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Naquela noite, não existiu reveillon. Se houve festa, brincadeiras, música e fogos de artifício, elas não souberam responder. Judite levou uma Amélia extremamente revoltada para casa, e cancelou a festa que haveria ali. Os convidados chiaram. Alguns inclusive já tinham chegado, inclusive um grupo de primos particularmente bagunçeiro (um bando de pinguços! fez Judite), que fizeram Amélia voltar a dar sua risada alegre, quando Fátima e outra empregada os puseram pra fora, na base da vassoura.
Judite não durmiu bem naquela noite, isto é, se dormiu. Atormentada com sonhos da mãe morrendo, de André renegando ela novamente, e de Jane rindo dela. Foi acordada por uma Amélia com insônia, que disse ter recebido um soco da mãe, enquanto essa estava se debatendo.
- Põe gelo, filha... segura... desculpa!
- Tudo bem mãe... hehe...
- Escuta, eu lembrei de uma coisa pra te dizer.
- O quê, mãe?
- Feliz ano novo, viu?
- Feliz ano novo mãe! - E a abraçou. - Eu espero não receber outro soco de presente!
As duas riram e se abraçaram, até Amélia reclamar que estava doendo o queixo, que a mãe tava apertando com força. Mãe e filha ficaram conversando até o amanhecer, Falaram das duas, do namorado da mãe, do namorado da filha (Judite hesitou um pouco antes de falarem dele), falaram do André, que desejavam felicidade pra ele, essas coisas. Ficaram nessa, cada vez mais risonhas, e até Fátima, ao ouvir os risos (e reclamar para si mesma sobre o barulho, em voz alta), foi lá pra saber o quê era aquilo tudo, e acabou rindo também.
Para as três não haveria tristeza, nem discórdia, nem dor. As três lembraram que agora era outro ano, que "ano novo, vida nova". Será que estou pronta, pensou Judite, para a nova vida que a vida está me entregando?
Silenciosamente, fizeram as malas, não esquecendo de dar um rápido pulo na piscina, exigencia de Amélia. Após isso, partiram para o café, onde receberam notícias de tio Geraldo.
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