Capítulo 20 - Fúria
Breno, sentado na sede da Gangue, havia gazeado a última aula para aquele "momento de glória". Que maravilha, pensava ele, finalmente poderei descansar. Pedro Henrique, voltando do colégio com Peruh e Duílio, passam pela rua atrás dos Sombreiros e, pelas grades, observa Breno, sentado, bebendo uma coca. Inconformado, ele sobe na grade e, pra grande surpresa de Peruh e Duílio, pula o muro dos Sombreiros, assustando Breno, que se vira, mas que ri ao ver Pedro Henrique vindo furioso.
Duílio e Peruh pulam o muro igualmente (Peruh com receio) e chegam até a sede, onde Breno ainda encara Pedro Henrique, que parece sem palavras.
Duílio- Pepê! Cê endoidou!
Breno pede silêncio erguendo a mão.
Breno- Vocês dois, deixem a gente à sós. Eu sinto que preciso dar respostas ao... Pepê...
Pedro Henrique está com os punhos fechados. Os outros dois saem, silenciosos. Peruh faz um "UUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU...", e sai rindo. Breno se levanta, bebe o restinho de um gole e joga a garrafa no chão, encarando Pedro Henrique. Tira os óculos e a jaqueta e põe ambos na cadeira. Parece se preparando pra brigar.
Breno- Estou impressionado com você, Pedro Henrique. Nunca foi de pular muro.
Pedro H (cortando)- Vi dois trombadinhas perto do colégio. Estavam ligando pra outros. Estavam combinando o local do "trabalho". Não deixei Duílio e Peruh perceberem, pra sua sorte.
Breno- Parabéns, está se tornando um ótimo ator. Vou te treinar pra ser sub-chefe...
Pedro Henrique vira um tapa na cara de Breno, que silencia, espantado.
Pedro H- Cala a boca e me escuta.
(intervalo)
Breno, porém, dá um chute na boca do estômago de Pedro Henrique, fazendo ele cair na outra cadeira de plástico. Breno então apóia o pé onde ele atingiu com o chute, e faz pose.
Breno- Você é quem escuta aqui. Você é aquele que escuta e não fala nada. Sempre foi assim e vai continuar sendo assim.
Ele faz uma pausa. Olha ao redor, vê se tem alguém olhando. Depois, olha com cara de desprezo e riso para o amigo.
Breno- Você é apaixonado por ela, não é?
Ele ri. Pedro Henrique fica imóvel e faz caretas de dor.
Breno- Eu sei disso. Eu sou bom pra identificar sentimentos. Você tá protegendo ela, não porque você é o defensor dos fracos e oprimidos, mas porque você é louco por ela. Tô certo, né?
Ele não deixa o outro falar novamente.
Breno- Eu sempre, sempre fui seu amigo. Sempre apoiei suas decisões. Só que essa, meu amigo, foi a decisão errada. Não posso impedir você de gostar dela, mas vou impedir você de protegê-la. Você é masoquista? Se não é, aprenda a ser, porque você vai gostar ver ela sofrendo. Eu vou fazer ela sofrer muito. Ela vai sofrer muito hoje, se já não sofreu...
Pedro Henrique solta uns gemidos de dor e raiva. Se debate, mas Breno força o pé no estômago dele e Pedro Henrique dá um ganido de dor.
Breno- É, dói, não é? Não se equivale à dor de uma traição. Eu confiei nela, ela me traiu. Eu confio em você, Pedro Henrique. Não traia a minha confiança, ou você se juntar à sua amada, no inferno.
Ele tira o pé de cima do amigo, ajuda-o à se levantar, limpa a sujeira da roupa dele e sai, pegando seu fichário.
(intervalo)
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