Chuva de Vento, capítulo 3

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- Cadê o André, vó?

- O André está morando na casa da Jane...

Judite fez uma careta. O filho realmente estava com raiva dela. 

Jane, ou Maria Rejane de Souza Moura, como Judite a chamava para provocá-la, sempre detestou o André, e seria a última pessoa a acolhe-lo em sua casa. Judite sempre descreveu a irmã como uma perua fútil, interesseira e nova rica. Era preciso muita raiva mesmo, e, provavelmente, algum ressentimento mútuo dos dois contra Judite para André ter ido morar com a tia, e evitar cruzar com a mãe durante o ano novo.

Após um silencioso porém suntuoso jantar, o comum na casa de D. Luíza, Judite tomou um táxi, na companhia de Amélia, e seguiu para tirar a prova do que estava acontecendo. Assim, logo chegou ao apartamento da irmã, beira-mar de Jatiúca, como Jane se orgulhava em enfatizar.

- Irmãzinha querida! - Exclamou Jane dramaticamente, ao abraçar (e soltar logo) Judite. - Amelinha, você está tão... linda! - disse, ao ver o longo restafári descendo pelas costas da sobrinha.

Acomodaram-se na varanda, onde o ventinho frio fez Amélia adormecer rapidamente, enquanto esperavam por André, conversando trivialidades. André era um rapaz saudável, tinha o tipo físico de um nadador e era muito decidido em relação aos seus atos, uma qualidade herdada da mãe. Ele cruzou o portal não antes das 10:30, alterando-se visivelmente ao notar a presença da mãe.

- Ridícula sua atitude.

- Não sei se estava pronto pra te ver.

- Então vai me dar as costas eternamente?

- Queria conversar com você na hora certa...

- Em que hora? No reveillon? Isso se você for à casa da sua avó passar o ano novo conosco...

- Claro que eu vou! Eu iria lhe encontrar lá.

- Mas "não contava com a minha astúcia", não é?

- Detesto o jeito que você fala comigo...

- Mas você está se portando como um pirralho covarde, meu filho.

Nesse momento, ouve-se uma terceira voz, recém conhecida de Judite, à porta:

- Amor, você esqueceu a carteira no carro...

Judite virou-se e viu ninguém menos que Marcelo.