Capítulo 1 - Um Prédio Abalado
O ano é 2003, o mês, junho. Festa junina rolando, e a costumeira fogueira acesa em frente ao condomínio dos Sombreiros, onde os mais jovens se reúnem e soltam suas bombas. Jéssica e Wagner saem, ela sorridente e ele, um tanto apreensivo.
Jéssica (puxando uma bomba do saco)- Ah, eu adoro São João! Soltar bomba é tão legal!
Wagner- Ah, eu nunca gostei muito. Uma vez eu levei uma bomba no pé, e fiquei com medo.
Jéssica- No pé, jura? (ele faz que sim)
Jéssica- Não esquenta, eu solto e você corre, então!
Uma voz do alto, grita "Então começa a correr!"
No momento seguinte, uma bomba peito de véia explode aos pés dos dois. Wagner correr, indo parar perto do posto em frente, e quase é atropelado. Jéssica dá vários pulos no mesmo lugar, dando tapas nos ouvidos.
Jéssica (gritando)- AAAAH! MEU DEUS! Fiquei surda! Alôô! Wagner, cadê você? Que porra foi essa?
Wagner, que havia retornado lentamente, apontou pra cima do muro. Lá estão Breno e Peruh, arqui-inimigos dos dois, sorrindo de orelha à orelha.
Jéssica (furiosa)- SEUS FRESCOS! MIZERA! SOLTARAM UMA BOMBA NOS NOSSOS PÉS! SÃO UNS COVARDES!
Breno (rindo)- Calma, colega, isso agora é proibido? Soltar bomba na calçada? Você mesma solta, né?
Wagner- Sim, mas não nós pés das...
Breno (sem paciência)- CALA A BOCA, INSUPORTÁVEL!
Jéssica- Insuportável é você, garoto imbecil!
Breno- Imbecil não, sua vaca desgraçada! Respeita os caras fortes, ok?
Jéssica- SEU IMBECIL!
Peruh deu um "rasgo", com a língua. Breno acende outra peito de véia e joga no chão. Wagner corre pro posto e Jéssica, pra esquina próxima.
POW!
Breno dá a volta no muro rápido, e mira uma bujão dentro da fogueira.
Breno (para os poucos presentes)- BUJÃO, BUJÃO!
Todos correm em retirada. Jéssica, que havia voltado naquela hora, não escuta o alerta de Wagner e...
POW!
Uma minúscula brasa (mas ainda, uma brasa) é expelida da fogueira e bate certeira na coxa de Jéssica, que dá um urro de dor.
Jéssica- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAI! , minha coxa malhada!
Já mais pra dentro do prédio, Breno e Peruh riem, comentando a cara de Jéssica. Escutam um trovão, e apressam o passo para o Bloco F, a base da Gangue. Lá estavam Pedro Henrique e Duílio, os dois com cara de riso.
Duílio- Deu certo, né? A gente ouviu os gritos daqui!
Breno (com superioridade)- Claro que deu. Eu sou foda.
Os quatro riram.
(intervalo)
No Bloco A, mais distante, reúne-se o Clã. Primeiro, apenas Wagner e Jéssica. Ela tira a camisa que usava por cima da outra e amarra na perna, aonde a brasinha bateu.
Jéssica (chorosa)- Ele me PAGA! Ah, minha perna!
Wagner- Você devia subir. Isso pode ser sério...
Jéssica- Cala a boca, Wagner, eu preciso me acertar com aquele imbecil... chama a galera, porque pode ter pancadaria.
No bloco F...
Peruh (contando)- ... aí a bujão explodiu a fogueira e a brasa voou nela!
Todos riram. Duílio, de repente, se vira e olha pra rua local, onde um grupo de pessoas se dirigem ao bloco F. Ouve-se um segundo trovão, e alguns pingos começam a cair.
Dúlio- São eles, os imbecis, tão vindo pra cá.
Breno- Geral se prepara pra uma possível briga, ok?
Todos assentem para ele. O Clã chega e se abriga no bloco F. De repente, uma chuva forte começa a cair no condomínio. Os líderes ficam frente a frente.
Breno (desdenhoso)- E aí, curtiu a bujão? (A Gangue ri)
Jéssica (sem rodeios)- Quero falar com você em particular,
Um terceiro trovão ecoa pelo prédio. Breno finge espanto e indica o hall do Bloco F para a outra. Eles entram.
Breno- O que é que você quer?
Jéssica- Quero que não ocorram ataques de graça. Quero que a gente marque combate. E quero dividir o condimínio em mais áreas.
Breno (admirado)- Olha, você está me saindo bem ofensiva...
Ela faz menção de dar uma resposta malcriada, mas ele corta.
Breno- Não vejo razão alguma pra marcar combate. Onde vai estar a graça de um ataque surpresa? Nem invente de falar nada, eu sei que você também ataca de surpresa! E pra quê dividir o prédio? Tem que ter campo de batalha, minha querida...
Ela parece estar prestes a explodir, mas sai do Hall sem dizer nada.
No Bloco A...
Jéssica (furiosa)- DROGA! Eu odeio quando ele faz isso!
Wagner- Isso o quê?
Jéssica- Me deixar sem razão.
Todos emudecem.
Welington- A gente não pode deixar eles fazer o que querem! Temos que dar nossas lapadas!
Eles concordam, e decidem ir pra casa.
No bloco F...
Duílio- E ela queria dividir o prédio?
Breno (com desprezo)- É... uma imbecil. Sempre foi assim...
Duílio- Tô afim de frescar com Edward...
Breno (imperativo)- Não. Hoje não. Amanhã, como ela diz, vamos marcar combate...
(intervalo, continua no próximo post)
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