(continuação, cap 51)
Pedro Henrique desce, ao saber da história de Jéssica e Breno. Caminha até o bloco E e encontra a amada. Os dois se olham num minuto.
Jéssica (tentando manter a linha)- Não queria ninguém perto...
Pedro H- Eu vou ser rápido.
Jéssica- Fale, então.
Pedro H- Eu te amo.
Jéssica pisca uma vez e arregala os olhos.
Jéssica- Cuma?
Pedro H- É o quê você ouviu. Eu criei coragem pra sair debaixo da aba dele... agora eu quero assumir a minha vontade. Eu te amo. Faz tempo.
Jéssica- Henrique... eu...
Pedro H- Não ama...
Jéssica- Espera! - quando ele faz menção de sair correndo.- Eu... não amo. Mas eu gosto muito de você.
Pedro H (esboçando um sorriso)- Gosta?
Jéssica- Sim, eu gosto, Você é a única pessoa humana daquela Gangue... o único que merece uma vida. E eu sempre te admirei por ser quem é. Eu gosto de você sim. (ela tenta sorrir)
Pedro Henrique não pensa; se agaixa ao lado de Jéssica e a beija.
No dia seguinte, Matheus chega ao prédio. Logo ele passa pelas pirralhas, que vão para o colégio.
Matheus- Bom dia.
Luana T- Ei, tá sabendo dá última?
Lariane- Acho que ele não sabe, né?
Luana T- Breno e Jéssica brigaram que nem gladiadores num hipermercado, ela dormiu aqui embaixo como castigo!
As meninas riem, e Matheus sorri, interessado.
Matheus- E Breno
Lauana T- Ah... - com leve desdém - ele parece que passou a noite com o pai, mas, segundo Jéssica, o pai deixou ele na Febem pra passar a noite lá.
Matheus- Mesmo?
Lariane- É... ei, temos que ir, a aula!
Elas saem, apressadas, soltando risinhos. Matheus fica apreensivo e quer saber onde Breno está.
(intervalo)
Ao longe, na BR, uma figura alta, magra, dessarumada e suja, vem andando a pé. O sol de rachar faz Breno suar. Largado pelo pai, foi posto pra fora da Febem sem dinheiro e sem nada. Ligou pro pai e pra mãe, mas nenhum dos dois atendeu. Vai à pé para casa, quase sendo atropelado por um ônibus. Mas não escapa do impacto de uma bicicleta, que o faz parar num canteiro, sujando-se de terra.
Ciclista- Ô, cara, você tá bem!?
Breno meramente se levanta e sai andando.
Ele continua andando, e anda outros quilômetros até chega a via expressa que leva ao seu bairro. Ao fazer a curva, dá de cara com o hipermercado e sua pintura esverdeada; o posto, defronte ao hipermercado, e lá depois do posto, o condomínio...
Breno (andando)- É, a guerra vai começar.
Ele, finalmente, chega no prédio, debaixo dos olhares das pessoas que estão lá embaixo. Sujo de terra, à tempos sem um banho, ele meramente sacode uma poeirinha na calça e continua andando pra casa.
Porteiro (comentando pra o zelador)- É dessa desgraça que eu tava falando...
Breno finge não ouvir. As velhas também recriminam a sujeira. Breno dá dedo pra elas e nem escuta as velhas chamando-o de malcriado.
Pensa em ir pra casa, mas vê que a mãe ainda não saiu da mesma e anda direto pra sede da Gangue. Ao chegar lá, encontra Matheus.
Breno pisa com força e Matheus se vira.
Breno- Porque eu não estou surpreso de te encontrar aqui?
Matheus (sorrindo)- Eu conheço você.
Breno (irônico)- É, conhece bem...
(intervalo)
Matheus- Eu só queria saber se está bem?
Breno- Eu pareço bem? (e dá uma voltinha)
Matheus- Não muito... o quê eu posso fazer pra ajudar?
Breno (sorrindo maliciosamente)- Cumprir com o... combinado.
Matheus nota a malícia na voz dele e assente.
Matheus- Ei, vou indo.
Breno- Até mais.
Ele se senta, de costas pra grade do muro e olhando Matheus ir embora. Pouco depois, ele escuta umas batidinhas na grade. Se vira e vê Aleff, de mochila, pronto pra ir à escola.
Breno- Ora, se não é o marginal nº 2 em versão colegial... o quê quer comigo, criança?
Aleff- Tem uma coisa que acho que devia saber... sobre seu melhor amigo, Pedro Henrique.
Breno- Fale.
Aleff- Ele tá namorando com Jéssica, me contou ontem à noite.
Breno não consegue esconder o choque face à "alta traição". Aleff dá um sorriso e desaparece atrás do muro, em direção à escola.
Breno- Então é assim que ele quer? Vai me trair... vai levar também,
(fim do capítulo 51)
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