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sexta-feira, 17 de junho de 2011

8 ou 80

Capítulo 7 - Explicações





Ricardo telefonou pra Alice no dia seguinte, chamando para uma praia. A ex-riquinha disse que não tinha dinheiro para pagar nada, apesar de ser sua folga, mas o cozinheiro insistiu falando que dinheiro não era problema, e os dois sairam pra bater um papo.

Após sentar numa barraquinha de praia e umas sessões de caipiroska e cerveja, os dois já estavam bem soltinhos.

- Então, pegou ele de jeito?
- Peguei, menina, nem sabe... - respondeu Ricardo com um sorriso de orelha a orelha. - E vou te contar... é nota dez.
- Ai, ai, só você mesmo... peraí!
Ela pousa o copo na mesa e dá uma olhada numa moça que está saindo do bar.

- Não me diga que você também curte? - diz Ricardo, ao seguir o olhar dela.
- Não! Não é isso! É a filha do filho da mãe!
- Oi?
- É a Mayara, filha do Jordano! Espera aí!

Alice sai correndo, mas bambeia um instante e quase cai. Esconde-se precariamente atrás de um coqueiro, chamando a atenção de um pessoal que está sentado. A tal Mayara está com um rapaz e eles falam ao ouvido. Alice os segue, no momento que a outra entra num carro.

- Droga! - diz ela.
Ela vê um garçom anotando um pedido e é rápida, puxa o bloquinho de notas e a caneta dele e anota a placa do carro de Mayara. O garçom tenta fazer cena, mas Alice, dizendo que tá bêbada, sai correndo e senta, ofegante, na sua mesa com Ricardo, que já está de olho num grupo de rapazes numa outra mesa.

- Opa, que foi?
- Ahá! Ele não me escapa...
- Primeiro, senta direito.. - diz Ricardo rindo. - Agora você me fala.
- Aquela era a filha do Jordano, o filho da mãe QUE ME TIROU TUDO! - ela grita, e o pessoal em volta se vira, assustado. Ricardo arregala os olhos e vira a cerveja de um gole.
- Calma...
- Eu vou saber se ela tá morando aqui... qualquer coisa eu faço uma visitinha à ela.
- Ei, calma aí, não vá fazer a vilã de novela...
- Faço sim! O quê fizeram comigo? Me botaram na sarjeta!
- E você vai se igualar a eles?

Alice fica pensativa depois dessa pergunta.

- Não. - ela sorri. - Só vou recuperar o quê é meu.

Ricardo pensa um pouco, enche seu copo novamente, dá um gole e se vira pra nova amiga.

- Eu tive uma grande ideia. Mas você não pode fazer a orgulhosa.
- Diga.
- Minha irmã é fotógrafa... ela de vez em quando vem pra cidade pra fotografar algumas campanhas... e você é uma belezura, colega. - Ela dá uma risadinha. - Acho que eu vou mexer uns pauzinhos pra você entrar na próxima coleção. Vamos te fazer rica!
- Apoiado! - ela dá uma risada e os dois fazem um brinde com força, espalhando bebida pra todo canto. As pessoas em volta riem e batem palmas.

- Agora eu vou dar um mergulho porque tem um boyzinho ali de olho em mim... - diz Ricardo, já tirando a camisa. 


- - -


Wallace chega em casa, após uma reunião em pleno sábado. Encontra o apartamento vazio.

- Fiona? Fiona! Droga...

Ele deixa a pasta em cima da mesa, junto do celular, e anda pelo apartamento vazio. Vai da sala até o quarto. Passa pelo quarto do filho e nada, sem ninguém.

- Que droga, Fiona, cadê você?
Wallace andou até a sala de jantar e abriu a porta para a cozinha. Encontrou apenas a empregada, Matilde, ouvindo música no seu velho rádio.

- Matilde? Cadê o almoço?

A empregada se assusta e levanta-se desajeitada.

- Ah, me desculpe, sr. Wallace. Não reparei que o senhor tinha chegado...
- Não faz mal, Matilde, cadê o almoço? Cadê a minha mulher?
- O almoço eu não fiz, seu Wallace...
- Como assim, não fez?
- Não fiz, o senhor mesmo que disse.
- Eu disse isso? Quando eu disse isso?
- Hoje de manhã quando desligou o celular. Disse "Tenho um almoço de negócios!" e saiu correndo.
- Ah, foi sim, mas foi cancelado, tinha que ter pedido... mas a minha mulher não vai almoçar em casa hoje?

Matilde parece meio sem jeito.

- A sua mulher... saiu de casa, seu Wallace.
- Como assim, saiu de casa?

Wallace parecia tresloucado.

- Saiu, tem três dias já... o senhor...
- Saiu nada, Matilde, ela foi viajar, tenho certeza. - Wallace deu um sorriso inseguro; olhou em volta procurando algo, mas deu meia volta.- Não precisa fazer almoço eu... eu, eu vou sair pra procurar um restaurante...

Ele andou até a sala de jantar, apanhou a chave do carro e o celular. Tirou o paletó e a gravata e saiu de casa. Matilde acompanhou o andar do patrão e balaçou a cabeça quando ele fechou a porta.

- Deus ajude esse homem.

Já no elevador, Wallace socava compulsivamente o botão para o elevador descer. Parou, olhou o próprio reflexo e tentou sorrir.
- Está tudo bem... ela...não saiu de casa.


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Uma tarde agradável na casa de Márcia. Ela, Otávio, Laila e Melina, a última assustada, assistem à um filme, regado à vinho e queijos. Durante os filmes, alguns beijos rolaram entre Márcia e Otávio, e Laila olhava zangada para os dois.

Nem mãe nem filha repararam, mas Otávio e Melina não paravam de lançar olhares cheios de apreensão um pro outro. O filme acaba, e Márcia levanta de um salto, assustando o namorado.

- Adorei o filme, vocês gostaram?
- Ér... ótimo! - disse Otávio.
- Muito bom!

Márcia parece satisfeita.

- Ótimo... eu vou ali adiantando o almoço... não Melina, sente-se! - ela diz, quando a irmã tenta se levantar para ajudá-la. - Não preciso de ajuda, qualquer coisa a Laila ajuda. Escolha outro filme desses que eu comprei, você tem bom gosto...

E ela sai para a cozinha. Melina e Otávio tentam não se olhar.

- Hum... eu vou ali no banheiro, já volto! - diz Laila, levantando-se.

Ela sai para o corredor, deixando Melina e Otávio constrangidos. Os dois se evitam se olhar por um minuto. Mas Otávio toma a palavra.

- Não posso mais ficar em silêncio.

Melina se assusta ao ouvir a voz dele.

- Como assim, você quer contar tudo?
- Claro, você acha que deve haver segredos entre dois namorados?
- Mas isso não é o tipo de segredo que se deve contar!

Otávio fica espiando a porta da cozinha pra ver se Márcia vem.

- Eu não devo esconder nada da sua irmã...
- Mas vai esconder sim! Isso vai sobrar pra mim!
- Ah, e você não pensa em mim?
- Não! Não é isso...
- E é o quê?
- A corda vai com certeza pender pro meu lado.

Nessa hora Laila sai do banheiro e eles não percebem.

- Nem eu nem você podemos contar pra Márcia que a gente já transou.
- A gente o quê, tia Melina?

Melina gela; olha pro corredor e vê Laila com cara de espanto.

- A minha mãe sabe disso?


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