Pra você que não tem preguiça de ler =)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Os Amantes da Sexta


Capítulo 4 - Avaliando a Situação





- Um filho...
- É, Rodrigo, já te disse.
- Que bacana!
- Cê acha mesmo? - Disse Leandro, com uma pequena ruga na testa.
- Acho... mas não teria um.

Os amigos caem na gargalhada, mas Leandro mantém seu "pé atrás". Após a rápida conversa com Rodrigo no T.G.I.F., Leandro ficou em seu costumeiro descanso embaixo das frondosas árvores do bosque. Pensando entre o ainda magoado Renato e a "descoberta" de Pedro, o filho de Gabriela, o ego inflado e as experiências anteriores o fizeram pensar melhor em seu namoro.

Pensava que ela queria tirar vantagem, e, ao mesmo tempo, achava-a linda, pura e sincera, mas ao mesmo tempo, a malícia adquirida pelas antigas "paixões" frustadas mantinham-no em alerta. Distraído, não percebeu a presença de Marcela, parada sorrindo para ele.

- Oi.
- Oi Marcela... - diz ele vagamente.
- Que foi? Tá mal? - ela se agacha.
- Pensando numas coisas...
- No seu amiguinho "animadinho"? - Diz ela maliciosamente, pondo uma perna de cada lado de Leandro, que vira a cabeça.
- Marcela, para...
- Olha, aquele seu amigo nem me deixa tão afim, mas você... - ela dá um sorriso e alisa o peitoral de Leandro. - Você pode ficar animadinho que eu nem ligo...
- Para com isso, Marcela! - Ele acaba empurrando-a para o lado, que rola e dá uma risada.
- Ah, o quê o amor não faz... - ela diz, tirando o cabelo negro do rosto.
- Sai daqui, por favor...
- Saio não, o bosque é livre pra todos irem e virem... vamos brincar de "ir-e-vir"?

Um calouro que passa escuta e ri. Leandro pega seu material e, ignorando a colega, sai andando. Ao cruzar a praça, esbarra com Olívia, que deixa os cadernos caírem. Irritado, apenas olha e continua o caminho, mas um simples olhar do seu amado deixou Olívia exultante.

- - -

Naquela tarde Gabriela estava igualmente pensativa com Vera, sua colega de curso. Vera era uma mulher baixinha, gordinha e engraçadinha. Já tinha mais de 40 anos e resolvera "por que resolvera" cursar medicina e realizar o seu sonho de ser médica. Também tinha filhos, e entendia a situação da colega.
- E você acha que ele vai ligar pra isso?
- Ah, minha filha... - diz Vera, tocando na mão da amiga. - Quer que eu diga a verdade ou o lado mais interpretativo?
- Os dois - disse Gabriela sorrindo.

Vera se anima, se empertiga na carteira e muda o cabelo de lado.

- Vendo pelo lado interpretativo.. - ela faz uma pausa e Gabriela sorri - ele pode ter ficado simplesmente assustado. Não sei como uma mulher da sua idade não teria notado.
- Esse lado eu pude interpretar. E espero que tenha sido esse, eu gosto tanto dele... - Vera sorri, animada. - Mas será que foi isso mesmo?
- Bem, aí é com você. 

Vera deu dois tapinhas afetuosos nas costas de Gabriela.

- Agora, tem o lado ruim... que é ele ter medo de você ter um filho e querer só o dinheiro dele... ele tem dinheiro, pelo que você viu.

A convivência com Leandro, bem como suas roupas, carro e celular fez Gabriela assentir.

- É... ele deve ser amplamente assediado, minha filha... devem cair ao pés dele só pelo dinheiro, vai ver ele nem é isso tudo...
- Ah... é sim... - diz Gabriela, e Vera dá uma risada.
- Ah, menina... não desperdice essa chance de ser feliz. Não é o seu filho que pode lhe impedir...
- Será mesmo, Vera?

- - -
Pedro, ao ver a mãe chegar, de noite, não ousou falar nada. Gabriela estranhou esse comportamento do filho. Jantaram no maior silêncio. Gabriela recebeu uma ligação de Sarah, chamando-a para bater um papo no T.G.I.F, e ela já estava de saída quando Pedro se levantou do sofá.

- Você vai encontrar o tal Leandro, mãe?

Ela se virou, assustada. O menino tinha um olhar forte e penetrante. Gabriela voltou e se sentou na frente do filho.

- Não sei, filho... vou sair com a prima, Sarah... acho que não vou vê-lo.
- Por mim pode ver... eu gostei dele, parece ser um cara legal.

A frase dele assutou Gabriela, que arregalou os olhos. Pedro notou, e deu um beijinho na bochecha da mãe; ela tocou e abraçou o filho.

- Valeu, filhão! Agora vai dormir, tá ficando tarde e você tem escola amanhã.

Ele concordou, deu um tchauzinho pra mãe e foi se deitar.

Mais tarde, no T.G.I.F, Gabriela se deparou com um cenário diferente do usual: o bar estava numa estranha penumbra, com uns panos vermelhos estendidos de lado a lado, pendendo pelo teto. Uma luz vermelha pairava sobre o balcão, onde estavam Rodrigo e Henrique, juntinhos.

- Oi... bela decoração!
- Oi... Gabriela, né? - disse Henrique - Já te vi aqui algumas vezes.
- É... a gente tá fazendo um ano de namoro... - disse Rodrigo orgulhoso, abraçando Henrique, que sorriu.
- Ah... que legal!
- Você não estava com o LeandroooAH! - exclamou Henrique quando Rodrigo lhe deu um beliscão. Gabriela sorriu e se virou, examinando o bar, à procura da prima, que acenou pra ela, do outro lado, acompanhada de três rapazes.

- Oi queridinha! - Sarah dá dois beijinhos rápidos na prima. - Esses são o Mateus... - ela aponta pro mais alto e magro, na ponta da mesa - o Luiz... - o baixo e troncudo que sorriu, recostado na parede - e esse é meu... o Guilherme...
- Bacana, você comprou, foi?
- Quase! -gritou o tal Mateus. Todos riram. O tal Luiz não parava de olhar insistentemente pra Gabriela, que, incomodada, foi pro banheiro, num sinal pra Sarah segui-la.

- E aí, gostou de qual?
- De nenhum, eles parecem ser uns tarados. O tal Luiz não para de olhar pros meus peitos! Eu quase sentei a mão na cara dele.
- Ai, gata, não exagera... - disse Sarah, rindo. - Tô tentando te ajudar depois do fora que você deu no Leandro Boa Grana...
- Eu não dei um fora nele... a gente apenas...
- Fizeram um passeio com o Pedrinho?

Ela dá uma risadinha, e Gabriela sai do banheiro, decidida a ir embora, mas esbarra em um rapaz, que estava carregando um copo de cerveja. Os dois se espantam e entreolham; era Leandro.

- O quê você tá fazendo aqui?
- Desejando felicidades aos meus amigos... - ele aponta pra Rodrigo e Henrique.
- Ah... eu tô indo...
- Gabriela, espera! - Ele a segura pelo braço, e ela estremece. - Eu preciso falar com você... vamo sentar?
- Eu quero sair daqui... - diz ela, andando perto ao balcão.
- Gente, descupinha... - começa Henrique - Mas se precisam de um lugar sossegado... o apê do Rô tá vazio... toma a chave...

Ele entrega um pequeno chaveiro pro incrédulo Leandro, mas Gabriela tira o chaveiro da mão dele e, dando a volta no balcão, sobe direto. Lançando um olhar espantado ao amigo Rodrigo, Leandro segue a amada, que, ao entrar na sala, está em pé no meio dela, com as mãos na cintura.

- Bem... não sei como vou começar...
- Comece logo, estou agoniada.
- Eu descobri que eu tô apaixonado. 
- Como é?

Ele chega mais perto, antes fechando a porta com um chute, e pega nas mãos dela.

- Não importa se você tem um filho, eu tô afim de você... e tô apaixonado.
- Garoto... tem certeza do que tá falando?
- Quer que eu prove?

Ele a agarra, e, jogando no sofá de Rodrigo, rindo, os dois tem uma noite de amor.

- - -
- - -

Nenhum comentário:

Postar um comentário