(continuação, cap 3)
Romero entrou no posto logo depois de Renata, e aproveitou-se de um descuido do policial para puxá-la pelos cabelos.
Romero- Você é uma vagabunda ordinária!
Renata- Me solta, pai!
Romero- PAI, NÃO! Não tenho você como filha!
Renata- Então saia daqui agora! Saia! Me deixe!
Romero parece sem ação perante a filha. No momento, Natália entra no posto, mas é quase atropelada pela irmã de Renata, Laís, e dona Olívia, que entrou logo em seguida.
Laís (parecendo triunfante)- Olha só, pai! Não lhe disse que minha irmã não prestava?
Olívia- Laís, comporte-se!
Laís- Ah, não, mamãe, ela merece! Ela é uma vagabunda!
Renata se levanta e, como está com as mãos atadas nas costas, dá uma cabeçada no peito de Laís, que geme e cai. As pessoas, contidas lá fora mas que espionam pela janela, fazem uma enorme balbúrdia, e Natália faz um gesto de vitória, mas Laís e Romero olham espantados para Renata.
Renata (irada)- Nunca mais me chame de vagabunda, Laís!
(intervalo)
Laís é levantada pelo pai, no momento em que um policial chega entre as duas, no posto. Renata se senta, e Natália corre para o lado da amiga, para dar suporte à ela.
Laís- Prende ela, moço! É uma vagabunda, piranha, e assassina agora! Além de agressora!
Renata- Cala a boca, sua cobra!
Policial- Silêncio no recinto! Aristídes, vá controlar essa multidão lá fora, esse barulho está um saco!
O outro guarda assente e sai. Renata olha, de baixo para cima, para o policial.
Renata- E aí, moço, o quê me resta agora?
Policial- Bom... você não nega que matou aquele infeliz na estação?
Renata- Não. Mas tive um bom motivo...
Policial- Isso não me interessa e não é da minha conta...
Natália (se metendo, de doida)- Fala assim não, moço! Ela foi estuprada!
Laís (de trás, falando alto)- Ela se entregou porque quis, ela não me engana!
Policial (irritado)- Silêncio, as duas, por favor!
Laís e Renata trocam um olhar sombrio.
Policial- Bem, se você não nega os crimes e praticamente se entregou... bem, está oficialmente presa.
Renata o encara, com uma lágrima descendo pelo rosto.
(intervalo)
O camburão chegou à tarde, e no percusso até ele, Renata ouviu de tudo. Vaiada, humilhada, e até empurrada, soltou uma última lágrima e foi empurrada para dentro do camburão.
Olhou para fora, e vislumbrou Tarcísio. Os dois pareciam se olhar por um instante, até que ele sacudiu levemente a cabeça, com uma lágrima nos olhos. Renata também chorou, e a porta do camburão foi fechada. Pouco depois, ela estava longe dali.
Após discutir muito com Laís, Natália recolheu-se para casa. Triste, tomava um café. Achando fraco, correu até a geladeira e achou uma garrafa de vodka.
Natália- Só você agora...
Após virar um copo, houve batidinhas na porta. Estranhando, ela atende e dá de cara com Tarcísio. Ele chora.
Natália (erguendo a garrafa de vodka)- Quer um gole?
Tarcísio dá uma risadinha, entra e apanha a garrafa, debilmente. Natália fecha a porta atrás dele.
Um pequeno silêncio toma conta dos dois. Então, após sentarem e tomar alguns goles, se olharam por um instante, sem saber o quê falar.
Tarcísio (de repente)- Você sabe o quê realmente aconteceu, Nati?
Natália lhe fala da festa e de Xico. Tarcísio fica com raiva pelo que ela diz.
Tarcísio- Ela teve toda a razão!
Natália- É... e nós... (ela se deita)... nós podemos apenas... esperar. Vai falar com ela?
Tarcísio- N-Não! Não quero vê-la... por um tempo. Mas queria que ela soubesse...
Natália- Soubesse de quê?
Tarcísio olha pela janela, para a lua que está começando a aparecer naquele instante.
Tarcísio- Soubesse que estarei do lado dela quando ela precisar.
(fim do capítulo 3)
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