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domingo, 29 de maio de 2011

Os Amantes da Sexta (Último Capítulo)


Capítulo 15 -A Vida têm Que Continuar





Mais tarde naquele mesmo dia, Sarah chegou em casa, deparando-se com um carro azul, com uma familiar marca de impacto na lateral direita. Achando que aquilo deveria ser mentira, Sarah apressou-se e escancarou a porta, deparando-se com os pais, Leandro e Gabriela, que estava com um curativo no supercílio, além do braço direito enfaixado. A morena sorriu para Sarah quando ela entrou.

- Então, tia, aqui está a minha agressora... com a chave do carro na mão.
- O q-quê? - gagegou Sarah, olhando para a própria mão.

O pai dela não parecia estar nada contente e avançou contra a filha, segurando-a firmemente pelo braço, fazendo ela gemer. A mãe dela mantinha um olhar firme e duro.

- Quer dizer que você pega o carro que eu passei dois anos pagando e o usa como arma contra sua própria prima?
- Calma pai! Eu posso explicar...
 - Explicar o quê? - ele arrastou Sarah para fora de casa. Abre a porta e se depara com os dois carros amassados. Ele joga a filha no chão.

- Eu sabia que tinha que ter te mandando prum internato! 
- Pai, deixa eu explicar!
- Cale a boca! CALE a boca! - ele diz, quando Sarah tenta falar. - Não sabia que você era tão impulsiva, garota. Você destruiu um carro só porque perdeu o namorado, minha filha?
- Ela é uma safa...
- Safada é você! Você sabe que a gente não tem muito! Que eu trabalhei muito pra pagar um carro pra você! E você faz o quê? Você o destrói pra se vingar do seu ex-namorado!
- Pai...
- Nada de "pai"! Você vai morar com a sua avó, em Minas! Até tomar jeito! E eu vou garantir pessoalmente que ela não lhe dê nenhuma regalia!
- Pega leve, pai!
- Pega leve uma ova! Olha o quê você fez com o carro! - ele aponta o carro, histérico; voa cuspe de sua boca e uma veia no seu pescoço está ligeiramente saltada.

A mãe de Sarah faz Gabriela e Leandro voltar para dentro da casa.

- Essa menina sempre nos deu muita dor de cabeça... você sabe.
- Não, apenas achava que ela era meio metida, sempre deixei isso claro pra senhora... mas dar pra se jogar de carro pra cima de mim...
- É... desculpe, minha filha. Eu nem sei mais sobre a filha que tenho... acho que é melhor vocês irem embora...
- Claro, tia. Desculpe por tudo.

Gabriela aperta a mão da tia com afeto, segura Leandro com a mão esquerda e sai. Sarah está agachada, tapa o rosto com as mãos, enquanto o pai liga para o seguro, tentando manter a calma. A estudante de moda repara quando a porta se abre e olha para a prima. As duas mantêm um olhar por um instante, até que Sarah dá um sorriso forçado.

- É, você ganhou.

Gabriela nada fala, e vai para o carro. Leandro a segue.

- Agora, pro hospital.

Henrique já estava acordado quando os dois chegaram ao hospital, ao lado de Maria. Assustado com os curativos de Gabriela, ela logo o tranquilizou e ele deu algumas risadas com a situação da Sarah. Maria já havia contado a história de Lucas e Rodrigo para ele.

- Isso é um absurdo! Eu faço um protesto, junto toda a galera que eu conheço para que o meu amor não seja preso! E que nem perca a licença dele!
- Amiguinho, não tem muita coisa pra gente fazer.
- Eu farei o possível! Darei meu melhor! Nem que tenha que protestar nu eu consigo o quê eu quero!

Os outros três deram risada.

- - -

Tal como prometido bravamente por Henrique, o protesto montado por ele surtiu efeito, e milhares de estudantes, fregueses do T.G.I.F. ou simplesmentes indignados pela injustiça contra Rodrigo, se encontravam protestando na frente da Reitoria da UFI. Árvores estavam apinhadas de estudantes, e a fonte em frente ao prédio estava cheia de estudantes, que protestavam, com cartazes. Ao lado de uma caminhonete cheia de estudantes que gritavam, estavam Henrique, Leandro e Gabriela. Henrique liderava um coro que gritava "Fora, Solandros!", e Gabriela acenou para Maria, que chegou de um lado.

- E aí?
- O Rodrigo tá lá dentro com um primo, que é advogado. Parece que estão o Solandros, o Lucas imbecil e os pais dele. - disse Leandro animado.
- Eles vão tentar um acordo, se vão...

Nesse momento, Renato brota do nada, entre a caminhonete e a fonte, acompanhado por ninguém menos que Olívia. Os dois pareciam tímidos, mas também empolgados. Olívia ficou um pouco para trás quando Renato foi cumprimentar os amigos. Ela esperou Renato puxar conversa com Gabriela para poder cutucar o ombro de Leandro.

- Oi... a gente já se falou, né?
- É... - ela começou, sem jeito. - Eu preciso falar uma coisa contigo.
- Ah. Pode falar. - diz ele, entusiasmado.
- Você se lembra de Miss Passion? - disse ela, corando levemente.

Leandro piscou algumas vezes.

- Lembro... sim. Não foi o quê eu pensava... mas como...
- Como eu sei disso?
- É.
- Porque... era eu.
 - Como é?

Ele fica incrédulo.

- Eu nem te conhecia...!
- Pois é... eu que... era obcecada por você. - ela fica nervosa, mas se controla. - E ela, a garota, utilizou da minha ideia e de minha fraqueza por você... para usurpar o meu sonho.
- Cara... tô sem palavras.
- Não precisa dizer nada. Eu já vi que você é feliz. - ela sorri.
- Cara... tomara que você encontre alguém que goste de você. Você me parece ser uma boa pessoa.
- É... eu já achei.

E Olívia olha com carinho, corando furiosamente, para Renato, que volta a olhar para ela, com o mesmo olhar. Leandro dá uma risadinha, e uns tapinhas no ombro de Olívia.

- Bem vinda ao grupo.

Nesse momento, uns seguranças da UFI aproximam-se da porta, ao perceber que pessoas querem sair. As portas se abrem, e a multidão tenta correr para lá. Leandro e Renato correm lá, assim como Henrique, no momento em que dois seguranças fazem uma barreira para deixar Rodrigo passar, em meio aos gritos contra Lucas e Solandros.

Os meninos arrastam as meninas com eles, até chegarem ao carro de Leandro, parado num terreno atrás da Reitoria.

- E então, cara?

A cara de Rodrigo não é das melhores, mas ele força um sorriso quando diz:

- Entrei num acordo.

- - -

A sexta-feira seguinte não foi uma "Thank God, It's Friday". As portas do T.G.I.F. mantiveram-se fechadas, e só abriram às cinco da tarde, no momento em que um caminhão se aproximou, para levar as coisas de Rodrigo para um depósito.

Henrique ajudava o namorado como podia, e os dois, com a ajuda dos carregadores, logo lotaram o caminhão, deixando o bar estranhamente vazio. Não havia mais neon, nem mesas, nem bancos altos ao balcão, nem TV passando animes. Os carregadores subiram, para tomar água e começar a levar as coisas do apartamento, e Rodrigo deitou-se no balcão, cansado. Henrique foi até a frente do bar, e viu a chegada dos amigos.

Leandro e Gabriela sorriram, sem jeito para ele. Do banco de trás, saltaram Olívia e Renato. Ambos pararam na frente do bar, e olharam para o letreiro agora desligado com melancolia.

- Dá pra acreditar que isso aqui vai fechar? - disse Gabriela. - Depois de tudo que a gente já passou aqui?
- Tem coisas que eu nem gostaria de lembrar. - Disse Renato, sorrindo amarelo.
- Oi, pessoas. - Disse Henrique, sem jeito. Todos entraram e deram de cara com Rodrigo, que se levantava, ficando em pé após saltar para o chão.

- Fica assim não, cara. - Fez Renato.
- Valeu.
- Seria mesmo o único jeito? - Perguntou Olívia.
- É... o Solandros nunca disse que gostou de mim, isso estava estampado na testa dele. - Rodrigo balançou a cabeça. - Ele já tinha tentado me fechar várias vezes, mas a galera nunca quis isso, sempre ficaram do meu lado. Mas agora, era isso... ou a minha cabeça rolava.
- É, nem pense! Eu não deixo! - disse Henrique, e todos riram.

Henrique passou uma garrafa d'água para Olívia, que havia pedido, e todos sentaram. Leandro e Rodrigo estavam encostados no balcão.

- Isso aqui era o teu sonho, né, cara?
- É...
- Olha, uma coisa...

Ele puxa a carteira e tira uma nota de dez reais.

- Tava te devendo isso há um tempão.

Rodrigo dá uma risada.

- Agora? Nem precisa mais... Aliás... foram tantas confusões que você armou aqui... achou que você me deve mais!

Ele sorri. Todos riem e escutam a conversa.

- É né... cara, eu estive pensando. Meu pai é dono de um ponto ótimo... em Copacabana...
- Ah, é?
- É... tá pra alugar, o último acabou de se mandar.
- To ligado.

Leandro sorriu pro amigo.

- E aí, vamo fazer uma sociedade?

Rodrigo olha incrédulo para ele, e todos o imitam.

- Depende... você me ajuda com as finanças?
- Claro! Acha que eu deixaria falir?

Todos dão uma risada, e nessa hora os carregadores descem, com um sofá. Acaba que todos vão ajudando a carregar as coisas, e já de noitinha, quando está tudo pronto, Maria chega, com uma colega do lado.

- Opa, perdi a festa?
- Festa? A festa vai começar agora! Diga alô pro meu novo sócio! - diz Rodrigo, sorrindo, e ele dá um abraço em Maria. 
- Não vai apresentar a sua colega? - diz Olivia, com seu jeito meigo.
- Colega? Que nada... - diz Maria sorrindo. - Essa é a Bruna... o meu amor.
- Ah... tá! - Olívia sorri, sem graça.
- Valeu, Maria! - diz Henrique, erguendo um abajur como se fosse um troféu. - Finalmente desencalhou!
- Pois é, meu querido. - diz Maria, sorrindo. - Tenho que seguir a vida, e a vida tem que continuar.

- - -
- - -

Fim 

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