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terça-feira, 8 de março de 2011

Chuva de Vento, capítulo 10 (final)








10


Cedo, mais cedo do que Judite imaginava, as três partiram. Após as notícias de tio Geraldo, que disse que D. Luíza estava bem, que foi só um princípio de infarto, Judite ficou mais tranquila. Mas decidiu que não iria falar agora com a mãe. Ela conhecia o gênio poderoso dela, e temia algo de ruim. Por isso, disse pra si mesma que visitaria a mãe em alguns meses, e continuou a arrumar as coisas. Ouviu-se a campainha, e a empregada da casa foi abrir. Quem entrou assustou Judite. Era Jane, arrependida de todo o mal que causou, tanto à mãe quanto a Judite, e abraçou a irmã e Amélia (rapidamente), antes de cair num choro (falso, pra Judite) e se mandar. 
Judite ajudou a filha a acabar de fazer a mala, já que Amélia não parava de resmungar coisas sobre a tia. Após a longa arrumação, telefonaram para uma empresa de ônibus e descobriram que um deles parava na oficina onde estava o velho Fuscão. Resolveram seguir até lá (Fátima resmungando audivelmente), mas se surpreenderam com a visita de Marcelo e André, pouco antes de saírem, dizendo que queriam passar uma semana ou duas na casa da mãe, em João Pessoa.

Dali, voltaram os sorrisos, as piadas e, é claro, ABBA. Chegaram depois de pouco mais de uma hora na oficina, já que o trânsito de primeiro de janeiro naquela estrada era meio lento. Fátima não gostou nada de sair do jipão de Marcelo pra entrar no Fuscão e seguir viagem.
- Não sei porque estamos nesse carro velho...
- Você tava morrendo de esperanças que eu deixasse meu Fuscão numa oficina de Alagoas, né?
- A gente estaria naquele jipão agora!
- Ah, deixa os jovens lá! Gente velha em carro velho. - E riu.
- Tá me chamando de velha?
- Não, queridinha, NÓS somos velhas... pra eles!
Mas Fátima não gostou nada de ser chamada de velha e a discussão continuou até em casa. Após outras cinco longas horas de viagem, chegaram em casa. O André feliz, o Marcelo como sempre sorridente, a Amélia radiante e a Fátima aliviada de ter deixado o Fuscão. Aproveitando que todos estavam ocupados, Judite, após observar o André e o Marcelo na varanda, abraçados e olhando a vista, se dirigiu ao quarto de Amélia e perguntou à filha, pela última vez:

- O quê você acha?
A menina fitou a porta em direção à sala por alguns segundos.
- Acho legal!
- Sem mais delongas, né?
- É... eu acho que eu, você, o André, qualquer pessoa, nós merecemos ser felizes.
- Simples assim?
- É mãe. A vida já é complicada demais. Pra quê mais complicação?
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