Pra você que não tem preguiça de ler =)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

8 ou 80

Capítulo 14 - A Reviravolta





Disfarçada com uma boina e óculos escuros, agaixada ao lado de um jarro, Alice fingia amarrar os sapatos, enquanto dava uma piscadela para Ricardo, que comia pipoca, animado, do outro lado da rua, ao lado de Alexandre.
Ambos estavam vigiando pra ver se Jordano aparecia no seu flat. Alice sentou-se numa muretinha ao lado do jarro e puxou uma revista para disfarçar.

- Ela vai levar uma garrafa?
- É isso aí!
- Ela vai fazer o quê? Embebedá-lo?
- Não sei, Alê... só sei que virá confusão.

De repente, um luxuoso sedã preto parou na frente do flat, e Jordano saltou, sorrindo para o amigo, que dirigia, agradecendo a carona. Alice olhou-o e lançou um olhar animado para Ricardo, que viu a amiga sorrindo, e seguindo Jordano logo após.
- E ela vai entrar na maior?
- Vai... já falei com o porteiro... é um conhecido meu... - e Ricardo sorri, maliciosamente, deixando Alexandre incomodado. - Ele vai facilitar pra ela. E ela vai se disfarçar de arrumadeira.
Alexandre se espanta, e puxa a pipoca de Ricardo.

No flat, após falar com o "amigo" de Ricardo, Alice arrumou-se com o uniforme e, apanhando um esfregão e um balde, onde estava a garrafa de vodka. Após isso, pegou o elevador de serviço, para não dar bandeira, e chegou a tempo de ver Jordano fechando a porta.
Sorriu, apanhou a chave-mestra que o porteiro entregou à ela e dirigiu-se à porta. Bateu duas vezes, falando "faxineira". Não ouvindo respostas, abriu a porta e entrou, encontrando Jordano de costas, falando no celular. Alice irritou-se, pousou o balde e o esfregão e puxou de dentro do balde a garrafa, e em seguida, quebrou-a nas costas de Jordano, sobressaltando-o e fazendo-o cair.
- O quê!? O quê é isso...? Você!?

Alice apontou resto da garrafa para Jordano, furiosa.
- Achou que eu era burra e não saberia achar você?
- O quê você quer? - ele perguntou, amedrontado.
- É hora da gente conversar, seu pilantra!
- - -


Laila, menos maquiada, mais renovada, bebe uma água de coco com a mãe, na praia, após caminharem.

- Adorei você caminhando comigo, Laila, nunca foi de fazer isso!
- Ah, mãe... eu gosto de você e sabe disso!

As duas se sentam na mureta agregada à calçada. Márcia estica as pernas, e tenta tocar o pé. Laila parece pensativa.

- Que foi, minha filha?
- Estou muito decepcionada com a minha tia, mãe. Sério.
- Eu também! - diz Márcia, revoltada. - Ela não devia ter te batido!
- Nem é por isso.. o tapa foi o de menos. - ela tomou um gole e voltou-se para a mãe. - O modo de agir dela que me decepciona.

Márcia se sensibilizou e olhou para a filha.

- O quê ela lhe disse, Laila?
- Disse coisas muito secas. Disse que apenas transou com o... Otávio. E mais nada, não quis mais nada. Mais como fosse apenas prazer. Como se não significasse nada para ela. Isso é repulsivo.
- Eu não sei de quem ela tirou isso... não sei porque ela está assim.
- Ela tá me dando nojo. Ela parece que... brinca com os homens e tchau! - Laila estava indignada. A mãe sorriu.
- Se acalme, filha. A sua tia não deve ser nenhum monstro.

Mas Laila ainda parecia apreensiva.

- Mas... e aquele moleque?
- Que moleque?
- O do restaurante. Que disse ser aluno dela. E ela confirmou.
- Laila, filha... você não está pensando que...
- Que eles dois tenham um caso? - perguntou Laila, irritada. - Ela espere que não, pois estou tão decepcionada com ela que seria capaz de denunciá-la por pedofilia!


- - -


Caio caiu na cama, satisfeito. Sorriu para Melina, que já tinha saltado da cama e estava em direção ao banheiro. Caio seguiu-a, com um sorriso safado, mas ela empurrou-o para fora do boxe.

- Sai! Essa foi a última vez!
- Como assim, professora? 

Melina entrou no boxe e exigiu que ele saísse do banheiro. Caio se arrumou e se virou quando Melina saiu do banheiro, de roupão.

- O quê foi agora, tá com medinho, é?
- Não tenho medo de você! E eu quero que vá embora, para nunca mais voltar. Quis transar comigo, já transou.
- E você bem que gostou!
- Se eu gostei não vem ao caso...
- Claro que vem! Se não quisesse mais transar comigo já tinha me dispensado!
- Agora é diferente, Caio! - ela o empurrou contra o sofá. - Agora a minha reputação está em jogo! Deus sabe o quê a Laila está falando de mim para a minha irmã!

Caio parou de sorrir por um instante, mas não baixou a bola.

- Você tá com medo que eu te denuncie?
- Você faria isso?

A pergunta não foi confiante ou em tom de desafio: ela estava amedrontada.

- Não... eu não faria... - ele sorriu. - Eu adoro você, professora... - ele sorriu novamente, sacana. - Enquanto me der carinho...
- Então devo me preparar para ser presa! - disse ela, espantando Caio. - E você, pode sair daqui! Não quero vê-lo por um bom tempo!
E Melina empurra Caio para fora de casa, que se espanta. Ela bate a porta com força, e ele fica intrigado.

- Eu nunca o denunciaria, professora... eu adoro você.

E Caio foi embora, indiferente.


- - -
- - -

Nenhum comentário:

Postar um comentário