(continuação, cap 10)
Janete encontrou Romero, no berçário. Ele puxou um maço de dinheiro e pôs no bolso da calça da enfermeira. Ela sorriu, cínica.
Janete (baixo)- Bela netinha o senhora tem! É Vitória mesmo?
Romero (sussurando)- Não, a... mãe quer que se chame Telma.
Janete apenas assente
Romero- O plano está muito bem repassado, não é?
Janete (sorrindo)- Claro... sua filha nunca vai ver essa criança.
Romero (furioso)- Nada de "filha". Aquilo ali é uma assassina.
Janete fica levemente espantada. Romero sai. Ela acaba de limpar a criança e logo depois, a leva para o quarto, onde estão Romero e Laís.
Laís- Ah... que linda... minha filinha.
Romero nada fala. Se sente um tanto abalado para falar.
Laís- Não é linda, pai? A Telminha... minha filha linda... amanhã vamos conhecer o seu pai, bebê. Telma... sua linda...
A menina... Telma, agora dorme... parece espantosamente com a tia, apenas menos que a mãe. Parece estar bem tranquila.
Entrementes, a coisa lá fora era outra.
(intervalo)
Olívia, sentada ao lado de Renata, desatava a chorar. Um dos médicos comprados por Laís está no quarto, sentindo-se um tanto constrangido. Renata acorda, algum tempo depois. Sente-se mal, ainda efeito da droga, e meio grogue.
Renata- Ahn... mãe... Vitória...
Olívia percebe a filha acordando e debruça-se sobre ela.
Médico- Renata... Renata, tá me ouvindo...
Renata (uma mão na testa)- Estou... com dor no estômago... minha filha...
Médico (tentando parecer triste)- Preciso falar com você sobre a sua filha, Renata.
Olívia não consegue esconder sua tristeza; "Como vou permitir isso!?", ela pensa.
Olívia (chorando)- Filha... escuta o moço... por favor.
Renata parece mais cheia de si. Vira a cabeça bambeando para o médico.
Médico- Foi informada do problema da sua filha, Renata, estou certo?
Renata (lentamente)- Sim...
Médico (levemente hesitante)- Bom... preciso ser direto. Sua filha sofreu uma... uma parada cardíaca l-logo após o nascimento...
Renata (respirando fundo)- Ahn... como assim? É mentira... mentira!
Médico- Eu... sinto muito... as suspeitas que tinhamos eram bem piores do que nós imaginávamos...
Ele é interrompido pelo torturoso grito de "NÃO!", que Renata solta. Olívia tenta abraçar a filha, chorando copiosamente. O médico tenta falar, mas não consegue soltar mais nenhuma palavra. Renata abraça a mãe, fraca e triste, e as duas choram juntas, por motivos diferentes.
(intervalo)
O médico espera até que as duas mulheres possam se recompor. Longos minutos se passam.
Médico (hesitante)- Gostaria... de vê-la?
Renata (indignada)- Como assim? Se eu gostaria de vê-la? Vocês vão trazê-la num frasco cheio de formol, não é? Vão usar a minha filha como brinquedinho pra estudantes? É isso?
O médico tentar argumentar, mas Renata apanha um dos travesseiros ali em sua cama e atira no médico, que se assusta, e decide sair.
Olívia (soluçante)- Filha...
Renata- Me deixa sozinha, mãe.
Ela não chora mais. Limpa inclusive as lágrimas, e faz uma cara dura. Olívia, ainda chorando, estranha o pedido da filha.
Renata (tentando conter descontrolada o choro)- Minha vida era a minha filha... era a minha esperança. Agora, que ela está morta... bem... não sei se tenho futuro.
Olívia não consegue soltar uma palavra, e fica calada, soluçando.
Renata (a voz tremida)- Agora... eu quero um tempo, mãe... minha filha era um novo renascer pra mim... era meu futuro... eu preciso pensar... preciso pensar no meu futuro. E pra isso... eu tenho que esquecer o passado.
Olívia (espantada)- Minha filha, você não está querendo que...
Renata (chorando)- Que você saia... e fique um tempo sem me ver... eu preciso... ficar sozinha.
Olívia desaba a chorar. Por um momento parece que vai contar tudo à filha, mas uma batida do médico na porta à trás de volta à realidade.
Renata (com raiva)- E manda esse idiota pra pu...
Olívia (rápido, chorando)- Tá! Tá! Eu saio... eu vou embora...
E ela sai. Renata se deita... e recomeça a chorar.
(fim do capítulo 10)
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