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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Homem ao Chão

Capítulo 4 - A Cadeia, e Suas Surpresas





Depois de ser rudemente "lavada", e passar pela sessão de uniformes, Renata foi levada para a sua cela, que já era ocupada por Zaíra. Alta, negra, robusta, metia medo em qualquer pessoa, mas seus olhos brilhantes e seu amplo sorriso denunciavam sua boa indole. Ela indicou a cama de baixo da beliche para Renata, que se sentou, trêmula. 

Zaíra- Bem vinda ao xadrez, minha filha!

Renata- E mereço boas vindas?

Zaíra- Claro! Todas nós merecemos! - ela sorriu, e sentou-se no banquinho encardido ao lado da pia. - Eu sou a Zaíra, pode chamar de Zazá. Tô aqui à dez anos já.

Renata- Er... Renata!

Zaíra- Prazer, viu! E, olha... - ela olha em volta. - eu preciso te dar os primeiros alertas...

Renata- Pode falar...

Zaíra- Você é... digamos, bonitinha demais. Isso, aqui, é um problema.

Renata- Ah, obrigada, Zazá.

Zaíra (sorrindo)- De nada. Fica fria, aqui você pode contar comigo.

Renata tenta sorrir, e estende as mãos para a recém-amiga.

Renata- Muito obrigada, mesmo.

(intervalo)

Outro dia, dia de visita. Após se dirigir ao primeiro pátio do presídio junto de Zaíra, que iria encontrar o marido, Renata avistou a mãe, dona Olívia, sentada distante, embaixo de uma árvore. A jovem não se conteve e, chorando, correu até a mãe.

As duas se abraçaram. Olívia também chorava.

Olívia- Ah, minha filha... você não devia estar aqui...

Renata (limpando as lágrimas do rosto da mãe)- Não vamos falar disso, mãe. Eu tô só pagando pelo que fiz.

Olívia- Nós vamos te tirar daqui...

Renata- Nós quem? Você e a Natália, é? Porque meu pai quer mais que eu apodreça aqui, não é?

Olívia baixa o olhar, diante da frieza da filha.

Olívia- Não pode se entregar assim, minha filha...

Renata- E vou fazer o quê? Me declarar inocente na frente de uma multidão que me viu fugindo, se não viram atirando...

Olívia- Você não tinha que ter feito isso, Renata...

Renata (altiva)- Eu sei. Mas eu fiz, e vou pagar por isso. Não há como me defender. Ponto final.

Olívia ainda tenta conversar com ela, mas Renata olha para o céu, e tenta sentir a brisa.

Olívia (olhando em volta)- Esse lugar é horrível.

Renata- É uma cadeia, mãe... não poderia ser diferente.

Olívia- Não fique soltando os cachorros pra cima de mim! Se não quiser visitas, avise logo!

Olívia se levanta, mas Renata a imita e a segura pela mão.

Renata (chorando)- Obrigada, mãe.

(intervalo)

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