Pra você que não tem preguiça de ler =)

terça-feira, 5 de abril de 2011


(continuação, cap 19)




Jéssica teve um dia normal no colégio. Na hora da saída, ela inclusive encontrou com Alysson, que estudava no Gênesis também. Porém o garoto estava acompanhado dos pais, e Jéssica, desapontada, apenas acenou e engoliu sua vontade de chamá-lo para voltar junto com ela.

"Jéssica!"

Ela se virou ao ouvir o grito. Pedro Henrique, sozinho, corria para ela, com olhos aterrorizados. Ela o olha com desdém.

Jéssica (com desprezo)- Você esqueceu do acordo de paz que a gente fez?

Pedro H- Espera! Não é nada disso! É que Breno deu uma ordem...

Jéssica (cortando)- É claro, deu ordem pra me aperriar no colégio.
Pedro H- Não é nada disso! Eu quero apenas precaver você! 

Jéssica (rindo alto)- Essa é boa! Vocês querem pregar uma peça em mim!
E deixando Pedro Henrique balbuciando, ela deu as costas e saiu rindo.

Pedro H (para si)- Puta merda!
De repente, chegam Peruh e Duílio, encontrando Pedro Henrique levemente alterado.

Duílio- Que foi?
Pedro H- Esqueci... o PC ligado...

Peruh- Bicho burro! Vamo!
Ele arrasta o irmão e eles vão pra principal dos Bancários.

(intervalo)
Jéssica ainda sorria, e descia a rua em direção aos Sombreiros. Debaixo de uma árvore frondosa, escondidos por um latão de lixo transbordando, estavam o rapaz do facão e o outro trombadinha. Zé Nildo, o rapaz do facão, sorriu maliciosamente quando Jéssica passou por eles.

Zé Nildo- Ela até é gostosinha...
Trombadinha- Relaxa aí, velho, temos que fazer o serviço. Mê dá o cel, vou ligar do chefe...

Ele pega o celular desmantelado e liga.
Líder (ao telefone)- Que é, mané?

Trombadinha (excitado)- Ela passou, chefe, a marginal!
Zé Nildo (gritando pro outro ouvir)- Ela é gostosinha!

O líder ri no telefone; ouve-se a risada dos outros no telefone.
Líder- Ok, sigam ela, façam ela ir pros becos...

Trombadinha- Pode deixar, velho!
Ele desliga o telefone e joga-o pra Zé Nildo.
Trombadinha- Bora!

Zé Nildo- Será que ele deixa eu tirar uma casquinha dela antes...?
Trombadinha- Bicho safado...

Eles ficam as gargalhadas, mas ficam em silêncio quando se levantam e passam a seguir Jéssica, que já está uns 100 metros à frente.

(intervalo)

O líder, com os outros quatro trombadinhas, observam Jéssica passar pelo beco, sombreado por uma mangueira, e sair andando desconfiada. Ela apressa o passo no momento que, pelo outro beco, outro trombadinha, com um porrete em mãos, sai lentamente.
Jéssica (para si)- O quê...
Os outros começam a cercar Jéssica devagar. Ela faz cara dura, e tenta passar, mas o trombadinha da frente dela a empurra.

Jéssica- Sai!

Líder- Daqui cê num sai, sua vagabunda...

Zé Nildo e o trombadinha chegam devagar, mas um pouco distantes. Ao longe, uma viatura policial passa.

Os meninos sorriem e começam a empurrar Jéssica entre si, fazendo uma rodinha. Eles ficam rindo.

Líder- Vamo deixar ela tontinha pra começar!

Eles riem e ficam empurrando ela; alguns dão socos nas costas, outros dão tapinhas. Um mais ousado pega nos peitos dela e ela se enfurece, socando o nariz dele.

Jéssica (gritando)- Seu porra!

Líder- Como é?

Ele vira Jéssica rápido e dá um estrondoso tapa na cara dela. O grito que ela deu foi o bastante pra viatura frear. Num impulso, o líder agarra os cabelos de Jéssica e a arrasta para o beco. Os policias saem correndo do carro, brandindo revólveres, e assustam os meninos. Vários deles correm. Zé Nildo é visto chegando com o facão e tenta esfaquear um dos policiais, que se defende como pode. Por ser mais forte, o policialacaba desarmando Zé Nildo, que dá um gemido de dor quando o policial o prensa contra o capô da viatura, para algemá-lo.

O outro policial, correu apontando a arma pro líder. Este faz um dos seus "homens" tropeçar, ao se esquivar do policial. Os meninos escapam, deixando Jéssica caída no beco, debaixo da mangueira. O trombadinha é preso, junto de Zé Nildo, que vai sem dizer nada. Jéssica fica horrorizada e vai levantando devagar, passando a mão nos cabelos e depois, na face, onde levou um tapa.

Policial- Você está bem?

Jéssica- Acho que sim...

Ele ajuda Jéssica à se erguer.

Policial- Você teve sorte, moça, não quero imaginar o quê poderia ter acontecido... naturalmente, eu teria que pedir pra ir à delegacia prestar queixa, mas... você é maior?

Jéssica faz que não, ao abaixar-se pra pegar a mochila.

Policial- Bem... vou acompanhá-la até em casa, vou só pedir pro Gerson... Gerson, leva esse marginal pra delegacia...

Jéssica de repente, fica toda ereta ao ouvir a palavra "marginal", e tem a súbita impressão que descobriu o cérebro da "operação". Ela ergue a mão ao policial.

Jéssica- Pode deixar, moço. Eu só preciso chegar na avenida principal. Eu sei que me fez isso, é coisa pessoal.

Ela sai. O policial fica ligeiramente espantado, mas, tentando compreender, anda até a viatura e segue com seu colega, enquanto Jéssica anda para a principal.

(fim do capítulo 19)

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