(continuação, cap 45)
Breno estremece o olhar, e desaba para um lado, deitando-se desolado. Olha para fora, para o céu estrelado. Matheus se recolhe em sua cadeira, atento. Breno sorri.
Breno- Tá, aceito. Pode tentar ser meu amigo.
Matheus- Eu vou conseguir.
Breno lança um olhar condescendente para o segurança, que não o olha mais.
Breno- Mas... valeu mesmo.
Matheus- Pelo quê?
Breno- Pela ajuda.
Matheus- Mas eu não fiz nada.
Breno (se erguendo; se senta)- Fez sim. Falou comigo.
Matheus- E o quê isso tem de mais?
Breno- É bom saber que eu não estou sozinho, pelo menos mais do que me deixaram.
Breno sorri, enviesado, e volta a olhar o céu. Matheus sorri e fica na dele.
(intervalo)
Pedro Henrique vagueia até a quadra, sem rumo. Faz a volta, pensando em ir embora, mas uma batida na porta do bloco E o faz olhar em volta. É Jéssica, que anda, olhando para ele. Os dois ficam parados por um instante, mas de repente andam na mesma direção.
Pedro H (tenso)- Oi.
Jéssica- Oi.
Pedro H- Er... tudo bem?
Jéssica (estranhando um pouco)- Tudo. Tá indo aonde?
Pedro H- Ahn. nenhum canto em especial.
Jéssica (olhando-o)- Eu... tô indo comprar refri no hipermercado... quer ir comigo?
Pedro H- Ah, pode ser.
Jéssica- Queria mesmo conversar contigo. Sobre ele.
Pedro H- O quê quer saber tanto? - eles vão andando.
Jéssica- Vamos conversando...
Sendo inteligente, e munida do medo de Pedro Henrique, Jéssica sai com ele, tentando descobrir mais coisas do seu arquirival.
(intervalo)
Pouco tempo depois, Breno e Matheus parecem velhos amigos. Breno conta uma piada e faz Matheus rir. De repente um sinal do relógio dele começa a tocar, e ele, apertando um botão, faz uma cara desanimada.
Matheus- Acabou meu turno, já são quase dez horas.
Breno- Já? Nem percebi.
Matheus- Pois é, nem eu.
Os dois se entreolham. Breno faz menção de dizer alguma coisa.
Matheus- Er.. eu vou indo. Senão não consigo um ônibus meio vazio.
Breno- É...
Matheus- Até mais! - e estende a mão.
Breno (apertando a mão dele)- Tchau!
Matheus se levanta e se vira, abaixando-se ligeiramente para apanhar a cadeira. E então Breno a viu, presa à cintura do segurança. Niquelada, bonita, quase solta, junto de um pente de balas. O revólver de Matheus. Os olhos de Breno brilharam e ele quase estendeu a mão para apanhá-la. Uma centelha de ódio reapareceu em sua mente.
Breno (fora de si)- Que lindo...
Matheus (desorientado)- O quê?!
Breno (disfarçando)- Nada!... O luar.
Ele deita, olhando o céu e sorrindo. Matheus se vira e vai embora.
(fim do capítulo 45)
Nenhum comentário:
Postar um comentário