puxa Alexandre com violência, para machucá-lo.

- Não repita isso!
- Me solta, seu safado! - Alexandre parece revoltado. - Você acha que eu sou o quê? Um... um boneco inflável pra você se divertir quando chega de noite?
- Não é assim, Alexandre...
- Eu tenho sentimentos, porra! Eu acabei com a Marthinha por tua causa! Eu fui expulso de casa por tua causa!
- Mas eu te dei um teto!

Alexandre empurra Ricardo quando ele tenta se aproximar novamente.

- Não, você se deu um bordel pra deixar o seu amante, porque você só vem aqui quando quer transar comigo. - diz Alexandre, frio. Ricardo fica sem ação, tomado pela verdade.

Alexandre, desapontado, vai até o balcão e pega sua camisa. Veste-a e pega a carteira, para sair. Fecha a porta com um estrondo.

Ricardo se irrita, chutando uma almofada.

- Ele sabia que eu era assim... mas ele está certo. E eu gosto dele.

Ele pega o telefone e disca um número.

- Alice, amiga... quem tá precisando de ajuda agora sou eu.


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