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terça-feira, 8 de março de 2011

Nos Sombreiros

Capítulo 1 - Um Prédio Abalado


O ano é 2003, o mês, junho. Festa junina rolando, e a costumeira fogueira acesa em frente ao condomínio dos Sombreiros, onde os mais jovens se reúnem e soltam suas bombas. Jéssica e Wagner saem, ela sorridente e ele, um tanto apreensivo.

Jéssica (puxando uma bomba do saco)- Ah, eu adoro São João! Soltar bomba é tão legal!

Wagner- Ah, eu nunca gostei muito. Uma vez eu levei uma bomba no pé, e fiquei com medo.
Jéssica- No pé, jura? (ele faz que sim)

Jéssica- Não esquenta, eu solto e você corre, então!

Uma voz do alto, grita "Então começa a correr!"

No momento seguinte, uma bomba peito de véia explode aos pés dos dois. Wagner correr, indo parar perto do posto em frente, e quase é atropelado. Jéssica dá vários pulos no mesmo lugar, dando tapas nos ouvidos.

Jéssica (gritando)- AAAAH! MEU DEUS! Fiquei surda! Alôô! Wagner, cadê você? Que porra foi essa?

Wagner, que havia retornado lentamente, apontou pra cima do muro. Lá estão Breno e Peruh, arqui-inimigos dos dois, sorrindo de orelha à orelha.

Jéssica (furiosa)- SEUS FRESCOS! MIZERA! SOLTARAM UMA BOMBA NOS NOSSOS PÉS! SÃO UNS COVARDES!

Breno (rindo)- Calma, colega, isso agora é proibido? Soltar bomba na calçada? Você mesma solta, né?

Wagner- Sim, mas não nós pés das...

Breno (sem paciência)- CALA A BOCA, INSUPORTÁVEL!

Jéssica- Insuportável é você, garoto imbecil!

Breno- Imbecil não, sua vaca desgraçada! Respeita os caras fortes, ok?

Jéssica- SEU IMBECIL!

Peruh deu um "rasgo", com a língua. Breno acende outra peito de véia e joga no chão. Wagner corre pro posto e Jéssica, pra esquina próxima.

POW!

Breno dá a volta no muro rápido, e mira uma bujão dentro da fogueira.

Breno (para os poucos presentes)- BUJÃO, BUJÃO!

Todos correm em retirada. Jéssica, que havia voltado naquela hora, não escuta o alerta de Wagner e...

POW!

Uma minúscula brasa (mas ainda, uma brasa) é expelida da fogueira e bate certeira na coxa de Jéssica, que dá um urro de dor.

Jéssica- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAI! , minha coxa malhada!

Já mais pra dentro do prédio, Breno e Peruh riem, comentando a cara de Jéssica. Escutam um trovão, e apressam o passo para o Bloco F, a base da Gangue. Lá estavam Pedro Henrique e Duílio, os dois com cara de riso.

Duílio- Deu certo, né? A gente ouviu os gritos daqui!

Breno (com superioridade)- Claro que deu. Eu sou foda.

Os quatro riram.

(intervalo)

No Bloco A, mais distante, reúne-se o Clã. Primeiro, apenas Wagner e Jéssica. Ela tira a camisa que usava por cima da outra e amarra na perna, aonde a brasinha bateu.

Jéssica (chorosa)- Ele me PAGA! Ah, minha perna!

Wagner- Você devia subir. Isso pode ser sério...

Jéssica- Cala a boca, Wagner, eu preciso me acertar com aquele imbecil... chama a galera, porque pode ter pancadaria.

No bloco F...

Peruh (contando)- ... aí a bujão explodiu a fogueira e a brasa voou nela!

Todos riram. Duílio, de repente, se vira e olha pra rua local, onde um grupo de pessoas se dirigem ao bloco F. Ouve-se um segundo trovão, e alguns pingos começam a cair.

Dúlio- São eles, os imbecis, tão vindo pra cá.

Breno- Geral se prepara pra uma possível briga, ok?

Todos assentem para ele. O Clã chega e se abriga no bloco F. De repente, uma chuva forte começa a cair no condomínio. Os líderes ficam frente a frente.

Breno (desdenhoso)- E aí, curtiu a bujão? (A Gangue ri)

Jéssica (sem rodeios)- Quero falar com você em particular,

Um terceiro trovão ecoa pelo prédio. Breno finge espanto e indica o hall do Bloco F para a outra. Eles entram.

Breno- O que é que você quer?

Jéssica- Quero que não ocorram ataques de graça. Quero que a gente marque combate. E quero dividir o condimínio em mais áreas.

Breno (admirado)- Olha, você está me saindo bem ofensiva...

Ela faz menção de dar uma resposta malcriada, mas ele corta.

Breno- Não vejo razão alguma pra marcar combate. Onde vai estar a graça de um ataque surpresa? Nem invente de falar nada, eu sei que você também ataca de surpresa! E pra quê dividir o prédio? Tem que ter campo de batalha, minha querida...

Ela parece estar prestes a explodir, mas sai do Hall sem dizer nada.

No Bloco A...

Jéssica (furiosa)- DROGA! Eu odeio quando ele faz isso!

Wagner- Isso o quê?

Jéssica- Me deixar sem razão.

Todos emudecem.

Welington- A gente não pode deixar eles fazer o que querem! Temos que dar nossas lapadas!

Eles concordam, e decidem ir pra casa.

No bloco F...

Duílio- E ela queria dividir o prédio?

Breno (com desprezo)- É... uma imbecil. Sempre foi assim...

Duílio- Tô afim de frescar com Edward...

Breno (imperativo)- Não. Hoje não. Amanhã, como ela diz, vamos marcar combate...

(intervalo, continua no próximo post)

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