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terça-feira, 14 de junho de 2011

8 ou 80

Capítulo 6 - Encontros





Tiago e Laila se encontravam embaixo de uma frondosa mangueira, tentando escapar da forte chuva que caía. Molhados, recusavam-se a se aproximar do outro pois haviam discutido novamente.

- E agora essa chuva...
- Deve ser algum astro em crise...
- PARA COM ESSE PAPO DE ASTRO!
Laila virou-se, assustada. Tiago começou a chorar e coçar a orelha esquerda.

- Ih, lá vem ele dando pití e coçando a orelha...
- Você não percebe que foi você que provocou isso?
- Não, meu querido, você que tem maus chacras...
- ESQUECE A PORCARIA DO CHACRA POR UM MINUTO!

É a vez de Laila cair no choro.
- Porque você tá gritando assim? Ontem tava tão bom entre a gente. A gente saiu a tarde toda, conversou... mas é só eu falar dos chacras...
- Não precisa falar dos chacras! NÃO MENCIONE ESSES CHACRAS!
- Você não pode controlar o quê eu digo! O quê eu penso!
- Eu só quero... como você diz, entrar em harmonia com você.

Ela se espanta.
- Mas desse jeito fica difícil. A gente não consegue se entender.
- Isso porque não comecei a falar da sua física ainda...
- Não quero nem tocar no assunto! - ele sai, pela chuva. - Vô indo.

Laila vai atrás dele.
- Peraí! Você simplesmente vai embora?
- Vou, vou dar um tempo contigo.
Laila fica boquiaberta, na chuva, e Tiago sai correndo. Acha o carro à alguns metros, entra nele e sai em disparada. Laila começa a correr e chorar, até chegar em um lugar coberto. Dá de cara com Siri, que se assusta.

- Que foi, Ruiva?
- Me abraça, Siri! Me abraça, que eu tô precisando de um amigo.

Siri abraçou-a, os olhos fechados, um leve sorriso no rosto.
- Calma, Ruiva, eu tô aqui...

- - -
Melina correu para não se molhar muito, ainda chovia e ela parou por um instante na marquise do restaurante, bonito e cheio. Só a Márcia mesmo, querendo me apresentar o namorado, pensou ela, desejando mentalmente estar numa balada ou na sua própria casa, acompanhada. Ajeitou a saia, balançou os cabelos chamando a atenção do manobrista ali perto, sorriu para ele e entrou no restaurante.

Conversas tomavam conta do lugar, e uma banda de jazz tocava à um canto. Passando entre as mesas, notou a meia-irmã sentada, acenado para ela, ao longe, sorrindo. Melina se adiantou e foi até, que se levantou para a braçá-la.
- Tá linda, irmãzinha!
- Que é isso! - respondeu Melina. - Sozinha? Ele não chegou ainda?
- Não, chegou, está ali falando com um conhecido da universidade.
- Nossa, ele é novo assim?
- Eu te falei, Melina. Senta aí.

Melina acomodou-se de frente à irmã. Ajeitou a blusa e põs os cotovelos na mesa, para conversar com Márcia.
- Então, diga, qual é o nome dele?
- Otávio... Otávio Nunes. E é um grande profissional, vai longe.
- Que ótimo.
- A história dele é até interessante, ele é órfão de pai e mãe, foi criado num orfanato, mas sempre foi estudioso, isso eu notei. Faz design numa faculdade privada, ganhou uma bolsa.
- Que sorte!
- Pois é... mas eu tinha que me espantar, Melina, ele tem dezenove anos!
- Nossa, ele é novo, Márcia... 
- Ainda bem que não temos mais a mãe pra ficar falando coisas! Ah, querido! - ela se levantou. - Essa é a Melina, minha irmã...

O sorriso de Otávio gelou quando Melina levantou-se e virou para o então cunhado. Otávio manteve o sorriso, mas Melina, de costas para a irmã, parecia estarrecida.

- Muito... prazer!
- É, pois é...
- Senta, gente! - disse Márcia, animada. - Vamos pedir...

Melina sentou, sorrindo insegura. Otávio sentou-se ao lado de Márcia, com uma expressão mortificada.

- - -

Num bar fechado, iluminado por uma luz esverdeada, Ricardo e Alexandre riam. A música rolava solta no ambiente, que estava bem cheio. Algumas garrafas vazias na mesa denunciavam o motivo de tantas risadas. Estavam próximos, perna a perna, o braço de Ricardo sobre o ombro do amigo.

- ... aí a loira voltou ao médico e perguntou "Doutor, eu não entendi muito bem... é libra ou sagitário?"
- E o médico?
- Disse "é câncer!"

Os dois cairam na risada. Alexandre meio que se levantou, mas depois seu corpo pendeu e ele caiu rindo no colo de Ricardo. Os dois momentâneamente sorriram um para o outro. Alexandre riu e tentou levantar-se, mas Ricardo virou o rosto do outro com a mão. Olharam-se por um minuto e se beijaram.

- Ricardo...
- Esquece tudo...

Voltaram ao beijo. Alexandre se soltou e começou as carícias. Ricardo controlou a mão do garoto e se levantou. Puxou o garoto e o abraçou.

- Vamo prum canto mais isolado...
- Agora.

Ricardo puxou dinheiro do seu bolso interno, põs no balcão para o barman, seu conhecido, e saiu, puxando Alexandre.

Momentos depois, ou até horas, Alexandre acorda, envolto apenas por um lençol de seda vermelho. Ricardo sai do banheiro, de roupão. e se senta ao lado dele. Alexandre põe a mão na cabeça e parece confuso e nervoso.

- Me diz... a gente.
- Sim. - diz Ricardo, sério e direto, e acrescenta - E foi você que pediu... e pediu bis.
- Ah... certo.
- Vem tomar um banho comigo?

Alexandre hesitou, mas levantou-se num impulso e, agarrado por Ricardo, foi para o chuveiro.

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