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terça-feira, 26 de abril de 2011

Os Amantes da Sexta

Capítulo 1 - Thank God It's Friday!




A semana passou rápido na UFI. Mal começado as provas do semestre, todos os estudantes (aquelas que queriam algo da vida, claro) já se estressavam e pediam uma pausa. Os mais desesperados se enfurnavam na biblioteca local, ou faziam a maior confusão com colegas que atrapalhavam as explicações durante a aula.
Os mais tranquilos aproveitavam o vasto jardim da Universidade Federal Intelecto, bem como o seu bosque. Alguns dos estudantes ficavam um bom tempo embaixo das árvores, curtindo a brisa, estudando, namorando, ou apenas deixando o tempo passar. Embaixo de uma dessas árvores, durante um intervalo entre aulas, Leandro tentava relaxar um pouco da semana que teve. Mas pensava em tudo.

Pensava nas provas que estavam por vir. Ou então, na mãe, que não parava de cobrar uma nora pra ela cair em cima. Pensava também na mulher bela que vira, na recepção do bloco de Saúde da UFI... ou dos vários ataques que a sua colega de classe Marcela lhe dava.
No intervalo entre uma música e outra no seu IPod, Leandro vislumbrou um colega seu, Renato, passando ligeiro pela alameda entre as árvores do pequeno bosque. O colega aceno brevemente com a mão e traçou uma reta para Leandro, que se levantava.
-Oi, amigo! - começou Leandro, expansivo.
- Oi... tô apressado. - disse Renato, tímido como sempre. - Será que você podia me dizer as horas? Tô sem relógio...
- Ah... - Leandro verificou no relógio as ditas cujas. - São quatro e vinte, estou já indo pra aula...
 - Ah... Ok... brigado! - Renato saiu, sem dizer mais nenhuma palavra.

Leandro balançou a cabeça para o amigo nerd, apanhou as mochilas e seguiu para o bloco de Exatas. Ao sair do bosque e atravessar a praça, cruzou com Henrique, que o cumprimentou com um simpático "E aí?". Tão diferente da indiferença de Renato.
- Beleza? - Fez Henrique - Rodrigo quer saber se você vai lá hoje... disse que tu tá devendo dez reais à ele!
- É - Riu Leandro - Diz a ele que eu vou dar uma passada lá, mais tarde. Eu encontrei um mangá meu velho, quero saber se ele tem.

Henrique deu uma risada e, acenando, saiu pelo lado oposto, para cruzar o bosque, em direção ao bar... Leandro sorriu e, fazendo seu caminho para a aula, lembrou que era sexta-feira. Isso já era motivo para comemorar.

O famoso T.G.I.F, que entoava um famoso ditado estadunidense, era o mais badalado ponto de encontro dos estudantes da UFI. Pertencia a Rodrigo, um homem muito animado e alegre. um tanto alto, moreno, cabelos pretos e sombrancelhas que delineavam bem seus olhos profundos e castanho escuros. Olhos que só tinham interesse para uma pessoa (o que fazia o bar ser, além de "mais badalado", o mais "falado"), o tal do Henrique, que era seu namorado. 

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Passando pela praça, Leandro não percebe que é profundamente vigiado por uma menina, que está no meio de uma roda de colegas de curso. A harpista Olívia parecia se levar por seus devaneios baseados em Leandro, nunca sendo sequer notada. Apaixonada por ele desde o dia que entrou na UFI, lhe restava apenas desejar que seu segredo fosse descoberto, se não tinha coragem para revela-lo diretamente...
Um som de buzina automotiva tirou Olívia de seu devaneio costumeiro, fazendo que ela e suas colegas se virasse para olhar o carro, vermelho, que acabara de parar na frente de Leandro, impedindo sua passagem. A janela se abriu e uma mulher morena apareceu. Usava uma roupa tão chamativa quanto o seu carro, e sorria maliciosamente para Leandro.
- Oi, Marcela- disse ele, educadamente.
- Oi, gato. Vamo passear? - ela soltou, sorrindo.
- Ainda insiste?
- Claro, você é meu desejo permanente.
- Ah, Ok! - Sorriu Leandro, desconversando - Vou indo... tenho uma aula agora.
- Ah, que pena! - Exclamou Marcela. - Agora que as coisas iam ficar interessantes...
- Vou dar uma passada no T.G.I.F. quando sair, vai lá se quiser me ver. Pra conversar. - ele logo a advertiu, ao vê-la mordendo lábio lascivamente.
- Tudo bem, querido, a gente se vê... - Mascela piscou, fechou o vidro do carro e arrancou em disparada.

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Noite. Duas primas, amigas, sorrindo, chegam ao tão comentado bar T.G.I.F. A frase por extenso, "Thank God, it's friday!", se lê num letreio de neon vermelho, acima do balcão. As duas se aproximam e sentam nos bancos altos. O bar está começando a encher de estudantes. Um deles já está semi debruçado, um tanto bêbado, ao balcão. As duas ficam mais distantes. A mais nova é branca, de cabelos castanhos, com uma pele branca e lisa feito porcelana. Tinha um ar jovial e frívolo, apesar de ser atraente e forçadamente sexy. A mais velha era alta, morena-canela, cabelos negros e olhos cor-de-mel belíssimos. Ela chamava muita atenção dos homens do bar, que deixava sua prima incomodada.

Se chamavam Sarah, a mais nova, e Gabriela, a mais velha. Conversavam animadas. A mais nova não parava de lançar olhares para Rodrigo, o dono do bar, que atendia umas mesas e conversava com amigos, que assistiam a um episódio clássico de Dragon Ball Z, que frequentemente passava no bar.

- Bonitão ele, né? - disse Sarah, espervitada.
- É, sim. - respondeu a prima pouco interessada.
- Dizem que é gay... - falou Sarah, com cara de desprezo. - Que desperdício, meu pai...
- Cada um sabe o quê quer, Sarinha. - sorriu Gabriela.
- Dizem que ele tá seduzindo um menor de idade!
- Não acho. Pelas poucas vezes que vim aqui achei o Rodrigo super responsável.
- E tu acha que esse tipo de gente é responsável? - Riu Sarah.

O debate sobre o namorado de Rodrigo ficou durando alguns minutos, irritando Sarah e fazendo o bêbado acordar. O dito cujo não parava de mandar beijinhos e fazer gestos obcenos pras duas. Num momento, entra Leandro no bar, acompanhado de Henrique. Os rindo de uma piada de Leandro, e Henrique foi atrás do namorado, enquanto Leandro achou uns companheiros de curso numa mesa e foi sentar com eles. Sarah bateu os olhos nele, excitada,  e pulou do banquinho, apanhando a bolsa.

- Entrou o maior gostosão, amiga... dá uma olhada depois... vou banheiro retocar a maquiagem... - disse Sarah empolgada. Gabriela apenas sorriu para não deixar a prima de mau humor, e virou o resto da cerveja de um gole. 

Pediu outra pro barman, e virou-se para direita, levando um susto ao perceber que o bêbado tava ao seu lado.

- E aí gata... - disse ele, cambaleante. - Tá beleza...?

- Tô... disse Gabriela, se levantando.
- Vai embora não gata, vem cá...

Ele tropeça no pé do banco e derruba o copo vazio dela. Leandro, que tinha se levantado para mostrar um mangá velho para Rodrigo, olha de relance para a cena, reconhecendo Gabriela como a "mulher que viu na recepção da área de saúde".

O bêbado tenta agarrar Gabriela, que vira o rosto. Ele exala um forte cheiro de bebida e sorri.

- Bonita você, hein? Chega mais...
- Não... - ela fica agoniada.
- Porra, chega mais, gata!
Ele se debruça para tentar beija-la e derrama a cerveja no vestido dela e chamando a atenção de todos no bar. O barman dá a volta no balcão e tenta acalma-lo, mas ele dá um soco no barman, que se irrita. O bêbado tenta agarrar Gabriela novamente, dando beijos e pondo a mão entre as pernas dela, que estava com uma minissaia. Escandalizada, ela dá um tapa no rosto do homem, que dá uma risadinha.

- Opa! Gostei de você! - ele cambaleia - adoro um tapinha, sua gostosa... vem...
- Larga ela, cara! Sai do meu bar! - Rodrigo chega no balcão, acompanhado de Leandro.

O bêbado acha graça.

- Eita... a bichinha agora quer brigar... - Ele estala os dedos e, derrubando Gabriela do caminho, mete um soco na boca do estômago de Rodrigo, que revida. O barman tenta ajudar e é empurrado por Rodrigo e o bêbado, que se atracam numa briga. Henrique grita de um lado, e o bêbado acaba acertando Leandro, que revida. O bêbado é derrubado numa mesa, e outros caras já meio "alegres" se revoltam e tentam entrar na briga, de repente está todo mundo brigando. 

Gabriela, levemente esmagada pelos homens que brigam, é atingida por um soco, vindo não sabe-se de quem, que faz sua boca sangrar e ela gira e cai, ao mesmo tempo que Leandro é atingido por uma topada e cai no chão, ao lado dela.


- Oi! - diz ele, rindo.
- Oi... que furada! - Ela sorri.
- Vamo sair por aqui...

Ele entra por debaixo do balcão, agachado, e Gabriela, sorrindo, o acompanha. Ninguém parece notar que os dois saíram. A confusão é tão grande que muitas pessoas saíram correndo do bar. Leandro e Gabriela saem correndo, e ele indica o próprio carro, pra onde ele a leva. Os dois ofegantes, entram, e escorregam pelos bancos, quando notam que a van de segurança da UFI chega ao bar.

- Ufa... essa foi por pouco... - Diz ele.
- É... minha prima ficou lá, acho que presa no banheiro.

Eles riem.

- Prazer, Leandro.
- Oi... Gabriela.

Eles sorriem e apertam as mãos.



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