(continuação, cap 4)
Olívia virou-se, emocionada, e abraçou a filha.
Renata- Desculpa, mãe. Desculpa te tratar assim, desculpa ter que te trazer pra cá!
Olívia- Tudo be, minha filha... eu terei que me acostumar. Eu virei visitá-la todo dia de visita, vou te trazer uns quitutes, uns doces que você gosta, umas revistas, livros... tudo que lhe faz bem.
Renata (chorando)- Ô, mãe... obrigada... mesmo. Eu tô com essa caraça toda... mas é difícil suportar isso.
A mãe entregou uma sacola plástica para a filha, contendo algumas revistas e bolinhos caseiros.
Olívia- Trago mais depois, viu?
Um apito ressou em algum canto; a visita se encerrara. Olívia, chorando muito ainda, acenou para a filha e, sem conseguir falar mais alguma coisa, foi embora.
Renata dirigiu-se para o portão, segurando a sacola, mas uma carcereira, a mais rabugenta de todas, agarrou a sacola das mãos de Renata e a sacudiu.
Carcereira- Que porra é essa aqui?
Zaíra, alarmada, correu para perto da colega de cela.
Renata- Só revistas...
Carcereira- Dá pra cá! - e dá um puxão, fazendo o saco rasgar.
Os bolinhos, juntos de uma revista, caem no chão. Renata se assusta e se abaixa para apanhar a revista, mas a carcereira tenta amassá-la com os pés, pisando também nos bolinhos. Zaíra chega e levanta a colega.
Zaíra- Sossega, Celeste!
(intervalo)
Celeste, a carcereira, dá uma risada e empurra as duas pra dentro do corredor.
Celeste (gritando)- Tem que passar pela revista, neguinha! Aqui não tem brincadeira não! Tu vai sofrer na minha mão!
Zaíra- Se esquenta não, Renata, essa daí late mas não morde. É só dar um agrado de vez em quando.
Renata- Agrado?
Zaíra- É, qualquer coisa, cigarro, comida de casa, essas coisas...
Renata se assusta, mas faz uma cara amargurada e chega à cela com Zaíra.
Os dias passam, até que Zaíra acorda Renata com vários tapinhas.
Renata- Que foi Zazá, tô tão indisposta...
Zaíra- Teu julgamento, menina! É hoje, esqueceu? Jajá vão te tirar da cela! Anda!
Renata se levanta de um pulo, e tenta se lavar na pia, com uma pequena esponja.
Pouco depois, a carcereira Celeste bate forte com o cacetete nas grades da cela.
Celeste- Bora, minha filha, temos horário pra cumprir! Anda...
Renata respira fundo e sai. Zaíra a chama no último segundo.
Zaíra- Eu sei que pra você é besteira falar isso, mas boa sorte.
Renata sorri e, limpando uma lágrima, anda em direção à saída.
(intervalo)
Chegando ao tribunal, Renata não contava com a presença de vários cidadãos de Praia Verde, entre eles os pescadores amigos de Xico, que começaram a gritar e vaiar Renata quando ela entrou.
Juíz- Silêncio! Ordem no tribunal! - disse martelando. - Todos de pé, por favor...
Todos obedecem. Da platéia, Laís e Romero olham com profundo desprezo.
Laís (falando baixo, enquanto o juíz fala)- Achei que não vinha, papai.
Romero- Vim ver essa sem vergonha, que matou um amigo e companheiro meu, ser condenada.
Laís (impressionada)- Nossa. Então somos dois.
Pouco depois, várias pessoas dão depoimentos. Todas culpando Renata. Inclusive seu pai.
Depois, o juíz ergue a voz e chama:
"A senhorita Renata Maria Vasconcelos, por favor."
(fim do capítulo 4)
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