Pra você que não tem preguiça de ler =)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

(continuação, cap 2)




Romero está à varanda, numa cadeira de balanço, como Renata supôs. Cochilava, deveria estar esperando a filha para dar uma prensa nela. Acordou quando Renata abriu o portão aos trancos, e se assustou.
Romero- Que é isso! Quem é...

Renata- Sou eu, pai...
Olívia saiu pela porta da cozinha e se espantou com o estado da filha.

Olívia- Renata! O quê aconteceu com você? Seu rosto tá vermelho, andou brigando? E seu vestido...
Renata- Eu... eu preciso contar pra vocês o quê aconteceu...

Romero- Que foi, andou se engraçando com um desses pescadores?
Natália (inconveniente)- Não foi bem assim...

Romero- Não se meta, filha de ninguém!
Natália se encolhe, mas Renata sobe os degraus até a varanda e fica frente a frente com o pai.

Renata- Tá vendo isso? - ela mostra o rosto e os arranhões no braço. - Foi o Xico que fez.

Olívia- Minha filha...
Romero (enfurecido)- Você não presta mesmo! Você ficou dando pra ele nessa festinha?

Renata- Não! Ele me estuprou!

Romero se levanta, irado, e a cadeira desaba pra trás.

(intervalo)

Romero- IMPOSSÍVEL! O Xico é um rapaz honesto que trabalha o dia todo! Ele não iria ficar com uma... uma vagabunda que você é!

Olívia- Romero!

Romero (virando-se pra esposa)- Cale a boca!

Renata- Pai! Não acredito nisso!

Romero- Você sempre foi uma vagabunda! Nunca gostei de você! Por isso que eu dou valor à sua irmã! A Laís não é de sair pra essas matinês pra correr atrás de homem honesto...

Natália (para si)- É nada...

Romero- Mas VOCÊ! - ele empurra a filha. - Você nunca valeu a pena! Nunca quis trabalhar, sempre quis inventar de estudar e correr atrás de homem! E agora quer jogar um fardo pra cima de um rapaz trabalhador, só porque não quer ficar com fama de rodada!

Olívia- Romero! Pare!

Romero (virando-se rápido)- Já mandei calar a boca, mulher! - e dá um empurrão que faz Olívia chocar-se com a parede. Ela se cala, humilhada. Natália olha, preocupada, para a mãe da amiga.

Renata (chorando)- Você é muito injusto, pai! Não acredito que você vai defender aquele vagabundo! 

Romero- Vagabunda é você! Que fica se esfregando com um homem atrás do outro! E não me chame  de pai! Você não é mais minha filha! Só tenho a Laís como filha!

Renata se choca, chorando. Uma trovoada anuncia a chuva, que começa a cair aos poucos.

Romero- SAIA DAQUI! Saia daqui agora, ou eu te boto pra fora de casa às bofetadas!

Renata cai para trás, no canteiro de rosas, e se suja de lama. Natália a ajuda, e as duas vão, na chuva, para a casa da outra.

(intervalo)

Tentando dormir, num colchão na sala de Natália, Renata não consegue parar de chorar. Sua raiva, de seu pai, de Xico... não cessara.

Cedo, não tinha nem nascido o sol, Renata levanta. Uma ideia vem martelando na sua cabeça. Faz frio, e há um pouco de neblina. Apanha um casaco preto e velho da amiga, que ainda dorme, de boca aberta. Sai pela rua. Corre até o posto policial.

Renata- Quero fazer uma denúncia...

É interrompida por um dos policiais, que chama o atendente para ajudá-lo, com um dos presos. O atendente se levanta e, discuidado, esbarra numa prateleira. E nesse instante, sua pistola cai do coldre em cima de sua cadeira. O policial não vê; o preso em questão está fazendo o maior estardalhaço. E o revólver incendiou a mente de Renata. Ela queria se vingar. Apanhou o revólver e saiu correndo do posto policial, sem chamar a atenção dos policiais.

Correu para o pequeno píer da cidade. O sol começava a dispontar. Sabia qual era o barco de Xico. Procurou-o, mas não o encontrou.

Pescador- Ele foi na estação pra pegar o primo dele que tá chegando...

Renata corre para lá. Sobe, vai para o andar superior, onde está o restaurante, em reformas. Vislumbra dali a área de desembarque. Lá está ele. Xico.

Renata (para si)- Você acabou com a minha vida.

Aponta a arma entre os combogós. Não há como vê-la. Mira a cabeça de Xico. Morde os lábios, e puxa o gatilho.

(fim do capítulo 2)

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