Pra você que não tem preguiça de ler =)

segunda-feira, 30 de maio de 2011

(continuação, cap 47)




Amanhece um sábado sem nuvens. Há vento e pessoas animadas. Jéssica desce cedo e vai em direção ao Clã, com a intenção de jogar algum jogo com bola. Na sede, encontra Alysson, de costas. Ele escuta os passos dela e se vira. Os dois se entreolham, envergonhados.
Jéssica se aproxima e toca o rosto dele, no local em que Breno jogou uma lata, tempos atrás.

Jéssica- Nem dá pra ver as marcas dos pontos!
Alysson sorri, corando de leve. Ela disfarça e se vira para o arbusto onde escondem as bolas.

Jéssica- Cadê a pequenininha que a gente joga baleado?
Alysson- Tá atrás da de volley... vamo fazer um torneio?

Jéssica- Foi o quê eu tinha pensado!
Alysson- Certo! A gente não faz um tem tempo...

Jéssica- É... eu vou pegar a bola e a gente reúne a galera na quadra. Te vejo lá daqui a pouco!
Alysson- Falô! - e monta na bicicleta, passando pelos blocos.

Jéssica vai para o outro lado, e chama Duílio. Ao passar pelo bloco J ela hesita, mas acaba chamando Pedro Henrique, que arrasta Peruh contra a vontade dele. Os dois resolvem chamar Aleff, que desce. Logo todos se reúnem na quadra. Todos alegres.
As Pirralhas chamam Savanna, e ela acaba descendo. Peruh olha para a antiga amada, mas baixa os olhos. Savanna percebe e traça uma reta até ele, que fica de fora quando os times são traçados. Ela se senta no banco, ao lado de Peruh, e ele evita o olhar dela.

Peruh- Que é? Você não quis carinho quando eu quis lhe dar.
Savanna- Você pelo menos me escuta?

Peruh fica indiferente, mas Savanna se mantém do lado dele e tenta uma reaproximação. Welington vê os dois e, fuzilando Peruh com o olhar, tenta ir até o banco, mas Jéssica o segura pelo braço.
Jéssica- Ela falou comigo! Ela só tá querendo se desculpar porque foi grossa com ele!

Welington- Mas ele é doido por ela!
Jéssica- Se acalma, ele acha que vocês dois tão juntos.

Welington parece sorrir depois disso.
Num determinado momento, as Pirralhas estão fazendo coro para Alysson acertar a jogada, e Savanna e Peruh já estão mais calmos e comentando o jogo. Nessa hora, eis que Breno desce e vê a felicidade de todos. Percebe também que estão felizes, e sem ele.

(intervalo)

Breno então começa a dar a volta pelo prédio, lançando olhares malévolos à Jéssica, o Clã, e seus amigos renegados. Põe os fones de ouvido e nessa hora começa a tocar "Good Enough", do Evanescense. 
Ele atravessa a rua, e percebe que sua presença foi indiferente lá embaixo. Se dirige para a viela que contorna o condomínio e ali fica, parado. Tenta achar graça nos carros que vão passando, do lado de fora, e nas pessoas que caminham, apressadas, do outro lado do muro. De repente, Breno olha em volta, e percebe que ali ele está sozinho.
Sozinho. E ele se incomoda com isso. Anda e, desesperado, olha em volta e vê que está sozinho. Olha em volta e ninguém olha pra ele, ou melhor, ninguém quer vê-lo. Desesperado, Breno solta um grito, um grito que vai se tornando cada vez mais agudo e inaudível. As lágrimas rolam pela sua face e, triste, continua andando, até chegar no reservatório de água do bloco A, um enorme bloco quadrado de concreto fincado no chão.

Senta ali e, agora que já começa a escurecer, deita-se. Olha o crepúsculo e não faz nada a não ser chorar.
Do lado de fora dos Sombreiros, através das grades, um ônibus para, e dele salta Matheus, que cruza a principal correndo. Ao olhar de relance para o interior do condomínio, Matheus percebe Breno deitado e chorando. Acelera o passo e, minutos depois, se aproxima devagar do menino, que chora, inconsolável.

Matheus (tentando entender)- Cara? O quê foi?
Breno não parece ter percebido que Matheus está ali e continua chorando.

Matheus se senta ao lado de Breno e, olhando em volta, hesita mas ergue Breno à vertical e o abraça. Breno de repente volta a si e, ao perceber quem o está abraçando, repara no toque e na respiração. Percebendo o que deve fazer, bola um plano rapidamente e, do nada, abraça o segurança que, surpreso, parece gostar.

Matheus- Fala, cara... o quê foi?
Breno (fingindo grande emoção; apertando o segurança)- Eles... eles me abandonaram! Eles não gostam mais de mim! Eles me julgam, me abandonaram, nem falam mais comigo! Eu estou sozinho... estou... sem ninguém que goste de mim...

Matheus (respirando descompassado)- Cara, eu tô aqui... eu sou seu amigo... eu gosto de você.

Ele o aperta e Breno, sorrindo sem Matheus ver, percebe que seu plano vai dar certo.

(intervalo)

Matheus repassa as conversas dos dois mentalmente, ainda abraçado com Breno. Ele olha em volta furtivamente e, quando Breno se acalma (ou finge se acalmar), ele o solta.

Matheus- Cara... tava aqui pensando nas coisas que a gente conversa... você me disse, certa vez, que tinha vontade de saber atirar, não é?

Breno arregala os olhos, não conseguindo esconder sua animação, mas rapidamente volta para o semblante de tristeza.

Breno- É... mas por que essa pergunta agora?

Matheus (olhando em volta)- Ah... assim, acho que é uma coisa que te animaria. 

Breno- É... - ele sorri, indecentemente - é, acho que seria legal.

Matheus- Você quer que eu te ensine a atirar?

Breno (sorrindo)- E você faria isso por mim?

Matheus (animado)- Claro! Faria tudo para te animar, cara!

Breno sorri, como se o avaliasse. Depois acena com a cabeça. Matheus sorri, empolgado, e se levanta para ir embora. Breno se deita quando ele sai e, de repente, vê uma situação inusitada: vê Pedro Henrique e Aleff, descendo correndo o bloco A, pelas frestas dos comnbogós. Os dois parecem querer disfarçar alguma coisa, mas ao mesmo tempo estão animados e Aleff segura um embrulho na mão.

Breno (pensando)- Huuum... aí tem coisa... e eu vou descobrir o quê é.

(fim do capítulo 47)

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