(continuação, cap 54)
Matheus chega no condomínio, e puxa um papo com o porteiro. Olha em volta e percebe Breno, mochila às costas, voltando, pronto para armar alguma. Se anima, chega a ajeitar o penteado e se adianta em caminho do garoto. Breno carrega uma sacola com um refrigerante, salgadinho e copos plásticos.
Matheus- Oi!
Breno (fingindo timidez)- Oi...
Breno faz um gesto com a cabeça mais pra longe da portaria e Matheus o segue.
Breno- É... é pra gente. Você trouxe...?
Matheus- Trouxe sim... (ele dá uns tapinhas na mochila) Você quer ter a sua aula... agora?
Breno- É agora ou nunca.
Matheus sorri e faz um gesto pra Breno o seguir. Breno fica um tanto apreensivo mas o segue. "Lá vai, onde eu me meti pra realizar meus objetivos?", ele pensa, sorrindo, e Matheus pensa que o sorriso é pra ele. Chegam no banheiro dos funcionários, do bloco J. Matheus o abre e, quando Breno passa, tranca a porta. Matheus fica de costas pro garoto e insinua que vai tomar banho, tirando a camisa. Ajeita os utensílios de banho e Breno aproveita para pôr o sonífero em um dos copos. Serve a coca e vira-se, sorrindo, pra Matheus. Entrega o refri "batizado" pro segurança, que toca a mão de Breno por um instante.
Breno (apreensivo)- Então, cadê?
Matheus- Tá aqui... olha.
Ele abre a mochila, dá um grande gole (Breno sorri) enquanto isso e apanha o revólver. Prateado, frio. Breno o apanha e não consegue esconder a satisfação. Olha nos olhos de Matheus com um brilho no olhar, e aponta para um alvo imaginário atrás dele.
Breno- Assim? Tô fazendo certo?
Matheus (aproximando, ajeitando o braço de Breno)- Tá, tá sim...
Matheus continua ajeitando o braço de Breno, que o encara fixamente. Torso a torso, eles se encaram. "Eita, vai ser agora! Breno, encara!", ele pensa consigo mesmo, na hora em que Matheus o puxa para beijá-lo.
Pouco depois, Breno acende a luz, completamente vestido, um sorriso no rosto. Matheus, dormindo, jaz de cueca e com a palavra "Otário!" na testa, escrita com corretivo. Breno o prende com as algemas atadas ao grosso cano de metal, ele joga a chave na privada e dá descarga. Depois, ergue um frasco escrito "Clorofórmio" à luz, põe na mochila, junto com dois pedaços de corda e o revólver. Depois, abre a porta e diz, antes de trancá-la por fora:
"Nunca pensei que seduzir um cara fosse tão fácil..."
(intervalo)
Breno joga as chaves no depósito de lixo, ali perto, e depois entra no bloco J para a "fase dois" do plano.
Em sua casa, Pedro Henrique, Peruh e os pais estão jantando. De repente toca a campainha.
Mãe- Ai, acabei de me sentar... Pepê, abre lá, por favor.
Pedro Henrique vai, sem fazer objeção. Abre a porta e dá de cara com Breno, que sorri, mas faz um gesto de silêncio, apontando o canivete, escondido pela porta, para a barriga do ex-amigo.
Breno (baixo)- Não faz alarde! Responde apenas sim ou não!
Pedro H (fingindo, tenso)- O-Oi, Breno, tudo bom?
Peruh levanta a sobrancelha, mas nem olha.
Breno- Estou ótimo, obrigado por perguntar. Agora, você vai sair pra me ver depois que comer, certo?
Pedro H- S-Sim...
Breno- É bom que saia mesmo... você tá com medo? (ele sorriu, sádico)
Pedro H- Sim...
Breno- Estarei aqui, esperando na escada. Não demore.
Ele fecha a porta e Breno faz cara de satisfeito.
Pouco depois, Pedro Henrique sai, tenso, e se dirige até o outro lado do patamar, onde Brenp está sentado, apoiado nos degraus da escada.
Pedro H- Tô aqui... o quê você tá tramando, Breno.
Breno- O de sempre, morte à Marginal. E eu tenho uma proposta que você não pode recusar!
Pedro H- Ah, é mesmo? Porque você não chama Duílio...
Breno- Porque eu sei de um segredinho seu, e se você não me ajudar eu conto pro prédio todo e pra sua namoradinha o quê e o marginal Aleff estão fazendo nos outros blocos do prédio.
Pedro Henrique gela. Olha extremamente espantado para Breno, que sorri, cínico.
Pedro H (tenso)- Você tá blefando...
Breno- Claro que não! Depois que eu vi você carregando aquele microsystem ficou mais claro ainda.
Pedro Henrique se assusta. "Ele sabe", pensou. Hesita, mas assente e Breno se levanta.
Breno- Ótimo, agora, seja um bom menino e finja bem pra papai e mamãe. Fale o seguinte...
(intervalo)
Pedro Henrique está perante os pais, e um irritado Peruh, pedindo pra acampar com a barraquinha dele na área de lazer do prédio.
Pai (desinteressado)- Por mim pode... - e se vira para o quarto,
Mãe- E pode isso?
Pedro H- Pode, eu já tinha perguntado antes pra síndica...
Peruh (interrompendo)- Eu quero saber o quê Breno tá tramando.
Mãe- Filho, eu acho que o rapaz mudou... vá pegar a barraquinha, Pepê, pegue o que quiser também. - ela sorriu, complacente. Vira-se pra Breno, que está isolado. - Eu realmente acho que você está melhor, querido.
Breno (rindo)- É, a igreja está me ajudando muito!
Peruh (gargalhando)- Igreja? TU?
Breno- Sim... a Igreja... Protestantíssima com a Fé no Corpo Glorioso. Você devia ir, é a sua cara.
Peruh se irrita e fica vermelho. A mãe deles dois sorri para Breno.
Mãe- Sempre o achei um bom rapaz. Depois, me dê o endereço dessa igreja...
Breno (saíndo, com Pedro Henrique)- Pode deixar! - e fecham a porta.
Pouco depois, armam a barraquinha (ou melhor, Breno faz Pedro Henrique armar) no bloco F, na sede da Gangue.
Breno- Pronto, Pepê... agora, vai na casa da marginal...
Na casa dela...
Jéssica- Acampar lá embaixo, assim, agora?
Pedro H- Vamos... eu levo os jogos, e eu tenho uma surpresa.
Jéssica sorri, sapeca.
Jéssica- Quero! Quero sim! Hehe... a minha mãe já dormiu... vou escrever um bilhete pra ela e eu desço... espera...
Pouco depois, na sede da Gangue...
Pedro H- Entra aí, eu escondi a surpresa ali atrás, vou pegar...
Jéssica (animada)- Tá, eu espero!
Ela abre o zíper da barraca e...
Breno- E aí marginal?!
Jéssica não tem tempo para reagir. Breno mete um lenço de clorofórmio no rosto dela e ela desaba rapidamente. Ele a amarra, mãos e pés, e sai, o lenço de clorofórmio escondido pelas costas. Pedro Henrique está ali, apreensivo.
Breno- Muito bem, Pepê... mas eu tenho que fazer uma coisa agora...
Pedro H- Como assi...
Ele não dá tempo e cobre o rosto de Pedro Henrique com o lenço. Segura o amigo pra ele não cair e o bota dentro da barraca, junto de Jéssica. Em seguida, fecha a barraca, se senta e segura a arma, apontando para os dois.
Breno- Ah... eu venci.
(fim do capítulo 54)
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