(continuação, capítulo 41)
Breno corre até a área de lazer, onde os condôminos voltam seus olhos para ele. A reação é uma só: uma vaia tremenda contra o menino, que baixa a cabeça. Jéssica se destaca entre a multidão e fica cara a cara com Breno
Jéssica (apenas pra Breno; com simplicidade)- Você perdeu.
Breno ergue os olhos para ela, e ergue a mão. Todos param de vaiá-lo, supondo uma provável resposta malcriada. Ele sorri.
Breno (irônico)- Boa noite!
E se vira, voltando pro carro da mãe. A síndica toma a palavra.
Síndica- Bem, se todos concordam, amanhã mesmo entro em contato com a firma de segurança. Mandare que venham homens armados, que terão função não só de vigiar o garoto mas também, o prédio todo. A assembléia está finalizada!
Ela bate com a mão na mesa, rindo, e os condôminos começam a se dispersar. Jéssica e o Clã se reúnem no bloco A, enquanto Duílio, tenso, vai pra casa.
Welington- Então? Ganhamos!
Ele sorri; Jéssica é menos otimista.
Jéssica- Não... não ganhamos (ela suspira). Apenas conseguimos deixá-lo domesticado. Mas ele vai se irritar, e aí, será o final dele.
Wagner- Isso mesmo.
Jéssica- Enquanto isso, vamos curtir a paz que esse prédio vai ficar.
Ela sorri e, um a um, os membros do Clã vão pras suas casas.
(intervalo)
Segunda-feira. Dia de escola. Todos começam a descer. Breno, por sua vez, desce, as roupas ondeando com a ventania fria que assolava os Sombreiros. Em sua frente, um faxineiro recolhia folhas secas e, ao velo, fechou a cara e deu espaço.
Breno amarrou a cara, mas continuou andando. Logo a frente, no orelhão, duas jovens universitárias conversavam animadas. Uma delas viu breno, bateu na outra, que olhou. As duas lançaram olhares gelados à ele, que sorriu e andou.
"Adoro essa fama negativa!", pensou Breno, ao passar pelo parquinho e notar os olhares maldosos de uma babá que cuidava de um bebê, no parquinho. Um ruído de motos o tira do transe.
Quatro homens, vestidos com o mesmo uniforme, saltam de duas motos. Todos armados, e de cara fechada. Breno olha adiante na portaria e vê a síndica esperando-os.
Síndica (ao longe)- Ótimo... bom dia, senhores.
Todos respondem com um bom dia. Breno vai andando, e é observado pelos quatro novos seguranças.
Síndica (notando Breno; com desdém)- Ah... esse é o nosso desafeto. Sr. Breno.
Breno sorri para a síndica e dá um tchauzinho para os seguranças.
(intervalo)
A síndica passa o começo daquela manhã passeando com os novos seguranças, mostrando as dependências do condomínio, os postos de cada um, os banheiros dos funcionários. Ao dar meio dia, começam a chegar os estudantes. Breno chega de quase uma hora, cansado. Deita-se no banco de pedra existente no bloco I, os olhos fechados, a cabeça sobre a mochila.
Um dos seguranças, o mais novo, se aproxima de seu posto, no bloco I, e se depara com Breno. O nome dele é Matheus. Não tão alto, branco, traços simples, cabelo castanho claro. Encostou a cadeira plástica no pilar de sustentação do condomínio com certo estrondo, fazendo Breno sobressaltar-se, de leve, e virar para olhá-lo.
Matheus- Desculpe, senhor...
Breno dá um muxoxo de impaciência e volta a fechar os olhos.
Matheus- Então é você que temos que vigiar, não é?
Breno continua calado.
Matheus- Andou aprontando muito, não é?
Breno- Acho que a Sra. síndica deve ter te contado, não é?
Matheus- Em parte, senhor...
Breno (irritado)- Pare de me chamar de senhor, eu tenho 14 anos! Meu nome é Breno e vocÊ sabe disso.
Matheus se surpreende com a resposta, mas sorri e fica na sua. Breno se levanta e põe a mochila no ombro. Matheus também se levanta.
Breno (sorrindo)- Que foi? Vai me seguir até dentro de casa? HAHA...
Ele sai, rindo, e deixa Matheus curioso.
(fim do capítulo 41)
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