Pra você que não tem preguiça de ler =)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

EM BREVE - Especial "Harry Potter"

E aí, galera, tudo bem?


Nas próximas semanas, vou renovar minha profissão de crítico de cinema e vou comentar os oitos filmes da série Harry Potter, um por um, aqui no blog. Toda série chega ao seu fim, com Harry Potter não seria diferente, e como fã que sou, farei minha singela homenagem particular aos oito filmes da saga.

Talvez seja por ser fã, mas serei o mais imparcial possível nas minhas críticas. Os filmes merecem sim, seu reconhecimento não apenas por blockbusters que são, mas por sua qualidade técnica e pelas atuações.
Até mais!

Curtas - " Lágrimas Secam Sozinhas"








LÁGRIMAS SECAM SOZINHAS
Tudo o que posso ser para você
É aquela escuridão que já conhecemos
Com esse arrependimento me acostumei
Umas vezes foi tão bom
Era tudo ótimo quando estávamos no auge
Eu esperava por você no hotel toda noite
Eu sabia que não tinha o par ideal
Mas a gente se via sempre que podia
Não sei por que me apeguei tanto
A responsabilidade é minha
Você não me deve nada
Mas não sou capaz de ir embora

Ele vai embora,
O sol se põe,
Ele leva o dia embora,mas eu sou crescidinha
E do seu jeito,
Neste tom triste
As minhas lágrimas secam sozinhas

Eu não entendo
Por que estresso um homem
Quando há coisas tão mais importantes
Poderíamos não ter tido nada
Tínhamos que bater num muro
Por isso o afastamento é inevitável
Mesmo se eu deixasse de querer você
Uma perspectiva verdadeira
Eu serei a mulher de outro cara em breve
Eu não deveria cair nessa de novo
Eu tinha que ser a minha melhor amiga
E não ficar louca por causa de caras idiotas

Ele vai embora,
O sol se põe,
Ele leva o dia embora,Mas sou crescidinha,
E do seu jeito,
Neste tom triste
As minhas lágrimas secam sozinhas

Nosso romance acabou
A sua sombra me cobre
O céu é uma chama

Ele vai embora,
O sol se põe,
Ele leva o dia embora, Mas sou crescidinha,
E do seu jeito,
Neste tom triste
As minhas lágrimas secam sozinhas

Gostaria de dizer que não me arrependo
Que não há divídas emocionais
Porque, quando a gente se despede, o sol se põe

Nosso romance acabou
A sua sombra me cobre
O céu é uma chama, Que só os amantes vêem

Ele vai embora,
O sol se põe,
Ele leva o dia embora, Mas eu sou crescidinha
E do seu jeito,
Neste tom triste
Minhas lágrimas secam sozinhas

Ele vai embora,
O sol se põe,
Ele leva o dia embora, Mas eu sou crescidinha
E do seu jeito
Minha sombra profunda,
Minhas lágrimas secam sozinhas,

Ele vai embora,
O sol se põe,
Ele leva o dia embora, Mas eu sou crescidinha
E do seu jeito
Minha sombra profunda
Minhas lágrimas secam.....





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(continuação, cap 5)




Depois do breve recesso, todos os presentes se dirigem novamente ao tribunal, onde, dessa vez mais cheio, os gritos de "assassina" recomeçam quando Renata entra, algemada, na sala. Ela atravessa a sala até o banco dos réus e se senta, de cabeça erguida.

Os gritos continuam e o juíz se irrita.
Juíz- Ordem! ORDEM NA SALA! O representante do júri, por favor...
Ele se levanta e a balbúrdia cessa.

Juíz- A ré queira se levantar, por favor...
Renata se levanta, agora aflita.

Juíz- O júri já chegou à um veredicto?
Representante do júri- Sim senhor... nós, do júri, declaramos a ré culpada e pensamos que merece detenção em regime fechado.

Palmas irrompem pela sala. O juíz altea a voz e olha diretamente para Renata.
Juíz- Por conseguinte, declaro a ré culpada, e condenada à dezoito anos de reclusão em regime fechado. - e bate o martelo.

Renata não irrompe em lágrimas, apenas duas caem dos seus olhos, mas, de cabeça ainda erguida, ela é conduzida para fora do tribunal.
No caminho, Laís faz uma surpresa para a irmã e, quando já não está mais visível, tira um ovo  de galinha da bolsa e lança-o contra Renata. O ovo a atinge na cabeça.
Várias pessoas riem, muitas delas aplaudem, e os policiais não conseguem identificar quem lançou o ovo. Mas, depois, num último instante, Renata vê Laís sorrindo e piscando para ela e deduz tudo.

(intervalo)
De volta ao presídio, Renata foi recebia por uma infeliz Zaíra, que ficou triste ao ver a colega de volta.

Zaíra- Que foi isso, ovada?
Renata- Pois é... e foi minha própria irmã.

Zaíra- Que piranha! - (faz cara de indignação) - Eu não queria que você voltasse, garota...
Renata (sorrindo, sem graça)- Não foi você mesma que disse que eu não teria chances?

Zaíra (igualmente sem graça)- É... mas você é boa pessoa, não merece isso aqui... tá com fome? Paguei à Celeste para que ela me desse duas refeições... toma...
Renata sorri e aceita o pratinho, inexpressiva.
Zaíra- Sim, e a Celeste passou anunciando hoje mais cedo que amanhã faremos exames de rotina...

Renata- Exames?
Zaíra- É... a diretora ficou meio paranóica desde um surto de cólera que houve, quase perdeu o tutu dela... - ela sorri. - Eu quase que partia dessa pra uma melhor, mas ainda não foi dessa vez!

Renata tenta sorrir, e mastiga seu almoço.
No outro

Pela manhã, de ala em ala, todas as detentas fizeram exames. Após deixar suas amostras na enfermaria e passar para colher sangue, Renata dirigiu-se ao pátio, onde encontrou Zaíra.
Renata- Acha que tem chance de ter outro surto de cólera por aqui?

Zaíra- Acho que não... mas eu sou apenas uma presa coitada, não sei nada de medicina... menina, você tá tão pálida!
Renata se vira pra ela, estranhando. Atrás de Zaíra, pelo reflexo na janela, ela percebe sua palidez e se preocupa.

Renata- Acho que foi algo que comi, sei lá...
Zaíra- Com essa comida, não é difícil ficar doente, né?

Ela sorri e sai, deixando Renata confusa e pensativa.

(intervalo)
Uma semana depois, Celeste, a carcereira, passou com uma prancheta dando os resultados,

Renata- Só agora estão dando os resultados?
Zaíra- É, minha filha, isso é a cadeia...

Celeste- Renata, não é? Parece que você seu mal, bonitinha... a diretora tá lá no posto médico com a doutora, querem te ver.
Renata- Me ver? Como assim?

Celeste (grossa)- Não me faz perguntas, idiota, apenas obecede! Segue a Lucimar ali! Anda!
Zaíra (baixo)- Grossa como só ela... vai com calma, Renata...

Renata assente e segue a outra carcereira, Lucimar, até o posto médico. Lá encontrou a diretora do presídio, dona Neuma, uma mulher corpulenta e morena, com a médica, uma senhora de meia-idade.
Renata- Bom... dia.

D. Neuma- Ah, até que enfim! Isso aqui não é colônia de férias, minha filha. 
Renata (monotonamente)- Sim, senhora.

Médica (mais gentil)- Bom, filha, chamamos você aqui porque temos uma notícia... nada agradável para te dar...

Renata- Bem, na minha situação eu escuto tudo. Pode falar.

Médica- Você está... grávida, Renata.

(fim do capítulo 5) 

Homem ao Chão

Capítulo 5 - Notícias Ruins





Renata sentou-se, encarando a irmã e o pai, tentando não passar seu medo. O promotor chegou perto dela para interrogá-la.
Promotor- Renata Maria Vasconcelos?

Renata- Sim.
Promotor- Você é acusada de assasinar Francisco Quirino da Silva, conhecido apenas como Xico, na noite de sábado, 22 de junho de 1993. A senhora nega os fatos?

Renata (inexpressiva)- Não.
O público entra em protestos e o juíz tem que intervir. Renata não consegue suportar e uma lágrima escorre de seu rosto.

Promotor (alegre)- Então, não nega que é culpada?
Renata- Não, moço. Me entreguei, atirei nele, todo mundo viu. Não posso fazer nada.

O promotor fica um tanto chocado com tamanha sinceridade. Laís, por sua vez, não consegue escapar um riso com a frase da irmã e leva um beliscão da mãe.
Promotor- Então... isso é tudo, excelência.

(intervalo)
Após um longo período de debate, em que o júri decidiu o veredicto, Olívia, Laís e Romero estavam conversando, no pequeno café do fórum. Olívia estava limpando as lágrimas dos olhos e Laís e o pai lançam à ela olhares de desdém.

Romero- Deixe de dramalhão, Olívia!
Olívia- É sua , filha, Romero...

Romero (zangado)- Não é mais! É uma assassina que eu quero ver condenada! Minha única filha é a Laís!
Laís olha triunfante do pai pra mãe. Olívia se revolta.

Olívia- E você, largue dessa mania de menosprezar sua irmã!
Laís- Ah, mamãe, não começa. Minha irmã sempre foi uma qualquer e todos nós sempre soubemos disso. Agora está apenas provado.

Olívia não suporta a repulsa de pai e filha, e se senta, de cabeça baixa, chorando.
Laís (sentando ao lado dela, falando mais baixo)- Mamãe, você deveria me ajudar a me casar com o vereador Pradraxes... ele tá bem de olho em mim...

Olívia fica atônita e vira um tapa na cara de Laís, que, incrédula, olha espantada em busca do pai, que está longe conversando com uns colegas pescadores. Ela se vira para a mãe, que está ofegante.
Olívia- Deixe de futilidades do meu lado, menina. Deixe de ser uma piranha... é piranha, sim! - acrescenta quando Laís tenta respondê-la. - Você que quer se vender para um vereador tão safado quanto o pai é algo bom?

Laís (baixo, mas com tom cruel)- É ÓTIMO, sua atrasada...
E se levanta, indo ao banheiro mais próximo.

(intervalo)

terça-feira, 26 de julho de 2011

Música - Especial

Acabou de sair, o clipe novo da inigualável Björk, "Crystalline"!

Achei uma graça, compartilhando agora.
Aproveitem, e espero que gostem! Até mais!

sábado, 23 de julho de 2011

Música

Pois é, galera...

Nada mais justo do que homenagear, mesmo que singelamente, a cantora Amy Winehouse, que morreu nessa madrugada em Londres. Nós sabemos que os gênios morrem aos 27, Amy, mas saiba que falta você fará.

Amy Winehouse - R.I.P.

NÃO ACREDITO MESMO!


É com grande pesar, grande pesar mesmo, que eu divulgo aqui que Amy Winehouse, pelo que se parece, foi encontrada morta em seu apartamento, em Londres, na madrugada de sexta para sábado.
Amy Winehouse, chamada por muitos aqui como a nova diva do soul e R&B, sofria a muito com sua dependência química e alcoolismo, e parece que agora o álcool levou a melhor.

Amy, rest in peace.

(1983 - 2011)

8 ou 80

Capítulo 12 - Mudanças





Laila andava, agoniada, pelos corredores da universidade, e cabia à Tiago seguí-la e tentar entendê-la.

- Peraí, Laila...!
- Mas a minha tia, que eu sempre adorei e idolatrei, Tiago!
- Sim, que tem ela?
- Ai, eu não achava que ela era uma qualquer... que fica com qualquer um só pra se satisfazer... era minha ídola!
- Tá certo, Laila...
- E agora eu descubro que ela tá pegando uns menininhos por aí...
- Peraí, como assim menininhos? 

Laila se vira de repente e Tiago quase tromba com ela.

- Lembra que eu falei que, quando eu cheguei lá, ela tava com outro carinha, bem novinho?
- Sim, e daí?
- Daí que ele me pareceu novo demais...
- Não... a sua tia não é disso, Laila...  
- Quem me garante, Tiago?
Laila dá um risinho irônico completamente fora do seu normal e recomeça a andar. Tiago segue a namorada, irritado.

- Que droga, Laila, para um pouco, relaxa!
- Certo... relaxar... preciso ir, então... no shopping!

Ela mesma estranha ao falar isso.
- Shopping, você? - indaga Tiago, espantado. - Você que condena e o chama de "reino de futilidades?"

Laila olha condescendente para o namorado.
- As pessoas mudam, queridinho... e eu, pelo visto, tô mudando bem... anda.
- Anda, como?
- Anda, vamo comigo senão eu vou logo pegar um busão...
- Não, precisa não, eu vou com você.

Mas Laila parou de novo.
- Que foi, amor?

Um sorriso passou pelo rosto dela.

- Tive uma ideia, uma ideia ótima! E acho que até você vai gostar... quero ver se a minha tia é o que eu tô pensando... VEM, Tiago... que agora eu preciso passar também no salão de beleza...

Tiago estava cada vez mais espantado.

- Salão de beleza? VOCÊ?!
- Sim, eu, Laila! - ela deu uma risadinha. - Anda, rápido!
- - -


Wallace chega em casa, após não conseguir trabalhar direito. Matilde estranha quando ele pousa a pasta na mesa de jantar, na hora do almoço.
- Seu Wallace, o senhor em casa, essa hora?
- Ah... é, Matilde. Minha mulher...
Ele se cala. Matilde vira o olhar.

- Er... tem algo para comer?
- Bem, eu não fiz nada... o seu Ricardo que cozinhou, tá na varanda com o... amigo dele.
- Tá certo... - Wallace olha pra varanda e se volta novamente para Matilde. - Improvisa alguma coisa pra eu comer, sim?
Matilde apenas obedece, espantada com tanta polidez. Wallace, porém se dirige à varanda e se depara com Ricardo e Alexandre, na cadeira para duas pessoas. Ele pigarreira levemente e os dois se sobressaltam, porém Ricardo não perde a pose.

- Ah, olha... o meu pai! E em casa, na hora do almoço!
- Deixe de ironia... e esse, quem é?
- É o Alexandre, já esteve aqui, não se lembra? Ah, é claro que não... - emenda ele, antes que Wallace responda. - Você não repara em nada.
- Agradeceria se você pudesse conversar de bom tom comigo, filho.

Ricardo se espanta, e Alexandre se sente incomodado.
- Então tá, sr. Wallace. Senta aí. Me diz, o quê quer saber? O último prato que cozinhei?
- Não... na verdade me sentiria melhor se conversássemos à sós... você se importa?
Alexandre parece aliviado ao ouvir àquelas palavras, e Ricardo fica assustado com a educação momentânea do pai. O garoto sai, dizendo algo como "vou ao banheiro", e deixa pai e filho à sós.

- Então, sr. Perfeição... a quê devo o duvidoso prazer?
- Preciso de ajuda, filho...
- Ajuda, você? - Ricardo dá gargalhadas.
- Por favor, deixe o cinismo de lado, um pouco. Falo sério.
- Não acha que está um pouco tarde para pedir ajuda, não?
- Não... quer dizer, sim. E é culpa minha. - Wallace tira a gravata e parece extremamente preocupado.

Ao ver a expressão do pai, Ricardo finalmente se penaliza. Levanta, toma um gole da cerveja que estava bebendo com Alexandre, e ajoelha-se ao lado do pai.
- É o seguinte, pai...
- Sim.
- Acho que você percebeu que foi você que causou tudo isso.
- Pois é...
- Sabe o quê tem que sair?
- Não. - diz ele com sinceridade.
- Chame a mamãe pra sair. Jante com ela. Passeie com ela. Só isso.
- Só isso? - Wallace parece espantado.
- Isso pra vocês dois é muito. Vocês só estavam juntos na hora de dormir. - Ricardo tenta sorrir.
- Eu sou assim tão cego? - Wallace dá uma risadinha.
Ricardo dá umas palmadinhas no ombro do pai e se levanta.

- Pois é, queridinho. Agora se levante e vá se arrumar pra sair.
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Melina estava tensa. O convite para jantar num badalado restaurante, feito por Márcia, deixou-a extremamente nervosa, mesmo tendo uma exaustiva tarde tórrida com Caio, que estava cada vez mais convencido. Ele estava de pé, vestindo-se no quarto com a porta aberta, quando o telefone tocou, e Melina foi atender.
- Sim, Márcia, pode falar... hum... pois é...é o Gianelli's tá bom pra mim...
- Gianelli's, né... - disse Caio baixinho, para si mesmo.
Ele tentou ouvir mais da conversa.

- Certo... não, não precisa vir me pegar... tá, tchau. - ela desligou o telefone, e respirou fundo, a cabeça erguida. Depois olhou para Caio, que estava saindo.
- Isso, pega descendo logo que eu tenho que sair...
- Não é assim que se fala, professora... - disse Caio com um sorriso no rosto. Em seguida, agarrou Melina e deu um longo e caloroso beijo, que ela tento fingir que não gostou.
-Sai. - disse ela, abrindo a porta.

Caio apenas riu e saiu. Ela fechou a porta e correu para o quarto.
Pouco depois, encontrou-se com a irmã na porta do restaurante.

- Oi.
- Oi, mana. - disse Márcia, beijando a face da irmã.
- Seremos só nós duas?
- Não... Laila disse que viria, ela me espantou um pouquinho.
- Como assim?
- Ela disse que iria ao salão de beleza, queria ficar parecia com você.

Melina boquiabriu-se, mas, assustada, tentou manter a pose.
- Ah, assim eu fico lisonjeada...

O sorriso dela não convenceu Márcia.
- Na verdade foi ela que marcou esse jantar. Disse que queria ficar mais tempo com você, Melina, pra aprender com você?
- Aprender comigo? E aprender o quê, artes?
- Ela disse "uma arte".

Melina dá uma risadinha.
- Profunda, hein?
- Ah, aí vem ela... meu deus!
- Que foi? - perguntou Melina, se virando. E seu queixo caiu.

Laila vinha andando, tentando se equilibrar num salto altíssimo. Um vestido vermelho curto e justo quase deixava à mostra seu bumbum, e o decote fazia todos os homens do local virarem pra ela, inclusive um garçom que derrubou a bandeja que segurava. Parou, fez pose na frente da tia e sacudiu o cabelo, sorrindo. Melina parecia chocada.

- É isso que você chama de parecer comigo?
- É quase. - diz Laila, sorrindo. Ela se senta e cruza as pernas, provocante. Chama um garçom e três vão em cima dela, disputando atende-la.

Após alguns bons drinks, Laila começa a soltar indiretas para Melina, que começa a se irritar. A professor pensa em ir embora, quando um rapaz se aproxima da mesa das três e a faz arregalar os olhos. Era Caio, que se aproxima, com um sorriso malicioso. Laila reconhece o rapaz mas fica calada.

- Oi, como vai... professora? Tudo bem?
Melina fica estarrecida, mas mantém a personagem fria e, lançando um olhar gélido, diz "tudo ótimo". Laila fica boquiaberta quando Caio (após lançar um olhar ao decote da ruiva) se afasta.

- Quer dizer... que é professora?


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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Curtas : "Os 22, ou Quase"




Os 22, ou Quase





"Não pode ser...", pensou Daniel. Não podia ser verdade.

- Ah, filho... que pena. - disse a mãe.
- Eu falei... você precisava de um cursinho! - trovejou o pai, triunfante.
Daniel apenas ergueu uma mão para ele, calando-o. Pegou a carteira, chamou um táxi e ficou esperando, encostado no muro da casa. O portão aberto deixava passar alguns fragmentos de conversa dos pais.

- Ele já tem dezenove anos!
- Ele só é meio retraído.
- Não o proteja, mulher!
- Estou apenas fazendo justiça pro lado dele! - exclamou a mulher.
- Estou avisando, vou cortar a mesada dele... e o cartão de crédito!
- Ele não merece isso, querido!
- Merece sim! Só assim tomará um rumo na vida!

Cansado dessas briguinhas, Daniel deu graças à Deus quando o táxi chegou. A mãe ainda tentou gritar uma despedida, mas o garoto fez que não ouviu e entrou no táxi.

- Não acredito! - disse Laís, confidente de Daniel.
- Pois é! - respondeu ele, indignado. - Eu não passei!
- Ai, lindo, que pena! - disse ela, fazendo um carinho no ombro do amigo. - Tenta se animar.
- Você acha que é fácil? Eu tô espumando de raiva...
- Escuta, você tá precisando de uma balada. O Henry, aquele filho de franceses, ficou caidinho por você na festinha de sábado...
- Não tô afim de nenhum cara hoje...
- Então você pega a Larissa, que tá...
- Não tô afim de pegar ninguém! Eu sou capaz de matar qualquer um infeliz que olhar torto pra mim na rua!

Laís se assusta, mas dá uma gargalhada.

- Porque você não mata as pessoas que ficaram na sua frente na lista de espera?

Daniel olha, com interesse, pra amiga.

- Não é que você fala alguma coisa que presta? Taí, ótima ideia...

Ele corre para o laptop da amiga, ligado em cima de cama, e entra no site do vestibular.

- Espera aí, o quê você tá pensando em fazer?
- O quê você me sugeriu, querida... - ele dá uma piscadela pra Laís.

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Daniel corre, cansado, e sorrindo, até o portão do prédio de Laís. Passa pelo porteiro que já o conhece, chama o elevador e, quando chega ao andar dela, toca sem parar a campainha. Mal se passam dez segundos e a garota abre.

- Que aconteceu, louco?
- Foi o décimo nono! Esse era bonito demais... chega deu pena!
- O que...! CALA A BOCA! - grita Laís, puxando o amigo pra dentro de casa e trancando a porta.

Daniel ri, como se estivesse em êxtase. Cai no sofá e dá gargalhadas. Laís fica com medo do amigo.

- O quê você fez?
- Ah... você nem tem ideia.
- E nem quero ter! Você tá cumprindo o quê prometeu?
- Claro... e esse último... ainda deu pra dar uma aproveitada!
- Como assim?
- Na última hora, descobrir que gostava da fruta... e aproveitei e joguei fora!

Laís lança um olhar doentio para Daniel, que parece eufórico e entusiasmado com o quê fez.

- Você tá me dando medo...
- Porque eu faria isso? Você não tá na lista de espera do meu curso, tá?
- NÃO! Nem me mete nessa!
- Senão seria... BUM! - ele aponta uma "arma" com o indicador e o polegar, e cai na gargalhada. - Ei... quer saber como é que foi?
- Não precisa...
- Foi legal... a gente se pegou na casa dele... aí depois, eu já tinha sacado onde era a cozinha, eu fui lá dizendo que ia tomar água e quando voltei, caí com uma faca em cima dele! Acho que o colchão ficou todo manchado... vão ter um trabalho pra limpar. - disse ele fazendo cara de preocupação.

Laís faz cara de nojo e, cheia de repugnância, tira Daniel do sofá, que fica assustado.

- Que foi?
- Sai. Sai da minha casa, agora! E só volta aqui quando se curar!

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- Meu filho... que cheiro é esse?
- Eu apenas tá suado.
- Que mancha é essa no seu casaco? Você caiu?
- Não... - diz ele, notando a mancha marrom-avermelhada no peitoral do casaco. - É apenas suor...
- Filho, você se cortou? Isso é mancha de sangue... e sangue seco, velho... você se machucou por esses dias?
- Não, mãe! Já disse...
- Daniel, volta aqui, eu preciso... eu preciso conversar... perguntar uma coisa!
- Perguntar o quê, mãe?

A mãe parecia amedrontada.

- É... verdade o quê a Laís falou pra mim?
- O quê... O quê cê tá falando, mãe?
- Ela me falou hoje, agorinha, no telefone, e...

Daniel avança contra a mãe, aterrorizado.

- Não, mãe! Ninguém pode saber!

Ele tapa a boca da mãe, que se assusta e arregala os olhos,

- Como você foi capaz, espere até seu pai saber...

Ela pega o telefone, mas Daniel grita e a empurra, e ela cai sobre o centro de mesa.

- NÃO! Ninguém pode saber! E você não vai falar pra ninguém! Não vai!

Daniel apanha uma das almofadas e empurra contra o rosto da mãe, que estava caída ao chão. Ela se debate, tenta arranhar o filho e tirá-lo de cima de si à qualquer custo. As suas forças cessam e seus braços desmontam junto ao tronco.

Daniel esboça uma reação de tristeza, com um misto de pânico, mas tudo não passa de um lapso. "É meu curso", ele pensa. "E eu preciso cursar isso. É meu sonho.".

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- Daniel, é você?
- Pois é. E adivinha, minha mãe foi a vigésima... - diz ele, já se trancando com Laís no apartamento. -  E você terá que ser a vigésima primeira.


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quarta-feira, 20 de julho de 2011

(continuação, cap 4)




Olívia virou-se, emocionada, e abraçou a filha.

Renata- Desculpa, mãe. Desculpa te tratar assim, desculpa ter que te trazer pra cá!

Olívia- Tudo be, minha filha... eu terei que me acostumar. Eu virei visitá-la todo dia de visita, vou te trazer uns quitutes, uns doces que você gosta, umas revistas, livros... tudo que lhe faz bem.

Renata (chorando)- Ô, mãe... obrigada... mesmo. Eu tô com essa caraça toda... mas é difícil suportar isso.

A mãe entregou uma sacola plástica para a filha, contendo algumas revistas e bolinhos caseiros.
Olívia- Trago mais depois, viu?

Um apito ressou em algum canto; a visita se encerrara. Olívia, chorando muito ainda, acenou para a filha e, sem conseguir falar mais alguma coisa, foi embora.

Renata dirigiu-se para o portão, segurando a sacola, mas uma carcereira, a mais rabugenta de todas, agarrou a sacola das mãos de Renata e a sacudiu.

Carcereira- Que porra é essa aqui?

Zaíra, alarmada, correu para perto da colega de cela.

Renata- Só revistas...

Carcereira- Dá pra cá! - e dá um puxão, fazendo o saco rasgar.

Os bolinhos, juntos de uma revista, caem no chão. Renata se assusta e se abaixa para apanhar a revista, mas a carcereira tenta amassá-la com os pés, pisando também nos bolinhos. Zaíra chega e levanta a colega.

Zaíra- Sossega, Celeste!

(intervalo)

Celeste, a carcereira, dá uma risada e empurra as duas pra dentro do corredor.

Celeste (gritando)- Tem que passar pela revista, neguinha! Aqui não tem brincadeira não! Tu vai sofrer na minha mão!

Zaíra- Se esquenta não, Renata, essa daí late mas não morde. É só dar um agrado de vez em quando.

Renata- Agrado?

Zaíra- É, qualquer coisa, cigarro, comida de casa, essas coisas...

Renata se assusta, mas faz uma cara amargurada e chega à cela com Zaíra.

Os dias passam, até que Zaíra acorda Renata com vários tapinhas.

Renata- Que foi Zazá, tô tão indisposta...

Zaíra- Teu julgamento, menina! É hoje, esqueceu? Jajá vão te tirar da cela! Anda!

Renata se levanta de um pulo, e tenta se lavar na pia, com uma pequena esponja.

Pouco depois, a carcereira Celeste bate forte com o cacetete nas grades da cela.

Celeste- Bora, minha filha, temos horário pra cumprir! Anda...

Renata respira fundo e sai. Zaíra a chama no último segundo.

Zaíra- Eu sei que pra você é besteira falar isso, mas boa sorte.

Renata sorri e, limpando uma lágrima, anda em direção à saída.

(intervalo)

Chegando ao tribunal, Renata não contava com a presença de vários cidadãos de Praia Verde, entre eles os pescadores amigos de Xico, que começaram a gritar e vaiar Renata quando ela entrou.

Juíz- Silêncio! Ordem no tribunal! - disse martelando. - Todos de pé, por favor...

Todos obedecem. Da platéia, Laís e Romero olham com profundo desprezo.

Laís (falando baixo, enquanto o juíz fala)- Achei que não vinha, papai.

Romero- Vim ver essa sem vergonha, que matou um amigo e companheiro meu, ser condenada.

Laís (impressionada)- Nossa. Então somos dois.

Pouco depois, várias pessoas dão depoimentos. Todas culpando Renata. Inclusive seu pai.

Depois, o juíz ergue a voz e chama:

"A senhorita Renata Maria Vasconcelos, por favor."

(fim do capítulo 4) 

Homem ao Chão

Capítulo 4 - A Cadeia, e Suas Surpresas





Depois de ser rudemente "lavada", e passar pela sessão de uniformes, Renata foi levada para a sua cela, que já era ocupada por Zaíra. Alta, negra, robusta, metia medo em qualquer pessoa, mas seus olhos brilhantes e seu amplo sorriso denunciavam sua boa indole. Ela indicou a cama de baixo da beliche para Renata, que se sentou, trêmula. 

Zaíra- Bem vinda ao xadrez, minha filha!

Renata- E mereço boas vindas?

Zaíra- Claro! Todas nós merecemos! - ela sorriu, e sentou-se no banquinho encardido ao lado da pia. - Eu sou a Zaíra, pode chamar de Zazá. Tô aqui à dez anos já.

Renata- Er... Renata!

Zaíra- Prazer, viu! E, olha... - ela olha em volta. - eu preciso te dar os primeiros alertas...

Renata- Pode falar...

Zaíra- Você é... digamos, bonitinha demais. Isso, aqui, é um problema.

Renata- Ah, obrigada, Zazá.

Zaíra (sorrindo)- De nada. Fica fria, aqui você pode contar comigo.

Renata tenta sorrir, e estende as mãos para a recém-amiga.

Renata- Muito obrigada, mesmo.

(intervalo)

Outro dia, dia de visita. Após se dirigir ao primeiro pátio do presídio junto de Zaíra, que iria encontrar o marido, Renata avistou a mãe, dona Olívia, sentada distante, embaixo de uma árvore. A jovem não se conteve e, chorando, correu até a mãe.

As duas se abraçaram. Olívia também chorava.

Olívia- Ah, minha filha... você não devia estar aqui...

Renata (limpando as lágrimas do rosto da mãe)- Não vamos falar disso, mãe. Eu tô só pagando pelo que fiz.

Olívia- Nós vamos te tirar daqui...

Renata- Nós quem? Você e a Natália, é? Porque meu pai quer mais que eu apodreça aqui, não é?

Olívia baixa o olhar, diante da frieza da filha.

Olívia- Não pode se entregar assim, minha filha...

Renata- E vou fazer o quê? Me declarar inocente na frente de uma multidão que me viu fugindo, se não viram atirando...

Olívia- Você não tinha que ter feito isso, Renata...

Renata (altiva)- Eu sei. Mas eu fiz, e vou pagar por isso. Não há como me defender. Ponto final.

Olívia ainda tenta conversar com ela, mas Renata olha para o céu, e tenta sentir a brisa.

Olívia (olhando em volta)- Esse lugar é horrível.

Renata- É uma cadeia, mãe... não poderia ser diferente.

Olívia- Não fique soltando os cachorros pra cima de mim! Se não quiser visitas, avise logo!

Olívia se levanta, mas Renata a imita e a segura pela mão.

Renata (chorando)- Obrigada, mãe.

(intervalo)

sábado, 16 de julho de 2011

Música

E aí, pessoal, tudo bom?

Decidi postar uma música que viciei recentemente, não é tão nova, mas é um fenômeno que está estourando por aí, o super vocal de Adele, cantando "Rolling In The Deep".
Até mais!

8 ou 80

Capítulo 12 - Falando Francamente





Depois de passar uma noite, mesmo um tanto contrariado, na casa de Márcia, Otávio acorda, com o intuito de fazer um café pra ela. Sai, apenas com bermudas, cruza a sala e quase esbarra com Laila, que está saindo da cozinha, apressada; parece já estar saindo para a universidade.

- Ai, que saco!
- Desculpe, Laila...
- Não me fale com esse tom de... padrasto!
- Como é?
Ele dá uma risadinha, e ela esbarra nele de propósito para tirá-lo da frente. Porém Otávio segura Laila pelo braço e a faz parar.

- Peraí! Falando sério agora...
Laila se solta e encara Otávio, furiosa.

- Qual é o seu problema comigo? Sério, seja franca. Não lhe fiz mal nenhum, apenas namoro com a sua mãe...
- Esse não é o mal, queridinho. - disse Leila com uma ironia que não era sua. - O mal é você ser um pirralho pra ela! Ser mais novo do que eu, não que isso seja grande coisa. Mas você não presta para a minha mãe!
- Não presto? Não vejo motivo.
- Você é o cara mais safado, mais ordinário, mais canalha que eu já vi! Você pegou a minha tia, e duvido que não queria pegar de novo!

Otávio é forçado a dar uma risada.

- Laila, presta atenção numa coisa...

Laila faz uma cara de interesse.

- Você não me conhece, e acha que conhece sua tia. Você acha que eu sou um conquistador barato, que sai transando com todas as mulheres que ele vê pela frente.
- E não é?
- Claro que não. Eu sou um homem de uma mulher só. Olha pra mim, o quê você vê, um safado?
- Er... é!

Otávio dá um sorriso sem graça. Adianta-se, dá dois tapinhas no ombro de Laila, e vai para a cozinha.

- Me dá provas... e aí eu te digo se sou o safado que você diz que eu sou. 

Leila ficou indignada, mas saiu pisando duro e bateu a porta da sala.


- - -


Depois de uma passada na polícia, com a ajuda de um "colega" (que Ricardo não quis esclarecer de onde conhecia), Alice e Ricardo descobriram o novo endereço de Mayara: a antiga casa de Alice!

- Não acredito que ele foi tão cara de pau...
- É, eu já vi que você não deve esperar nada desse seu... desafeto.
- Eu nunca fui muito com a cara dele, e agora vi o quê ele é capaz de fazer. Mas ele achava mesmo que eu não ia descobrir nada?
- Bem, sem querer ofender, querida, mas acho que ele pensava que você era fútil e boba demais para pensar nisso.

Alice olha, condescendente, para Ricardo.

- Obrigado pela patada.
- De nada, amor.

Eles chegam, em pouco mais de cinco minutos, ao antigo condomínio fechado de Alice, onde Ricardo se disse interessado em comprar umas casas. Com a negativa do porteiro, Alice saltou do carro e o porteiro, reconhcendo-a, disse que poderiam entrar.

- Esse cara era doido por mim. - diz Alice, com leve desdém. - Não iria me negar nada.
- Tipinho interessante, querida, vai fundo. - disse Ricardo, sorrindo.

Chegaram na casa dela, onde haviam alguns carros estacionados na frente. Um som alto e música indicavam uma festa.

- Ela parece estar usando bem a sua casa. - comentou Ricardo distraído, remexendo-se levemente ao som da música.

Alice nada disse e, irritada, entrou pela porta da cozinha, que estava aberta.

Deparou-se com um rapaz bêbado, sentado à mesinha, e um casal trocando leves beijos ao lado da geladeira. Vários copos sujos, garrafas de vodka, cerveja e cachaça vazias na mesa e nas bancadas. Chocada, Alice foi passando pela cozinha e repara nos outros "estragos" feitos à sua antiga casa. O aquário estava verde, os peixes mortos. Um outro rapaz estava deitado no sofá, e uma poça de vômito amarelo ao seu lado, no chão. Alice fez cara de nojo, seguida de Ricardo, e chegou à sala de jantar, onde havia a porta de vidro (suja...) que dava pra área da piscina.
Ali, nas duas mesinhas, mais garrafas cheias e vazias. Um som, com um forró eletrônico, fazia o vidro da porta vibrar. Pessoas de roupas de banho, e uma garota fazendo topless, dançavam, bebiam e sorriam.

Ricardo abriu uma fresta da porta e cheirou o ar.

- Hum... sinto cheiro de drogas ilícitas... hehe.
- Ali a desgramada! - aponta Alice. Mayara está dançando entre dois rapazes negros e dá vários sorrisos. - Eu vou lá!
- Não, lelé! Assim não! - diz Ricardo, sorrindo. Ele apanha uma garrafa de vodka, bebe um gole e, sorrindo, se vira pra Alice. - Eu tenho um plano.

Após os cochicos, Alice escondeu-se atrás da encardida cortina com cara de nojo, e piscou para Ricardo, que passou a fingir embriaguez quando Mayara fez que iria entrar na casa. Ela atravessou o vidro, fazendo presente a alta música do lado de fora, e ao fechar a porta, Alice envolveu-a na cortina.

- Surpresa!
- Você, aqui?! - disse ela, louca.
- Cale a boca! - falou Alice com um poderoso sussurro. Ricardo saltou da escada e agarrou Mayara, levando-a junto de Alice para o lavabo, nos pés da escada. Após trancar-se com os outros dois ali, Alice acendeu a luz e sorriu para Mayara, que estava trêmula.

- Pronto, agora você não tem como fugir. Começa a falar, bonitinha!


- - -


Melina começou a se arrumar rapidamente, embora estivesse em casa. Pôs a calcinha, o sutiã, e estava lavando o rosto no banheiro quando viu a imagem de Caio no espelho, pairando sobre seu ombro.

- Vai sair, gostosa?
- Já disse que não quero que me chame assim. - responde Melina, ríspida.
- Ué, quando o jardineiro te chamava de gostosa você só ria e gemia... - fala Caio, sacana, com um sorriso no rosto, e abraça Melina por trás.
 - Tá, me solta! E veste alguma coisa...

Caio dá um sorriso, apanha a cueca, a calça e as veste. Melina passa um creme no rosto, quando a campainha toca.

- Droga! - Melina xinga, baixinho. Caio olha pra ela.
- Dá seu jeitinho, professora. - diz ele, com um sorriso safado.

Melina lança um olhar fuzilante no menino, pensa rápido e apanha o robe pendurado junto de uma jaqueta. Atravessa a sala trêmula e abre a porta do apartamento, deparando-se com ninguém menos que Laila.
- Ah, Laila!
- Oi tia! Tô atrapalhando?
- Ahn, não, claro que não! Eu só tenho...
- Opa, licença... - diz a voz de Caio, atrás delas, e ele cruza a sala, em direção a cozinha, apenas de calças. Laila pisca várias vezes e olha condescendente à tia.

- A senhora tem um gosto... muito bom. E bem novo, não é, tia?
- Ahn... Laila... eu...

Laila faz um gesto para silenciar a tia, e entra no apartamento, onde se tranca na varanda e começa a meditar. Melina, irritada, fecha a porta e corre para a cozinha, onde dá um tapa nas costas de Caio, que bebe água e se engasga,
- Seu imbecil! Quer me provocar, é? Essa daí é a minha sobrinha, e eu tô...
- Com o filme queimado pro lado dela? Não é problema meu.
- Você não vai atrapalhar a minha vida, você tá me ouvindo, seu moleque?

Ela apanha uma caixinha em cima da geladeira, de onde tira vinte reais, e entrega à Caio.

- Toma, pega um ônibus, um táxi, se vira! Sai da minha casa!

Caio apenas dá uma risadinha, mas corre até o quarto, apanha a camisa e a mochila e, mandando beijo para Melina, sai do apartamento. Melina bebe um copo d'água, respira fundo, e caminha até a varanda, dá umas batidinhas na porta e Laila abre os olhos. A garota abre a porta de vidro e a professora pode passar.

- Então, Laila... o quê foi?
- Eu tive uma conversa com o... Otávio.
- Otávio? Ah, sim... - diz Melina, distraída.
- Não se lembra dele?
- Porque deveria me lembrar, foi só uma transa? - responde Melina levemente ríspida, assustando Laila.
- Tia, não achava que você era dessas! Você, que sempre pregou o romantismo...
- É que certas coisas acontecem, Laila.

Laila faz silêncio, espantada por um momento.
- E esse carinha aí, que acabou de sair?
- Ele é... só outro carinha.
- Você não sente nada por eles?

Laila parece indignada. Melina, totalmente perturbada. Ela se levanta e abre a porta de vidro. Automaticamente Laila a segue, mas Melina a leva para a porta de entrada.

- Me deixa sozinha. Conversamos depois.


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