Pra você que não tem preguiça de ler =)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

(continuação, cap 10)




Janete encontrou Romero, no berçário. Ele puxou um maço de dinheiro e pôs no bolso da calça da enfermeira. Ela sorriu, cínica.

Janete (baixo)- Bela netinha o senhora tem! É Vitória mesmo?
Romero (sussurando)- Não, a... mãe quer que se chame Telma.

Janete apenas assente

Romero- O plano está muito bem repassado, não é?

Janete (sorrindo)- Claro... sua filha nunca vai ver essa criança.

Romero (furioso)- Nada de "filha". Aquilo ali é uma assassina.

Janete fica levemente espantada. Romero sai. Ela acaba de limpar a criança e logo depois, a leva para o quarto, onde estão Romero e Laís.

Laís- Ah... que linda... minha filinha.
Romero nada fala. Se sente um tanto abalado para falar.

Laís- Não é linda, pai? A Telminha... minha filha linda... amanhã vamos conhecer o seu pai, bebê. Telma... sua linda...

A menina... Telma, agora dorme... parece espantosamente com a tia, apenas menos que a mãe. Parece estar bem tranquila.

Entrementes, a coisa lá fora era outra.

(intervalo)

Olívia, sentada ao lado de Renata, desatava a chorar. Um dos médicos comprados por Laís está no quarto, sentindo-se um tanto constrangido. Renata acorda, algum tempo depois. Sente-se mal, ainda efeito da droga, e meio grogue.

Renata- Ahn... mãe... Vitória...

Olívia percebe a filha acordando e debruça-se sobre ela.

Médico- Renata... Renata, tá me ouvindo...

Renata (uma mão na testa)- Estou... com dor no estômago... minha filha...

Médico (tentando parecer triste)- Preciso falar com você sobre a sua filha, Renata.

Olívia não consegue esconder sua tristeza; "Como vou permitir isso!?", ela pensa.

Olívia (chorando)- Filha... escuta o moço... por favor.

Renata parece mais cheia de si. Vira a cabeça bambeando para o médico.

Médico- Foi informada do problema da sua filha, Renata, estou certo?

Renata (lentamente)- Sim...

Médico (levemente hesitante)- Bom... preciso ser direto. Sua filha sofreu uma... uma parada cardíaca l-logo após o nascimento...

Renata (respirando fundo)- Ahn... como assim? É mentira... mentira!

Médico- Eu... sinto muito... as suspeitas que tinhamos eram bem piores do que nós imaginávamos...
Ele é interrompido pelo torturoso grito de "NÃO!", que Renata solta. Olívia tenta abraçar a filha, chorando copiosamente. O médico tenta falar, mas não consegue soltar mais nenhuma palavra. Renata abraça a mãe, fraca e triste, e as duas choram juntas, por motivos diferentes.

(intervalo)

O médico espera até que as duas mulheres possam se recompor. Longos minutos se passam.

Médico (hesitante)- Gostaria... de vê-la?

Renata (indignada)- Como assim? Se eu gostaria de vê-la? Vocês vão trazê-la num frasco cheio de formol, não é? Vão usar a minha filha como brinquedinho pra estudantes? É isso?

O médico tentar argumentar, mas Renata apanha um dos travesseiros ali em sua cama e atira no médico, que se assusta, e decide sair.

Olívia (soluçante)- Filha...

Renata- Me deixa sozinha, mãe.

Ela não chora mais. Limpa inclusive as lágrimas, e faz uma cara dura. Olívia, ainda chorando, estranha o pedido da filha.

Renata (tentando conter descontrolada o choro)- Minha vida era a minha filha... era a minha esperança. Agora, que ela está morta... bem... não sei se tenho futuro.

Olívia não consegue soltar uma palavra, e fica calada, soluçando.

Renata (a voz tremida)- Agora... eu quero um tempo, mãe... minha filha era um novo renascer pra mim... era meu futuro... eu preciso pensar... preciso pensar no meu futuro. E pra isso... eu tenho que esquecer o passado.

Olívia (espantada)- Minha filha, você não está querendo que...

Renata (chorando)- Que você saia... e fique um tempo sem me ver... eu preciso... ficar sozinha.

Olívia desaba a chorar. Por um momento parece que vai contar tudo à filha, mas uma batida do médico na porta à trás de volta à realidade.

Renata (com raiva)- E manda esse idiota pra pu...

Olívia (rápido, chorando)- Tá! Tá! Eu saio... eu vou embora...
E ela sai. Renata se deita... e recomeça a chorar.

(fim do capítulo 10)

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