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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Os Amantes da Sexta (Penúltimo Capítulo)

Capítulo 14 - Injustiças





A aflição tomava conta de Gabriela, Leandro e Maria, na sala de espera do Hospital Universitário. Mas nenhum deles se comparava à Rodrigo, que já tinha se debulhado em lágrimas nos ombros de Maria e agora aguardava, de cabeça baixa, visivelmente desesperado.

Um médico saiu por uma alameda do hospital, segurando uma prancheta e parecendo aflito. Olhou o grupo de amigos ali e Rodrigo se levantou na hora.
- Fala logo, doutor! Como ele tá?
- Calma, senhor, ele está em estado apenas regular. Sente-se, por favor, acalme-se.
Maria apanhou um copo d'água para ele, que se sentou, respirando fundo de olhos fechados.

- O garoto não sofreu nenhuma lesão significativa; pensávamos que tivesse tido traumatismo craniano mas não, graças a Deus foi só um corte feio. Mas ele fraturou o braço esquerdo, talvez com um chute.
- Nossa! - exclamou Gabriela.
- Ele vai ter que ficar em observação por um tempo... algum de vocês é da família?
- Esse aí, moço - apontou Maria para Rodrigo. - esse aí é quase o marido.

Todos deram uma risadinha, até Rodrigo sorriu. O médico também sorriu.

- Bem, acho que posso autorizar que você passe a noite no hospital. Qualquer coisa, é só me chamar. Agora, acalme-se. Se quiser vê-lo, a hora é essa.

Rodrigo agradeceu ao médico, e já se levantava para visitar o amado quando as portas do hospital se abriram, e Renato entrou desembestado, procurando por Rodrigo. 

- Que foi, Renato.
- Você foi acusado por agressão ao tal Lucas, ele deu queixa e o reitor da UFI tá do lado dele.
- COMO É?

- - -

A notícia da queixa prestada por Lucas foi maior que o sofrimento de Henrique naquela hora. Rodrigo, mais irado que nunca na vida, cedeu o lugar para Maria no hospital e seguiu, escoltado por Gabriela, Renato e Leandro para o posto policial da UFI, onde os pitboys e alguns conhecidos de Lucas estavam do lado de fora. Vaiaram e tentaram linchar Rodrigo quando ele passou, e ele entrou no posto, acompanhado dos amigos.

Lá estava o delegado, Teobaldo Caldas, junto de Yago Solandros, o famigerado e corrupto reitor da UFI. Solandros era um homem alto, com olheiras roxas e olhos negros e profundos, junto de sobrancelhas levemente arqueadas que lhe davam uma "cara de mal". Vivia com um sorriso irônico no rosto que era frequentemente substituído por sua tão conhecida cara de mau humor. Branco, grisalho, com os cabelos rareando, chamava atenção pelos seus ternos ligeiramente empoeirados. De pé, ao lado dele, estava o casal Rebello. Ela, Fabíola, a mãe, estava chorosa e parecia querer sair dali. Luciano, o pai, estava com o rosto contraído e retorcido de raiva. Numa cadeira, com o rosto ensanguentado, o olho inchado e o nariz provavelmente quebrado, encontrava-se Lucas. Fazia uma cara de coitado nada convincente, e sorriu maliciosamente para Rodrigo quando ele entrou.

- Ora, eis que surge o seu algoz, meu querido. - disse Solandros com o seu conhecido sorriso.
- Ah, é esse o marginal? - esbravejou Luciano, sendo contido pela esposa.
- Marginal vírgula, meu amigo! - reagiu Rodrigo, descontrolado.
- Vamos manter a calma... - começou o delegado.
- Calma uma porra! - soltou Rodrigo, e Leandro e Gabriela se entreolharam, tensos. - Esse moleque filho de papai espanca o meu namorado e EU que sou acusado de agressão?
- Você respeite o meu filho! - exclamou Luciano.
- Silêncio na minha sala! - o delegado se erguera. Rodrigo foi contido por Leandro, e se acalmou. Lucas parecia rir no seu lugar.
- Eu quero prestar queixa também! - esbravejou Rodrigo, se impondo.
- Ora, muito bem... - sorriu Solandros. - Em primeiro lugar, o senhor está impedido, pela minha autoridade, de abrir o seu bar enquanto tudo isso não se resolve.
- Como é? - Rodrigo fica atônito. - Tá me fechando?
- Exatamente. Fico feliz de ter compreendido rápido.
- Não importa! Eu quero prestar queixa! Esse moleque desgraçado - ele apontou pra Lucas. - agrediu o meu namorado junto da sua ganguezinha, e eu quero que ele pague por isso!
- Respeite o meu filho, ele é um homem de bem!
- Ah, claro que é! - disse Solandros, sorrindo. 
- O senhor quer prestar queixa sobre a agressão ou contra homofobia?
- Os dois! - gritou Rodrigo.
- Ora, por favor... homofobia? - disse Luciano, com desdém. - Olhe o estado do meu filho!

As discussões e gritos não cessam. Rodrigo se descontrola e quase agride Lucas novamente. Renato e Leandro acham melhor tirá-lo dali. Gabriela decide que fará a queixa com Maria, que foi testemunha ocular, no dia seguinte, e os três deixam Rodrigo no T.G.I.F.

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Pela manhã, Leandro se encontra com Gabriela e os dois entram no carro em rumo ao hospital universitário.

- Ainda tô chocada com essa história.
- Eu também. O Rodrigo ficou muito pra baixo. E ainda saiu como culpado!
- Pois é, me revoltei com essa história. Quase quebrei o resto do Lucas quando eu o vi rindo no posto policial.
- Aquele menino é um nojento, ele e o pai dele.
- E o Solandros, não esquece do Solandros.
- Contra ele não podemos fazer nada...

Nesse momento, eles avançam quando o sinal abre, e um carro preto se choca contra a porta do passageiro. O vidro estilhaça e Gabriela grita. O carro de Leandro é atingido de leve também pelo carro que vem atrás. O carro preto dá ré e avança de novo contra os dois. O impacto quebra o vidro do carro, fazendo um corte no braço de Gabriela. O motorista do carro preto então avança, ainda batendo de raspão, e sai de cena. Leandro nota que o carro está sem as placas.
- Quem é esse filho da mãe?
- Ai... eu vi... era uma mulher.
- Mulher?
- E tenho quase certeza de quem foi.

Dentro do carro preto, já longe dali, uma Sarah enlouquecida ri, assustando sua passageira, Marcela.

- Ah, agora ela vai ficar alarmada, essa vadia.

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