Pra você que não tem preguiça de ler =)

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Homem ao Chão

Capítulo 1 - A Festa





"Não pode ser!", pensou Natália após o singelo beijo na bochecha.

A garota acompanhou a saída de Olga, uma patricinha, da casa do namorado da amiga, Tarcísio. Segurando um gato, Olga atravessou a rua e depois a praça da cidade, saindo logo da vista de Natália.
Natália- Eu sempre achei que era um safado!

Revoltada, cruza a rua, saindo de trás do poste em que se escondera, abre o portão e toca a campainha da casa de Tarcísio. Não dá nem dez segundos e a porta se abre, e o menino abre um sorriso que logo é desfeito ao perceber a cara indgnada de Natália.

Tarcíso- Que foi?

Natália (revoltada)- Que foi? Quer saber mesmo que foi? É você, um safado traíndo a minha melhor amiga assim descaradamente!

Tarcísio- Como assim, traíndo?

Natália- Deixe de show! Você é um safado!

Tarcísio- Você tá falando da Olga, Natália?

Natália- Da Renata é que não é, mas deixe... eu vou falar com ela agora! Lascou-se, peixe!

E, soltando um beijinho para Tarcísio, cruzou a rua, pondo seus oclinhos escuros de asinha.

(intervalo)

"MENTIRA!"

Renata quase largou um jarro com uma plantinha no chão. Natália amparou a amiga e pôs o jarrinho no parapeito do terraço da casa dela. Dona Olívia saiu pela porta da cozinha, assustada com o grito da filha, que tirava o avental sujo de terra.

Olívia- Algum problema, minha filha?

Renata não respondeu, apenas saiu correndo e abriu o portão da casa com um pontapé. Natália a seguiu, mais devagar, e virou-se para dona Olívia.

Natália- Não, dona Olívia, o problema vai começar agora...

Na casa de Tarcísio...

Tarcísio- Meu amor, acredita em mim! Ela só tinha perdido o gato dela e ele veio parar aqui em casa!

Renata- Não, Tarcísio! E nada de meu amor! Já tinha um tempo que eu via umas conversas entre vocês dois, desde o São João! Desde aquela barraca do beijo!

Natália- Ô, e que barraca do beijo!

Ambos a ignoram.

Renata- Tá tudo acabado entre nós dois, Tarcísio! Me erra, tá certo? Não me procura, pelo menos por um bom tempo! Quem sabe, uns dez anos ou mais?

Tarcísio- Deixa de exagero... Renata!

A menina sai andando da casa dele, e Natália, sorrindo para Tarcísio, a segue.

(intervalo)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Música

Oi galera, beleza?

Como todos, ou a maioria sabe, eu sou um grande fã e entusiasta de Björk. A voz e as melodias da inslandesa realmente me tocam e me deixam alucinado. Este é sou novo single, do mais novo album, chamado "Biophilia", que será lançado esse ano. O single se chama Crystalline.
Curtam! Até amanhã!

8 ou 80

Capítulo 9 - Discussões e Descobertas





Ricardo estava com sua última classe, preparando sobremesas, quando algumas batidas na porta interrompeu sua concentração em decorar um petit gateau. Alguns alunos o olharam, e ele foi para a porta, onde encontrou Alexandre, parecendo levemente apreensivo.
Ricardo ficou ligeiramente surpreso.

- Oi, Ale... que houve?
- A gente... precisa mesmo conversar com todo mundo ouvindo?

Ricardo olha em volta e vê que toda a classe presta atenção.
- Tudo bem... espera até o fim da aula, certo, já estamos acabando...

Alexandre concorda, entra na sala e se senta num dos bancos altos junto ao balcão, ao lado do fogão e de Ricardo, que sorri para ele de vez em quando. Todos os alunos na sala conseguem notar o clima entre os dois e parecem sorrir entre si.
Pouco menos de quinze minutos, bancadas limpas, despedidas, o último aluno sai da sala e Ricardo fecha a porta. Sorri, se vira para Alexandre e tenta beijá-lo, mas o rapaz vira o rosto.

- Que foi?
Alexandre parece desgostoso.

- Não... vem com pressa assim, tá certo?
- Tudo bem, como você quiser...
- E outra, não fica dando esses sorrisinhos na frente de todo mundo... eu ainda não estou acostumado com isso...

Ricardo dá uma risadinha e chega junto de Alexandre.

- Tudo bem. Como você quiser. Já disse que não faço nada que você não queria.
- Er... tem mais uma coisa.

Ele parece bem mais triste e apreensivo nessa hora.

- Fala, cara, o quê foi?
- Eu... eu fui expulso de casa.

Alexandre cai aos prantos do nada. Ricardo tenta ampará-lo e o abraça.

- Eu...eu achei melhor contar o quê aconteceu com a gente e... e meu pai e minha mãe não gostaram nada! Eles não me entenderam, achavam que eu ainda tava com a Martinha... aí meu pai disse que não me queria mais em casa enquanto eu fosse um "desses"!

Alexandre cai novamente no choro e Ricardo olha em volta, revirando os olhos ligeiramente. Mas suspira e abraça o outro.

- Não fique assim, eu... eu vou ajudar você.
- Vai?

Ricardo parece até pensar duas vezes.

- Vou. Vou sim. Você vem comigo pra casa hoje e amanhã... eu penso no que a gente faz.
- Tá falando sério?
- Tô, sério... - ele dá um sorrisinho. - Posso ter muitos defeitos, mas eu não conseguiria deixar alguém na mão.

Alexandre sorri para Ricardo e, após hesitar uns segundos, o abraça. Ao seu ombro, Ricardo tem uma feição indiferente, e pensa "onde eu fui me meter?".


- - -


Márcia estava acabando de fechar sua maleta, cansada e estressada, quando duas batidinhas tímidas na porta a alarmaram, e ela virou a cabeça. Otávio entrou na sala e fechou a porta.
- Eu lhe dei permissão para se trancar comigo?
- Eu quero conversar com você e me explicar, e daqui não saio até você ouvir.

Márcia faz uma feição incrédula, mas dá uma risadinha.

- Como você é atrevido, garoto...
- Eu vou falar, você devia ficar calada.

Márcia olha espantada com a grosseria do moreno. Ele passa a mão na cabeça e faz um gesto para a advogada sentar.

- Primeiro eu preciso logo soltar os fatos.
- Estou ouvindo, já que fui obrigada.
- Em primeiro lugar, eu não tive um caso com a sua irmã.
Márcia assente, com uma cara descrente.

- Tá certo.
- Eu não tenho pra quê mentir para você, estou dizendo a completa verdade.
- Tá.
- Segundo, nós só... transamos uma vez, e eu admito que transamos.

Márcia dá outra risadinha.

- Ótimo, admite que é um cara de pau.
- Assim não dá, você tá se portando como uma pirralha!
- Me desculpe?

Márcia se levanta, indignada.

- Você quer que eu seja educada e prestativa depois de um dia estressante de trabalho? Você quer que eu escute você, um cafajeste, após me trancar na minha própria sala do trabalho?
- Você deveria crescer! Eu não fiz nada demais, apenas fiz sexo uma vez com uma mulher antes de te conhecer!
- Esse mulher foi a minha irmã!
- E daí?

Márcia ri, descontrolada.

- Como assim "e daí"?
- Não importa se eu transei com ela antes! O quê importa é que eu tô apaixonado por você, e só você tá impedindo que a gente fique junto!
- Pra você a coisa é simples demais... mas é a minha irmã! Eu não admito isso e...
Otávio não deixa ela falar mais, e a agarra, beijando-a com voracidade. Os dois se entregam ao momento, mas Márcia se contém e empurra Otávio longe. O rapaz põe um rápido sorriso no rosto, mas logo se recompõe.

- Abre essa porta... e ponha-se daqui pra fora. ANDA! De preferência, pra fora da minha vida!

Otávio vai buscar sua pasta, na cadeira do birô de Márcia, e sussura para a advogada.

- Não tão rápido.

Ele se afasta, abre e fecha a porta, ao sair. Márcia corre então para sua bolsa, apanha o celular e liga para filha.

- Alô, Laila? Filha, vá pra casa, estou saindo do trabalho e preciso de desabafar! Ande!


- - -


A noite cai no colégio. A última classe de judô está acabando e Caio derruba Nestor com um golpe.

- Tá ferrado hoje, espinhento!
- Vai sonhando, Caio!

Os dois continuam à prática. Entretanto, quando está em uma posição vantajosa, Caio observa uma cena estranha.

Pelos combogós das paredes do tatame, Caio observa uma figura alta, cabelos pretos, pele branca. Ela anda em direção ao jardim.

- A professora...?

Nesse instante Nestor vira o jogo e Caio dá um pequeno gemido de dor ao ser imobilizado por Nestor.

- Perdeu, playboy!
- Aaai, espera aí!
- Espero nada! Perdeu!

Caio continua a olhar os combogós; Melina acena para Evaldo, o jardineiro e corre discretamente para o depósito.

- Perdeu, playboy, desiste!
- Tá, desisto!
- Ahá!
Nestor o larga, no tatame, e Caio massageia as costas, ainda tentando vislumbrar algo além dos combogós: Melina havia chegado no depósito e fechado a porta do mesmo.

O professor de judô ajuda Caio a se levantar e ele agredece.
- Bom treio hoje, Caio, mas está um pouco distraído. Vê se melhora isso pra quinta, certo? Pro chuveiro!

Caio faz que sim, e corre para o chuveiro, pra ir atrás de sua querida professora. Nestor e os outros colegas estranham a rapidez dele.

- Tá querendo bater algum recorde?
- Tô afim de descobrir uma coisa...

E, dizendo isso, sai do vestiário vestido enquanto os outros ainda estão de toalhas.

Contorna silenciosamente as salas de judô e balé do colégio, onde um piano anuncia que estão em aula ainda. Passa pelos jardins rápido como uma raposa, sem tentar fazer barulho e pula a cerca de acesso restrito aos funcionários.

Ali, vê a luz acesa do depósito e aproxima-se devagar. Escuta um gemido alto e uns sussurros. Intrigado, resolve empilhar uns caixotes ao lado da parede para tentar espiar, mas a visão que teve deixou-o de boca aberta.

Deitada sobre uma mesa de materiais, com o sutiã, mas já sem blusa e sem calças, estava Melina, com um rosto cheio de êxtase e prazer. Empurrava com as mãos a cabeça de Evaldo para baixo, pro meio de suas pernas, e o jardineiro, completamente despido, não parava de acariciar todo o corpo da professora.

Um arrepio percorreu toda a espinha de Caio, naquele minuto, e, completamente excitado, de tão aturdido paralisou-se e não sabia o quê fazer.

O jardineiro se ergueu e, em pouco tempo, uniu-se em orgasmo com Melina, e ambos desmontaram em cima da mesa. Satisfeito, Caio resolveu ir para casa e guardar para si esse segredo que acabara de descobrir. Mas, ao saltar para o chão, fez que um dos caixotes rolasse consigo, assustando Evaldo, que gritou:

- Quem é que tá aí fora?

Caio, assustado, resolveu pular o muro do colégio, correndo para uma parada de ônibus isolada ali atrás do colégio. Por sorte, o ônibus passou assim que ele chegou, e, ao subir no mesmo com um sorriso no rosto, pensou para si mesmo:

- Agora essa professora gostosa tá na minha mão.

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(Em Breve) Homem ao Chão - Personagens








RENATA VASCONCELOS- (18 anos 1ª fase/ 36 anos 2ª fase): Alta, morena, quase negra, cabelos cor de mel. É apaixonada por Tarcísio, mas acha que ele a estava traindo com Olga e termina o namoro. Conhece Xico numa festa, mas após largá-lo, é estuprada pelo mesmo. O mata na estação de trem da cidade e é presa. Na prisão, descobre estar grávida, tem a filha, Telma, e é avisada que a menina morreu, o quê é mentira. Ao sair da prisão, dezoito anos depois, é atropelada por Donato que, para retribuir depois que sabe de sua história, a leva para sua casa, como faxineira. Desagrada Leonor, a ex-mulher de Donato, quando este, com câncer terminal, resolve deixar tudo para a faxineira após se casar com ela como vingança. Depois, rica, volta para Praia Verde, disposta de , no mínimo, reaver sua imagem na cidade. Reencontra o pai, a mãe, Olívia, a irmã invejosa, Laís, e descobre quea filha está viva e sendo criada pela irmã. Decide lutar pela guarda dela.

TARCÍSIO GUERRA - (19 anos 1ª fase/ 37 anos 2ª fase):  Eterno apaixonado por Renata. Moreno, alto e magro, não teve sorte para estudos. É acusado por Laís, irmã de Renata, de ter traído ela com Olga, uma patricinha local. Injuriado, vai à mesma festa de Renata com Olga só para irritá-la. É um dos poucos que tentam ajudar Renata, junto de Natália apenas, quando ela é escorraçada da cidade por ter matado Xico. Após algum tempo, o relacionamento com Olga vira realidade e eles se casam, tendo dois filhos, José e Tiago. Vira comerciante no mercado local, do pai de Olga, e é constantemente humilhado por ele. Logo após divorciar-se, Renata chega na cidade e o encanta novamente, e eles fazem planos para ficar juntos.

TELMA VASCONCELOS - (18 anos): Filha de Renata. Parece muito com a mãe e é uma garota decidida e livre. Quer estudar medicina para ajudar no posto médico da cidade, mas é posta pelo "padrastro", o prefeito Paulo Pradaxes, em um cargo público. É desejada por vários garotos da cidade, mas seu convívio com a "mãe", Laís, e o gênio dela a fazem dizer não várias vezes. Não sabia que Renata, a "tia" presa que odiava, era sua mãe, e demora para perceber que sim. Se apaixona por Angelo, filho de Leonor, à primeira vista.

LAÍS VASCONCELOS - (20 anos 1ª fase/ 38 anos 2ª fase): Filha mais velha de Romero e Olívia e irmã de Renata. Sua única ambição de vida foi casar com um homem rico, coisa que sempre desagradou sua mãe, Olívia. Ao descobrir a gravidez da irmã, durante um caso seu com o então vereador Paulo Pradaxes, arma com o pai de fingir que está grávida para casar-se com o futuro prefeito, dizendo que a sobrinha é sua filha. Dezoito anos depois, é a primeira dama da cidade, e cria Telma como sua filha, intervindo em sua vida várias vezes. Quando Renata retorna à cidade, faz de tudo para impedir que ela e Telma se conheçam, e que os planos da irmã deem certo.

ROMERO VASCONCELOS - (40 anos 1ª fase/ 58 anos 2ª fase): Pescador, casou-se cedo com Olívia, após tê-la engravidado. Rude, bronco, beberrão e ignorante, acha a filha mais nova muito "desinteressada" e "leviana". Ao saber que a filha foi estuprada, a expulsa de casa dizendo que "ali não é lugar de prostitutas", e quando ela mata Xico, afirma que tem apenas uma filha, Laís. Dezoito anos depois, com a filha casada com o prefeito, Romero continua a ser o mesmo bronco e pescador e acusa a filha de renegar o seu passado. Com a volta de Renata, tenta destruir os planos da filha de erguer um hotel em Praia Verde.

LEONOR CARVALHO - (43 anos): Voluptuosa, loira, bela e sem escrúpulos, Leonor é uma socialite carioca. Casou-se cedo com Donato Scholatzo, um italiano rico, e teve Angelo. Viveu de mimar o filho e ter vários casos amorosos, uma vez que o marido viajava muito e ela aproveitava para suas puladas de cerca. Donato descobre seus casos quando fica sabendo que ela já o tinha traído com o médico. Os dois se separam, para raiva de Leonor. Mas ela fica mais irada quando Donato, por vingança, casa-se com Renata pouco antes de morrer e deixa toda a fortuna pra ela. Inconformada por ter ficado com 0,1% de todo o patrimônio e que o dinheiro de Angelo só podia ser acessado por ele quando fizesse 40 anos, Leonor parte para Praia Verde, levando consigo o filho, para tentar reaver seu patrimônio.

ANGELO SCHOLATZO - (23 anos): Filho de Leonor e Donato. É um biólogo marinho recém formado e vive às turras com a mãe. Apesar de ser uma pessoa simples, sempre foi filhinho de papai e, mesmo sendo mais humilde que a mãe, ainda tem traços de arrogância. Reclama parcialmente sobre o testamento do pai, pois ainda ficou com 25% do patrimônio do milhonário, que só poderá ter acesso aos 30. É tímido e desleixado, além de ser um pouco nerd. Muda-se pra Praia Verde tanto para supervisionar as armações da mãe tanto para o bem de suas pesquisas. Conhece Telma no dia em que chega à Praia Verde e se apaixona, para desgosto das mães dos dois, Leonor e Renata.

PAULO PRADAXES - (30 anos 1ª fase/ 48 anos 2ª fase): Filho de prefeito, Paulo é da família Pradaxes, que monopoliza os negócios e a política em Praia Verde. Inicialmente noivo de Melissa, inicia um caso com Laís, que quer se casar com ele à todo custo. Vindo de uma família conservadora e católica, é obrigado à casar-se com Laís quando ela diz estar grávida dele. Anos depois, já reeleito prefeito e casado com Laís, Paulo virou um fantoche da esposa e um péssimo pai para Telma. Manipulado por Laís, tenta, quando Renata retorna, impedir à todo custo a instalação do hotel dela, entre outras coisas.

NATÁLIA RAMALHO - (18 anos 1ª fase/ 36 anos 2ª fase): Desligada e risonha, Natália é a melhor amiga de Renata, e é ela que fica achando que Tarcísio a trai. É órfã de pai e mãe e mora sozinha desde os 14 anos. Acolhe Renata em sua casa depois que Romero expulsa a filha de casa. O então namorado de Natália, o policial Juvêncio, esquece um revólver na casa dela e Renata aproveita para matar Xico, num impulso. Natália é a única pessoa que visita Renata na cadeia, mas, ao se casar com Juvêncio, eles se mudam para o Espírito Santo e só depois voltam. Ajuda Renata o quanto pode com seus planos para o hotel, mas seu marido, ligado ao prefeito, tenta impedir.

OLÍVIA VASCONCELOS - (37 anos 1ª fase/ 55 anos 2ª fase): Mãe de Laís e Renata, teve uma educação melhor do que a do marido. Vive discutindo com ele, pois não foi amor à primeira vista. É uma pessoa com um grande coração. Sofre ao ser impedida de ajudar Renata quando ela é estuprada e, logo depois, é obrigada pelo marido à dar a falsa notícia que a filha de Renata morreu. Dezoito anos depois, mesmo com seu casamento quase que acabado, Olívia ainda tenta amansar o gênio do marido e tenta conviver com a mentira que foi a vida de Telma. Quando Renata retorna à Praia Verde, ajuda a filha a se acomodar na cidade e vive sendo ameaçada de morte pelo marido, que bate nela.

DONATO SCHOLATZO - (48 anos): Rico empresário, filho de italianos, dono de franquias, casou-se cedo com Leonor só para ter companhia. Tiveram Angelo como filho, mas Donato nunca foi um pai presente. Nunca desconfiou dos casos de Leonor, só descobriu quando soube que seu médico já tinha sido amante dela. Descobre um câncer terminal, e, infeliz, divorcia-se de Leonor, com raiva dela. Atropela Renata no dia em que ela sai da cadeia e, tentando desvencilhar-se de sua arrogância, realiza uma boa ação e a leva para sua casa, para trabalhar de faxineira. Afeiçoa-se à ela e, para se vingar da ex-mulher, casa-se com Renata, deixando praticamente tudo para ela. Morre logo em seguida, na presença das duas, e dando dedo pra Leonor.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Música

E aí, galera?


Curtiram o feriado? Eu curti, e agora vou postar uma música que eu "re-viciei", chamada "Scream", do eterno rei Michael Jackson e sua irmã Janet.
Bom dia pra vocês!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

(continuação último capítulo)




Pela gritaria geral, dava pra deduzir que Breno subiu ao topo do bloco D. Do telhado, ele olhava o horizonte. Segurava a arma vacilante, e tinha várias lágrimas rolando pelo rosto. Uma multidão se formou embaixo do bloco D, as pessoas gritando em sua maioria "Louco!", "Assassino!", e por aí vai. Uns pirralhos gritavam "Se joga! Se joga!", e foram repreendidos pelos pais.
As mães de Aleff e a de Edward se destacavam na multidão, e esbravejavam contra o líder da Gangue.

Mãe de Aleff- Assassino! Agora é um condenado! Você vai pagar por ter espancado o meu filho!
Breno- Vai te catar, desgraçada! Eu não matei não! Matei não! Matei não!

Ele dá um tiro sem olhar pra multidão, que grita e corre. A bala não acerta ninguém, e sim o vidro de um carro parado embaixo do bloco D.

Enquanto isso, uma ambulância chega e leva o homem atingido por Breno, que respira aliviado.
Breno (gritando pra multidão)- Tá vendo? AHAHAHAHAHAHAAHAHA! Eu não matei ningué-ém!

Mãe de Edward (baixo)- Ele está completamente louco!

Síndica- Ele sempre foi, só agora botou as garrinhas de fora.

Na porta do bloco D...

Jéssica se reúne com Clã e Gangue embaixo do bloco D.

Jéssica- A gente precisa ir lá! E impedir esse doido!

Wagner- Não inventa! Se voce subir lá leva um tiro no meio da testa!

Peruh (revoltado)- Eu sabia que ia acontecer alguma coisa, Pedro Henrique!

Pedro Henrique ignora o irmão.

Duílio- Jéssica, você fica! Peruh, vem comigo!

Peruh- Eu quero distância desse exu!

Pedro H- Eu vou contigo, Duílio.

Aleff- Eu vou junto!
Duílio- Fica aqui! Você é outro que levaria um tiro na testa!

Aleff- Eu não tenho medo dele, vocês não deviam ter. Vamos, agora.

Ele empurra os outros dois em direção à escada.

(intervalo)

Breno continua no topo do bloco D. Pensa em alguma maneira de escapar, quando escuta um ruído atrás dele. Se vira e vê a janela sendo aberta. O primeiro que sai dela é Duílio, que grita "BRENO!", mas o psicopata vira a arma e atira.

Breno- Sai daqui!

Duílio escorrega, mas ainda assim a bala o atinge de raspão na orelha e, mesmo sendo um pequeno ferimento, começa a sangrar profusamente. Ele cai para dentro da janela de acesso e Pedro Henrique o ampara.

Aleff (decidido)- Eu vou falar com ele.

Pedro H- NÃO! Você vai levar um tiro!

Aleff- Não, ele não vai atirar em mim. Ele já pensa que fez duas vítimas que não queria fazer...

E, dizendo isso, dá um salto e sai para o telhado. Anda até Breno em silêncio, fazendo um gesto de rendição quando o garoto aponta a arma pra ele.

Aleff- Abaixa essa arma. Você não precisa de outra vítima.

Breno (confuso)- Não... eu, não...

Breno então, levemente, abaixa a arma, mas não a solta. Pisa numa telha quebrada, fazendo ela se estilhaçar levemente, mas se vira e olha Aleff.

Breno- O quê você quer comigo? Eu quero... quero sair daqui! Não quero mais isso! Eu não mereço isso...

Aleff- Eu sei cara, você não merece... você não fez por mal... foi por impulso, não foi?

Breno assente, assustado, e Aleff continua.

Aleff- Eu entendo você, cara... você só quer um pouco de atenção, de carinho, de gente que goste de você como é... tô certo?

Breno (ofegando)- Sim... sim, tá. Tá certo, tá certo sim... eu, eu não quero matar ninguém... foi, foi errado.

Aleff (se adiantando)- Eu sei, cara... eu tô aqui... porque eu quero o seu bem.

Breno- É?

Aleff- É sim... (jogando verde) Eu quero te ajudar... eu gosto de você, você é um cara legal...

Breno- Gosta?

Aleff- Sim... é um cara muito gente fina. Gente boa, só tem um mal passado, mas você pode contar comigo.

Ele abre os braços, como se quisesse abraçar Breno, que estranha. A multidão lá embaixo silencia quando Aleff pisa na telha estilhaçada, mas nada acontece e Breno avança e o abraça, completamente desamparado.

Lágrimas rolam no rosto do líder da Gangue, que chora sem medo ou vergonha, destruído. A multidão assiste tudo sem piscar.

Aleff- Eu vou ajudar você.

(intervalo)

Breno fecha os olhos e chora, parecendo "entregue" ao jogo de Aleff. Este fica nervoso, mas tenta uma solução.

Aleff- Eu vou ajudar você, cara.

Breno faz que sim várias vezes com a cabeça.

Aleff- Você vai se dar bem.

Breno continua assentindo.

Aleff- Eu mesmo vou te ajudar, você não vai se meter em furada... nem em Febem...

Breno faz que não, com olhos aterrorizados.

Aleff- Pois é, eu te ajudo... eu vou te levar ao médico e...

Breno de repente volta a si e levanta a cabeça numa expressão macabra.

Breno (largando Aleff)- Médico?

Aleff- Sim, sim, médico...

Breno- Você tá me chamando de doido?

Aleff (rápido)- Não! Doido não! Só tem alguns problemas que...

Breno VIU! Tá me chamando de doido!

Breno começa a sacolejar a arma na mão e a circundar Aleff, que se aproxima da beirada. Ele fica apreensivo.

Breno- Você não vai me ajudar porra nenhuma, vai me mandar prum maldito manicômio!

Aleff- NÃO! Você vai...

Breno- Não invente mais nada, seu marginal nº 2! Você é o mais mala desse prédio!

Breno pisa na telha quebrada junto de Aleff, que olha de relance para trás e se vira antes que Breno grite:

"E VOCÊ NÃO VAI ME MANDAR PRUM MANICÔMIO!"

Ao falar isso, Breno pressiona a telha com muita força, fazendo-a despedaçar e afundar. Aleff dá um suspiro por um único segundo quando escorrega para trás, além da beirada, e seu corpo desliza para além do alcance de Breno, que grita "NÃO!" ao mesmo tempo da mãe de Aleff, que está quase que diretamente abaixo do filho. Ouve-se um ruído seco quando o menino bate no chão do bloco D. Um último suspiro, e seu olhar fixo denuncia seu estado.

Breno entra em desespero. Os gritos começam lá embaixo e ele fica sacudindo a cabeça.

Breno- Não! Não! Eu não o matei! EU NÃO O MATEI!
Ele passa as mãos pelo corpo, e toca no chaveiro com a chave do carro, preso ao cinto.

Breno (rindo)- É! A chave! Eu vou escapar! EU VOU ESCAPAR! Sai do meio!

Ele corre em direção à janelinha, onde Pedro Henrique continua a estancar o sangue de Duílio; eles não viram Aleff caindo e se assustam quando veem apenas Breno. Este apenas os empurra, descendo com toda velocidade pelo alçapão e correndo pela escada. Arma em punho, aparece pela porta de vidro, apontando para todos em sua frente.

Anda devagar, as feições histéricas. Ele não reparara, mas a ambulância do Juliano Moreira acabara de chegar e Jéssica tinha instruído os enfermeiros dizendo que Breno estava armado.

Breno olha para todos, silenciosamente. A multidão apenas o encara, alheia ao lamento da mãe de Aleff. Breno de repente, encara Jéssica. Ela sorri, e Breno não entende a tal felicidade...

De repente, dois enfermeiros, um de cada lado de Breno, agarram o menino e tentam forçar a todo custo a entrada dele na ambulância. Breno reluta com todas as forças, e dispara ainda quatro vezes, acertando a mãe de Edward com o último, mas a bala pega apenas no braço. Sem munição, Breno limita-se a lançar o revólver contra Jéssica, que põe uma mão para proteger-se.
Depois, com certa violência, Breno é jogado com toda força para dentro da ambulância. Ele ainda tenta sair, mas grita "VOCÊ ME PAGA!" para Jéssica, e as portas são fechadas. Pouco depois, a ambulância arranca com toda velocidade, e as pessoas veem Breno socar com toda a força as portas, mas agora o tempo é de paz nos Sombreiros.

Ou quase.









FIM                                                                                                                                        ... da parte 1

Nos Sombreiros (Último Capítulo)

Capítulo 55 - O Topo





O dia amanhece e Alysson, ainda no hospital, é acordado pela sua tia Cinara.  A mulher parece agoniada.

Alysson- Que... que foi tia?

Cinara- Já sei, já sei meu querido! Quem me bateu!
Alysson- Fala, tia! Pode falar!

Cinara- Foi ele mesmo! Foi Breno!
Alysson se espanta, leva as mãos ao telefone e vai ligar para os amigos do prédio.

Nos sombreiros...

Jéssica acorda, esperando que a noite anterior tenha sido um pesadelo. Não é. Os punhos atados, ela olha pra frente e vê o namorado dormindo. Tenta se virar e se ergue parcialmente, mas dá de cara com Breno, empunhando o revólver pro meio da testa dela.

Breno- Bom dia, marginal.

Jéssica fica muda, completamente amedrontada.

Breno- Responde, porra!

Jéssica- B-Bom dia, pirralho.

Breno (satisfeito)- Eu queria que você visse a luz do sol pela última vez.

Jéssica (irônica)- Ah... que gentileza. Obrigada.

Breno (sorrindo)- Não há de quê, ora... - ele ri. - É engraçado como as pessoas ficam engraçadas na hora de morrer.

Jéssica - Ah, é?

Breno- Tá pensando que é de brinquedo? - ele sacode a arma - É daquelas que fazem barulho e matam pessoas!

Uma lágrima cai no rosto dela, mas ela mantém a pose e limpa rapidamente. Ela olha pra Pedro Henrique, ainda dormindo na barraca.

Jéssica (com o olhar baixo)- Ele estava me enganando o tempo todo?

Breno- Quanto a isso não sei... mas só ontem ele tava me obedecendo de verdade. E ele cumpriu bem o papel dele!

Jéssica fica aterrorizada. Breno põe a mochila nas costas, agarra Jéssica pelos cabelos e faz ela sair da barraca.

Breno- Anda, quero você morrendo ajoelhada.

Jéssica se ajoelha, as lágrimas agora saltando como cascata dos olhos. Um morador, após estacionar o carro no bloco E, vê a cena e corre com toda velocidade até o bloco F.

Breno se perde em seus devaneios, e após finalmente sorrir para Jéssica, murmurra um "Tchau!" e puxa o gatilho, no momento que o homem grita um "NÃO!" e se joga na frente de Jéssica.

(intervalo)

A bala atinge o homem perto do ombro. Ele cai, sangrando e gritando de dor. Breno fica chocado com a cena, assim como Jéssica. O menino começa então a se desesperar, e balança o revólver freneticamente.

Breno- Porque você é tão difícil de morrer?!

Ele vira um tapa em Jéssica, que cai, ao lado do homem. Pedro Henrique, que acordou com o tiro, põe a cabeça pra fora da tenda a tempo de ver Breno correndo, em direção ao bloco D. O canivete cai do seu bolso e Pedro Henrique o apanha. Solta Jéssica e olha com lágrimas nos olhos pra ela.

Pedro H- Me desculpa! Ele me obrigou...

Jéssica (interrompendo, agitada)- Não é hora pra isso! Pega... pega, meu celular. Liga pra emergência! Agora!

Pedro Henrique obedece, com medo. Jéssica pensa rápido ao ver Breno entrando no bloco D, quase quebrando a porta de vidro.

Jéssica então corre pra casa. Algumas pessoas que ouviram o tiro já ajudam Pedro Henrique com o homem atingido. Em casa, Jéssica pensa... ele é doido, então... rapidamente puxa a lista telefônica e procura o número do manicômio local, Juliano Moreira.

Enquanto isso, no bloco C....

Welington está em casa, atendendo à uma ligação de Alysson, que parece eufórico.
Welington (falando)- ... tá! E parece que ele aprontou mais uma, todo mundo ouviu claramente um tiro aqui! Acho que foi ele!

Alysson (tenso)- Então chama a polícia! Esse cara é um psicopata! Não esquece...

Nesse momento ouve-se vários gritos lá debaixo, vindos do bloco D. Welington tenta olhar o quê é, mas não consegue ver nada da varanda.

Welington- Eu vou descer pra ver o quê houve agora! Tchau!

Ele desliga o telefone, mas sai correndo e esquece de chamar a polícia.

(intervalo)

quarta-feira, 22 de junho de 2011

8 ou 80

Capítulo 8 - Perigos





Os gritos histéricos de Márcia no dia anterior continuavam martelando na cabeça de Melina, durante aquela manhã, no colégio. Apoiada numa cerca, durante o intervalo, ela acenou para uns aluninhos que estavam indo pra aula de educação física e não notou o rapaz moreno com uns amigos passando por trás dela. Caio não tirou os olhos do corpo da professora e levou um tapa da nuca do colega Nestor, fazendo os outros dois cair na risada.

- Que foi, besta?
- Besta é você, olhando pra professora...
- Tenho culpa se ela é gostosa?
- Ô, idiota, cê acha que ela vai dar bola prum pirralho feito você?

Caio deu um cascudo em Nestor e os dois ficaram nessa. Os colegas empurravam um contra o outro.

- Pelo menos eu sou bonito, e vc que é espinhento?
- Sai dessa, Caio!

Os dois continuaram nessa. Após alguns instantes, Caio foi ao banheiro e na volta, vendo que os amigos se afastaram, resolve se aproximar de Melina, que estava com a mesma expressão.

- Oi, professora.

Melina se vira, indiferente.

- Ah, oi... Caio, né?
- É, professora. Tudo bem com a senhora?
- Sim, não precisa se preocupar...
- Eu gostei muito da decoração do São João, acho que vai ser legal amanhã...
- Obrigada, Caio. Divirta-se na quadrilha.
- Você vai vir pro São João?

Melina sorriu levemente.

- Eu venho, prometi ajudar os aluninhos...
- Que ótimo, sobra tempo pra dançar quadrilha comigo?

Melina ergue a sobrancelha. Caio fica sorrindo.

- Talvez sobre.

Ela nota os olhares do jardineiro, Evaldo, do outro lado do jardim. O jardineiro passa as mãos nas partes íntimas e faz um gesto com a cabeça, chamando a professora.

- Bom querido... agora eu tenho que resolver umas coisas. Vá atrás dos seus amiguinhos e seja um bom aluno, tá bom?
- Tá certo. - diz Caio, sem antes criar coragem e sapecar um beijo na bochecha da professora, atraindo olhares de umas meninas em volta.

Melina fica indiferente ao carinho do garoto e cruza furtivamente o jardim, onde Evaldo a espera, com as chaves do pequeno depósito à mão. Melina deixa cair uma das pastas que segura, pra o jardineiro pegar para ela.

- E então, quem era aquele pirralho?
- Só um pirralho, meu querido.
- Aluno seu?
- Não, não dou aula pra ele já tem uns cinco anos... mas ele sempre vive no meu pé.
- Ele reconhece o valor da mercadoria... - disse Evaldo com um olhar malicioso.

Melina dá uma risadinha e vai empurrando logo o jardineiro.

- Vamo logo, tive um dia chato ontem e vou descontar tudo em você...
- Ah, é?
- É, seu gostoso... anda, quero seu corpo sobre o meu...

Ela dá um aperto no braço do jardineiro e eles entram no depósito, aos risos.


- - -


Laila ligou para Tiago naquele dia, sem saber o quê fazer pra ajudar a mãe. Se encontraram na praia, entre uns coqueiros. Laila chorava, triste com a situação.

- Eu nunca disse que tinha gostado dele...
- Não é culpa sua, Laila.
- Ele nunca me cheirou a coisa boa.
- Sim, mas e sua mãe?
- Tá lá, triste. Ligou até pro trabalho dizendo que não podia ir.
- Você acha que ela vai largar o emprego?

Laila ficou pensativa depois dessa.

- Não... ela batalhou tanto por esse emprego, ficou tanto tempo procurando por um... não sei.
- Mas, assim, não fica triste. Não pode pegar as dores de sua mãe.
- Sim, mas os chacras...!

Ela para ao perceber o olhar de Tiago.

- O... ânimo dela tá lá embaixo, e isso me afeta, Tiago. Sinto que devo ajudá-la.
- Sim... mas no momento, acho que o quê você deve fazer é deixar quieto. Deixe ela só, ele é sua mãe e tem idade suficiente para resolver isso tudo.
- Tá certo...

Ela se encosta num coqueiro num instante, e Tiago fica olhando pra ela. Ela repara.

- Que foi?
- Nada... só pensando.
- Pensando em que? - pergunta ela, tentando sorrir.
- Eu... eu ia te perguntar uma coisa.
- Pode falar. - diz ela, sorrindo.
- Você... tem planos pro São João?

Laila se espantou.

- Não, nunca gostei muito de São João...
- Quer... passar uns dias comigo em Carapibus?

Laila sorriu, surpresa. Tiago começou a ficar nervoso e coçar a orelha esquerda.

- Vou pensar... Até quando posso responder?
- Até amanhã.
- Então eu respondo que "sim" logo agora.

Ela dá uma risadinha, e dá um abraço no namorado, agora que estão fazendo as pazes.


- - -

Alice chega em casa tarde. Animadinha, tinha saído com Ricardo e foi apresentada à irmã dele, Renata, que concordou em encaixá-la nas modelos para tirar fotos de moda praia. Chegou animada, derrubou sem querer uma mesinha onde havia o telefone. Colocou a mesinha no lugar e tomou um susto logo em seguida.

Cleide vinha da cozinha, um copo de café à mão. Alice leva as mãos ao coração.

- Ai, Cleide! Que susto, nem te vi ai!
- Desculpe.
- Ai, tô tão feliz, Cleidinha!
- É mesmo?
- Sim, o Ricardinho, meu querido, falou com a irmã dele e eu vou fotografar modelos de praia, Cleide!
- Isso justifica você chegar bêbada e derrubando tudo, às três da madrugada?

Alice bambeia um pouco.

- Ah, relaxa, Cleide, o Ricardo que me trouxe, eu vim de ca-rro. C.A.R.R.O!
- Sim, aposto que os dois embriagados.
- Ah, ele bebeu só um pouquinho, Cleide, vai encher o saco de outro!

Cleide fica espantada com o tratamento.

- Que saco, eu não posso chegar um minuto atrasada, não posso ter meus amigos! Porra, Cleide, vai te catar, eu preciso voltar a ser feliz!
- E você diz isso pra mim, na minha casa?

Alice bambeia e cai no sofá. Cleide dá a volta e encara a menina.

- Você precisa aprender a ser menos ingrata, menina! Eu cuidei de você por vinte anos, e você me responde um "vai te catar" ? Eu quero apenas o seu bem, lhe cedo a minha casa e você fica me fazendo de besta, achando que isso aqui é a casa da mãe Joana?
- Aaaah, que saco, Cleide, eu tô bêbada, deixa eu tomar um banho!

Alice tenta se levantar e tropeça no centrinho de mesa, caindo logo depois. Cleide vai ajudá-la e percebe que a menina está chorando. Agaixa-se do lado dela e a consola.

- Eu sei que é duro o quê você passou, sei que não é fácil pra você ser faxineira... mas eu estou lhe oferecendo o meu melhor, e eu preciso de sua compreensão, menina. Não me obrigue a... a botar você pra fora dessa casa.

Alice olha com medo para Cleide.

- Você faria isso?
- Se você virasse um estorvo, sim. Você tem que me respeitar e respeitar minha casa. Por mais doloroso que seja pra você ouvir isso, a dona da casa agora sou eu. Quem manda aqui sou eu. Quem tem que reclamar se algo tá ruim sou eu, Alice.
- Me... me desculpe, Cleide. Eu...
- Tudo bem, menina. Eu sei que não falou por mal.

Alice consegue se sentar. Cleide se levanta.

- Agora eu vou dar as ordens, Ok?
- Tá bom.
- De pé.

Alice se levanta e bambeia um pouco.

- Vai tomar um banho, certo?
- Tá bom, Cleide.
- Você vai dormir e amanhã me conta as novidades, tudo bem?
- Tô indo, Cleide, boa noite.
- Boa noite, menina.

Alice apanha sua bolsa e vai, cambaleando e cantarolando para si mesma, vacilante, para o banheiro. Bate a porta com um pouco de força, e Cleide balança a cabeça, triste.

- Tenho tanta pena dessa menina... tomara que ela consiga se reerguer.


- - -