Capítulo 4 - A Cadeia, e Suas Surpresas
Depois de ser rudemente "lavada", e passar pela sessão de uniformes, Renata foi levada para a sua cela, que já era ocupada por Zaíra. Alta, negra, robusta, metia medo em qualquer pessoa, mas seus olhos brilhantes e seu amplo sorriso denunciavam sua boa indole. Ela indicou a cama de baixo da beliche para Renata, que se sentou, trêmula.
Zaíra- Bem vinda ao xadrez, minha filha!
Renata- E mereço boas vindas?
Zaíra- Claro! Todas nós merecemos! - ela sorriu, e sentou-se no banquinho encardido ao lado da pia. - Eu sou a Zaíra, pode chamar de Zazá. Tô aqui à dez anos já.
Renata- Er... Renata!
Zaíra- Prazer, viu! E, olha... - ela olha em volta. - eu preciso te dar os primeiros alertas...
Renata- Pode falar...
Zaíra- Você é... digamos, bonitinha demais. Isso, aqui, é um problema.
Renata- Ah, obrigada, Zazá.
Zaíra (sorrindo)- De nada. Fica fria, aqui você pode contar comigo.
Renata tenta sorrir, e estende as mãos para a recém-amiga.
Renata- Muito obrigada, mesmo.
(intervalo)
Outro dia, dia de visita. Após se dirigir ao primeiro pátio do presídio junto de Zaíra, que iria encontrar o marido, Renata avistou a mãe, dona Olívia, sentada distante, embaixo de uma árvore. A jovem não se conteve e, chorando, correu até a mãe.
As duas se abraçaram. Olívia também chorava.
Olívia- Ah, minha filha... você não devia estar aqui...
Renata (limpando as lágrimas do rosto da mãe)- Não vamos falar disso, mãe. Eu tô só pagando pelo que fiz.
Olívia- Nós vamos te tirar daqui...
Renata- Nós quem? Você e a Natália, é? Porque meu pai quer mais que eu apodreça aqui, não é?
Olívia baixa o olhar, diante da frieza da filha.
Olívia- Não pode se entregar assim, minha filha...
Renata- E vou fazer o quê? Me declarar inocente na frente de uma multidão que me viu fugindo, se não viram atirando...
Olívia- Você não tinha que ter feito isso, Renata...
Renata (altiva)- Eu sei. Mas eu fiz, e vou pagar por isso. Não há como me defender. Ponto final.
Olívia ainda tenta conversar com ela, mas Renata olha para o céu, e tenta sentir a brisa.
Olívia (olhando em volta)- Esse lugar é horrível.
Renata- É uma cadeia, mãe... não poderia ser diferente.
Olívia- Não fique soltando os cachorros pra cima de mim! Se não quiser visitas, avise logo!
Olívia se levanta, mas Renata a imita e a segura pela mão.
Renata (chorando)- Obrigada, mãe.
(intervalo)
Olívia ainda tenta conversar com ela, mas Renata olha para o céu, e tenta sentir a brisa.
Olívia (olhando em volta)- Esse lugar é horrível.
Renata- É uma cadeia, mãe... não poderia ser diferente.
Olívia- Não fique soltando os cachorros pra cima de mim! Se não quiser visitas, avise logo!
Olívia se levanta, mas Renata a imita e a segura pela mão.
Renata (chorando)- Obrigada, mãe.
(intervalo)
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