Capítulo 55 - O Topo
O dia amanhece e Alysson, ainda no hospital, é acordado pela sua tia Cinara. A mulher parece agoniada.
Alysson- Que... que foi tia?
Cinara- Já sei, já sei meu querido! Quem me bateu!
Alysson- Fala, tia! Pode falar!
Cinara- Foi ele mesmo! Foi Breno!
Alysson se espanta, leva as mãos ao telefone e vai ligar para os amigos do prédio.
Nos sombreiros...
Jéssica acorda, esperando que a noite anterior tenha sido um pesadelo. Não é. Os punhos atados, ela olha pra frente e vê o namorado dormindo. Tenta se virar e se ergue parcialmente, mas dá de cara com Breno, empunhando o revólver pro meio da testa dela.
Breno- Bom dia, marginal.
Jéssica fica muda, completamente amedrontada.
Breno- Responde, porra!
Jéssica- B-Bom dia, pirralho.
Breno (satisfeito)- Eu queria que você visse a luz do sol pela última vez.
Jéssica (irônica)- Ah... que gentileza. Obrigada.
Breno (sorrindo)- Não há de quê, ora... - ele ri. - É engraçado como as pessoas ficam engraçadas na hora de morrer.
Jéssica - Ah, é?
Breno- Tá pensando que é de brinquedo? - ele sacode a arma - É daquelas que fazem barulho e matam pessoas!
Uma lágrima cai no rosto dela, mas ela mantém a pose e limpa rapidamente. Ela olha pra Pedro Henrique, ainda dormindo na barraca.
Jéssica (com o olhar baixo)- Ele estava me enganando o tempo todo?
Breno- Quanto a isso não sei... mas só ontem ele tava me obedecendo de verdade. E ele cumpriu bem o papel dele!
Jéssica fica aterrorizada. Breno põe a mochila nas costas, agarra Jéssica pelos cabelos e faz ela sair da barraca.
Breno- Anda, quero você morrendo ajoelhada.
Jéssica se ajoelha, as lágrimas agora saltando como cascata dos olhos. Um morador, após estacionar o carro no bloco E, vê a cena e corre com toda velocidade até o bloco F.
Breno se perde em seus devaneios, e após finalmente sorrir para Jéssica, murmurra um "Tchau!" e puxa o gatilho, no momento que o homem grita um "NÃO!" e se joga na frente de Jéssica.
(intervalo)
A bala atinge o homem perto do ombro. Ele cai, sangrando e gritando de dor. Breno fica chocado com a cena, assim como Jéssica. O menino começa então a se desesperar, e balança o revólver freneticamente.
Breno- Porque você é tão difícil de morrer?!
Ele vira um tapa em Jéssica, que cai, ao lado do homem. Pedro Henrique, que acordou com o tiro, põe a cabeça pra fora da tenda a tempo de ver Breno correndo, em direção ao bloco D. O canivete cai do seu bolso e Pedro Henrique o apanha. Solta Jéssica e olha com lágrimas nos olhos pra ela.
Pedro H- Me desculpa! Ele me obrigou...
Jéssica (interrompendo, agitada)- Não é hora pra isso! Pega... pega, meu celular. Liga pra emergência! Agora!
Pedro Henrique obedece, com medo. Jéssica pensa rápido ao ver Breno entrando no bloco D, quase quebrando a porta de vidro.
Jéssica então corre pra casa. Algumas pessoas que ouviram o tiro já ajudam Pedro Henrique com o homem atingido. Em casa, Jéssica pensa... ele é doido, então... rapidamente puxa a lista telefônica e procura o número do manicômio local, Juliano Moreira.
Enquanto isso, no bloco C....
Welington está em casa, atendendo à uma ligação de Alysson, que parece eufórico.
Welington (falando)- ... tá! E parece que ele aprontou mais uma, todo mundo ouviu claramente um tiro aqui! Acho que foi ele!
Alysson (tenso)- Então chama a polícia! Esse cara é um psicopata! Não esquece...
Nesse momento ouve-se vários gritos lá debaixo, vindos do bloco D. Welington tenta olhar o quê é, mas não consegue ver nada da varanda.
Welington- Eu vou descer pra ver o quê houve agora! Tchau!
Ele desliga o telefone, mas sai correndo e esquece de chamar a polícia.
(intervalo)
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