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sábado, 2 de abril de 2011

Nos Sombreiros

Capítulo 18 - A Volta pra Casa





Nada se falou na natação. Breno e Jéssica, silenciosos, rumaram para seus vestiários. Breno pediu pra não trocar palavras com a professora, que atendeu seu pedido, notando a contrariedade do rapaz.

Jéssica foi embora primeiro, dizendo que pensava em parar de nadar. Breno ouviu isso animado, mas não conseguiu dissipar sua raiva. Ele saiu do vestiário, após ficar quinze minutos pensando e esfriando a cabeça embaixo do chuveiro. Saiu, deu um olhar em volta de si ao dar os primeiros passos e começou a andar.
Breno tomou o caminho das chamadas "Três ruas", uma área afastada e escura. Ele caminhava com indiferença, com passos largos e precisos, parecendo saber bem o quê estava fazendo. Ao longe, ele nota uns sete rapazes, alguns mais novos e outros mais velhos que ele. Um possui um facão. 

Breno anda mais devagar, por uns segundos, e um dos meninos repara. "Ei, boy!", ele grita. Breno não responde, nem faz gestos. Apenas continua andando com sua indiferença, e conseguindo disfarçar um medo crescente.
Trombadinha- Ei, boy, para aí.

Os meninos começam a cercar Breno devagar, que mantém as mãos nos bolsos. O rapaz de facão aparece à sua frente, sorrindo; tinha alguns dentes faltando e outros muito sujos. O que parecia o líder do grupo fez sinal para os outros pararem, assim que Breno parou.

Líder- Roupa bonitinha, boy...

Breno (com certa ironia)- Brigado...

Trombadinha- Tá com a mão no bolso porque? Tá escondendo alguma coisa? 

Breno- Não.

Líder- Tem celular, boy?

Breno sorri (!), e tira o celular do bolso.

Breno- Comprei no aniversário, vale uns 500 conto ainda...

O mais novo e mais agitado estende a mão; na outra, possui um pedaço de madeira com um prego enferrujado na ponta. Breno faz que não com o dedo e ele se irrita.

Trombadinha- Tu quer intuar...?

Líder- Espera!

Ele olha pra Breno que sorri.

Breno- Vamos fazer um negócio, meu amigo.

O líder dá uma risadinha, mas estranha a afirmação

(intervalo)

Líder- Que negócio, meu amigo?

Breno- Eu tô vendo que você é um cara inteligente... vamos acabar com essa cena toda. Eu tenho uma proposta pra vocês.

Os trombadinhas riem. O líder, porém, faz os outros silenciarem. Breno ergue levemente o celular.

Breno- Eu sei que vocês não vão me deixar sair daqui pelo menos sem o celular, mas eu também tenho minha ganguezinha, e eles também mexem com... armas.

Líder (com desdém)- Sei, tô entendendo.

Breno- Eu tenho também (ele vasculha o bolso e tira dinheiro)- uns... cinquenta conto, é o troco de um pagamento que eu fiz... eu dou de adiantamento pra vocês fazerem um serviço pra mim, e dou meu celular de pagamento.

Líder- Serviço, meu amigo? Como assim?

Breno (com frieza)- Eu acredito que tanto você (ele aponta pro líder) como o seu colega (ele aponta com o polegar o rapaz do facão) tem coragem de dar um trato numa pessoa, não é?

Líder- Tá brincando? Eu meto a porrada em qualquer um que quiser se meter no meu caminho!

Os outros riem, e Breno sorri.

Breno- Então, amigo, tem uma marginal que se meteu no meu caminho, e eu quero que você  passe ela dessa pra uma melhor. Tenho uma foto, inclusive.

E Breno, espantosamente, tira uma foto de Jéssica da mochila. A foto foi tirada por ele mesmo, quando quis provar que o Clã roubou uns artefatos do Natal do condomínio. Mostrava Wagner, Jéssica e Welington rindo, ambos com caixas nas mãos.
Breno- É essa fresca aí, no meio da foto. Ela estuda no Gênesis... ela sai andando sozinha pelo meio dos Bancários... sai da aula de doze e meia, e é de vocês...

Alguns riem. O rapaz do facão fala "Tô dentro!".

Líder- Como posso ter certeza que vou receber meu pagamento?

Breno- Eu vou passar aqui na quinta feira, essa mesma hora ou um pouco mais cedo. Você vai ter seu dinheiro, ou melhor, celular...

Ele estende a mão por líder, que aperta.

(intervalo)







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